domingo, 24 de agosto de 2025

Privação de Sono e Transtornos Alimentares: A Relação Oculta Entre Insônia, Depressão e Compulsão Alimentar

Introdução

A privação de sono é cada vez mais comum em nossa sociedade moderna. Muitas pessoas acreditam que dormir pouco causa apenas cansaço no dia seguinte, mas os impactos são muito maiores e éisso que ao longo dos últimos 20 anos temos visto a ciência evidenciando. A Medicina do sono vem frisando que  que noites maldormidas podem alterar hormônios, afetar o humor e até estimular comportamentos alimentares desregulados. Além de elevar a pressão arterial, alterar a glicemia e ser gatilho para transtornos neurológicos. Ou seja, o sono é um pilar para a nossa saúde. 

Quando falamos de saúde mental, a relação entre sono e alimentação ganha ainda mais destaque. Estudos recentes identificaram que a insônia inicial e os despertares noturnos estão fortemente associados à depressão em pessoas com compulsão alimentar (TCA ou Binge eating Disorder - BED). Isso significa que cuidar do sono é tão importante quanto cuidar da alimentação.

Prevalência Global de TCA (Binge Eating Disorder)

Uma meta-análise global estimou uma prevalência média de 0,9% (IC 95%: 0,7–1,0%) para o BED no mundo. As mulheres têm maior incidência (1,4%, IC 1,1–1,7%) em comparação aos homens (0,4%, IC 0,3–0,6%) e não houve diferença significativa entre países de alta renda e de baixa/média renda. Estudos apontam que, em mulheres jovens, a prevalência de transtornos alimentares (incluindo BED) varia de 5,5% a 17,9%, e entre homens jovens, de 0,6% a 2,4% 

Prevalência na América Latina (inclusive Brasil)

Uma revisão sistemática na América Latina encontrou uma prevalência média pontual de 3,53% para o BED na população geral.

O impacto da privação de sono no corpo

Dormir pouco desregula o metabolismo de várias formas. Quando o corpo não descansa, a produção de cortisol, hormônio do estresse, aumenta. Isso estimula o acúmulo de gordura abdominal e prejudica a regulação da glicose. Além disso, a privação de sono está ligada ao aumento da resistência à insulina, facilitando o surgimento de diabetes tipo 2.

Outro fator é a alteração dos hormônios da fome e saciedade. A grelina, que aumenta o apetite, sobe quando dormimos mal. Já a leptina, responsável pela sensação de saciedade, cai drasticamente. O resultado é um desejo maior por alimentos calóricos, como doces e fast food.

Essa combinação cria um terreno fértil para a compulsão alimentar e para o ganho de peso. Pessoas que sofrem com insônia tendem a comer mais durante a noite e buscam alimentos de alto valor calórico. Assim, o sono ruim pode ser um grande inimigo da manutenção de um peso saudável.

A compulsão alimentar e seus riscos

A compulsão alimentar é caracterizada por episódios recorrentes em que a pessoa consome grandes quantidades de comida em pouco tempo, acompanhados de sensação de perda de controle. Esses episódios são diferentes de um simples exagero: há sofrimento emocional e culpa após as crises.

Esse transtorno é um dos mais comuns entre os distúrbios alimentares e afeta homens e mulheres em todas as idades. Muitas vezes, ele está associado à obesidade e a dificuldades em manter hábitos alimentares equilibrados. Mas o que nem todos sabem é que ele também está fortemente relacionado à saúde mental.

Pesquisas mostram que pessoas com compulsão alimentar apresentam taxas mais altas de depressão e ansiedade. E agora sabemos que o sono tem papel essencial nessa ligação, funcionando como um fio invisível que conecta alimentação e emoções.

O elo entre insônia e depressão

Um estudo internacional analisou pacientes com compulsão alimentar e encontrou resultados muito interessantes. 

O objetivo central do estudo foi investigar, em pacientes com transtorno de compulsão alimentar (TCA/BED), como diferentes componentes do comer noturno (hiperfagia vepertina e ingestões noturnas = Síndrome do comer noturno) e distúrbios do sono (insônia inicial e despertares) se associam à depressão. A hipótese era que o sono, mais do que o padrão alimentar noturno em si, poderia explicar a carga depressiva nesses pacientes.

Trata-se de um estudo observacional transversal com 153 adultos diagnosticados com TCA, atendidos em um programa clínico de tratamento e recuperação para compulsão alimentar nos EUA, no período de 2020 a 2023. A média etária foi de aproximadamente 36 anos, variando de 18 a 62 anos.

O desfecho primário avaliado foi a depressão, medida pelo Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9), instrumento validado e amplamente utilizado em estudos psiquiátricos para triagem e avaliação da gravidade da depressão.

A psicopatologia alimentar global foi mensurada por meio do Eating Disorder Examination Questionnaire (EDE-Q), utilizado como variável de ajuste para o modelo, assegurando que o impacto observado fosse de fato relacionado ao sono, e não apenas à gravidade do transtorno alimentar. Para caracterizar a síndrome do comer noturno, os pesquisadores aplicaram o Night Eating Questionnaire (NEQ). Foram diferenciados dois fenômenos: hiperfagia vespertina (ingestão de mais de 25% das calorias diárias após o jantar) e ingestões noturnas (alimentação após despertares durante a noite).

Os distúrbios de sono analisados incluíram insônia inicial (dificuldade para pegar no sono) e despertares noturnos (sono fragmentado), sendo essas variáveis introduzidas como potenciais preditores independentes de depressão.

A análise estatística foi feita por regressão linear hierárquica. No primeiro nível, controlou-se a gravidade global do transtorno alimentar (EDE-Q). Em seguida, introduziram-se variáveis de comer noturno. Por fim, acrescentaram-se as variáveis de sono para verificar se explicavam variância adicional nos sintomas depressivos.

Na análise bivariada, tanto insônia inicial, quanto despertares noturnos e hiperfagia vespertina se associaram à depressão. As ingestões noturnas não mostraram correlação significativa com o humor deprimido.

No modelo final ajustado, apenas insônia inicial (p<0,01) e despertares noturnos (p<0,05) permaneceram significativamente associados à depressão. A hiperfagia vespertina perdeu significância quando as variáveis de sono foram introduzidas, e as ingestões noturnas seguiram sem associação.

Isso sugere que, em pacientes com TCA, é o sono interrompido e não necessariamente os comportamentos alimentares noturnos o fator mais relevante na determinação de sintomas depressivos.

Descritivamente, 41% dos participantes relataram hiperfagia vespertina. Cerca de 49% relataram acordar ao menos uma vez por semana durante a noite, e entre estes, 42% afirmaram não se alimentar nesses episódios. Esses números ilustram a alta prevalência de sono fragmentado nessa população clínica.

Outro achado relevante foi a associação entre insônia inicial e ideação suicida. Além disso, observou-se correlação negativa com idade, sugerindo que pacientes mais jovens apresentam risco aumentado de pensamentos suicidas quando associados a distúrbios de sono.

Esses dados reforçam a necessidade de considerar o sono como parte essencial da avaliação psiquiátrica e nutricional em pacientes com TCA, pois, pode representar um alvo terapêutico de igual ou até maior importância que o manejo alimentar noturno.

Os autores reconhecem a limitação do desenho transversal, que não permite inferir causalidade. Ainda assim, os modelos hierárquicos ajustados fortalecem a hipótese de que distúrbios do sono exercem um papel independente sobre a depressão.

