5 verdades surpreendentes sobre SIBO e SIFO que seu Intestino precisa saber

 


Inchaço, gases, desconforto abdominal, diarreia ou constipação que nunca melhoram. Se essa rotina parece familiar, você não está sozinho. Muitas pessoas sofrem com sintomas gastrointestinais persistentes e inexplicáveis, muitas vezes recebendo diagnósticos genéricos sem uma solução definitiva.

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E se os culpados não forem invasores externos, mas sim um desequilíbrio de microrganismos que já vivem em você? Apresentamos a SIBO (Supercrescimento Bacteriano do Intestino Delgado) e a SIFO (Supercrescimento Fúngico do Intestino Delgado), duas condições que muitas vezes passam despercebidas. 

Prepare-se para descobrir cinco verdades surpreendentes sobre elas que podem mudar a forma como você enxerga a saúde intestinal.

1. Seus Probióticos "Saudáveis" Podem Estar Piorando a Situação


Pode parecer contraintuitivo, mas durante a fase de tratamento da SIBO e SIFO, o uso de prebióticos e probióticos geralmente não é indicado. Na verdade, eles podem piorar os sintomas.

A lógica é simples: SIBO e SIFO são condições de supercrescimento. Adicionar mais microrganismos, mesmo os benéficos, a um ambiente já superpovoado é como jogar mais lenha na fogueira. A estratégia inicial não é adicionar mais "soldados", mas sim reduzir a população excessiva que está causando o problema.

2. Não São Apenas Bactérias — Os Fungos Também Podem Dominar (e Muitas Vezes Juntos)


Enquanto a SIBO ganha mais atenção, seu "parente" menos conhecido, a SIFO, é igualmente importante. A SIFO é um crescimento excessivo de fungos no intestino delgado, sendo o gênero Candida o agente responsável por exatos 97,4% dos casos.

Um ecossistema intestinal equilibrado possui mecanismos de defesa próprios. Por exemplo, bactérias do gênero Lactobacillus produzem peróxido de hidrogênio, que tem propriedade antifúngica e ajuda a controlar o crescimento de Candida. Quando esse equilíbrio se perde, os fungos podem se multiplicar.

O dado mais surpreendente é que essas duas condições não são mutuamente exclusivas. Estudos apontam que a SIBO e a SIFO podem coexistir em 34% dos casos. Isso leva a uma dica clínica crucial:

Se um paciente tem sintomas sugestivos de SIBO, mas não responde à terapia antibiótica, o SIFO deve ser considerado.

3. Medicamentos Comuns Podem Estar Preparando o Terreno Para o Problema


Nosso corpo possui fatores de proteção naturais, como a acidez gástrica e a motilidade intestinal (peristalse), que mantêm a microbiota em equilíbrio. A SIBO e a SIFO frequentemente surgem quando esses mecanismos de defesa são comprometidos, muitas vezes por medicamentos de uso comum.

* Drogas que reduzem a acidez protetora: O uso crônico de Inibidores de Bomba de Prótons (IBPs), como o omeprazol, causa hipocloridria (baixa acidez gástrica). Isso derruba uma das principais barreiras que impedem o supercrescimento de microrganismos no intestino delgado.
* Drogas que prejudicam a motilidade: Fármacos que diminuem o ritmo do intestino levam à estagnação do conteúdo intraluminal, criando um ambiente perfeito para a proliferação. Isso inclui não apenas os populares agonistas de GLP-1/GIP (usados para diabetes e perda de peso), mas também opioides e certos antidepressivos (tricíclicos e ISRS).
* Drogas que perturbam a microbiota: Antibióticos, esteroides e imunossupressores podem alterar drasticamente a composição da microbiota, abrindo espaço para o crescimento descontrolado de certas espécies bacterianas ou fúngicas.

4. Os Sintomas São Mestres do Disfarce


Distensão abdominal, dor, gases, fadiga, diarreia ou constipação. Embora sejam a marca registrada da SIBO e SIFO, esses sintomas são extremamente semelhantes aos de outras condições, como a Síndrome do Intestino Irritável (SII), causando atrasos no diagnóstico.

O mais surpreendente é que até 20% dos casos de SIBO podem ser completamente assintomáticos. Quando não tratada, a condição pode evoluir para um quadro de má absorção com consequências graves, incluindo deficiências de vitaminas lipossolúveis (A, D, E), vitamina B12 e ferro, além de esteatorreia (gordura nas fezes) e hipoproteinemia (baixo nível de proteína no sangue).

Essa sobreposição de sintomas e a possibilidade de quadros silenciosos reforçam a importância da suspeita clínica:

PENSAR EM SIBO EM PACIENTES COM PATOLOGIAS GASTROINTESTINAIS QUE NÃO MELHORAM, APESAR DO TRATAMENTO OTIMIZADO E/OU QUE APRESENTAM FATORES DE RISCO.

5. A Solução Não é Apenas "Adicionar Bactérias Boas"


A ideia de que a saúde intestinal se resume a tomar probióticos é um mito no tratamento da SIBO e SIFO. A estratégia primária é a indução da remissão, que visa eliminar o crescimento excessivo com alvos específicos.

* Para a SIBO: O tratamento de primeira linha envolve o uso de antibióticos com ação local, como a Rifaximina (ex: 550mg, 3 vezes ao dia, por 7-14 dias).
* Para a SIFO: A abordagem utiliza antifúngicos, como o Fluconazol (ex: 150mg por dia, por 2-3 semanas).

Após a remissão, o foco muda para a manutenção. É crucial tratar ou modificar a causa de base para reduzir o risco de recidiva. Nesta fase, outras terapias, como o uso de simbióticos (a exemplo de estudos com Bacillus coagulans + FOS), podem ser consideradas para ajudar a manter o equilíbrio restaurado.

Conclusão: Ouça o Seu Intestino, Mas da Maneira Certa


A saúde intestinal é muito mais complexa do que parece, e soluções que parecem óbvias nem sempre são as mais corretas. SIBO e SIFO nos ensinam que entender a causa raiz do desequilíbrio é mais importante do que apenas tratar os sintomas com soluções genéricas.

Isso nos deixa com uma reflexão final e provocativa:

"Apesar da alta prevalência de sintomas gastrointestinais persistentes nos consultórios médicos, raramente o diagnóstico de SIBO e principalmente de SIFO é aventado. Será que estamos negligenciando esse diagnóstico?"

Autores:
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915
Dra. Christian Kelly Nunes Ponzo - CRM-ES 9683, RQE de Gastroenterologista: 6354, RQE de Nutrologia: 6355




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