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sábado, 30 de agosto de 2025

Doutor, eu devo tomar testosterona ?


Entenda quando a TRT é indicada, exames necessários, contraindicações, efeitos adversos e opções naturais. Conteúdo médico com evidências e segurança

Antes de começar o texto, saliento que não prescrevo testosterona, sequer tenho receituário azul. Posso até investigar o déficit por ser médico, mas na minha concepção, quem deve prescrever e conduzir o caso é o Endocrinologista ou Urologista. 

O que é a terapia de reposição de testosterona?

A terapia de reposição de testosterona, conhecida como TRT, é um tratamento médico usado quando o corpo não produz esse hormônio em quantidades suficientes.


A testosterona é essencial para a energia, a força muscular, a saúde sexual e até o bem-estar emocional.
Muitos homens ouvem falar da TRT como solução rápida para melhorar a disposição e o físico, mas nem sempre isso é verdade.


Na prática, ela só é indicada em casos de deficiência comprovada. Por isso, não deve ser usada sem uma avaliação médica criteriosa. O uso indevido pode trazer mais riscos do que benefícios.

Por que a testosterona é importante para o corpo?

Esse hormônio influencia diretamente a massa muscular, a distribuição de gordura e a saúde óssea. Além disso, regula a libido, a função sexual e até a produção de espermatozoides. A testosterona também está ligada ao humor, à motivação e à memória. Quando ela está baixa, sintomas como cansaço, desânimo e perda de força podem aparecer. Ou seja, trata-se de um hormônio que impacta diversas áreas da vida. Por isso, qualquer alteração deve ser investigada de forma responsável.

Quando desconfiar de baixa testosterona?

Alguns sinais levantam a suspeita de que os níveis de testosterona podem estar baixos.
Entre eles estão a queda de libido, disfunção erétil e diminuição das ereções matinais.
Também são comuns o aumento da gordura abdominal, a redução da massa muscular e a fadiga persistente.
Mudanças no humor, como irritabilidade e tristeza, podem estar relacionadas.
Queda de pelos corporais e alterações no sono também chamam atenção.
Esses sintomas devem ser avaliados em conjunto e não isoladamente.

É verdade que todo homem mais velho precisa de reposição?

Não! Esse é um mito muito comum.
Com o passar da idade, é natural que os níveis de testosterona diminuam um pouco.
Mas isso não significa que todo homem mais velho precise de reposição hormonal.
A TRT só é indicada quando há sintomas associados a exames laboratoriais confirmando o déficit.
Muitos homens mais velhos mantêm bons níveis do hormônio sem precisar de tratamento.
Portanto, cada caso deve ser analisado individualmente.

Quais exames são necessários para investigar a testosterona?

O exame principal é a dosagem de testosterona total no sangue, coletada pela manhã.
Em alguns casos, também é importante avaliar a testosterona livre, que mostra a fração ativa do hormônio.
Além disso, o médico pode solicitar exames como LH, FSH, estradiol, prolactina e hormônios da tireoide.
Esses testes ajudam a entender se a baixa testosterona é causada por problemas nos testículos ou no cérebro.
Também pode ser necessário avaliar o PSA, importante para a saúde da próstata.
Ou seja, é uma investigação completa, que não pode ser feita às pressas.

Causas mais comuns da baixa testosterona

Entre os motivos estão doenças crônicas, obesidade, uso de certos medicamentos e o envelhecimento natural.
Infecções nos testículos, traumas e histórico de quimioterapia também podem estar envolvidos.
O uso de drogas como maconha, cocaína e álcool em excesso pode diminuir a produção do hormônio.
Outro fator importante é a falta de sono adequado, que reduz os pulsos naturais de testosterona.
O excesso de estresse também prejudica a saúde hormonal.
Muitas vezes, mudar o estilo de vida já ajuda a recuperar os níveis.

A obesidade pode diminuir a testosterona?

Sim, e isso é mais comum do que se imagina.
A gordura abdominal em excesso aumenta a transformação da testosterona em estrógeno, um hormônio feminino.
Além disso, o excesso de peso reduz os pulsos hormonais que estimulam a produção testicular.
Por isso, muitos homens obesos apresentam sintomas típicos de hipogonadismo.
A boa notícia é que perder peso ajuda a normalizar os níveis hormonais.
Muitas vezes, emagrecer é mais eficaz do que usar reposição.

O sono influencia nos níveis de testosterona?

Dormir bem é essencial para manter o equilíbrio hormonal.
Durante o sono profundo, o corpo libera os pulsos que estimulam a produção de testosterona.
Quem dorme mal ou tem apneia do sono tende a apresentar níveis mais baixos do hormônio.
Além disso, a falta de descanso aumenta o estresse e o cortisol, que competem com a testosterona.
Por isso, melhorar a qualidade do sono pode trazer benefícios significativos.
Antes de pensar em reposição, esse é um ponto a ser corrigido.

Quais riscos existem em usar testosterona sem necessidade?

Muitas pessoas acreditam que a testosterona só traz benefícios, mas isso é um grande engano.
O uso sem indicação pode aumentar o risco de problemas cardiovasculares, como infarto e AVC.
Também pode causar infertilidade, pois o corpo deixa de produzir espermatozoides naturalmente.
Outros efeitos incluem aumento do hematócrito, piora da queda de cabelo e ginecomastia (crescimento das mamas nos homens).
Além disso, pode prejudicar a próstata, aumentando risco de câncer ou hiperplasia.
Por isso, a automedicação nunca é uma opção segura.

Quem pode prescrever e acompanhar a TRT?

Somente médicos podem prescrever a reposição de testosterona.
Normalmente, essa função é de endocrinologistas ou urologistas.
O papel do nutrólogo ou do clínico é investigar sintomas, solicitar exames e encaminhar quando necessário.
É fundamental que o acompanhamento seja feito por um profissional capacitado.
O paciente deve ter consultas regulares e realizar exames de controle de forma periódica.
Isso garante que o tratamento seja eficaz e seguro ao mesmo tempo.

Medicamentos que podem reduzir a testosterona

Alguns remédios podem diminuir a produção ou a ação da testosterona no corpo.
Entre eles estão antidepressivos antigos, corticoides, opioides e certos medicamentos para pressão.
Até mesmo drogas comuns, como o álcool em excesso, podem afetar o equilíbrio hormonal.
Por isso, o médico sempre deve revisar a lista de medicamentos do paciente.
Em alguns casos, apenas trocar ou suspender um remédio já resolve o problema.
Isso mostra que nem sempre a solução está na reposição hormonal.

Hábitos de vida que afetam a testosterona

O estilo de vida moderno pode prejudicar bastante a saúde hormonal.
Dormir mal, ter má alimentação, usar álcool e tabaco são fatores que reduzem os níveis de testosterona.
A exposição a substâncias químicas chamadas de disruptores endócrinos também tem impacto negativo.
Essas substâncias estão em plásticos, pesticidas e alguns cosméticos.
A prática de atividade física regular ajuda a manter o equilíbrio hormonal.
Ou seja, cuidar do dia a dia já faz grande diferença para a saúde do homem.

O impacto da obesidade na produção hormonal

A obesidade é um dos principais inimigos da testosterona.
O excesso de gordura, especialmente na barriga, favorece a transformação desse hormônio em estrogênio.
Isso desequilibra ainda mais o metabolismo e gera sintomas de cansaço e baixa libido.
Além disso, a obesidade aumenta o risco de apneia do sono, que também reduz a testosterona.
Por isso, perder peso é uma estratégia fundamental antes de pensar em TRT.
Muitas vezes, só essa medida já traz melhora significativa.