Outras limitações incluem o uso exclusivo de medidas de autorrelato, o foco em mulheres brancas e em indivíduos tratados em clínicas de maior complexidade, o que pode reduzir a generalização dos resultados. A ausência de controle para a frequência e intensidade das crises de compulsão também foi apontada.

Apesar disso, o estudo apresenta forças metodológicas importantes: amostra clínica de porte razoável, uso de instrumentos validados e análise estatística robusta, capaz de discriminar o papel incremental das variáveis de sono.

Do ponto de vista clínico, recomenda-se que pacientes com TCA e sintomas depressivos sejam rotineiramente avaliados quanto a insônia inicial e despertares noturnos. Intervenções baseadas em terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCC-I), higiene do sono e ajustes no estilo de vida podem ser incorporadas ao tratamento padrão.

Fica a sugestão de que pesquisas futuras utilizem desenhos longitudinais e incorporem medidas objetivas de sono (como actigrafia ou polissonografia) para confirmar os achados e elucidar se a melhora do sono tem impacto causal na redução da depressão em TCAP.

O estudo ainda aponta que a abordagem clínica deve ir além da alimentação. Focar exclusivamente no comportamento alimentar noturno pode negligenciar um componente crucial do quadro: o sono fragmentado.

Em conclusão, a evidência sugere que insônia inicial e despertares noturnos são fatores independentes associados à depressão em pacientes com compulsão alimentar periódica, ao passo que hiperfagia vespertina e ingestões noturnas isoladamente não aumentam o risco quando se ajusta para o sono. Assim, estratégias de tratamento devem obrigatoriamente incluir avaliação e manejo de distúrbios do sono.

Curiosamente, o simples fato de comer durante a noite não teve a mesma força na relação com a depressão. Isso significa que, para muitos pacientes, é o sono ruim que aumenta o risco de sintomas depressivos, e não apenas a compulsão alimentar.

Essa descoberta reforça a importância de olhar para o sono com mais atenção no tratamento de transtornos alimentares. Muitas vezes, melhorar a qualidade do descanso pode ser um passo essencial para reduzir a depressão e o sofrimento emocional.

Comer à noite: vilão ou consequência?

Muitas pessoas acreditam que comer durante a noite é sempre prejudicial. Mas a ciência mostra que o problema não está apenas no horário, e sim na qualidade do sono que antecede ou acompanha esses episódios.

Quando a pessoa acorda várias vezes durante a noite, há maior chance de buscar alimentos calóricos como forma de compensação. Isso é chamado de comer emocional, um comportamento usado para lidar com a ansiedade ou o estresse.

No entanto, quando a análise é ajustada para os distúrbios do sono, percebe-se que o risco de depressão está mais ligado à insônia do que ao ato de comer à noite em si. Isso muda a forma de enxergar o tratamento desses pacientes.

Distúrbios do sono relacionados à alimentação

Além da insônia, existem distúrbios específicos que ligam sono e alimentação. A síndrome do comer noturno é um deles. Nesse quadro, a pessoa consome mais de 25% das calorias do dia após o jantar. Esse padrão está associado à obesidade e maior risco metabólico.

Outro distúrbio é o transtorno alimentar relacionado ao sono, no qual a pessoa come durante episódios de sonambulismo e não se lembra depois. Apesar de menos comum, esse problema também gera impacto metabólico e psicológico.

Todos esses distúrbios exigem avaliação profissional para diagnóstico correto. Nem sempre a queixa é apenas sobre a comida — muitas vezes, o sono é a raiz do problema.

O papel da ansiedade na privação de sono

A ansiedade é um dos fatores que mais interferem na qualidade do sono. Pessoas ansiosas costumam demorar mais para adormecer, acordam durante a noite e apresentam sono fragmentado. Esse quadro é chamado de insônia inicial e intermediária.

Quando isso se repete com frequência, a privação de sono aumenta ainda mais a ansiedade, criando um ciclo difícil de quebrar. Para aliviar esse desconforto, muitos recorrem à comida, reforçando o padrão de compulsão alimentar.

Esse comportamento é comum e pode ser identificado como uma forma de fuga emocional. Ao compreender essa relação, é possível pensar em estratégias terapêuticas mais eficazes, que tratem a ansiedade e melhorem a higiene do sono ao mesmo tempo.

Sono, obesidade e metabolismo

Dormir pouco não afeta apenas a saúde mental. O metabolismo também sofre de forma significativa. Estudos mostram que a privação de sono aumenta a resistência à insulina, dificultando o controle do açúcar no sangue e elevando o risco de diabetes tipo 2.

Além disso, há maior tendência ao ganho de peso, pois o corpo busca energia extra em alimentos de alta densidade calórica. Isso ajuda a explicar por que a obesidade está tão associada a padrões de sono ruins.

Para pacientes com compulsão alimentar, o sono ruim é um agravante poderoso. Isso reforça que dormir bem é uma das estratégias mais simples e eficazes para regular o metabolismo e manter o peso sob controle.

Estratégias para melhorar o sono

A boa notícia é que existem medidas práticas para melhorar a qualidade do sono. Uma delas é manter horários regulares para deitar e acordar, ajudando o corpo a entrar em ritmo circadiano adequado. Elaborei um texto e publiquei aqui no blog, medidas de higiene de sono, que talvez possam te auxiliar: https://www.ecologiamedica.net/2012/02/metodos-de-higiene-do-sono-o-que.html

Reduzir o uso de telas antes de dormir também faz grande diferença. A luz azul emitida por celulares e computadores atrapalha a produção de melatonina, o hormônio do sono. Criar um ambiente escuro e silencioso favorece o adormecer.

Outras estratégias incluem evitar cafeína à noite, praticar exercícios físicos regularmente e adotar técnicas de relaxamento, como respiração profunda e meditação.

Conclusão

A relação entre privação de sono, compulsão alimentar e depressão é clara. Não se trata apenas de comer em horários inadequados, mas de compreender como o sono influencia diretamente os hormônios, o humor e o comportamento alimentar.

Pessoas com insônia apresentam maior risco de desenvolver compulsão alimentar, depressão e até ideação suicida. Por isso, o tratamento deve ir além da alimentação e incluir uma avaliação detalhada da qualidade do sono.

Cuidar do descanso é uma forma de cuidar da mente e do corpo. Investir em noites bem dormidas pode ser tão importante quanto adotar uma dieta equilibrada. Afinal, sono de qualidade é parte essencial da saúde integral.

Fontes: 
Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915

Tirzepatida: como funciona o “remédio revolucionário” para emagrecer e controlar a diabetes



O que é a tirzepatida?

A tirzepatida é um medicamento injetável para emagrecer e controlar a diabetes tipo 2, aplicado apenas uma vez por semana. Ela pertence a uma nova geração de tratamentos chamados de agonistas de incretina duplos, que vêm sendo chamados de remédios revolucionários para perda de peso.

Como a tirzepatida age no organismo?

A tirzepatida imita a ação de dois hormônios naturais do intestino, o GLP-1 e o GIP. Esses hormônios avisam o corpo que é hora de reduzir o apetite, controlar o açúcar no sangue e gastar energia de forma mais eficiente.

Diferença entre tirzepatida e outros medicamentos para emagrecer

Enquanto medicamentos como liraglutida e semaglutida atuam apenas no GLP-1, a tirzepatida age em dois receptores ao mesmo tempo (GLP-1 + GIP). Essa dupla ação faz com que ela seja considerada mais eficaz para perda de peso em diversos estudos clínicos.

