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segunda-feira, 16 de junho de 2025

Razão Cintura-Altura Aumenta Precisão Preditiva para Esteatose Hepática Severa e Fibrose Avançada

A obesidade é um componente importante da fisiopatologia da doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD, na sigla em inglês). No entanto, o diagnóstico de obesidade é complexo, e outras medidas antropométricas além do índice de massa corporal (IMC), como a circunferência da cintura (CC) e a razão cintura-altura (RCA), também vêm sendo consideradas.

Já se sabe há bastante tempo que a RCA, calculada dividindo-se a CC pela altura, pode ter melhor desempenho do que a própria CC e o IMC na predição de desfechos metabólicos como hipertensão, dislipidemia, diabetes, MASLD e fibrose.

A Associação Europeia para o Estudo da Obesidade incorporou a RCA, com ponto de corte de 0,5, em um novo critério diagnóstico de obesidade para indivíduos com IMC entre 25 e 29,9 kg/m² em meados de 2024.

Já os novos critérios da Associação Americana para o Estudo de Doenças Hepáticas (AASLD) para diagnóstico da MASLD incluem IMC e CC, mas não a RCA.

Buscamos investigar o valor incremental da RCA em relação ao IMC e à CC na predição de esteatose hepática severa e fibrose hepática avançada em uma coorte nacional contemporânea de grande porte. Considerando que hispânicos apresentam maior prevalência de MASLD, também realizamos uma análise restrita a essa etnia.

A análise e a construção dos modelos foram feitas com dados dos participantes do ciclo 2021–2023 da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição dos EUA (NHANES). O NHANES é um inquérito transversal bienal conduzido pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde (NCHS) dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), permitindo estimativas representativas da população dos EUA ao combinar dados demográficos, laboratoriais e de exame físico, incluindo elastografia transitória por controle de vibração para medir o parâmetro de atenuação controlada e a rigidez hepática.

Foram extraídos dados demográficos e informações pertinentes à nomenclatura da MASLD. A fibrose avançada foi definida com ponto de corte de 10 kPa e a esteatose severa com 280 dB/m.

Foram construídos modelos de regressão multivariada ajustados para idade, sexo, raça/etnia, histórico de diabetes, hipertensão e hiperlipidemia como covariáveis para predizer fibrose avançada e esteatose severa. IMC, CC e RCA foram inseridos separadamente nos modelos. O desempenho e o potencial de reclassificação dos modelos com as diferentes medidas antropométricas foram comparados usando estatísticas-C e o índice de discriminação integrada. 

Como análise de sensibilidade, os modelos também foram estratificados por ancestralidade hispânica, devido à maior incidência de MASLD nessa população.

Entre 6.280 participantes com dados completos de elastografia, 6.086 tinham todos os dados necessários para os critérios de MASLD no ciclo 2021–2023 (Tabela Suplementar 1). Setenta e sete por cento dos indivíduos apresentaram RCA elevada (≥ 0,5). Esses indivíduos apresentaram prevalências significativamente maiores de diabetes, hipertensão, hiperlipidemia, bem como maior ocorrência de fibrose avançada e esteatose severa (Tabela Suplementar 1).

A RCA como variável contínua foi superior na predição de esteatose severa (área sob a curva ROC [AUROC], 0,79; IC 95%, 0,78–0,81; P < 0,001) e fibrose avançada (AUROC, 0,78; IC 95%, 0,76–0,80; P < 0,001) em comparação com os critérios baseados em IMC ou CC, atualmente utilizados nos critérios diagnósticos de MASLD. 

O índice de discriminação integrada demonstrou melhora em relação ao IMC (0,006 e 0,008) e à CC (Tabela 1). Ao restringir a análise à população hispânica, o modelo manteve consistência e confirmou a superioridade da RCA para ambos os desfechos. Em comparação com a população geral dos EUA, a CC mostrou desempenho inferior ao IMC na análise pela estatística-C (AUROC, 0,63; IC 95%, 0,61–0,65; P = 0,05).