Apneia do sono e baixa testosterona

A apneia do sono é caracterizada por pausas respiratórias durante a noite.
Esse distúrbio atrapalha o descanso profundo, que é essencial para a produção hormonal.
Homens com apneia tendem a ter níveis mais baixos de testosterona.
E se eles fazem reposição sem tratar a apneia, o problema respiratório pode piorar.
O diagnóstico é feito por exames específicos de sono, como a polissonografia.
Tratar a apneia pode melhorar não só o hormônio, mas também a qualidade de vida.

Reverter a causa ou repor o hormônio?

Antes de iniciar a reposição, é fundamental entender o motivo da queda da testosterona.
Se a causa for má qualidade do sono, obesidade ou uso de remédios, essas situações devem ser corrigidas.
Muitas vezes, só isso já é suficiente para normalizar os níveis.
A reposição é indicada apenas quando não há melhora mesmo após o tratamento da causa.
Isso evita que o paciente use hormônio sem necessidade e sofra os efeitos colaterais.
É sempre melhor atacar a raiz do problema do que apenas mascarar os sintomas.

Tratamentos que estimulam a produção natural

Em homens mais jovens, existem opções que estimulam o corpo a voltar a produzir testosterona sozinho. Entre elas está o uso de medicamentos como o citrato de clomifeno ou o hCG. Essas substâncias fazem o organismo retomar a produção natural do hormônio. Essa abordagem é especialmente útil para quem ainda deseja ter filhos. Isso porque a TRT pode reduzir ou até bloquear a produção de espermatozoides. Estimular a produção natural é uma forma mais segura nesses casos.

Formas de reposição de testosterona

Quando a reposição realmente é necessária, existem várias formas disponíveis.
As principais são: comprimidos, géis de uso diário, injeções e implantes subcutâneos.
Cada método tem vantagens e desvantagens em termos de praticidade e efeitos colaterais.
Por exemplo, os géis são mais fáceis de usar, mas podem passar hormônio para outras pessoas pelo contato da pele.
Já as injeções podem causar picos e quedas no humor e na disposição.
A escolha sempre deve ser feita junto com o médico.

A testosterona em comprimidos

As cápsulas ou comprimidos são uma opção de reposição, mas têm limitações.
Alguns tipos podem sobrecarregar o fígado e causar alterações no colesterol.
Por isso, não são a forma mais recomendada na maioria dos casos.
Existem versões mais modernas, como o undecanoato oral, que são menos agressivas.
Mesmo assim, elas exigem uso acompanhado de refeições ricas em gordura para melhor absorção.
Esse detalhe pode dificultar a adesão do paciente ao tratamento.

A testosterona em gel

O gel de testosterona é bastante usado porque mantém níveis mais estáveis no sangue.
A aplicação é feita todos os dias na pele, geralmente nos ombros ou abdômen.
Um dos principais cuidados é evitar o contato com crianças ou parceiros logo após o uso.
Isso porque o hormônio pode ser transferido pela pele e causar efeitos indesejados.
A adesão costuma ser boa, desde que o paciente siga corretamente as orientações.
É uma opção segura para muitos homens que necessitam de reposição.

A testosterona injetável

As injeções de testosterona são muito utilizadas por sua praticidade e baixo custo.
Existem opções de curta duração, aplicadas a cada 2 ou 3 semanas, e de longa duração, feitas a cada 3 meses.
O problema é que as de curta ação causam picos e quedas de humor e energia.
Já as de longa duração têm melhor estabilidade, mas custo mais alto.
Um dos riscos principais das injeções é o aumento do hematócrito, que engrossa o sangue.
Por isso, o acompanhamento médico regular é indispensável.

A testosterona em adesivos

Outra forma de reposição é o uso de adesivos transdérmicos.
Eles liberam o hormônio de forma contínua e estável na pele.
Apesar de práticos, podem causar irritações locais, como vermelhidão e coceira.
No Brasil, ainda não estão amplamente disponíveis, o que limita seu uso.
Além disso, costumam ter custo mais elevado em comparação a outras formas.
Mesmo assim, são uma alternativa válida em alguns casos específicos.

Implantes de testosterona (“chips”)

Os implantes, conhecidos popularmente como “chips”, ficam debaixo da pele e liberam testosterona por meses. Eles oferecem praticidade, pois não exigem aplicação frequente como os géis ou injeções.
Por outro lado, podem causar infecção no local ou serem expulsos pelo organismo.
Outra desvantagem é a dificuldade em ajustar a dose caso surjam efeitos colaterais. Por isso, só devem ser usados em situações muito bem indicadas. Porém, no Brasil não há produto disponível na indústria farmacêutica, ou seja, na minha visão não há segurança na prescrição de implantes manipulados. Por isso, endocrinologistas sérios não prescrevem.

Quem não pode usar testosterona?

A TRT não é indicada para todo mundo. Homens com câncer de próstata ou mama, nódulos suspeitos na próstata ou PSA alterado não devem usar. Também não é indicada em casos de apneia do sono não tratada, insuficiência cardíaca grave ou problemas no fígado. Outra contraindicação é o hematócrito muito elevado, que pode aumentar o risco de trombose. Essas situações precisam ser cuidadosamente avaliadas antes de iniciar o tratamento. A segurança do paciente deve vir sempre em primeiro lugar.

Exames antes de iniciar a reposição

Antes de começar a TRT, o médico deve pedir uma série de exames. Esses exames ajudam a identificar riscos e a garantir que o tratamento seja seguro. Também é importante fazer um exame físico completo e, se indicado, o toque retal. Em alguns casos, pode ser necessário avaliar a fertilidade com espermograma. Essa etapa de prevenção evita complicações futuras. O endocrinologista ou urologista saberão quais exames mais indicados para o seu caso. 

Acompanhamento durante o tratamento

Depois que a TRT é iniciada, o acompanhamento médico deve ser contínuo. Os exames precisam ser repetidos a cada 3 a 6 meses no início do tratamento. Esse controle serve para ajustar a dose e evitar efeitos colaterais graves.
Além disso, sintomas como mudanças no humor, acne ou queda de cabelo devem ser monitorados.
O acompanhamento é tão importante quanto o início do tratamento.

Efeitos colaterais mais comuns da testosterona

O uso de testosterona pode trazer alguns efeitos indesejados.
Entre eles estão oleosidade na pele, acne, aumento da queda de cabelo e ginecomastia.
Alguns homens também podem notar alterações no humor e maior irritabilidade.
A longo prazo, a TRT pode reduzir a produção natural do esperma, levando à infertilidade.
Outro risco é o aumento do hematócrito, que engrossa o sangue.
Por isso, o tratamento nunca deve ser feito sem supervisão médica.

Efeitos colaterais de acordo com a forma usada

Cada forma de reposição tem seus efeitos adversos específicos.
Os comprimidos podem prejudicar o fígado e alterar o colesterol.
Os implantes podem causar infecção no local da aplicação.
As injeções podem gerar dor local e oscilações de humor e energia.
Os géis apresentam risco de transferência do hormônio para outras pessoas.
Já os adesivos podem causar irritações de pele.

A relação da testosterona com o coração

Um dos temas mais discutidos é se a TRT aumenta o risco de problemas cardíacos. Alguns estudos sugerem que o uso pode elevar as chances de infarto e AVC. Por outro lado, a própria deficiência de testosterona também está associada a risco cardiovascular maior. Isso mostra que a relação é complexa e ainda não totalmente esclarecida. O mais seguro é individualizar a decisão, avaliando os fatores de risco de cada paciente. E sempre manter acompanhamento próximo com o médico.