Mecanismo de ação em múltiplos órgãos

  • 1) Pâncreas (células beta e alfa): Estimula as células beta a liberar insulina só quando necessário (quando a glicose está alta). Diminui o glucagon após as refeições (as células alfa produzem menos), o que reduz a produção de açúcar pelo fígado. Resultado: picos de glicose menores e melhor controle do diabetes, com baixo risco de hipoglicemia quando usada sem insulina/sulfonilureia (porque a ação depende da glicose estar alta).
  • 2) Cérebro (centros de fome e recompensa): Ativa áreas que aumentam a saciedade e reduzem a fome e a vontade de beliscar. Resultado: você sente menos fome, fica satisfeito com menos comida e tende a reduzir calorias sem perceber tanto esforço.
  • 3) Estômago e intestino: Retarda o esvaziamento gástrico (a comida sai do estômago mais devagar), principalmente no início do tratamento. Resultado: absorção de glicose mais lenta, picos menores após a refeição e sensação de “cheio” por mais tempo (daí náuseas em algumas pessoas no começo).
  • 4) Fígado: Ao baixar o glucagon e melhorar a sensibilidade à insulina, o fígado produz menos glicose “de reserva”. Resultado: glicemia mais estável, inclusive em jejum; com o tempo, costuma reduzir gordura no fígado (esteatose).
  • 5) Tecido adiposo e músculo: Sinalização conjunta GLP-1 + GIP melhora a sensibilidade à insulina nesses tecidos e favorece um “redirecionamento” saudável do uso de energia.

Resultado: o corpo armazenha menos gordura onde não deve (fígado, vísceras) e usa melhor a energia, o que ajuda na perda de peso ao longo de meses.

O que tudo isso significa na prática

  • Você come menos (menos fome, mais saciedade).
  • A glicose sobe menos após as refeições.
  • O corpo usa melhor a glicose e produz menos açúcar no fígado.
  • Com o tempo, isso se traduz em perda de peso e melhora do metabolismo.

Por que a dose sobe devagar  (escalonamento de dose)?

Sempre frizamos para o paciente que devemos escalonar a dose, porque o intestino e o cérebro precisam se adaptar. Subir a dose aos poucos reduz náuseas, vômitos e diarreia, efeitos comuns no início devido ao esvaziamento gástrico mais lento e ao aumento da saciedade.

O que a tirzepatida não é

  • Não é um “queimador de gordura” direto. A perda de peso vem principalmente de comer menos e usar melhor a energia.
  • Não é um estimulante.
  • Não “derrete” gordura rapidamente; o efeito é gradual e depende de aderência e estilo de vida.

Tirzepatida emagrece mesmo?

Sim. Nos estudos clínicos, a tirzepatida mostrou uma redução de até 20% do peso corporal em 1 ano e meio de tratamento. Isso significa que pessoas com obesidade podem perder dezenas de quilos de forma sustentada, especialmente quando associada a mudanças no estilo de vida.

Benefícios além da perda de peso

  1. Melhor controle da diabetes tipo 2
  2. Redução da gordura no fígado (esteatose)
  3. Melhora da pressão arterial
  4. Aumento da sensibilidade à insulina

Efeitos colaterais mais comuns

Assim como outros medicamentos da mesma classe, a tirzepatida pode causar:

  1. Náuseas
  2. Vômitos
  3. Diarreia
  4. Sensação de estômago cheio

Esses efeitos costumam ser mais intensos no início e diminuem com o tempo, principalmente porque a dose é aumentada de forma gradual.

Conclusão

A tirzepatida representa um avanço no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, atuando como uma verdadeira arma dupla contra a fome e o excesso de peso. É um medicamento promissor que já está sendo considerado um dos mais eficazes para perda de peso significativa.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915


GLP-1: O Segredo Não Está Só no Remédio: Como a alimentação e a atividade física fazem toda a diferença no emagrecimento


O que são os medicamentos GLP-1?

Os agonistas de receptor GLP-1 estão revolucionando o tratamento da obesidade. Eles ajudam a reduzir até 20% do peso corporal, sendo uma das terapias mais eficazes contra o excesso de peso. Mas há um detalhe importante… Grande parte da perda pode vir de massa muscular (até 40% e isso a gente percebe na prática quando solicitados a Densitometria de corpo inteiro), o que pode comprometer a saúde se não houver mudanças no estilo de vida.

A importância do estilo de vida no tratamento

O segredo para resultados sustentáveis está em combinar os medicamentos GLP-1 com boa alimentação e prática de atividade física. Recentemente a ANVISA determinou a retenção da receita dos análogos de GLP-1 e isso foi ótimo por 2 motivos: as medicações estavam em falta no mercado porque pessoas saudáveis estavam comprando a medicação e usando para fins estéticos. Além disso, fazendo automedicação, essas mesmas pessoas estavam sujeitas a vários efeitos colaterais dos análogos. Afinal, a medicação foi desenvolvida para tratamendo de diabetes e da obesidade. Ou seja, o acompanhamento médico é essencial, em especial com Nutrólogos ou Endocrinologistas, que são os profissionais mais habilitados para manejo da obesidade. 

Médicos recomendam monitorar o peso mensalmente durante os primeiros meses e depois a cada três meses, ajustando o tratamento quando necessário. Esse automonitoramento é uma das medidas que auxiliam a evitar o reganho. 

Quando a perda é insuficiente

Se após 12 a 16 semanas o paciente perder menos de 5% do peso, pode ser preciso ajustar doses ou trocar de medicamento.

Quando o emagrecimento é exagerado

Se o IMC cai abaixo de 18,5 ou há sinais de desnutrição, o médico deve investigar causas adicionais e reduzir a dose para proteger a saúde.

Alimentação adequada: o pilar do sucesso

O acompanhamento com nutricionista é o ideal, mas registros simples de refeições ou aplicativos também ajudam na reeducação alimentar. O paciente precisa se atentar que mais do que calorias, a  qualidade também importa. Ou seja, a prioridade deve ser alimentos nutritivos, ricos em fibras, vitaminas e minerais, e não apenas a contagem de calorias. E aqui faço um adendo, que repito exaustivamente para meus pacientes em uso de Análogo de GLP-1: as proteínas são as guardiãs dos músculos. Ou seja, devemos sempre tentar bater a meta protéica quando estamos em uso dessas drogas. Para preservar a massa magra, recomenda-se uma ingestão de 1,2-1,6g de proteína ao dia, podendo ser maior para idosos. Mas isso deve ser avaliado cautelosamente, afinal, muitos desses pacientes possuem hiperuricemia ou doença renal crônica, com isso a fonte protéica não deve ser baseada apenas em proteína de origem animal. 

Estratégias para lidar com efeitos colaterais

  1. Constipação: aumentar fibras e ingerir 2 a 3 litros de água/dia.
  2. Náusea: evitar frituras e refrigerantes.
  3. Refluxo: comer porções menores e evitar deitar logo após as refeições. Dar um intervalo de pelo menos 4 horas entre a última refeição e a hora que irá deitar. 

Micronutrientes em alerta

Como o apetite diminui, há risco de carência de vitamina D, ferro e vitaminas do complexo B. Suplementos podem ser necessários. Sendo que a suplementação deve ser norteada baseada no inquérito alimentar e nos exames laboratoriais

A atividade física como parceira

A recomendação é começar devagar e atingir 150 minutos semanais de atividade moderada ou 75 minutos de atividade intensa. Além disso, existe um papel crucial do treino de força. Os exercícios resistidos, como musculação, são fundamentais para manter a massa muscular e devem somar de 60 a 90 minutos semanais. O ideal é praticar de 30 a 60 minutos de atividade física todos os dias, mesclando aeróbicos e musculação.

