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quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Cabelos Fortes e Saudáveis: O que a ciência revela sobre a alimentação e a queda capilar




O cabelo não é apenas um detalhe estético: ele está diretamente ligado à identidade e à autoestima de cada pessoa. Por isso, entender como a alimentação influencia na saúde capilar pode ser a chave para fios mais fortes e bonitos. Pesquisadores realizaram uma revisão sistemática para avaliar quais alimentos e nutrientes estão ligados ao fortalecimento ou à queda de cabelo. Foram analisados mais de 60 mil participantes, a maioria mulheres, em estudos publicados entre 2020 e 2024.

Entre os nutrientes mais investigados, a vitamina D e o ferro se destacaram. Níveis adequados desses dois elementos mostraram-se associados a menor risco de alopecia (condição caracterizada pela queda capilar). A revisão mostrou que quem possui níveis mais altos de vitamina D tende a apresentar menor gravidade de alopecia. Esse nutriente tem um papel importante no ciclo do folículo piloso e pode até ajudar a estimular novas fases de crescimento.

O ferro, por sua vez, é essencial para a multiplicação celular dos folículos. Sua deficiência foi frequentemente relacionada à queda capilar, especialmente entre mulheres. Alguns estudos indicaram melhora significativa do cabelo após suplementação adequada. Além de vitaminas e minerais, a proteína mostrou ser indispensável. O cabelo é formado principalmente por queratina, uma proteína que depende da ingestão de aminoácidos. Dietas pobres em proteínas foram associadas a fios mais finos e quebradiços.

Outro destaque foi o papel da soja e dos vegetais crucíferos (como brócolis, couve e couve-flor). Essas fontes vegetais parecem contribuir para a saúde capilar por conter antioxidantes e compostos anti-inflamatórios que ajudam na proteção do couro cabeludo. Por outro lado, o consumo frequente de bebidas alcoólicas e refrigerantes açucarados mostrou relação direta com maior risco de queda de cabelo. Esses hábitos parecem aumentar processos inflamatórios e afetar negativamente o folículo piloso.

Um dado interessante é que a alopecia é mais prevalente em mulheres, mas também afeta homens em grande escala. A chamada alopecia androgenética chega a atingir metade dos homens até os 50 anos, e também muitas mulheres após a menopausa. Outras formas de queda, como a alopecia areata (de origem autoimune) e o eflúvio telógeno (queda difusa ligada a estresse, carências nutricionais ou doenças), também foram associadas ao estado nutricional.

No caso do eflúvio telógeno, a deficiência de ferro ou o excesso de vitamina A foram apontados como possíveis gatilhos para a perda capilar. Isso mostra como tanto a falta quanto o excesso de nutrientes podem prejudicar.

A revisão também destacou que suplementos alimentares complexos, que combinam diversas vitaminas e minerais, podem melhorar parâmetros como densidade e crescimento dos fios. Isso porque atuam de forma sinérgica em diferentes processos celulares. Apesar desses resultados promissores, os autores lembram que a maioria dos estudos é observacional, ou seja, não prova causa e efeito. Ainda assim, as associações encontradas são relevantes e apontam caminhos importantes.

Um exemplo é a interação entre vitamina D e seus receptores no couro cabeludo, que regulam a fase de crescimento dos fios. Alterações nesses receptores podem aumentar o risco de alopecia.

O ferro também merece destaque pela sua função de cofator em enzimas que ajudam a produzir DNA. Como as células do folículo se dividem rapidamente, qualquer deficiência impacta diretamente na produção de fios saudáveis.

Proteínas específicas, como a L-lisina, parecem potencializar a absorção de ferro e zinco, melhorando a resposta de mulheres que sofrem de queda crônica de cabelo. Esse é um bom exemplo de como nutrientes podem atuar em conjunto.

Outro alerta importante é sobre o excesso de açúcar na dieta. Bebidas adoçadas e alimentos ultraprocessados aumentam a produção de sebo e inflamação no couro cabeludo, fatores que favorecem a queda. Já os alimentos ricos em antioxidantes, como os vegetais verdes e produtos de soja, podem combater o estresse oxidativo, melhorando a vitalidade dos fios. Isso reforça o papel de uma alimentação equilibrada e variada.