O que dizem os estudos científicos

Pesquisas já mostraram resultados diferentes sobre os riscos da TRT.
Um estudo americano com idosos teve que ser interrompido por aumento de eventos cardíacos.
Por outro lado, outro trabalho mostrou que pacientes tratados tiveram menos problemas cardiovasculares.
Essas diferenças acontecem porque os estudos usam metodologias distintas.
Ainda faltam pesquisas grandes e de longo prazo para conclusões definitivas.
Por isso, a decisão deve ser sempre personalizada.

A testosterona afeta a fertilidade?

Sim, esse é um dos pontos mais importantes a serem discutidos antes da TRT.
A reposição pode reduzir a produção de espermatozoides, dificultando a fertilidade.
Isso acontece porque o corpo entende que já existe hormônio suficiente e reduz a produção natural.
Por isso, homens que desejam ter filhos devem conversar sobre alternativas antes do tratamento.
Em alguns casos, pode ser melhor estimular a produção natural em vez de repor diretamente.
Esse detalhe precisa ser esclarecido já na primeira consulta

Alternativas naturais para melhorar a testosterona

Nem sempre a solução está na reposição hormonal. Existem formas naturais de aumentar a testosterona ou pelo menos melhorar seus efeitos no corpo. O emagrecimento, a prática regular de exercícios de força e a melhora do sono são fundamentais. A alimentação equilibrada, rica em vitaminas e minerais, também ajuda. Reduzir o estresse e o consumo de álcool faz diferença nos níveis hormonais.
Essas medidas devem ser sempre o primeiro passo antes de pensar em TRT.

O papel da atividade física

O exercício físico é um dos maiores aliados da saúde hormonal. Treinos de força, como musculação, ajudam a aumentar naturalmente a testosterona. Além disso, diminuem a gordura corporal e melhoram a sensibilidade à insulina. O resultado é um corpo mais saudável, com mais energia e disposição. Atividades aeróbicas também são importantes para a saúde cardiovascular. O ideal é combinar ambos os tipos de treino para melhores resultados.

A importância da alimentação

Uma dieta equilibrada é essencial para manter os hormônios em ordem. Alimentos ricos em zinco, como castanhas e frutos do mar, favorecem a produção de testosterona. As gorduras boas, como azeite e peixes, também participam da síntese hormonal. Já o excesso de açúcar, frituras e ultraprocessados prejudica o equilíbrio do corpo. Beber água suficiente e evitar o álcool em excesso também ajuda. Ou seja, o prato do dia a dia pode ser um grande aliado da saúde hormonal.

O sono como regulador hormonal

Dormir bem é quase tão importante quanto se alimentar bem e se exercitar. Durante o sono profundo, o corpo libera hormônios que estimulam a produção de testosterona. Quem dorme pouco ou mal tende a ter queda significativa dos níveis hormonais. A apneia do sono, por exemplo, é uma das causas mais frequentes de déficit de testosterona. Cuidar da higiene do sono é uma estratégia simples e poderosa. Muitas vezes, basta regular o descanso para sentir melhora nos sintomas.

O impacto do estresse no corpo

O estresse crônico aumenta a produção de cortisol, o hormônio do “estado de alerta”. Quando o cortisol fica alto por muito tempo, ele atrapalha a produção de testosterona. Isso leva a sintomas como fadiga, queda da libido e dificuldade de ganhar massa muscular. Práticas de relaxamento, como meditação e respiração profunda, ajudam a equilibrar. Atividades prazerosas também contribuem para reduzir a tensão do dia a dia. Controlar o estresse é essencial para manter o equilíbrio hormonal.

Fitoterápicos que podem auxiliar

Algumas plantas são estudadas por seus possíveis efeitos sobre a testosterona.
Entre elas estão o tribulus terrestris, o ginseng e a maca peruana.
Esses fitoterápicos podem ajudar na disposição, libido e energia.
No entanto, os estudos ainda são limitados e os resultados variam entre pessoas.
Eles podem ser usados como complemento, mas nunca substituem o acompanhamento médico.
Sempre é importante ter orientação profissional antes de iniciar o uso.

Tribulus terrestris: o mais famoso

O tribulus é uma planta tradicionalmente usada para melhorar a libido. Alguns estudos sugerem que pode aumentar a testosterona em certos casos. Ele também pode trazer ganhos na disposição e na performance física. Mas os resultados não são iguais para todos os homens. Em alguns, a melhora é perceptível; em outros, quase inexistente. De qualquer forma, é considerado seguro em doses adequadas.

O ginseng e seus efeitos

O ginseng é muito usado na medicina oriental como um tônico natural. Ele pode ajudar na energia, na memória e até na função sexual. Estudos indicam que pode melhorar a circulação e a ereção em alguns homens. Também pode trazer benefícios para a imunidade e reduzir a fadiga. Embora não aumente tanto a testosterona diretamente, melhora a vitalidade geral. Por isso, é visto como um aliado complementar no cuidado masculino.

A maca peruana

A maca é uma raiz cultivada nos Andes e usada há séculos para vitalidade. Ela é considerada um adaptógeno, ou seja, ajuda o corpo a lidar melhor com o estresse. Alguns estudos mostram melhora da libido e da fertilidade com seu uso. No entanto, assim como o tribulus, seus efeitos variam bastante entre indivíduos. É uma opção natural com poucos efeitos colaterais relatados. Pode ser incluída como parte de um estilo de vida saudável.

Outros nutrientes importantes

Além dos fitoterápicos, certos nutrientes também influenciam na produção de testosterona.
O zinco, o magnésio e a vitamina D são alguns dos mais relevantes. A deficiência deles pode levar à queda dos níveis hormonais e piora dos sintomas. A suplementação pode ser indicada em casos de carência confirmada. Mas, quando a dieta é equilibrada, muitas vezes já se consegue um bom aporte.
Por isso, a alimentação continua sendo a base de qualquer estratégia.

O risco do uso sem acompanhamento médico

Um dos maiores problemas atuais é o uso indiscriminado de testosterona. Muitos homens começam a aplicar injeções ou usar géis por conta própria. Sem exames e sem supervisão, os riscos aumentam de forma significativa. Isso pode levar a complicações graves, como infertilidade e problemas cardiovasculares. Além disso, a reposição mal indicada pode mascarar doenças importantes. Por isso, nunca é seguro iniciar o tratamento sem orientação médica.

Testosterona e risco cardiovascular

Existe um debate sobre a relação entre TRT e o coração. Alguns estudos mostram que a reposição pode aumentar o risco de infarto e AVC. Outros, no entanto, indicam que a deficiência também é prejudicial ao coração. Isso significa que cada caso deve ser avaliado individualmente. Homens com fatores de risco, como diabetes e hipertensão, exigem atenção redobrada. O médico é quem deve pesar riscos e benefícios antes da prescrição.

Testosterona e a saúde da próstata

A saúde da próstata é uma preocupação central no uso da testosterona. Pacientes com câncer de próstata não devem fazer reposição. Mesmo homens sem câncer precisam acompanhar o PSA regularmente. A reposição pode acelerar o crescimento de tumores já existentes. Por isso, exames preventivos são obrigatórios antes e durante a TRT. Esse cuidado protege a saúde masculina a longo prazo.

TRT e saúde óssea

A testosterona também tem impacto direto sobre os ossos. Níveis baixos aumentam o risco de osteopenia e osteoporose. Homens com deficiência podem ter mais fraturas e perda de densidade óssea. Nesses casos, a reposição pode ser uma aliada importante. Ela ajuda a preservar a estrutura óssea e reduzir riscos de quedas. No entanto, só deve ser feita quando realmente necessária.