O desafio do efeito sanfona

Ao suspender o medicamento, estudos mostram que pode haver reganho de 7% a 12% do peso perdido em apenas 1 ano. Por isso, quando iniciamos a medicação, salientamos que o "desmame" da medicação deverá ser gradual. Afinal, a obesidade é uma condição crônica e as chances de reganho de peso são altíssimas. Assim como hipertensão ou diabetes, a obesidade exige tratamento contínuo. Parar o remédio sem mudar hábitos aumenta o risco de recuperar peso. Assim como parar de praticar atividade física. 

A verdadeira defesa contra o reganho

Criar hábitos saudáveis desde o início do tratamento é a melhor forma de manter os resultados e evitar o famoso “efeito sanfona”. Conclusão: tratamento da obesidade (uma doença crônica) é um tratamento para toda a vida. Os GLP-1 são aliados poderosos, mas não fazem milagres sozinhos. O sucesso duradouro depende de três pilares:

  1. Medicação
  2. Alimentação equilibrada
  3. Movimento diário
Autor: Dr. Frederico Lobo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Médico Nutrólogo

Como dietas e suplementos ricos em fibras podem melhorar a saúde de pacientes com obesidade



O papel das fibras no tratamento da obesidade

A obesidade é uma condição de saúde cada vez mais prevalente, e seu manejo vai muito além do simples “comer menos e se exercitar mais”. Entre os recursos disponíveis, o consumo adequado de fibras tem se mostrado uma das estratégias mais eficazes para auxiliar na melhora da saúde e na perda de peso sustentável.

O que é uma dieta rica em fibras?

Quando falamos em dieta rica em fibras, muitas pessoas pensam apenas em frutas e verduras. No entanto, fibras estão presentes também em cereais integrais, sementes, leguminosas e até suplementos específicos, como o psílio, que podem ser grandes aliados no tratamento da obesidade.

Como as fibras agem no organismo

As fibras funcionam como reguladores naturais do organismo. Elas ajudam a controlar a saciedade, diminuem a absorção de gorduras e açúcares e ainda melhoram a saúde intestinal. Por isso, pacientes com obesidade que aumentam a ingestão de fibras geralmente relatam melhora no bem-estar e até mais disposição no dia a dia.

Comparação simples para entender os efeitos

Um ponto que facilita a compreensão é comparar as fibras a uma “vassoura” que varre o intestino, limpando resíduos que poderiam prejudicar o corpo. Elas também funcionam como uma “esponja” que absorve parte do colesterol ruim (LDL), reduzindo o risco de doenças cardiovasculares, tão comuns em quem tem obesidade.

Fibras e o controle da glicemia

Além disso, uma alimentação rica em fibras ajuda a controlar picos de glicose. Isso é fundamental, já que muitos pacientes com obesidade também apresentam resistência insulínica ou diabetes tipo 2. Nesse caso, a fibra age como um “freio” natural, evitando que o açúcar do alimento seja absorvido rapidamente.

Fibras e a microbiota intestinal

Estudos mostram que fibras aumentam a produção de ácidos graxos de cadeia curta, substâncias que alimentam a microbiota intestinal. Uma microbiota equilibrada melhora o metabolismo, reduz inflamações e favorece a perda de peso. Esse é um tema muito procurado hoje em dia: a relação entre microbiota intestinal, emagrecimento e saúde metabólica.

Fibras e o trânsito intestinal

Outro benefício é a melhora do trânsito intestinal. Pacientes com obesidade muitas vezes sofrem tanto com constipação quanto com episódios de diarreia.
  • Constipação: fibras suavizam a evacuação.
  • Diarreia: ajudam a regular o trânsito, especialmente em quem fez cirurgia bariátrica.
  • Prevenção de doenças digestivas
E não para por aí. A ingestão adequada de fibras está relacionada à prevenção de doenças como diverticulite, hemorroidas e até alguns tipos de câncer de cólon. Ou seja, é um recurso simples, barato e que promove benefícios em diversas áreas da saúde.

Suplementos de fibras

Entre os suplementos mais estudados está o psyllium. Ele é uma fibra solúvel, que se mistura à água formando uma espécie de gel no estômago. Esse gel aumenta a saciedade e ajuda a reduzir a absorção de gorduras. Por isso, muitos pacientes relatam sentir menos fome quando usam o suplemento.



Psyllium como aliado no emagrecimento

Vale destacar que suplementos não precisam ser caros ou sofisticados. O essencial é o acompanhamento de um profissional de saúde, que poderá indicar se o uso faz sentido para cada caso. Afinal, cada paciente tem uma necessidade diferente.

Fibras e o colesterol

Outro ponto importante é que fibras reduzem o colesterol. Esse efeito é particularmente útil para quem tem obesidade e já apresenta dislipidemia, condição em que o colesterol e os triglicerídeos estão elevados.

Estudos de grandes centros, como Stanford e Harvard, reforçam que dietas ricas em fibras reduzem os níveis de colesterol ruim e melhoram a saúde cardiovascular, que é uma das maiores preocupações em pacientes obesos.

Alimentos ricos em fibras

  • Mas não pense que apenas suplementos resolvem. A base deve ser a alimentação.
  • Leguminosas e cereais integrais
  • Alimentos como feijão, lentilha, grão-de-bico, chia, linhaça, aveia e vegetais variados são as melhores fontes naturais de fibras.

Estratégia do prato equilibrado

  • Uma boa estratégia prática é dividir o prato da seguinte forma:
  • ½ com vegetais
  • ¼ com carboidratos integrais (arroz integral, batata-doce, quinoa, milho)
  • ¼ com proteínas (de origem animal ou vegetal)

Trocas inteligentes no dia a dia

Trocar pães e massas brancas por versões integrais também aumenta a ingestão diária de fibras sem grandes mudanças de hábito. Pequenas trocas geram grandes resultados a longo prazo.

Café da manhã rico em fibras

O café da manhã é um momento excelente para inserir fibras. Uma tigela de aveia com frutas e sementes, por exemplo, oferece saciedade prolongada e ajuda a reduzir a fome ao longo do dia.

Outra dica é incluir frutas com casca, como maçã e pera, que possuem mais fibras. Já a banana pode ser combinada com aveia ou chia para potencializar o efeito.

Fibras e a saúde hormonal

As fibras também favorecem a saúde hormonal. Elas contribuem para o equilíbrio dos níveis de estrogênio e cortisol, hormônios que frequentemente estão alterados em pessoas com obesidade.

Eixo intestino-cérebro e saúde mental

Além disso, o consumo regular de fibras influencia positivamente a saúde mental. Isso porque a microbiota intestinal se comunica com o cérebro através do chamado eixo intestino-cérebro, podendo impactar até o humor e os níveis de ansiedade.

Fibras como anti-inflamatório natural

Não é à toa que muitos especialistas hoje falam das fibras como “nutrientes anti-inflamatórios naturais”. Elas reduzem a inflamação sistêmica, que é um dos principais fatores ligados à obesidade e suas complicações.

Fibras no emagrecimento saudável

Para pacientes que buscam emagrecimento saudável, fibras são indispensáveis. Elas prolongam a sensação de saciedade, evitam beliscos fora de hora e ajudam a controlar melhor o apetite.

Por isso, ao elaborar uma dieta para quem tem obesidade, é essencial que as fibras estejam no centro da estratégia alimentar. Isso aumenta a chance de adesão e facilita a manutenção do peso a longo prazo.

