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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Consenso Brasileiro de Lipedema (metodologia Delphi)


O lipedema, historicamente sub-reconhecido, tem ganhado destaque devido aos avanços na pesquisa e ao aumento da conscientização. O Consenso Brasileiro de Lipedema, promovido pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, visa estabelecer diretrizes claras para diagnóstico, tratamento e manejo. Utilizando a metodologia Delphi, o estudo envolveu a criação de 90 afirmações sobre lipedema por especialistas, seguida pela avaliação de 113 profissionais adicionais. Essas afirmações foram analisadas via SurveyMonkey, com um limiar de 75% de concordância necessário para sua inclusão no consenso. A maioria das afirmações atingiu um consenso significativo, exceto nove, que precisam de mais pesquisa. O estudo enfatiza a complexidade do lipedema, a eficácia do tratamento conservador sobre a cirurgia, a necessidade de abordagens multidisciplinares e a importância da conscientização para reduzir o subdiagnóstico e o estigma. Ressalta-se também a contínua necessidade de pesquisas para desenvolver estratégias de manejo mais efetivas.

Na última semana foi publicado no Jornal Vascular Brasileiro o primeiro consenso de Lipedema. Liderado pelo Dr. Alexandre Amato, pesquisador de Lipedema. Para acessar clique em: 

É importante ressaltar que e momento nenhum os autores citam:
Implante de gestrinona ou de testosterona para tratamento do Lipedema
Soroterapia com qualquer nutriente para alívio dos sintomas
Suplementos com finalidade de melhorar a parte funcional dos portadores de Lipedema. O único nutriente citado foi a vitamina D.

O que o consenso evidenciou foi:
  • A abordagem multidisciplinar é fundamental no tratamento do lipedema. Cirurgiões vasculares podem gerenciar complicações linfáticas associadas.
  • Endocrinologistas ajudam a otimizar o perfil hormonal e metabólico dos pacientes. 
  • Ortopedistas podem ser consultados para lidar com as questões musculoesqueléticas decorrentes do excesso de peso nos membros.
  • Cirurgiões plásticos podem realizar procedimentos para reduzir o acúmulo de gordura e melhorar a funcionalidade e a estética. 
  • Psiquiatras e profissionais de saúde mental são essenciais para o acompanhamento dos aspectos emocionais e psicológicos, frequentemente negligenciados. 
  • Ginecologistas também desempenham um papel importante, particularmente no manejo de mulheres com lipedema que apresentam problemas hormonais e questões ginecológicas concomitantes.
  • Personal trainer auxiliará na prática de exercício físico, já que ele é um componente importante no manejo do lipedema, ajudando na melhoria da mobilidade, na redução do risco de complicações, como o linfedema, e na manutenção da saúde cardiovascular. No entanto, a atividade física deve ser adaptada para cada indivíduo, considerando a dor e a mobilidade. Um profissional de educação física com conhecimento específico sobre o lipedema pode elaborar programas de exercícios que minimizem o risco de lesões e maximizem os benefícios terapêuticos, considerando as limitações e necessidades específicas de cada paciente.
  • Nutrologia, Nutrição e Endocrinologia: A nutrição é um aspecto mais controverso, porém, ainda com alta concordância e evidência, diz respeito à relação entre carboidratos e proteínas na alimentação, que foi incluído na Fase 3 do Consenso. É fundamental que nutricionistas, nutrólogos, endocrinologistas e todos os profissionais envolvidos no tratamento do lipedema tenham acesso a programas de nutrição específicos e realizem uma abordagem consensual entre a equipe e o paciente, uma vez que o desacordo entre os profissionais dificulta a já difícil adesão a programas alimentares.
  • Tipo de dieta: dietas balanceadas podem ajudar a reduzir a inflamação sistêmica e os sintomas associados ao lipedema, além de potencialmente aumentar a eficácia de outras intervenções terapêuticas. Dietas específicas, como as anti-inflamatórias e cetogênicas, têm sido exploradas em relação ao lipedema e podem oferecer benefícios sintomáticos a alguns pacientes. Tais abordagens dietéticas devem ser consideradas cuidadosamente e adaptadas individualmente, dada a variabilidade de resposta entre os indivíduos. Pessoas com lipedema podem apresentar mudanças nos hábitos intestinais, muitas vezes como resultado de uma dieta com alimentos pró-inflamatórios e alterações na flora intestinal, que podem contribuir para um estado inflamatório sistêmico. 
  • A vitamina D, um nutriente com múltiplas funções biológicas, incluindo a modulação do sistema imunológico e da inflamação, é frequentemente encontrada em níveis deficientes em mulheres com lipedema. Portanto, a monitorização e a suplementação adequadas são essenciais para garantir a saúde óssea e possivelmente influenciar positivamente a progressão do lipedema. A adequação dos níveis de vitamina D pode desempenhar um papel no alívio dos sintomas e na prevenção de complicações associadas à condição.