No fim das contas, a mensagem é clara: a saúde do cabelo está intimamente ligada ao que colocamos no prato. Uma dieta rica em nutrientes essenciais ajuda a manter os fios mais fortes, enquanto hábitos nocivos, como álcool e açúcar em excesso, podem acelerar a queda.

Mais pesquisas ainda são necessárias, mas já está evidente que cuidar da alimentação é também cuidar da beleza e da autoestima. O segredo para cabelos saudáveis pode estar muito mais próximo do que imaginamos: na nossa própria rotina alimentar.

Resumo final
  • Vitamina D e ferro: fundamentais para prevenir a queda.
  • Proteínas e aminoácidos: base estrutural dos fios.
  • Soja e vegetais crucíferos: aliados antioxidantes.
  • Açúcar e álcool: inimigos da saúde capilar.
  • Suplementos: podem ser úteis em alguns casos.


Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui.

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Falta de vitaminas e minerais pode levar a queda de cabelo

Uma das queixas que mais escutamos no nosso consultório de Nutrologia/Nutrição e que mais traz preocupação com relação à autoestima e aflição é a alteração na saúde capilar. Queda de cabelo, o tormento das mulheres e de alguns homens. 

Muitas mulheres chegam à consulta apresentando medo de perderem todo o cabelo, já que relatam que o chão da casa fica cheio de fios e que os travesseiros formam "perucas" diariamente. O marido reclama do excesso de tufos no ralo do banheiro. 

Por fim, por estar no imaginário popular que a queda de cabelo é por falta de nutrientes ou por estresse, agendam consulta com o Nutrólogo ou Nutricionista. Muitas dessas pacientes relatam que querem dosar os nutrientes e melhorar a dieta para que os cabelos fiquem mais fortes e a queda pare. Uma boa parte já vem com autosuplementação, doses cavalares de nutrientes, as vezes "gominhas para crescer cabelo". Então aqui fazemos uma apelo: Não autosuplemente. Isso pode ser deletério. Os nutrientes possuem um fino equilíbrio entre si. 

Mas será que os nutrientes podem levar a queda de cabelo, quando deficientes? Sim, o seu cabelo pode SIM estar caindo por falta de vitaminas e minerais! Assim como por falta de proteínas, estresse, dietas, restritivas e muitos outros fatores. O Nutrólogo até pode detectar o déficit desses nutrientes e suplementar, mas o mais correto é passar em consulta com um dermatologista. 

Algumas deficiências nutricionais favorecem a queda e outras alterações nos cabelos, principalmente nas mulheres. E os nutrientes mais comuns e estudados que podem estar relacionados a essas alterações são:
  1. Ferro, 
  2. Zinco, 
  3. Selênio, 
  4. Vitamina A, 
  5. Vitamina D,
  6. Vitaminas do complexo B (incluindo a biotina),
  7. Silício
Contudo, mesmo sendo nutrientes importantes para a saúde dos cabelos, não é válido sair suplementando todos de forma aleatória, já que existem algumas causas que não são dependentes da nutrição, ocorrendo a possibilidade de se piorar a saúde dos cabelos quando houver excesso de nutrientes (selenose, hipervitaminose A). 

É muito importante o acompanhamento interdisciplinar com nutricionista e médico, para avaliar os possíveis déficits por meio de exames laboratoriais/recordatórios alimentares, histórico das alterações e através das avaliações físicas (afastando outras doenças como as tireoidopatias e as alopécias androgenética, areata, dentre outras).

E ainda, muita gente não se lembra, mas o consumo adequado de proteínas também é um dos pilares mais importantes quando o assunto é saúde capilar, já que esse nutriente muitas vezes é negligenciado e pode ser uma das causas das alterações relacionadas a queda e lentificação do crescimento. Por sua vez, é importante ressaltar o cuidado quanto a ingestão calórica do cardápio, já que a restrição excessiva de calorias por um período longo pode favorecer também alterações significativas (comum na cirurgia bariátrica, que pode ser devido a vários fatores desses descritos acima).


Autores
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915, CRM-SC 32.949, RQE 22.416
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física