TRT e saúde sexual

Um dos motivos que mais levam homens ao consultório é a queda da libido. A TRT pode melhorar a vida sexual quando a causa é realmente hormonal.  Ela aumenta o desejo, melhora a ereção e pode elevar a autoconfiança. No entanto, nem toda disfunção erétil é causada por testosterona baixa. Problemas psicológicos, diabetes e doenças vasculares também interferem. Por isso, é importante investigar todas as causas antes do tratamento.

TRT e humor

A testosterona também influencia o bem-estar mental. Homens com deficiência podem ter irritabilidade, tristeza e falta de motivação. Quando usada corretamente, a reposição pode melhorar esses sintomas. Mas se o problema for ansiedade ou depressão, a TRT não resolve sozinha. Nesses casos, o acompanhamento psicológico é fundamental. A saúde mental deve caminhar junto com a saúde hormonal.

TRT e composição corporal

Muitos associam a testosterona ao ganho de massa muscular. De fato, homens com deficiência podem melhorar força e massa magra com a reposição. Ela também ajuda a reduzir a gordura abdominal. Mas é preciso lembrar que a TRT não substitui treino e alimentação. Sem hábitos saudáveis, os resultados não aparecem. O hormônio é um aliado, mas não faz milagres. Importante salientar que a prescrição de testosterona para fins estéticos é PROIBIDA pelo Conselho Federal de Medicina. Também não encontra respaldo de segurança na literatura. 

TRT e infertilidade

Um ponto importante é que a TRT pode reduzir a fertilidade. Isso porque o corpo entende que já há hormônio suficiente e diminui a produção natural. Com isso, a produção de espermatozoides cai de forma significativa. Homens que planejam ter filhos devem conversar com o médico antes. Existem alternativas para estimular a produção natural sem afetar tanto a fertilidade. Essa decisão precisa ser individualizada.

Terapia pós-ciclo: o que é isso?

Muitos homens usam testosterona de forma irregular em “ciclos” para fins estéticos. Depois, procuram médicos pedindo ajuda para recuperar o equilíbrio hormonal. Essa prática pode trazer sérios prejuízos para o corpo e a mente. A chamada “terapia pós-ciclo” tenta reativar a produção natural do organismo. Na maioria das vezes, envolve medicamentos específicos e acompanhamento rigoroso. É mais um motivo para evitar o uso sem necessidade.

O papel da nutrologia e de outras especialidades

A avaliação de testosterona envolve várias áreas da medicina. O nutrólogo pode ajudar a identificar fatores ligados ao estilo de vida e à alimentação. O endocrinologista e o urologista são os principais responsáveis pela reposição. O cardiologista pode ser chamado quando existem riscos cardiovasculares. Já o psicólogo e o psiquiatra atuam nos sintomas emocionais relacionados. Essa visão integrada traz mais segurança e resultados melhores para o paciente.

O perigo da automedicação

Infelizmente a automedicação com testosterona tem crescido nos últimos anos. Muitos homens compram hormônios pela internet ou em academias, sem qualquer segurança. Esse hábito aumenta muito o risco de efeitos colaterais graves e irreversíveis. Além disso, a maioria desses produtos não tem controle de qualidade. Isso significa que podem estar contaminados ou até adulterados. Usar sem acompanhamento médico é colocar a saúde em risco.

Conclusão

Reposição de testosterona deve ser feita por Endocrinologista ou Urologista, destinada apenas para quem apresenta déficit laboratorial e sintomatologia compatível. 


REFERÊNCIAS


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Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Funcho e erva-doce são a mesma coisa?

Se você gosta de chás e estuda fitoterapia, é provável que você já tenha confundido o funcho com a erva-doce em algum momento! Também conhecida como funcho-doce, essa herbácea é considerada uma erva medicinal. 

A espécie Foeniculum vulgare é muito bem aproveitada por aqueles que a consomem, seja na culinária ou como bebida. Nativo da Europa e do Norte da África, o funcho é uma planta silvestre disseminada em larga escala no Mediterrâneo, mas também pelo mundo afora. A herbácea é extremamente aromática e muito bem aproveitada pela indústria farmacêutica e de cosméticos. Dela é possível extrair o óleo essencial de funcho, que tem efeito relaxante. Porém, além disso, a planta também é considerada um ótimo ingrediente para preparos culinários e receitas medicinais.

Mas qual a diferença entre funcho e erva-doce?

Apesar de ser muito confundido com a erva-doce (Pimpinella anisum), o funcho-doce possui aspectos que o diferencia fortemente da outra espécie. Ambas têm o talo e as folhas consumidas em receitas e apresentam sabor semelhante, mas possuem propriedades variantes. 

A Foeniculum vulgare se destaca pelas flores amarelas e rendadas, diferentemente da erva-doce, que tem flores brancas. Os motivos para consumir o chá de erva-doce são bem específicos, assim como no caso do chá de funcho.


Funcho: flores amarelas

Erva-doce


Planta medicinal melhora digestão e reduz gases

O funcho tem algumas propriedades medicinais para a saúde digestiva. O alimento conta com diversos nutrientes em sua composição, como fibras alimentares, vitaminas do tipo A, C e do complexo B, além de sais minerais como cálcio, ferro, fósforo, potássio, sódio e zinco. Todos em quantidades muito pequenas. O funcho tem ações expectorantes e pode ajudar em sintomas gastrintestinais.

O consumo da planta medicinal é muito indicado para pessoas que sofrem com flatulências e dores abdominais constantes. Além disso, a erva apresenta efeitos positivos para o tratamento de outros tipos de problemas relacionados ao sistema digestivo, facilitando o processo de digestão - mesmo em casos de comidas mais pesadas - e a absorção dos nutrientes. O funcho também ajuda na redução do mau hálito.

Saiba para que serve chá de funcho e como fazê-lo

O chá de funcho é uma boa opção para pessoas de qualquer idade que estejam sofrendo de problemas digestivos ou intestinais (mas antes passe em consulta médica). A bebida é bem simples de ser preparada. Para fazer o chá, você deve utilizar 1 colher de sementes de funcho ou as folhas da planta trituradas. Coloque-as em uma xícara de água fervente, tampe e espere de 12 a 15 minutos para a infusão ser concluída e a bebida fique morna. Depois, coe para retirar os resíduos do alimento. Por fim, é só beber!

Abaixo algumas receitas que você pode fazer com a erva-doce.





Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE11915
Gostou do texto sobre Funcho e quer conhecer mais sobre o meu trabalho, clique aqui. 

segunda-feira, 3 de março de 2025

Nutricionista NÃO pode receitar remédio

Mensalmente alguém me pergunta no direct do instagram isso. Nutricionista pode receitar/prescrever remédio? A resposta é NÃO, baseado na Lei do ato médico de 2013. Mas no caso dos nutricionistas, o próprio código de ética dos Nutricionistas, além de normativas do Conselho Federal de Nutrição deixam bem claros que Nutricionistas não podem prescrever nada fora do tubo digestivo. 

