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domingo, 24 de agosto de 2025

GLP-1: O Segredo Não Está Só no Remédio: Como a alimentação e a atividade física fazem toda a diferença no emagrecimento


O que são os medicamentos GLP-1?

Os agonistas de receptor GLP-1 estão revolucionando o tratamento da obesidade. Eles ajudam a reduzir até 20% do peso corporal, sendo uma das terapias mais eficazes contra o excesso de peso. Mas há um detalhe importante… Grande parte da perda pode vir de massa muscular (até 40% e isso a gente percebe na prática quando solicitados a Densitometria de corpo inteiro), o que pode comprometer a saúde se não houver mudanças no estilo de vida.

A importância do estilo de vida no tratamento

O segredo para resultados sustentáveis está em combinar os medicamentos GLP-1 com boa alimentação e prática de atividade física. Recentemente a ANVISA determinou a retenção da receita dos análogos de GLP-1 e isso foi ótimo por 2 motivos: as medicações estavam em falta no mercado porque pessoas saudáveis estavam comprando a medicação e usando para fins estéticos. Além disso, fazendo automedicação, essas mesmas pessoas estavam sujeitas a vários efeitos colaterais dos análogos. Afinal, a medicação foi desenvolvida para tratamendo de diabetes e da obesidade. Ou seja, o acompanhamento médico é essencial, em especial com Nutrólogos ou Endocrinologistas, que são os profissionais mais habilitados para manejo da obesidade. 

Médicos recomendam monitorar o peso mensalmente durante os primeiros meses e depois a cada três meses, ajustando o tratamento quando necessário. Esse automonitoramento é uma das medidas que auxiliam a evitar o reganho. 

Quando a perda é insuficiente

Se após 12 a 16 semanas o paciente perder menos de 5% do peso, pode ser preciso ajustar doses ou trocar de medicamento.

Quando o emagrecimento é exagerado

Se o IMC cai abaixo de 18,5 ou há sinais de desnutrição, o médico deve investigar causas adicionais e reduzir a dose para proteger a saúde.

Alimentação adequada: o pilar do sucesso

O acompanhamento com nutricionista é o ideal, mas registros simples de refeições ou aplicativos também ajudam na reeducação alimentar. O paciente precisa se atentar que mais do que calorias, a  qualidade também importa. Ou seja, a prioridade deve ser alimentos nutritivos, ricos em fibras, vitaminas e minerais, e não apenas a contagem de calorias. E aqui faço um adendo, que repito exaustivamente para meus pacientes em uso de Análogo de GLP-1: as proteínas são as guardiãs dos músculos. Ou seja, devemos sempre tentar bater a meta protéica quando estamos em uso dessas drogas. Para preservar a massa magra, recomenda-se uma ingestão de 1,2-1,6g de proteína ao dia, podendo ser maior para idosos. Mas isso deve ser avaliado cautelosamente, afinal, muitos desses pacientes possuem hiperuricemia ou doença renal crônica, com isso a fonte protéica não deve ser baseada apenas em proteína de origem animal. 

Estratégias para lidar com efeitos colaterais

  1. Constipação: aumentar fibras e ingerir 2 a 3 litros de água/dia.
  2. Náusea: evitar frituras e refrigerantes.
  3. Refluxo: comer porções menores e evitar deitar logo após as refeições. Dar um intervalo de pelo menos 4 horas entre a última refeição e a hora que irá deitar. 

Micronutrientes em alerta

Como o apetite diminui, há risco de carência de vitamina D, ferro e vitaminas do complexo B. Suplementos podem ser necessários. Sendo que a suplementação deve ser norteada baseada no inquérito alimentar e nos exames laboratoriais

A atividade física como parceira

A recomendação é começar devagar e atingir 150 minutos semanais de atividade moderada ou 75 minutos de atividade intensa. Além disso, existe um papel crucial do treino de força. Os exercícios resistidos, como musculação, são fundamentais para manter a massa muscular e devem somar de 60 a 90 minutos semanais. O ideal é praticar de 30 a 60 minutos de atividade física todos os dias, mesclando aeróbicos e musculação.

O desafio do efeito sanfona

Ao suspender o medicamento, estudos mostram que pode haver reganho de 7% a 12% do peso perdido em apenas 1 ano. Por isso, quando iniciamos a medicação, salientamos que o "desmame" da medicação deverá ser gradual. Afinal, a obesidade é uma condição crônica e as chances de reganho de peso são altíssimas. Assim como hipertensão ou diabetes, a obesidade exige tratamento contínuo. Parar o remédio sem mudar hábitos aumenta o risco de recuperar peso. Assim como parar de praticar atividade física. 

A verdadeira defesa contra o reganho

Criar hábitos saudáveis desde o início do tratamento é a melhor forma de manter os resultados e evitar o famoso “efeito sanfona”. Conclusão: tratamento da obesidade (uma doença crônica) é um tratamento para toda a vida. Os GLP-1 são aliados poderosos, mas não fazem milagres sozinhos. O sucesso duradouro depende de três pilares:

  1. Medicação
  2. Alimentação equilibrada
  3. Movimento diário
Autor: Dr. Frederico Lobo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Médico Nutrólogo