Riscos do consumo excessivo

Contudo, é importante ter cautela. O consumo excessivo de fibras, sem a ingestão adequada de líquidos, pode causar desconforto abdominal, gases e até constipação.

Por isso, a recomendação é sempre aumentar a ingestão de fibras de forma gradual, permitindo que o organismo se adapte, e garantindo o consumo adequado de água.

Quando usar suplementos

Outra questão é que suplementos devem ser usados apenas quando necessários. Se a alimentação já fornece boas quantidades de fibras, nem sempre há necessidade de incluir produtos extras.

O ideal é combinar: alimentos ricos em fibras no dia a dia e, se for preciso, adicionar suplementos com orientação médica.

Conclusão

A longo prazo, essa prática melhora a saúde cardiovascular, reduz riscos de diabetes tipo 2, favorece o emagrecimento e até ajuda a manter o peso conquistado após a perda inicial.

Assim, podemos afirmar que fibras não são apenas “um detalhe” da dieta, mas sim um pilar essencial para a saúde metabólica.

Incluir fibras na rotina é uma das estratégias mais simples, eficazes e seguras para melhorar a qualidade de vida de pacientes com obesidade.

Portanto, se o objetivo é emagrecer com saúde, controlar a saciedade, reduzir colesterol e cuidar do intestino, vale a pena repensar a alimentação e apostar em fibras como aliadas indispensáveis


sábado, 23 de agosto de 2025

Por que 80% das mortes por câncer no Brasil ainda ocorrem no hospital?

Embora muitos pacientes prefiram passar os últimos dias de vida em casa,  no Brasil, a realidade é bem diferente. Um estudo que analisou os locais de morte por câncer em 12 países da América Latina mostra que o Brasil lidera em mortes ocorridas no hospital: 80,6% dos casos, bem acima da média regional, que é de 65,3%. 

O local da morte é um indicador importante da qualidade dos cuidados de fim de vida. Em países como Canadá e as nações escandinavas — referências em cuidados paliativos, com assistência estruturada, cobertura padronizada e sistema público acessível —, o alto índice de mortes domiciliares pode ser interpretado como sinal positivo. Mas o mesmo não se aplica a contextos como o do Brasil.

“Em países de média e baixa rendas, isso costuma ser um determinante social negativo — e muito negativo. No Brasil, contar mortes domiciliares é contar [por exemplo] pacientes com câncer que morrem praticamente sem assistência”, afirma o Dr. Jessé Lopes da Silva, oncologista e pesquisador no Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Para ler o conteúdo na íntegra acesse: https://portugues.medscape.com/verartigo/6513142?form=fpf

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

O perigo dos cigarros eletrônicos - Por Dr. Pedro Dal Bello

 

Deficiência de Iodo na Gravidez: pesquisa brasileira mostra que nossas gestantes têm alto risco de deficiência de iodo, mesmo consumindo sal iodado



A importância do iodo para a saúde materna e fetal

O iodo é um micronutriente essencial que muitas pessoas só lembram quando o assunto é tireoide. Durante a gestação, ele ganha ainda mais relevância por estar diretamente ligado ao desenvolvimento neurológico do bebê. A falta de iodo pode prejudicar o metabolismo materno e comprometer a formação cerebral do feto. Por isso, médicos e nutricionistas alertam: cuidar do consumo de iodo na gravidez não é detalhe, é prioridade.

Por que a necessidade de iodo aumenta na gravidez?

Quando uma mulher engravida, seu corpo precisa produzir mais hormônios da tireoide. Isso acontece porque ela precisa suprir não apenas suas próprias necessidades, mas também as do bebê. O feto depende do iodo para fabricar seus hormônios e garantir o desenvolvimento adequado do sistema nervoso central. Essa dupla demanda faz com que a gestante precise de doses maiores de iodo na alimentação.

Qual é a recomendação oficial de consumo de iodo?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que gestantes consumam 250 microgramas de iodo por dia. Essa quantidade é maior que a necessária para adultos fora da gestação. Isso porque fatores como metabolismo acelerado, maior eliminação renal e transferência para o feto aumentam a necessidade. Mesmo assim, muitos países ainda enfrentam deficiências em suas populações grávidas.

O que mostrou o estudo brasileiro

Uma pesquisa feita em Ribeirão Preto (SP) avaliou 266 gestantes. O estudo revelou que 38% das grávidas estavam com deficiência de iodo. Outros 34% tinham níveis adequados e 28% estavam acima do recomendado. Esse dado mostra que, mesmo em regiões consideradas seguras, o risco ainda é alto.

Consequências da deficiência de iodo na gravidez

A falta de iodo pode prejudicar o QI (quociente de inteligência) da criança. Pode também afetar a memória, a concentração e o aprendizado ao longo da vida. Além disso, aumenta o risco de hipotireoidismo materno, que pode causar complicações na gestação. Em casos mais graves, a deficiência de iodo está ligada ao bócio e até ao cretinismo congênito.

Por que a média populacional pode enganar

O estudo encontrou uma média considerada adequada. No entanto, quando olhamos os números individualmente, vemos que muitas mulheres estavam em déficit. Isso significa que não basta olhar para a média da população. Cada gestante precisa ser avaliada individualmente.

Hábitos que aumentam o risco de deficiência

As mulheres que relataram consumo de bebidas alcoólicas tiveram mais risco de deficiência de iodo. O uso de temperos industrializados também foi associado a níveis mais baixos. Esses hábitos podem piorar a nutrição da mãe e do bebê. Isso mostra que não é só a quantidade de sal iodado que conta, mas o estilo de vida como um todo.

O papel da alimentação na ingestão de iodo

O sal iodado ainda é a principal fonte para a população. Mas, na gestação, ele pode não ser suficiente. Por isso, é importante incluir alimentos ricos em iodo na dieta. Entre os mais indicados estão: peixes, frutos do mar, leite, ovos e algas marinhas.

Deficiência de iodo: um desafio mundial

O Brasil não é o único país com esse problema. No Reino Unido, dois terços das gestantes apresentam deficiência leve ou moderada. Na Austrália, mesmo com sal e pão fortificados, até metade das gestantes ainda tem ingestão insuficiente. Isso mostra que a gestação exige atenção especial em qualquer parte do mundo.

Políticas públicas e o futuro

O Brasil reduziu os níveis de iodo no sal em 2013 para evitar excesso. Isso ajudou a prevenir problemas, mas aumentou o risco em grupos vulneráveis, como as gestantes. Por isso, especialistas defendem incluir rastreamento de iodo no pré-natal e avaliar suplementação. O objetivo é simples: garantir que nenhuma mãe e nenhum bebê sofram as consequências silenciosas da deficiência de iodo.

Artigo original:  Gestantes brasileiras têm alto risco de deficiência de iodo, mesmo consumindo sal iodado - Medscape - 22 de agosto de 2025.

