terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Arroz branco x Arroz integral: Vale a pena a troca?



Substituir arroz branco por arroz integral pode diminuir risco de obesidade e diabetes mellitus, em trabalho apresentado na International Diabetes Federation World Diabetes Conference 2013

Comer arroz integral ao invés de arroz branco pode ajudar a prevenir e controlar o diabetes mellitus em populações que se alimentam basicamente de arroz, sugere nova pesquisa. O primeiro ensaio clínico randomizado para comparar a ingestão desses dois tipos de arroz foi realizado na Índia, em uma população de indivíduos com sobrepeso/obesidade, e mostrou que houve redução significativa dos níveis de glicose e de insulina de jejum.

As descobertas foram publicadas por V. Mohan, da Madras Diabetes Research Foundation, World Health Organization Collaborative Centre for Non-Communicable Disorders, em Chennai, na Índia, na sede da conferência International Diabetes Federation World Diabetes Conference 2013 no último mês.

“Esta única mudança do arroz branco pelo arroz integral é um marco importante na dieta e ajuda a reduzir os níveis de glicose no sangue”, disse o Dr. Mohan. “Isso também ajuda a reduzir os níveis séricos de insulina e, portanto, a hipótese de que, em populações onde o arroz branco é um alimento básico e constitui mais de 50% do total de calorias ingeridas, apenas esta substituição pode ajudar na prevenção e no controle do diabetes mellitus.”

Dr. Mohan disse que sua equipe está agora realizando um estudo em adultos com pré-diabetes para ver se a substituição do arroz branco pelo integral irá contribuir para a prevenção do desenvolvimento de diabetes tipo 2.

O Dr. Mohan explicou que o consumo de arroz varia em toda a Índia, no sul e em algumas partes do leste da Índia são lugares onde o arroz é o alimento básico da dieta, enquanto que no norte da Índia, o básico tende a ser o trigo na forma de pão. "Mas mesmo aqui, o trigo consumido não é trigo integral, e, portanto, ele tem um alto índice glicêmico (IG)", observou.

Entre os adultos de Chennai, o arroz branco, um grão refinado com um alto IG, fornece cerca de metade das calorias diárias e tem sido associado ao risco para a síndrome metabólica, disse ele.

Em seu estudo randomizado, ele e seus colegas observaram 150 adultos com um índice de massa corporal (IMC) de 23 kg/m² ou superior e sem doenças crônicas conhecidas, para fazerem uma dieta baseada em arroz branco ou arroz integral por três meses. O arroz em questão foi consumido como o principal constituinte das refeições indianas típicas em pelo menos seis dias por semana, durante o período de acompanhamento. No final de cada período de três meses, fazia-se um intervalo de duas semanas, e os participantes trocavam para o outro tipo de arroz.

A ingestão alimentar habitual foi avaliada através de questionários de frequência alimentar no início do estudo e em 24 horas de recall mensal. Altura, peso e circunferência da cintura foram medidos no início do estudo e no final de cada mês durante o período de estudo para cada dieta. A glicemia e a insulina de jejum também foram medidas.

A média de concentração de glicose em cinco dias foi aproximadamente 20% menor entre aqueles que consumiram arroz integral como alimento principal da dieta, com base na monitorização contínua da glicose (P=0,004). E as concentrações de insulina de jejum foram 57% menores entre aqueles que comiam à base de arroz integral (P=0,0001).

Embora sejam necessários mais estudos confirmatórios, o Dr. Mohan disse que a substituição de arroz branco pelo arroz integral é uma estratégia promissora que esta equipe de pesquisadores está agora explorando em um estudo maior em adultos com pré-diabetes.

Fonte: World Diabetes Congress 2013

NEWS.MED.BR, 2014. Substituir arroz branco por arroz integral pode diminuir risco de obesidade e diabetes mellitus, em trabalho apresentado na International Diabetes Federation World Diabetes Conference 2013. Disponível em: . Acesso em: 28 jan. 2014.


domingo, 26 de janeiro de 2014

Carboidrato a noite engorda? Verdade ou mito?


Não se deve comer carboidratos à noite! Com a palavra, a Bioquímica !

Um fantasma assombra os consultórios de nutricionistas, academias e cursos de Nutrição: o Mito do Carboidrato à noite. Esse mito propagado pelo senso comum afirma que o consumo de carboidratos à noite impede o emagrecimento e a perda de gordura corporal, já que o aumento na ingestão de glicose faz com que o metabolismo use prioritariamente esse substrato como fonte de energia e como as demandas energéticas estão reduzidas se comparadas ao resto do dia, o metabolismo de gorduras não é usado como produtor de energia para o corpo.