Ou seja, Nutricionista não pode prescrever:

  • Produto que use via de administração diversa do sistema digestório; ou seja, injetáveis via intramuscular ou endovenosa são proibidos para nutricionistas. 
  • Medicamentos ou produtos que incluam formulações magistrais sujeitos à prescrição médica. Ou seja, não podem prescrever qualquer tipo de medicação para emagrecimento como Sibutramina, Orlistate, Liraglutida, Semaglutida, Tirzepatida ou medicamentos à base de vitaminas e minerais sujeitos a prescrição médica;
  • Suplementos com quantidades de nutrientes superiores aos níveis máximos regulamentados pela Anvisa ou na falta destes o Tolerable Upper Intake Levels – UL. Ex. Vitamina D acima de 4.000ui, B12 acima de 1.000mcg, Ferro acima de 60mg, etc.
  • Produtos que não atendam às exigências para produção e comercialização regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Mas o que nutricionista pode prescrever? 

Em 2020 o CFN publicou no DOU a Resolução CFN n° 656/2020, que dispõe sobre a prescrição dietética de suplementos alimentares pelo nutricionista e dá outras providências. A norma contempla a prescrição de produtos manipulados isentos de prescrição médica e mantém as diretrizes dos anexos I e II da IN Anvisa n° 28/2018, incluindo os limites de UL (tolerable upper intake levels – nível superior tolerável de ingestão) para nutrientes.

A prescrição dietética de suplementos alimentares pelo nutricionista inclui nutrientes; substâncias bioativas; enzimas; prebióticos; probióticos; produtos apícolas como mel, própolis, geleia real e pólen; novos alimentos e novos ingredientes e outros autorizados pela Anvisa para comercialização, isolados ou combinados, bem como medicamentos isentos de prescrição à base de vitaminas, minerais, aminoácidos e proteínas, isolados ou associados entre si. Ou seja, nutricionista não pode prescrever medicamentos alopáticos e nem homeopáticos. Também não são todos fitoterápicos que ele podem prescrever. Nem todas as doses de vitaminas e minerais.

O nutricionista pode prescrever produtos manipulados isentos de prescrição médica e contemplados no anexo da Resolução CFN n° 656/2020;

Para prescrição dietética de suplementos alimentares, o nutricionista deve respeitar os limites de UL (Tolerable Upper Intake Levels – nível superior tolerável de ingestão) para nutrientes e, em casos não contemplados, considerar critérios de eficácia e segurança com alto grau de evidências científicas; respeitar as listas de constituintes autorizados para uso em suplementos alimentares prevista nos anexos I e II da IN Anvisa n° 28/2018 e suas atualizações, e os insumos autorizados pela Anvisa para comercialização, disponíveis nas farmácias de manipulação; na prescrição de enzimas, indicar a atividade enzimática em unidades (U) e na de probiótico, em Unidades Formadoras de Colônias (UFC);

Dados a serem informados na receita: nome do paciente/cliente/usuário; via, composição e posologia dos suplementos alimentares; data de prescrição; assinatura, carimbo do profissional com nome, número de registro no conselho profissional e respectiva jurisdição; fone, endereço completo ou outro meio de contato profissional.

Autor: Dr. Frederico Lobo - CRM-GO 13192 RQE 11915 - Médico Nutrólogo

sábado, 30 de março de 2024

Anabolizantes e suicídio

A postagem abaixo foi feita por um amigo psiquiatra. Há muitos anos estamos trocando experiências sobre efeitos dos Esteróides anabolizantes (EAAs) na saúde mental humana. E o que tenho percebido me assusta, ano após ano. 

Quando comecei a atender em 2009, jamais imaginaria que a situação chegaria ao ponto atual. Consigo relatar pelo menos uns 50 casos de pacientes que tiveram a vida devastada após uso de anabolizantes. Vi, ouvi, acolhi:

  • Pacientes com depressão que tiveram sintomas agravados, principalmente ao final de ciclos ou quando a droga vai decaindo na circulação.
  • Pacientes com quadro de ansiedade generalizada que após uso de EAAs abriram quadro de síndrome do pânico ou ficaram extremamente hiper-reativos, agressivos.
  • Pacientes borderline que após uso tiveram exacerbação dos sintomas, com consequências legais/criminais. 
  • Pacientes com transtorno bipolar que fizeram mania psicótica após início do uso.
  • Pacientes com transtorno bipolar que desencadearam mania e foram a falência ou se endividaram.
  • Pacientes com transtorno ansioso que começaram a ter ideação suicida e outros até tentaram suicídio. 
  • Pacientes com transtorno bipolar que passaram a ter compulsão sexual após o uso, levando ao término de casamentos de décadas. 
  • Pacientes previamente saudáveis que após o uso abriram quadro de esquizofrenia. 
  • Pacientes com TDAH que pioraram os sintomas após o uso e passaram a ter comportamentos de risco.
  • Pacientes bipolares que passaram a ter comportamento de risco e contraíram DSTs.
  • Paciente que com o uso tornou-se totalmente agressivo, destruindo o seio familiar, seja por agressão aos filhos ou violência doméstica contra a esposa. 
  • Pacientes que sob uso de EAAs tornam-se um perigo para a vida em sociedade, devido agravamento de transtornos psiquiátricos de base, favorecendo brigas de trânsito, agressões físicas contra terceiros e até mesmo a praticar crimes.
Conseguiria ficar aqui por horas, exemplificando situações que já ouvi no consultório, além das que ouço de amigos psiquiatras e psicólogos. A situação é muito mais grave do que se pensa. Sempre falo que é um problema de saúde mental, altamente negligenciado pelas autoridades. Com repercussões inclusive criminais. Então falo um apelo: se você usa, tente realizar o desmame com o prescritor. Caso ele não queira, procure um endocrinologista sério, que saiba manejar o uso de EAAs. 

Caso você apresente (as vezes o paciente nem percebe, mas as pessoas que convivem percebem) sintomas ansiosos com uso de EAAs, ideação suicida, agitação psicomotora, irritabilidade, agressividade, comportamentos de risco, procure auxílio de um psiquiatra e seja transparente sobre o uso. 

Além do texto abaixo, sugiro que leia:


att

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416

terça-feira, 12 de março de 2024

Educação continuada em Nutrologia

O NUTRO PDFs é um espaço destinado ao envio de artigos, divulgação de eventos na Nutrologia. Aqueles que quiserem contribuir com artigos serão bem-vindos. 

Link do grupo: https://t.me/+QbffHC2qvqxhODkx

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo Goiânia 
CRM-GO 13.192 | RQE 11.915
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terça-feira, 19 de setembro de 2023

Tenho gases ao comer pão, será que não posso com glúten?


Nas consultas em consultório, a maioria dos pacientes que relatam ter gases ao consumir alimentos com farinha de trigo (pão, bolo, biscoitos, dentre outros) acreditam que o problema está diretamente ligado ao GLÚTEN, devido a alguma sensibilidade ou intolerância a essa proteína. Alguns já até afirmam: acho que tenho doença celíaca. 

E se eu te disser que provavelmente essa piora nos seus sintomas de gases não está relacionado ao glúten, mas sim com os carboidratos fermentáveis presentes no trigo?

O trigo possui uma quantidade considerável de um grupo de carboidratos conhecidos como FRUTANOS ou FRUCTANOS, que podem ser os causadores dos seus sintomas gastrointestinais. Os frutanos são carboidratos fermentáveis, resistentes à digestão e que, quando são ingeridos, são fermentados pelas bactérias presentes em todo o trato digestivo.

Essa fermentação altera o pH e a osmolaridade local, puxando água para a luz intestinal, além de produzir gases, o que resulta em meteorismo: quadro composto por distensão abdominal, sensação de empachamento, dor abdominal tipo cólica, diarreia ou até mesmo constipação.
Fezes com odor pútrido, percepção dos movimentos peristálticos e até mesmo ouvir barulhos oriundos do abdome não são incomuns. 