Otimizando a ingestão de Iodo: fontes 

  • Sal de cozinha iodado → principal fonte (obrigatório por lei no Brasil desde 1953).
  • Peixes marinhos (como bacalhau, pescada, sardinha, badejo).
  • Frutos do mar (camarão, marisco, ostras).
  • Algas marinhas (muito ricas, mas pouco consumidas no padrão alimentar brasileiro).
  • Leite e derivados (leite, queijos, iogurtes – especialmente porque o iodo pode estar presente em sanitizantes usados na ordenha e ração animal).
  • Ovos (particularmente a gema)

Valores de referência internacionais (USDA/FAO, adaptado ao consumo brasileiro)

  • Bacalhau seco → até 150–300 µg por 100 g
  • Camarão → cerca de 35–50 µg por 100 g
  • Leite → média de 16–50 µg por copo (200 ml)
  • Ovo de galinha → cerca de 25 µg por unidade média
  • Queijo → em torno de 20–40 µg por 30 g

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Dieta MIND, a dieta com potencial efeito protetor para nosso cérebro




A Dieta MIND (sigla de Mediterranean-DASH Diet Intervention for Neurodegenerative Delay) é um plano alimentar criado por pesquisadores da Universidade de Chicago (Martha Clare Morris e colaboradores) com o objetivo específico de reduzir o risco de declínio cognitivo e da Doença de Alzheimer. Ela combina princípios de duas dietas já bem estudadas:
  • Dieta Mediterrânea → rica em azeite, peixes, vegetais, frutas e grãos integrais.
  • Dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) → voltada para controle da pressão arterial, com baixo teor de sódio e foco em alimentos naturais.

Como funciona a dieta MIND?

Na dieta MIND, as diretrizes recomendadas maior ingestão de alimentos à base de plantas (minimamente processados) e limitam os alimentos de origem animal ricos em gorduras saturadas e alimentos com adição de açúcares. A dieta também recomenda o controle das porções, mas, ao contrário de várias dietas, não se concentra na perda de peso.

Os princípios da dieta MIND incluem 10 grupos de alimentos que você deve comer e cinco para limitar. Basicamente, todos os dias, você deve comer pelo menos 3 porções de grãos integrais, frutas e vegetais, 1 a 2 porções de feijão, aves e peixes por semana, e os lanches diários podem incluir nozes e frutas vermelhas. A dieta também enfatiza a escolha do azeite de oliva como uma fonte saudável de gordura para cozinhar seus alimentos.

Embora você não precise cortar completamente carnes e laticínios de suas refeições, a dieta recomenda comê-los com moderação - menos de quatro vezes por semana. Em vez disso, a dieta recomenda substituí-lo por feijões e legumes ricos em proteínas, importantes para a saúde do cérebro.


Os alimentos nos quais você deve se concentrar na dieta MIND são:
  • Folhosos verde-escuros como rúcula, agrião, espinafre e couve (pelo menos uma porção por dia): fontes de ácido fólico e magnpesio
  • Todos os outros vegetais (2 ou mais porções ao dia)
  • Oleaginosas (5 ou mais porções por semana)
  • Azeite (diariamente)
  • Berries (frutas vermelhas) (2 ou mais porções por semana)
  • Grãos integrais (3 ou mais porções ao dia)
  • Peixe/marisco (1 ou mais doses por semana). Escolha peixes gordurosos como salmão, cavala, arenque e sardinha.
  • Feijões (4 ou mais porções por semana)
  • Aves (2 ou mais porções por semana)
  • Vinho (um copo por dia, mas você pode pular)

Os alimentos a serem evitados ou limitados:
  • Manteiga/margarina
  • Queijo
  • Carne vermelha
  • Frituras
  • Alimentos ricos em açúcar
Quais são os benefícios da Dieta MIND?

Os grupos de alimentos recomendados na dieta MIND são uma fonte rica em fibras e embalados com vários nutrientes dietéticos que melhoram a saúde do cérebro. Eles incluem:
  1. Vitamina E
  2. Ácido fólico
  3. Ácidos graxos ômega-3, ômega 9
  4. Carotenóides
  5. Flavonoides
Pesquisas mostram que a dieta MIND tem potencial para melhorar a saúde do cérebro e diminuir suas chances de desenvolver condições como doença de Alzheimer, demência e outras formas de declínio cognitivo relacionado à idade. 

Atualmente, a doença de Alzheimer é a sexta principal causa de morte nos EUA e estima-se que afete mais de 5 milhões de americanos. O número deve saltar para mais de 7 milhões até 2025.

Estudos observacionais de coorte demonstram que maior adesão à dieta MIND está correlacionada com menor risco de demência incidente e Alzheimer, com hazard ratios variando de 0,47 a 0,85 em diferentes populações e períodos de acompanhamento.

Meta-análises envolvendo mais de 26.000 participantes reforçam que cada incremento no escore da dieta MIND está associado a melhor desempenho cognitivo global e declínio cognitivo mais lento.

Além disso, a dieta MIND parece ser mais protetora contra comprometimento cognitivo leve (MCI) do que a dieta Mediterrânea isolada em algumas populações.

Do ponto de vista neuropatológico, estudos com análise post mortem mostram que maior adesão à dieta MIND está associada a menor carga de β-amiloide e menor patologia global de Alzheimer, especialmente em indivíduos com maior consumo de vegetais folhosos verdes.

Evidências de estudos de proteômica indicam que a dieta MIND está relacionada a biomarcadores plasmáticos envolvidos em vias de sinalização neural, angiogênese e processos anti-inflamatórios, que também se associam ao risco de demência.

Já estudos transcriptômicos identificam perfis genéticos cerebrais correlacionados à adesão à dieta MIND, associados a menor risco de demência e declínio cognitivo mais lento.

Em relação à intervenção dietética, ensaios clínicos randomizados recentes mostram que a dieta MIND pode promover pequenas melhorias em medidas globais de cognição, embora os efeitos sejam semelhantes aos observados em grupos controle com restrição calórica leve, sugerindo que outros fatores de estilo de vida podem contribuir para os resultados.

A literatura destaca que os mecanismos biológicos subjacentes provavelmente envolvem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias dos alimentos recomendados, além da inibição da deposição de β-amiloide por nutrientes como vitamina E, folato, flavonoides e carotenoides.

É importante ressaltar que, apesar das evidências promissoras, há heterogeneidade nos resultados entre diferentes populações e estudos, possivelmente devido a diferenças culturais, educacionais, duração do acompanhamento e ajustes para fatores de confusão.

Infelizmente, ainda não há consenso definitivo sobre o impacto da dieta MIND em subtipos específicos de demência, e mais estudos clínicos de longo prazo são necessários para esclarecer a causalidade e os mecanismos envolvidos.

Em resumo, a literatura médica atual apoia que a dieta MIND está associada à proteção cerebral contra a doença de Alzheimer, com efeitos observados tanto em risco reduzido de demência quanto em marcadores neuropatológicos e moleculares, embora sejam necessários estudos adicionais para consolidar essas evidências e definir recomendações universais.

Inclusive, enquanto uso isolado de suplementos falham na neuroproteção, a adesão da Dieta MIND parece ser promissora nessa neuroprevenção. Mostrando o que há anos friso para os meus pacientes: A suplementação JAMAIS será superior ao efeito da alimentação.

Devo seguir a dieta MIND?

Se você tem histórico familiar de doença de Alzheimer ou outros problemas cognitivos, a dieta MIND é uma dieta boa e saudável que mostrou resultados promissores para a saúde geral do cérebro.

Embora seja necessário haver mais pesquisas sobre os benefícios gerais da dieta MIND, as evidências até agora mostram que é uma boa estratégia de dieta para sua saúde a longo prazo. É relativamente fácil de seguir e desenvolver receitas, mesmo se você estiver comendo fora. Isso ocorre porque a dieta se concentra principalmente em alimentos saudáveis e você não precisa acompanhar sua ingestão diária de calorias.

Antes de iniciar a dieta MIND ou qualquer outra dieta, converse com seu Nutrólogo e questione se essa dieta se enquadra no seu caso. 