Demonstramos que a razão cintura-altura (RCA) tem desempenho superior ao do IMC e da circunferência da cintura (CC) na predição de esteatose hepática severa e fibrose avançada em uma grande coorte contemporânea dos Estados Unidos. Estudos anteriores já haviam mostrado que a RCA está associada à MASLD e pode ter desempenho superior ao do IMC e da CC como preditor de esteatose e fibrose não alcoólicas.

Nossos achados mostram discriminação superior para esteatose severa e fibrose avançada ao utilizar a RCA em comparação com o IMC e a CC, que atualmente são as únicas medidas antropométricas incluídas nos critérios diagnósticos da MASLD. 

Esse efeito foi observado mesmo após ajuste para potenciais fatores de confusão como idade, sexo, raça/etnia, diabetes, hiperlipidemia e hipertensão.

No contexto clínico, se a CC e o IMC forem avaliados, todos os dados necessários para calcular a RCA já estão prontamente disponíveis. À medida que a RCA ganha força como ferramenta útil na avaliação da obesidade, mais pesquisas são necessárias para determinar quais subgrupos de indivíduos podem se beneficiar clinicamente da avaliação pela RCA, bem como qual seria o ponto de corte ideal para diagnóstico de esteatose severa, fibrose avançada e MASLD.


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terça-feira, 15 de novembro de 2022

Temas mais buscados em novembro de 2022 no Medscape: Vitamina B12


O potencial benefício das vitaminas é um tema sempre em alta. Novos achados sugerindo que a vitamina B12 possa ter um papel protetor contra a doença de Parkinson, a progressão da esclerose lateral amiotrófica e a gravidade da esteatose hepática, recentemente aumentou o interesse dos leitores do Medscape sobre o tema.

No International Congress of Parkinson's Disease and Movement Disorders (MDS) 2022, pesquisadores apresentaram resultados de um estudo feito com mais de 80.000 mulheres e quase 50.000 homens. A análise avaliou informações sobre alimentação, suplementação e ingestão total de ácido fólico, vitamina B6 e vitamina B12 ao longo de cerca de 30 anos, até 2012 (ver infográfico). 

Durante o acompanhamento, 495 mulheres e 621 homens foram diagnosticados com doença de Parkinson. Os pesquisadores ajustaram por possíveis fatores de confusão como idade, ano, tabagismo, atividade física, ingestão de bebidas alcoólicas ou cafeína, uso de hormônios (mulheres), ingestão de laticínios e flavonoides, e pontuação na dieta mediterrânea.

Os participantes com maior ingestão total de vitamina B12 tiveram menor risco de doença de Parkinson (razão de risco agrupado para quintil superior versus inferior de 0,74; intervalo de confiança [IC] de 95% de 0,60 a 0,89; p da tendência = 0,001). A ingestão alimentar e de suplementos contribuiu para essa associação inversa.

Na tentativa de superar o risco de causalidade reversa, os pesquisadores examinaram a ingestão de vitamina B12 durante quatro períodos de exposição, com intervalos: 8, 12, 16 e 20 anos. Eles encontraram uma relação significativa entre o consumo durante o intervalo de 20 anos e o diagnóstico da doença de Parkinson. De modo geral, os resultados respaldam um possível efeito protetor do consumo precoce de vitamina B12 em termos da ocorrência da doença de Parkinson.

Em outro estudo do início de 2022, foi considerado que a administração de uma dose ultra-alta de metilcobalamina (uma forma ativa de análogo da vitamina B12) diminuiu em 43% o declínio funcional de pacientes com esclerose lateral amiotrófica em estágio inicial. A dose de 50 mg foi administrada duas vezes por semana por via intramuscular. No estudo de fase 3, a eficácia foi maior para os participantes que também estavam tomando riluzol, que foi aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA para tratar a esclerose lateral amiotrófica. 

O estudo foi feito com pacientes ambulatoriais de 25 centros de neurologia no Japão com diagnóstico (definitivo ou provável) de esclerose lateral amiotrófica e cujos sinais e sintomas haviam iniciado no ano anterior. Após 12 semanas de observação, os 130 participantes que permaneceram ambulatoriais e tiveram apenas uma redução de um ou dois pontos na pontuação total da Revised Amyotrophic Lateral Sclerosis Functional Rating Scale (ALSFRS-R) foram designados para um tratamento com 16 semanas de duração.