O grande ponto é que muitas pessoas só se lembram do glúten e de alguns FODMAPs (carboidratos fermentáveis) que são mais falados como a lactose e a frutose. No entanto, desconhecem que há uma gama de intolerâncias alimentares (nesse texto tratamos disso) possíveis e bem comuns na prática clínica que precisam ser investigadas, incluindo intolerância aos polióis, a rafinose, estaquiose, dentre outras. Além disso, essas intolerâncias alimentares podem cursar com SIBO, o supercrescimento de bactérias no intestino delgado, o que piora as intolerâncias e exacerba o quadro, gerando ainda mais gases.

Mas e o pão de fermentação natural ? É melhor?

Sim, alguns pacientes referem melhor digestibilidade com os panificados de fermentação natural, principalmente os de longa fermentação. Porém, há pacientes que mesmo com esses produtos, apresentam sintomas como distensão abdominal, pirose, gases e até diarreia. 

E caso você tenha sintomas gastrointestinais, agende seu horário para uma consulta com a gente.

Nosso trabalho é diferenciado. Eu (Frederico Lobo) sou portador de múltiplas intolerâncias alimentares e desde 2010 me dedico a tratar pacientes com dificuldade na alimentação. O Rodrigo Lamonier trabalha comigo, dentro do consultório desde 2018, é portador de Doença celíaca e também tem uma vasta experiência com intolerâncias alimentares.  Atendemos presencial em Goiânia e por telemedicina. Caso queira agendar, clique aqui.


Autores: 
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416
Dr. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

É caro emagrecer?


Há alguns meses conversei com colegas do movimento Nutrologia Brasil sobre um movimento paralelo chamado Nutrologia Para Todos (NPT). Com foco em desmistificar que a Nutrologia é elitizada e inacessível para a maioria das pessoas. 

A especialidade apesar de muitos terem interesse em deixá-la restrita à uma pequena parcela da população, deveria (pelo menos eticamente/moralmente falando) ser para todos, independente da classe social. Esbarramos em um grande percalço: preço de alimentos, suplementos e medicamentos. 

Infelizmente poucos ainda conseguem comprar uma variedade de alimentos in natura, de boa qualidade. Menos ainda são aqueles que conseguem ter acesso a suplementos e/ou medicamentos. E aí? Como ficaria o processo de emagrecimento de pessoas menos favorecidas economicamente?  Como eu faço no ambulatório de Obesidade no SUS? Quais estratégias que traçamos a fim de se alcançar um emagrecimento saudável, sustentável, não iatrogênico ?

Primeiramente, faz-se necessário esclarecer que uma das coisas que encarece o tratamento da obesidade é a multidisciplinaridade. A participação de uma equipe mínima composta por Médico, Nutricionista, Psicólogo, Profissional da Educação física gera obviamente melhor adesão e resultados. Mas na prática, para grande parte da população isso fica inacessível, até mesmo para a classe média. Existe um mundo ideal e temos o mundo real.


Alternativa 1: a básica
Passar em consulta com o médico para diagnóstico das comorbidades, bem como tratá-las. O Médico então direcionará para um nutricionista prescrever um plano alimentar. Isso consigo no SUS, já que temos uma equipe multidisciplinar. Pelo plano de saúde também consegue-se. 
Orientar a prática de exercício físico e atividade física. Mudança no estilo de vida. Se detectados fatores emocionais que fortemente influenciam no quadro, recomendar busca por psicoterapia. No SUS conseguimos, porém a psicoterapia não fica sendo semanal. Por planos de saúde também. 
Utilizar medicações on-label , eficazes e com poucos efeitos colaterais. 

Alternativa 2: a intermediária
Passar em consulta com o médico para diagnóstico das comorbidades, bem como tratá-las ou encaminhar para outros colegas. Direcionamento para o nutricionista para o planejamento de plano alimentar e retornando no mesmo mensalmente.
Orientar mudança no estilo de vida. 
Recomendar que o paciente procure um profissional da Educação física (personal ou academia) para receber a prescrição de um treinamento personalizado. Praticando o exercício pelo menos 3 vezes na semana.
Indicar Psicoterapia, já que na maioria das vezes, os fatores emocionais interferem no processo de emagrecimento. Frisando a necessidade dessa terapia ser no mínimo quinzenal
Utilizar medicações on-label , eficazes e com poucos efeitos colaterais. 

Alternativa 3: a ideal
Passar em consulta com o médico Nutrólogo ou Endocrinologista para diagnóstico das comorbidades, bem como tratá-las ou encaminhar para outros colegas. 
Iniciar acompanhamento quinzenal com Nutricionista, que adote um plano alimentar personalizado e que forneça estratégias nutricionais a fim de se alcançar sucesso no processo.
Orientar mudança no estilo de vida baseado nos pilares da chamada "Lifestyle Medicine", medicina do estilo de vida. Ou seja, técnicas da terapia cognitivo comportamental para aumentar a adesão do paciente ao tratamento e sustentar as mudanças no estilo de vida.
Recomendar que o paciente procure um profissional da Educação física (personal ou academia) para receber a prescrição de um treinamento personalizado. Praticando o exercício pelo menos 5 vezes na semana.
Indicar Psicoterapia, sendo que as sessões deverão ser realizadas semanalmente, afinal a fala pode ser terapêutica. Detectar gatilhos que impedem o sucesso no processo de emagrecimento, bem como implementar estratégias para evitá-los. 
Utilizar medicações on-label , eficazes e com poucos efeitos colaterais. 

Alternativa 3: a utópica
Passar em consulta mensal com o médico Nutrólogo ou Endocrinologista para verificar a adesão ao tratamento, bem como os resultados alcançados.
Manter acompanhamento quinzenal com Nutricionista.
Orientar mudança no estilo de vida baseado nos pilares da chamada "Lifestyle Medicine".
Manter acompanhamento diário com profissional da Educação física (personal).
Manutenção da Psicoterapia, duas vezes na semana. 
Ter um profissional para preparar todas as refeições prescritas pelo nutricionista. Que essas refeições sejam palatáveis, saborosas, variadas, nutricionalmente equilibradas. 
Contar com apoio de profissionais que trabalhem com técnicas de Mindful eating e profissionais que ensinem técnicas de manejo de estresse.
Utilizar medicações on-label , eficazes e com poucos efeitos colaterais. 

Tudo isso tem um custo e o fator custo faz muitos pacientes desistirem do tratamento. Infelizmente. 

Alimentação

Com a alta da inflação, alimentos mais protéicos estão custando cada vez mais caro e com isso a incorporação deles a uma dieta fica difícil. O preço de ultraprocessados é bem inferior e assim se tornam opção mais barata. O Governo não aumenta a tributação sobre ultraprocessados e nem reduz a que incide sobre alimentos in natura. 

Alternativas: sempre escolher alimentos in natura de produtores locais, respeitando a sazonalidade. Lembrar que alimentos protéicos devem ser incorporados ao café da manhã, almoço e jantar. Vegetais devem ser a base da nossa alimentação e se respeitarmos a sazonalidade, podemos adquirir alimentos com um preço reduzido. 

Prática de exercício físico

Se você não tem condições de pagar um personal, tente treinar em uma academia. Se também não tem condições de pagar uma academia nesse momento, opte por praticar exercícios em áreas públicas. Mas assegure-se que não está lesionando suas articulações. O Ideal é passar por um ortopedista antes, já que a obesidade pode gerar uma sobrecarga articular. Lembre-se, o efeito da prática de exercícios no emagrecimento é baixo. Mas promove saúde. Lembre-se também que tão importante quanto o exercício, é a atividade física que faz ao longo do dia. Portanto, mova-se. 