Fontes: 


  • Association of the Mediterranean Dietary Approaches to Stop Hypertension Intervention for Neurodegenerative Delay (MIND) Diet With the Risk of Dementia. Chen H, Dhana K, Huang Y, et al. JAMA logoJAMA Psychiatry. 2023;80(6):630-638. doi:10.1001/jamapsychiatry.2023.0800.  Leading Journal 
  • Mediterranean-Dietary Approaches to Stop Hypertension Intervention for Neurodegenerative Delay (MIND) Diet and Cognitive Function and Its Decline: A Prospective Study and Meta-Analysis of Cohort Studies. Huang L, Tao Y, Chen H, et al. The American Journal of Clinical Nutrition. 2023;118(1):174-182. doi:10.1016/j.ajcnut.2023.04.025.
  • A Primary Care Agenda for Brain Health: A Scientific Statement From the American Heart Association. Lazar RM, Howard VJ, Kernan WN, et al. Stroke. 2021;52(6):e295-e308. doi:10.1161/STR.0000000000000367.
  • Association of Mediterranean-Dash Intervention for Neurodegenerative Delay and Mediterranean Diets With Alzheimer Disease Pathology. Agarwal P, Leurgans SE, Agrawal S, et al. Neurology. 2023;100(22):e2259-e2268. doi:10.1212/WNL.0000000000207176.
  • Plasma Proteins Associated With the Mediterranean-Dietary Approaches to Stop Hypertension Intervention for Neurodegenerative Delay (MIND) Diet and Incident Dementia. Yang J, Bernard L, Chen J, et al.  The Journal of Nutrition. 2025;155(6):1710-1721. doi:10.1016/j.tjnut.2025.03.015.   New Research
  • The MIND Diet, Brain Transcriptomic Alterations, and Dementia. Li J, Capuano AW, Agarwal P, et al. Alzheimer's & Dementia : The Journal of the Alzheimer's Association. 2024;20(9):5996-6007. doi:10.1002/alz.14062.  Leading Journal  New Research
  • Trial of the MIND Diet for Prevention of Cognitive Decline in Older Persons. Barnes LL, Dhana K, Liu X, et al. The New England Journal of Medicine. 2023;389(7):602-611. doi:10.1056/NEJMoa2302368.  Leading Journal 
  • Adherence to MIND Diet, Genetic Susceptibility, and Incident Dementia in Three US Cohorts.Vu THT, Beck T, Bennett DA, et al. Nutrients. 2022;14(13):2759. doi:10.3390/nu14132759.

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Manejo do tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) - SBD


O tratamento do diabetes tipo 2 (DM2) evoluiu de uma visão focada no controle da glicemia para uma abordagem ampla, abrangendo proteção cardiorrenal, controle da obesidade e intensificação oportuna do controle glicêmico, buscando reduzir complicações a longo prazo. 

O controle glicêmico é essencial para a prevenção de complicações micro e macrovasculares relacionadas ao diabetes. Grandes ensaios clínicos randomizados (UKPDS, ADVANCE) mostraram a eficácia da redução sustentada da hemoglobina glicada (HbA1c) para abaixo de 7% em desfechos microvasculares, como retinopatia, doença renal e neuropatia 1,2. 

A redução de complicações macrovasculares, por sua vez, ocorre a longo prazo, e é mais evidente quando o controle glicêmico é iniciado mais precocemente, ainda no primeiro ano após o diagnóstico. De acordo com o estudo UKPDS, cada 1% de redução na HbA1c leva a uma redução de risco de 14% de infarto agudo do miocárdio (IAM) e de 12% em acidentes vasculares cerebrais fatais e não fatais (AVC) 3. 

O prolongamento observacional do UKPDS (UKPDS 88) 4 mostrou que, quando a meta de HbA1c abaixo de 7% é atingida e mantida nos primeiros anos após o diagnóstico, há maior redução de incidência de IAM após 10 anos, comparada a pessoas que não atingiram a meta. Estes dados indicam a importância de se iniciar e manter precocemente o controle da glicemia, reforçando a necessidade de combater a inércia do tratamento. 

O impacto de se atingir HbA1c abaixo de 7% ficou ainda mais evidente em um estudo de coorte com mais de 270 mil pessoas com DM2, que identificou a HbA1c fora do alvo como o principal preditor de risco de IAM e AVC dentre vários outros, que incluiam aumento de pressão arterial, LDL-colesterol, tabagismo e albuminúria 5. 

O The Diabetes & Aging study, que avaliou uma coorte de 34.737 pessoas recém-diagnosticadas com DM2, sugere que a meta de HbA1c abaixo de 6,5% pode ser benéfica, e principalmente reforça a importância da prontidão terapêutica no alcance de meta de HbA1c, uma vez que o risco de complicações micro e macrovasculares é cerca de 20% maior já no primeiro ano de HbA1c ≥ 6,5%, e a mortalidade é em torno de 30% maior com HbA1c ≥ 7% nesse mesmo período 6. 

As metas de HbA1c podem ser maiores conforme a idade, funcionalidade, cognição, expectativa de vida, risco de hipoglicemia e fragilidade, e são abordadas em outro capítulo (https://diretriz.diabetes.org.br/metas-no-tratamento-do-diabetes/). Os benefícios cardiovasculares (CV) e renais relacionados ao uso dos inibidores do SGLT2 (iSGLT2) e dos agonistas do receptor do GLP-1 (AR GLP-1) abriram uma nova frente de tratamento de pessoas com DM2 com alto risco cardiorrenal. Reduções de 10% em eventos CV com os iSGLT2 e de 14% com os AR GLP-1 são obtidas em indivíduos de alto risco. Estas se estendem a subgrupos com ou sem história de eventos CV prévios. Em face a estes benefícios, o uso destas duas classes (aqui chamadas de antidiabéticos de 1ª linha AD1) passa a ser preconizado para pessoas de alto ou muito alto risco CV com DM2, independentemente do nível de HbA1c 7.

Outro ponto importante para o tratamento do DM2 é o foco no controle do peso corporal. A obesidade está associada a piores desfechos relacionados ao diabetes, à piora do controle glicêmico e à maior mortalidade. Por outro lado, a redução do peso corporal em pessoas com obesidade ou sobrepeso está associada à melhora do controle glicêmico, aumenta a chance de remissão do DM2 e reduz a incidência de complicações microvasculares. A redução do excesso de peso deve, portanto, ser um objetivo permanente em todas as fases do tratamento do DM2 8,9.

O presente capítulo é uma atualização do tratamento da hiperglicemia no indivíduo com DM2, trazendo o foco para o manejo da terapia antidiabética em pessoas sem doença cardiorrenal ou com doença aterosclerótica cardiovascular (DASCV). O manejo da terapia antidiabética em pessoas com insuficiência cardíaca e com doença renal é abordado em outros capítulos.

Para ler a diretriz no Site da SBD, clique aqui.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Funcho e erva-doce são a mesma coisa?

Se você gosta de chás e estuda fitoterapia, é provável que você já tenha confundido o funcho com a erva-doce em algum momento! Também conhecida como funcho-doce, essa herbácea é considerada uma erva medicinal. 

A espécie Foeniculum vulgare é muito bem aproveitada por aqueles que a consomem, seja na culinária ou como bebida. Nativo da Europa e do Norte da África, o funcho é uma planta silvestre disseminada em larga escala no Mediterrâneo, mas também pelo mundo afora. A herbácea é extremamente aromática e muito bem aproveitada pela indústria farmacêutica e de cosméticos. Dela é possível extrair o óleo essencial de funcho, que tem efeito relaxante. Porém, além disso, a planta também é considerada um ótimo ingrediente para preparos culinários e receitas medicinais.