Esses pacientes (média de idade: 61 anos; 56,9% homens) foram randomizados para receber 50 mg de metilcobalamina ou placebo.

O desfecho primário foi a alteração na pontuação total da Revised Amyotrophic Lateral Sclerosis Functional Rating Scale. Na 16ª semana, a pontuação total foi -2,66 no grupo da metilcobalamina e -4,63 no grupo do placebo (IC 95% de 0,44 a 3,50; p = 0,01). 

Dentre os 90% dos pacientes que também tomaram riluzol, a diferença em favor da metilcobalamina foi ainda maior (-2,11; IC 95% de 0,46 a 3,76; p = 0,01). A diferença na escala de classificação funcional da esclerose lateral amiotrófica revista entre o medicamento ativo e o placebo foi de 43% em todos os pacientes e de 45% nos pacientes em uso de riluzol. 

Em termos de eventos adversos, 62% dos pacientes que receberam o medicamento tiveram eventos adversos e 66% dos que receberam placebo, e os eventos adversos descritos por pelo menos 5% dos pacientes dos dois grupos foram constipação, nasofaringite, contusão, quedas, lombalgia e insônia. Nenhum efeito adverso exigiu a suspensão da vitamina.

Outro estudo constatou que a vitamina B12 e o ácido fólico também podem desempenhar algum papel na prevenção ou no retardo da progressão da doença na esteatoepatite não alcoólica (NASH, do inglês NonAlcoholic SteatoHepatitis). 

Os pesquisadores descobriram que altos níveis de homocisteína se correlacionaram fortemente com a gravidade da esteatoepatite não alcoólica. Entretanto, a relação precisa entre a hiper-homocisteinemia e a esteatoepatite não alcoólica é mal compreendida. Em seu novo estudo, Singh et al., determinaram que, à medida que os níveis hepáticos de homocisteína aumentam, o aminoácido se conecta a várias proteínas hepáticas, alterando a sua estrutura e impedindo o seu funcionamento.

Os pesquisadores constataram que, quando a homocisteína se liga à proteína sintaxina 17, bloqueia o processo de transporte e digestão de gordura da proteína (processo conhecido como autofagia). Isso, por sua vez, induz a ocorrência e a evolução da esteatose hepática para esteatoepatite não alcoólica. 

Em modelos pré-clínicos, os pesquisadores descobriram que complementar a alimentação com vitamina B12 e ácido fólico aumenta os níveis de sintaxina hepática 17, restaura o seu papel na autofagia e diminui a progressão da esteatoepatite não alcoólica, revertendo a inflamação e a fibrose hepáticas.

Desde a doença de Parkinson até a esteatoepatite não alcoólica, passando pela esclerose lateral amiotrófica, estudos recentes sugerindo a importância da vitamina B12 ganharam muita atenção recentemente, que tornou-se o tema clínico mais buscado da semana.

Retirado de: Temas mais buscados em novembro de 2022: Vitamina B12 - Medscape - 11 de novembro de 2022.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Dieta de poucos carboidratos ajuda na redução de gordura no fígado

Uma nova pesquisa desenvolvida na Universidade do Texas (EUA) e publicada essa semana no American Journal of Clinical Nutrition, levou médicos a afirmarem que reduzir a ingestão de carboidratos é mais eficiente para diminuir a gordura no fígado do que a redução de calorias.

Em um experimento, cientistas recrutaram 18 pessoas com gordura no fígado (não causada por álcool) e designaram a um grupo uma dieta com poucas caloria0s, enquanto o segundo grupo seguiu uma dieta com poucos carboidratos.

Após 14 dias, os participantes da dieta de poucos carboidratos tinham perdido mais gordura do fígado do que o outro grupo.

Os pesquisadores ainda não sabem explicar a diferença de perda de gordura entre os dois grupos, mas eles acreditam que a descoberta pode ser significativa para tratamentos de diversas doenças, como a diabetes e a resistência à insulina.

Fonte: http://www.hebron.com.br/