Psicoterapia

Os aspectos emocionais percebo que são os maiores sabotadores de um processo de emagrecimento. Por isso nas minhas aulas, coloco a psicoterapia como base no tratamento da obesidade. Esbarramos no fator custo. Temos no SUS? Sim, mas a fila é grande e geralmente são sessões mensais. Temos pelos planos de saúde? Sim e agora (2022) são sessões ilimitadas. Gosto de recomendar pelo menos semanal. Mas e se você não tem plano de saúde e não consegue pelo SUS? Há várias clínicas que tem serviço gratuito ou a preço social. Vale a pena procurar o Conselho Regional de Psicologia do seu estado e verificar.

Medicações antiobesidade

Infelizmente, ainda temos poucas medicações disponíveis para tratamento da obesidade no SUS. Na verdade depende de região para região. On-label (recomendação em bula) são poucas unidades federativas que disponibilizam Sibutramina e Orlistat. Por aqui, nenhuma dessas medicações estão disponíveis e aí sobram apenas antidepressivo que entram em tratamento off-label, exemplo Fluoxetina, Sertralina, Bupropiona ou anticonvulsivantes como o Topiramato. Porém, muitas vezes o SUS só libera a medicação para o tratamento on-label. Exemplo: bupropiona para cessar tabagismo. Topiramato para Enxaqueca... Ou seja, é complicado. Drogas mais modernas, como Semaglutida ou Liraglutida, acho que dificilmente serão incorporadas ao SUS, nos próximos anos. 

Discuta com o seu médico a opção que se adequa ao seu bolso. O paciente precisa ser transparente e informar o médico sobre limitações financeiras, para escolherem em comum acordo aquilo que poderá ser seguido. A relação precisa ser de confiança.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915


sexta-feira, 17 de junho de 2022

Síndrome da Fadiga Crônica (encefalomielite miálgica)


A síndrome da fadiga crônica (SFC) (também chamada de encefalomielite miálgica (ME), é um distúrbio caracterizado por fadiga profunda inexplicável que é agravada pelo esforço. 

A fadiga é acompanhada por disfunção cognitiva e comprometimento do funcionamento diário que persiste por mais de 6 meses. 

A SFC é uma doença biológica, não um distúrbio psicológico. A patogênese exata é desconhecida. Numerosos mecanismos e moléculas foram implicados que levam a anormalidades na disfunção imunológica, regulação hormonal, metabolismo e resposta ao estresse oxidativo, incluindo função prejudicada das células natural killer e/ou função das células T, citocinas elevadas e autoanticorpos (fator reumático, anticorpos antitireoidianos , antigliadina, anticorpos anti-músculo liso e aglutininas frias). 

Suspeita-se de infecções; no entanto, nenhum papel causal foi estabelecido. 

Pacientes com SFC chegam ao pronto-socorro com uma lista complexa de sintomas, incluindo intolerância ortostática, fadiga, mal-estar pós-esforço (PEM) e diarreia. 

CFS afeta 836.000 a 2,5 milhões de americanos. Estima-se que 84-91% dos indivíduos com a doença não foram diagnosticados; portanto, a verdadeira prevalência é desconhecida. 

No geral, a SFC é mais comum em mulheres do que em homens e ocorre mais comumente em adultos jovens e de meia-idade.

A idade média de início é de 33 anos, embora casos tenham sido relatados em pacientes com menos de 10 anos e mais de 70 anos. Pacientes com SFC sofrem perda de produtividade e altos custos médicos que contribuem para uma carga econômica total de US$ 17 a 24 bilhões anualmente.

A SFC foi originalmente denominada encefalomielite miálgica (EM) porque os médicos britânicos notaram um componente muscular esquelético manifestando-se como fadiga crônica e um componente encefalítico manifestando-se como dificuldades cognitivas. No entanto, esse termo é considerado impreciso por alguns especialistas porque há falta de encefalomielite em exames laboratoriais e de imagem, e a mialgia não é um sintoma central da doença. 

A National Academy of Medicine (anteriormente The Institute of Medicine) propôs que a condição fosse chamada de doença de intolerância ao esforço sistêmico (SEID) para refletir melhor o sintoma definidor da condição, o mal-estar pós-esforço. 

A causa da SFC é desconhecida e não há testes diretos para diagnosticar a SFC. Se a fonte da fadiga puder ser explicada, o paciente provavelmente não tem SFC. O diagnóstico é de exclusão que atende aos critérios clínicos abaixo.

Critério de diagnóstico

De acordo com a Academia Nacional de Medicina, o diagnóstico de SFC (EM) requer a presença dos 3 sintomas a seguir por mais de 6 meses, e a intensidade dos sintomas deve ser moderada ou grave por pelo menos 50% do tempo:
  • Fadiga: diminuição ou prejuízo perceptível na capacidade de um paciente de se envolver em atividades que desfrutava antes do início da doença, com esse prejuízo continuando por mais de 6 meses e associado a fadiga grave de início recente, não relacionada ao esforço e não aliviado pelo repouso.
  • Mal-estar pós-esforço (PEM): Os pacientes apresentam piora dos sintomas e função após exposição a estressores físicos ou cognitivos que foram previamente bem tolerados.
  • Sono não reparador: Os pacientes se sentem tão cansados ​​após uma noite de sono.
O cumprimento do critério para o diagnóstico requer todos os 3 sintomas acima, juntamente com um dos   sintomas abaixo: 
  • Comprometimento cognitivo - Problemas com o pensamento ou função executiva, agravados por esforço, esforço ou estresse ou pressão do tempo.
  • Intolerância ortostática - Agravamento dos sintomas ao assumir e manter a postura ereta. Os sintomas são melhorados, embora não necessariamente eliminados, deitando-se ou elevando os pés.
Etiologia

Muitos vírus foram estudados como causas potenciais de SFC; no entanto, nenhuma relação causal definitiva foi determinada. Historicamente, herpesvírus humano tipo 6, enterovírus, vírus da rubéola,  Candida albicans , bornavírus,  Mycoplasma, Chlamydia pneumoniae,  retrovírus, vírus coxsackie B, citomegalovírus e vírus relacionados ao vírus da leucemia murina xenotrópica foram estudados e não foram encontrados para causar CFS.

Algumas pessoas infectadas com vírus Epstein-Barr, vírus Ross River,  Coxiella burnetii  ou Giardia  desenvolveu critérios para SFC, mas nem todos os indivíduos com SFC tiveram essas infecções.

Outros estudos observaram alterações no funcionamento das células natural killer (NK) e diminuição da resposta das células T a determinados antígenos específicos. 

Fatores ambientais também são suspeitos de desencadear a SFC; no entanto, nenhum fator específico foi identificado.