Para ler o texto que escrevi com minha afilhada Esthefânia Almeida acesse: https://www.ecologiamedica.net/2024/06/lipedema-conceito-diagnostico.html

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Uso de gestrinona no tratamento do Lipedema. Há respaldo?

O Lipedema é uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo anormal de tecido adiposo, principalmente nas pernas, e pode causar dor, inchaço e problemas de mobilidade. Embora o caminho para a compreensão e tratamento do lipedema tenha evoluído significativamente, a busca por terapias eficazes continua sendo um desafio para a comunidade médica e para as pessoas que convivem com esta condição.

Recentemente, a gestrinona, um esteroide sintético com propriedades androgênicas, antiprogestogênicas e estrogênicas fracas, tem sido explorada por alguns profissionais como uma opção terapêutica para o lipedema. Originalmente utilizada em tratamentos ginecológicos, como a endometriose, a gestrinona suscitou interesse por suas potenciais propriedades de alteração hormonal. No entanto, é fundamental esclarecer que, até o momento, não existem evidências científicas que respaldem o uso da gestrinona no tratamento do lipedema.

A Falta de Evidência Científica

A comunidade científica opera com base em evidências obtidas através de pesquisas rigorosas e estudos clínicos. Para que um tratamento seja considerado eficaz e seguro, ele deve passar por diversas fases de pesquisa, incluindo ensaios clínicos controlados que comprovem sua eficácia e segurança para uma determinada condição. No caso da gestrinona e seu uso potencial no tratamento do lipedema, a literatura médica atual não oferece suporte para tais práticas.

Uso Experimental e a Necessidade de Protocolos de Pesquisa

Qualquer consideração do uso da gestrinona como tratamento para o lipedema deve ser enquadrada dentro de um contexto experimental, sob a supervisão de um rigoroso protocolo de pesquisa científica aprovado por um comitê de ética médica. Isso significa que, antes de ser considerada uma opção viável, a gestrinona deve ser submetida a estudos clínicos que possam avaliar de forma objetiva seus efeitos, benefícios e riscos quando aplicada a pacientes com lipedema.

Posição da Associação Brasileira de Lipedema

A Associação Brasileira de Lipedema, comprometida com o bem-estar e a segurança de seus associados, recomenda não utilizar a gestrinona no tratamento do lipedema. Esta posição baseia-se na ausência de evidências científicas que justifiquem seu uso para essa finalidade. A associação enfatiza a importância de adotar abordagens terapêuticas baseadas em evidências e aprovadas por órgãos regulatórios, garantindo assim a segurança e a eficácia do tratamento para os pacientes com lipedema.

Conclusão

A jornada em busca de tratamentos eficazes para o lipedema é complexa e requer paciência, pesquisa e, acima de tudo, cautela. Enquanto novas terapias potenciais, como a gestrinona, podem surgir no horizonte, é essencial que a comunidade médica e os pacientes sigam princípios baseados em evidências e diretrizes éticas rigorosas. A Associação Brasileira de Lipedema permanece ao lado de seus associados, oferecendo orientação e apoio, enquanto continuamos a explorar e validar tratamentos seguros e eficazes para o lipedema.


Para ler o Consenso Brasileiro de Lipedema acesse: https://www.ecologiamedica.net/2025/02/consenso-brasileiro-de-lipedema.html