Muitos ainda falam que cortando os carboidratos à noite a liberação de hormônio do crescimento (GH) durante o sono seria maximizada, o que é outro grande mito, já que não é o GH liberado durante o sono que vai fazer você emagrecer.

Nutricionistas e Educadores Físicos sabem que a receita ótima para o emagrecimento consiste no controle ponderal da ingestão calórica associada à prática de atividades físicas. Um estudo israelense, de pesquisadores do Institute of Biochemistry and Food Science, na The Hebrew University de Jerusalem, publicado no periódico Obesity Journal em 2011, investigou a variação de determinados parâmetros antropométricos mediante a diferença no horário de ingestão de carboidratos.

Nesse estudo, 78 policiais de Tel-Aviv, Israel, com IMC > 30 foram divididos em dois grupos; experimental e controle, e submetidos a dois diferentes regimes dietéticos com restrição calórica, assim sendo:

Ao grupo experimental, foi prescrita uma dieta padrão de baixa caloria (20% proteínas, 30-35% gorduras, 45%-50% carboidratos, 1300-1500 kcal) no qual a ingestão de carboidratos seria feita principalmente no jantar. Ao grupo controle foi receitada uma dieta padrão semelhante (20% proteínas, 30-35% gorduras, 45%-50% carboidratos, 1300-1500 kcal), entretanto a ingestão de carboidratos seria distribuída ao longo do dia.

O objetivo do estudo era estimar os efeitos de uma dieta prescrita para a perda de peso, com o consumo maior de carboidratos durante o jantar, em medidas antropométricas, relação fome/saciedade, e parâmetros bioquímicos e inflamatórios relacionados à resistência a insulina, síndrome metabólica e secreções hormonais; a duração dos procedimentos foi de 180 dias.

Ao final do experimento, a análise dos resultados apontou uma maior perda de peso e uma maior redução da circunferência abdominal e da massa gorda corporal no grupo submetido à dieta experimental do que no grupo controle. Além disso, os pesquisadores aplicaram um questionário de saciedade (Hunger-Satiety questtionaire) diário em intervalos de 4 horas antes das refeições. Nesses questionários o participante deveria apontar situações que melhor descrevia o estado em que eles se sentiam em cada momento do dia em relação à fome/saciedade. Foi estabelecida uma escala, Hunger-Satiety Score (H-SSc) que descrevia os estados de fome e saciedade, sendo 1 para fome e 10 para completamente cheio. Outras questões analisadas era a “urgência para comer” e “preocupação com pensamentos sobre comida”.

Alta pontuação no H-SSc indica maior sensação de saciedade, e ao final do experimento, o grupo experimental apresentava um H-SSc 13,7% maior que o grupo controle. Os participantes do grupo controle se sentiam mais famintos ao final do experimento do que o grupo experimental, quando comparados ao inicio do experimento.

Outro fator analisado foi a resistência à insulina, ou HOMAIR, a concentração de insulina foi menor no grupo experimental do que no grupo controle. O indicador da resistência a insulina sofreu um decréscimo no grupo experimental, ao passo, que sofreu um aumento no grupo controle. A diferença entre ambos foi significativa. Para os pesquisadores, indivíduos que sofrem de resistência à insulina e síndrome metabólica podem tirar maiores proveitos dessa estratégia de manipulação dietética.

Os pesquisadores concluíram que a simples manipulação dietética da ingestão de carboidratos parece ter efeitos adicionais na redução de peso, são eles: aumento no status de saciedade, persistência no progresso de perda de peso, melhores mudanças antropométricas, aumento na sensibilidade à insulina, entre outros.

Esse estudo propõe base cientifica para alternativas dietéticas para pessoas que sofrem de obesidade, resistência a insulina, síndrome metabólica e dificuldades de manter uma dieta de redução de peso por longo tempo.

 Extraído do blog: http://abobrinhasdamidia.wordpress.com/2013/02/14/nao-se-deve-comer-carboidratos-a-noite-com-a-palavra-a-bioquimica/

Artigo: SOFER, S. et al. Greater weight loss and hormonal changes after 6 months diet with carbohydrates eaten mostly at dinner. Obesity. Out. 2011 Disponivel em http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1038/oby.2011.48/abstract