Laboratório na SFC

Os achados laboratoriais são normais na SFC. Os testes são usados ​​para avaliar outras causas subjacentes de fadiga, como segue:
  • Hemograma
  • Bioquímica, incluindo eletrólitos, testes de função renal e hepática
  • Função da tireoide
  • Proteína C-reativa
  • VHS
  • CPK
  • Culturas, títulos virais, estudos do líquido cefalorraquidiano (em alta suspeita de infecção
Outros testes podem incluir o seguinte:
  • Polissonografia
  • Eletrocardiografia (ECG)
  • Teste ergométrico
  • Tilt test
  • A tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância magnética (RM) do cérebro são úteis para descartar distúrbios do sistema nervoso central (SNC) em pacientes com sintomas do SNC inexplicáveis. Os resultados da tomografia computadorizada e da ressonância magnética podem ser normais em pacientes com SFC. Os achados dos estudos de imagem do SNC não são específicos para a SFC e, portanto, são usados ​​apenas para descartar explicações alternativas em vez de diagnosticar a SFC.
  • De acordo com uma revisão sistemática de Shan et al, a observação consistente da resposta lenta do sinal de ressonância magnética funcional (fMRI) sugere acoplamento neurovascular anormal na SFC. Almutairi et al, em outra revisão sistemática, descobriram que estudos de fMRI demonstraram aumentos e diminuições nos padrões de ativação em pacientes com SFC, mas observaram que isso pode estar relacionado à demanda de tarefas. Eles também notaram que o sinal de fMRI não pode diferenciar entre excitação neural e inibição ou processamento neural específico da função.
Tratamento

O tratamento é amplamente de suporte e se concentra no alívio dos sintomas. Grandes estudos randomizados e controlados, como o Pacing, Graded Activity e Cognitive Behavior Therapy: um estudo randomizado de Avaliação (PACE) e revisões Cochrane recomendaram a terapia cognitivo-comportamental (TCC) como um método eficaz para o tratamento da SFC em adultos. No entanto, o relatório de vigilância do National Institute for Health and Care Excellence (NICE) recomenda contra a TCC. 

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e a Agência de Pesquisa e Qualidade em Saúde (AHRQ) removeram a TCC como tratamento recomendado para SFC devido a evidências insuficientes.

O exercício não é uma cura para a SFC. Uma revisão Cochrane avaliou a terapia de exercício para pacientes com SFC. O estudo descobriu que os pacientes se sentiram menos cansados ​​após a terapia de exercícios e melhoraram em termos de sono, função física e saúde geral. 

No entanto, os autores não puderam concluir que a terapia com exercícios melhorou os resultados de dor, qualidade de vida, ansiedade e/ou depressão. 

O estudo PACE descobriu que a terapia de exercícios graduais (GET) efetivamente melhorou as medidas de fadiga e funcionamento físico. No entanto, as atualizações do relatório de vigilância das diretrizes do NICE recomendam contra o GET.

Prognóstico

A SFC não tem cura, seus sintomas podem persistir por anos e seu curso clínico é pontuado por remissões e recaídas. Um estudo prospectivo sugere que aproximadamente 50% dos pacientes com SFC podem retornar ao trabalho de meio período ou período integral.

Maior duração da doença, fadiga grave, depressão  e ansiedade são fatores associados a um pior prognóstico. 

Bons resultados estão associados a uma menor gravidade da fadiga na linha de base, uma sensação de controle sobre os sintomas e nenhuma atribuição da doença a uma causa física. 

Apesar da considerável carga de morbidade associada à SFC, não há evidências de aumento do risco de mortalidade.

Pacientes com síndrome de fadiga crônica (encefalomielite miálgica) geralmente relatam fadiga pós-esforço e sensação de cansaço excessivo após tarefas relativamente normais que fizeram por anos antes da SFC sem nenhum problema específico. 

Os pacientes também relatam fadiga mesmo após períodos prolongados de descanso ou sono. Pelo menos um quarto dos pacientes com SFC estão confinados à cama ou à casa em algum momento de sua doença. Pacientes com SFC frequentemente relatam uma história de infecção prévia semelhante à gripe que precipitou o estado prolongado de fadiga e seguiu a doença inicial.

Pacientes com SFC geralmente relatam problemas com memória de curto prazo, mas não com memória de longo prazo. Eles também podem relatar dislexia verbal que se manifesta como a incapacidade de encontrar ou dizer uma determinada palavra durante a fala normal. Isso normalmente perturba os pacientes com SFC e pode interferir em sua ocupação.

A Academia Nacional de Medicina observa 5 sintomas principais da SFC:
  • Redução ou prejuízo na capacidade de realizar atividades diárias normais, acompanhada de fadiga profunda
  • Mal-estar pós-esforço (piora dos sintomas após esforço físico, cognitivo ou emocional)
  • Sono não reparador
  • Deficiência cognitiva
  • Intolerância ortostática (sintomas que pioram quando a pessoa fica em pé e melhoram quando a pessoa se deita)
Exame físico

O exame físico geralmente não revela anormalidades. Alguns pacientes podem apresentar sinais vitais ortostáticos positivos.

Muitos pacientes com ou sem SFC têm linfonodos pequenos, móveis e indolores que mais comumente envolvem o pescoço, a região axilar ou a região inguinal. Um único linfonodo muito grande, sensível ou imóvel sugere um diagnóstico diferente de SFC. Da mesma forma, a adenopatia generalizada sugere um diagnóstico diferente da SFC.

Na orofaringe, a descoloração roxa ou crescente carmesim de ambos os pilares tonsilares anteriores na ausência de faringite é um marcador frequente em pacientes com SFC. A causa dos crescentes carmesins é desconhecida, mas eles são comuns em pacientes com SFC. No entanto, os crescentes carmesim não são específicos para CFS.

Pontos-gatilho, que sugerem fibromialgia , estão ausentes em pacientes com SFC. A fibromialgia e a SFC raramente coexistem no mesmo paciente.

Considerações de diagnóstico

A SFC é um diagnóstico de exclusão. A principal tarefa diagnóstica é diferenciá-lo de outros distúrbios que também possuem um componente de fadiga. A SFC pode ser distinguida de outras causas de fadiga com base na presença de disfunção cognitiva, que está ausente em quase todos os outros distúrbios produtores de fadiga. Uma vez diagnosticada uma causa específica de fadiga, a SFC é excluída por definição.

É especialmente importante descartar distúrbios sistêmicos, particularmente malignidades linforreticulares, em pacientes que apresentam fadiga. 

Outras doenças podem ser excluídas com base na história, exame físico ou achados laboratoriais. Em alguns casos, essas outras causas potenciais de fadiga devem ser reinvestigadas várias vezes.

Diagnósticos diferenciais
  • Insuficiência adrenal
  • Anemia
  • Doença celíaca
  • Depressão
  • Infecção pelo HIV 
  • Hipotireoidismo
  • Doença de Lyme
  • Esclerose múltipla
  • Apneia Obstrutiva do Sono (AOS)
  • Hipotensão ortostática
  • Polimialgia Reumática
  • Síndrome de taquicardia postural (POTs)
  • Síndrome de hipermobilidade articular
  • Fibromialgia
  • Síndrome das pernas inquietas
Tratamento farmacológico

Nenhum medicamento foi aprovado pela FDA para o tratamento da SFC. Ensaios clínicos descobriram que os agentes antivirais são ineficazes no alívio dos sintomas da SFC. 

Vários medicamentos demonstraram ser ineficazes, incluindo antibióticos, glicocorticóides, agentes quelantes, vitaminas intravenosas (IV), vitamina B-12 e suplementos vitamínicos ou minerais IV ou orais. Os antidepressivos não têm papel importante no tratamento da SFC.

Um estudo duplo-cego randomizado controlado por placebo para avaliar o efeito da inibição de citocinas com anakinra, um antagonista do receptor de interleucina-1 humana recombinante (IL-1), foi conduzido e não mostrou nenhuma melhora na gravidade da fadiga tanto no curto prazo ( 4 semanas) ou a longo prazo (6 meses). Estudos futuros podem avaliar a inibição de outras citocinas como IL-6, fator de necrose tumoral e/ou interferons.

Até o momento, nenhuma intervenção baseada em evidências está disponível para o tratamento da SFC.