Mas qual a diferença entre funcho e erva-doce?

Apesar de ser muito confundido com a erva-doce (Pimpinella anisum), o funcho-doce possui aspectos que o diferencia fortemente da outra espécie. Ambas têm o talo e as folhas consumidas em receitas e apresentam sabor semelhante, mas possuem propriedades variantes. 

A Foeniculum vulgare se destaca pelas flores amarelas e rendadas, diferentemente da erva-doce, que tem flores brancas. Os motivos para consumir o chá de erva-doce são bem específicos, assim como no caso do chá de funcho.


Funcho: flores amarelas

Erva-doce


Planta medicinal melhora digestão e reduz gases

O funcho tem algumas propriedades medicinais para a saúde digestiva. O alimento conta com diversos nutrientes em sua composição, como fibras alimentares, vitaminas do tipo A, C e do complexo B, além de sais minerais como cálcio, ferro, fósforo, potássio, sódio e zinco. Todos em quantidades muito pequenas. O funcho tem ações expectorantes e pode ajudar em sintomas gastrintestinais.

O consumo da planta medicinal é muito indicado para pessoas que sofrem com flatulências e dores abdominais constantes. Além disso, a erva apresenta efeitos positivos para o tratamento de outros tipos de problemas relacionados ao sistema digestivo, facilitando o processo de digestão - mesmo em casos de comidas mais pesadas - e a absorção dos nutrientes. O funcho também ajuda na redução do mau hálito.

Saiba para que serve chá de funcho e como fazê-lo

O chá de funcho é uma boa opção para pessoas de qualquer idade que estejam sofrendo de problemas digestivos ou intestinais (mas antes passe em consulta médica). A bebida é bem simples de ser preparada. Para fazer o chá, você deve utilizar 1 colher de sementes de funcho ou as folhas da planta trituradas. Coloque-as em uma xícara de água fervente, tampe e espere de 12 a 15 minutos para a infusão ser concluída e a bebida fique morna. Depois, coe para retirar os resíduos do alimento. Por fim, é só beber!

Abaixo algumas receitas que você pode fazer com a erva-doce.










Salada 29: Salada italiana de batatas




A salada italiana clássica de batatas (Insalata di Patate all’Italiana) é simples, fresca e leva temperos típicos do Mediterrâneo, diferente da versão com maionese que conhecemos no Brasil. Excelente para fazer aos finais de semana para a família. 

Ingredientes
800 gramas de batata inglesa
1 cebola roxa grande, fatiada  em rodelas finas
2 colheres de sopa de vinagre balsâmico
100g de azeitonas pretas
500g de tomate cereja cortado em 4 partes
2 colheres sopa de alcaparras
Uma pitada de orégano a gosto
2 colheres de sopa de folhas de manjericão roxo
Sal a gosto
3 colheres de sopa de azeite de oliva extravirgem

Modo de preparo:
Cozinhe as batatas até ficarem macias (garfo entrando facilmente)
Fatie a cebola roxa fininha e deixe marinar no vinagre por 10 min.
Corte as batatas em cubos e misture com a cebola.
Adicione os tomates cortados em 4, as azeitonas sem caroço, alcaparras, orégano, manjericão, sal e o azeite extravirgem.
Misture bem e deixe descansar uns minutinhos antes de servir.

Combinações para essa salada:
  • Peito de Frango grelhado ou frango ao forno com ervas
  • Alcatra ou coxão mole na forma de bife
  • Bisteca suína ou pernil
  • Cordeiro
  • Salmão ou tilápia grelhados
  • Versão vegetariana: cenoura, brócolis, abobrinha, berinjela e pimentão grelhados

Para acessar todo o arquivo de salada: 

Salada 1: Berinjela com castanha do Pará (ou castanha do Brasil), uva-passa e hortelã:

https://www.nutrologogoiania.com.br/salada-1-berinjela-com-castanha-do-para-ou-castanha-do-brasil-uva-passa-e-hortela

Salada 2: Salada de inverno de abacate com frango cítrico:

http://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-2-salada-de-inverno-de-abacate.html?m=0

Salada 3: Salada de inverno de rúcula:

https://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-3-salada-de-inverno-de-rucula.html

Salada 4: Salada com legumes assados:

https://www.ecologiamedica.net/2022/07/salada-4-salada-de-legumes-assados.html

Salada 5: Salada de Picles de pepino com molho de alho:

https://www.ecologiamedica.net/2023/04/salada-5-salada-de-picles-de-pepino-com.html

Salada 6: Salada vegana de lentilha crocante:

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-6-salada-vegana-de-lentilha.html

Salada 7: Salada cítrica de grão de bico:

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-7-salada-de-grao-de-bico-citrica.html

Salada 8: Salada de frango com molho pesto de abacate:

https://www.ecologiamedica.net/2023/08/salada-8-salada-de-frango-com-molho-de.html

Salada 9: Salada de berinjela com passas e amêndoas:

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-9-salada-de-berinjela-com-passas.html?m=0

Salada 10: Salada com molho homus

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-10-salada-com-molho-homus.html

Salada 11: Salada de atum crocante:

https://www.ecologiamedica.net/2023/12/salada-11-salada-crocante-de-atum.html

Salada 12: Trigo cozido com especiarias

https://www.ecologiamedica.net/2024/02/salada-12-trigo-cozido-com-especiarias.html

Salada 13: Salada de Pequi com molho de mostarda e mel

https://www.ecologiamedica.net/2024/04/salada-13-salada-de-pequi-ao-molho-de.html

Salada 14: Salada de Quinoa com frango dourado

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-14-salada-de-quinoa-com-frango.html

Salada 15: Salada Waldorf

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-15-salada-waldorf.html

Salada 16: Salada de inverno cítrica

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-16-salada-de-inverno-citrica.html

Salada 17: Salada de inverno de cogumelos

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-17-salada-de-inverno-de-cogumelos.html

Salada 18: Salada Grega

https://www.ecologiamedica.net/2024/07/salada-18-salada-grega.html

Salada 19: Salada de Chicória (escarola) com páprica defumada

https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-19-salada-de-chicoria-escarola.html

Salada 20: Salada de chicória com tahine

https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-20-salada-de-chicoria-com-tahine.html

Salada 21: Salada de chicória com tofu amassado

https://www.ecologiamedica.net/2024/09/salada-21-salada-de-escarola-com-tofu.html

Salada 22: Tabule tradicional

https://www.ecologiamedica.net/2024/09/salada-22-tabule-tradicional.html

Salada 23: Salada Natalina em formato de guirlanda

https://www.ecologiamedica.net/2024/12/salada-23-salada-guirlanda-natalina.html

Salada 24: Salada coleslaw (salada de repolho americana)

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-24-salada-coleslaw-salada-de.html

Salada 25: Salada Thai de bifum (salada oriental)

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-25-salada-thai-de-bifum-salada.html

Salada 26: Salpicão vegano com veganese

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-26-salpicao-vegano-com-veganese.html

Salada 27: Salada de salmão grelhado com rúcula e feijão branco

https://www.ecologiamedica.net/2025/04/salada-27-salada-de-salmao-grelhado-com.html

Salada 28: Salada Niçoise ou Salada Francesa

https://www.ecologiamedica.net/2025/05/salada-28-salada-nicoise-ou-salada.html

Salada 29: Salada italiana de batatas

https://www.ecologiamedica.net/2025/08/salada-29-salada-italiana-de-batatas.html