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terça-feira, 9 de setembro de 2025

Apague a luz: excesso de luz e obesidade, existe relação ?



Sim, há evidências crescentes de que a exposição excessiva à luz artificial, especialmente à luz durante a noite (artificial light at night, ALAN), está associada a um risco aumentado de obesidade e alterações metabólicas em humanos e modelos animais. 

Estudos epidemiológicos e experimentais sugerem que a exposição à luz artificial fora do ciclo natural claro-escuro pode desregular o ritmo circadiano, suprimir a produção de melatonina e impactar negativamente a regulação do apetite, o metabolismo energético e a composição corporal. Não é algo que a ciência possa bater o martelo e garantir: há evidências robustas, mas há evidências. 

Em humanos, dados de coortes prospectivas demonstram que mulheres expostas à luz artificial durante o sono apresentam maior risco de ganho de peso e desenvolvimento de obesidade ao longo de vários anos, mesmo após ajuste para fatores como dieta, atividade física e características do sono. O estudo foi um estudo de Coorte prospectiva (EUA, 43.722 mulheres). Conclusões:
  • Dormir com TV/luz acesa no quarto por ~5,7 anos associou-se a maior risco de ganho ≥5 kg (RR≈1,17) e de incidência de obesidade (RR≈1,33) vs. dormir no escuro, mesmo após ajustar por dieta, atividade e sono. 
  • É um estudo observacional (não prova causalidade), mas é forte e consistente. 
Já em crianças e adolescentes, níveis elevados de luz externa noturna (medidos por satélite) e padrões de exposição pessoal à luz (com mais tempo de exposição à luz ≥1 lx à noite) estão associados a maiores escores de IMC, maior percentual de gordura corporal e maior prevalência de sobrepeso/obesidade, com efeito mais pronunciado em meninos.

Estudos experimentais em animais corroboram esses achados, mostrando que a exposição crônica à luz artificial noturna, especialmente à luz azul, pode suprimir genes do relógio biológico (como Bmal1/Clock), reduzir Sirt1 e ativar vias lipogênicas, promovendo acúmulo de gordura e ganho de peso. 

Já outro estudo com modelos animais, concluiu que camundongos expostos a luz fraca à noite (~5 lux) ganharam mais peso sem comer mais, em grande parte por desalinhamento do horário das refeições (comendo na fase biológica “errada”). Efeito reproduzido em machos e fêmeas. 




Estudo com actígrafo (utilizado em idosos), mostrou que exposição a qualquer luz durante o sono associou-se a maior prevalência de obesidade, diabetes e hipertensão.  

actígrafo é um dispositivo portátil, semelhante a um relógio de pulso, que mede movimento e exposição à luz de forma contínua. Ele é usado em estudos de sono, cronobiologia e saúde metabólica para monitorar: 
  • Atividade motora: detecta quando a pessoa está em movimento ou em repouso, ajudando a estimar horários de sono e vigília. 
  • Exposição à luz: registra a intensidade e o tipo de luz ambiente (natural ou artificial), permitindo avaliar impacto do ALAN (luz artificial à noite) nos ritmos circadianos. 
  • Padrões circadianos: ajuda a identificar desalinhamentos do relógio biológico com o ambiente externo

Evidência experimental em humanos: ensaio cruzado mostrou que uma única noite dormindo com luz ambiente moderada (~100 lux) piora a sensibilidade à insulina e aumenta a atividade simpática vs. dormir em penumbra (<3 lux): postula-se que a ALAN possa ter esse efeito no metbolismo.  

Além disso, padrões subótimos de exposição à luz ao longo de 24 horas, caracterizados por noites mais claras e dias menos iluminados parecem aumentar o risco de obesidade, sugerindo que tanto a intensidade quanto o momento da exposição luminosa são relevantes.

A literatura destaca que intervenções para reduzir a exposição à luz artificial à noite podem ser consideradas como estratégias complementares na prevenção da obesidade, especialmente em populações urbanas e em crianças.

O que os cientistas postulam, é que a luz pode modular o metabolismo da glicose e a termogênese via circuitos neurais que envolvem retinahipotálamo e tecido adiposo marrom, além de afetar diretamente a secreção de melatonina e o eixo do estresse. Com isso, o excesso de exposição à luz artificial, particularmente à noite, estaria provavelmente associado a um maior risco de obesidade e alterações metabólicas.

Dicas rápidas de “higiene de luz” (baixo custo/baixo risco)

  • Dormir no escuro total; usar blackout/máscara.
  • Evitar TV/celular na hora de dormir; se necessário, brilho mínimo e filtros de luz.
  • Se um luz-guia for indispensável, preferir âmbar/quente e <5–10 lux, posicionada baixa e voltada para o chão.
  • Agendar refeições: evitar grandes lanches nas 2–3 h antes de deitar.
  • Leia esse meu texto sobre Higiene do sono: https://www.ecologiamedica.net/2012/02/metodos-de-higiene-do-sono-o-que.html

Fontes: 

1. Exposure to Artificial Light at Night: A Common Link for Obesity and Cancer?. Muscogiuri G, Poggiogalle E, Barrea L, et al. European Journal of Cancer (Oxford, England : 1990). 2022;173:263-275. doi:10.1016/j.ejca.2022.06.007.

2. Association of Exposure to Artificial Light at Night While Sleeping With Risk of Obesity in Women.
Park YM, White AJ, Jackson CL, Weinberg CR, Sandler DP. JAMA logoJAMA Internal Medicine. 2019;179(8):1061-1071. doi:10.1001/jamainternmed.2019.0571.

3.Outdoor Light at Night, Overweight, and Obesity in School-Aged Children and Adolescents. Lin LZ, Zeng XW, Deb B, et al. Environmental Pollution (Barking, Essex : 1987). 2022;305:119306. doi:10.1016/j.envpol.2022.119306.

4. Metabolic Implications of Exposure to Light at Night: Lessons From Animal and Human Studies.
Fleury G, Masís-Vargas A, Kalsbeek A. Obesity (Silver Spring, Md.). 2020;28 Suppl 1:S18-S28. doi:10.1002/oby.22807.

5. Personal 24-Hour Light Exposure Pattern With Obesity and Adiposity-Related Parameters in School-Aged Children: A Cross-Sectional Study Based on Compositional Data Analysis. Ding W, Li Q, Zhou Y, et al. Environmental Research. 2025;275:121422. doi:10.1016/j.envres.2025.121422.

6. The Complex Effects of Light on Metabolism in Humans. Ishihara A, Courville AB, Chen KY. Nutrients. 2023;15(6):1391. doi:10.3390/nu15061391.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais sobre minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui.

domingo, 17 de agosto de 2025

Métodos de Higiene do sono: o que auxilia e o que prejudica o sono

A qualidade do sono é sinônimo de qualidade de vida. Ano após ano surgem cada vez mais estudos mostrando a importância do sono na nossa homeostase, longevidade e qualidade de vida.  

O sono é um dos nosso pilares para ter uma boa vida. Portanto, se você apresenta algum sintoma relacionado sono, recomendamos fortemente que procure auxílio médico. De preferência um médico especialista em Medicina do sono. Inúmeras são as causas que podem levar a alterações no sono. 

Alguns estudos tem evidenciado que:


Medidas simples que podem te ajudar a ter melhor higiene do sono

14 Técnicas de Higiene do Sono para Dormir Melhor

Se você sofre com insônia, ansiedade noturna ou sono leve, aplicar algumas mudanças no dia a dia pode transformar suas noites.

1. Exposição à luz solar pela manhã

Ajuda a regular o relógio biológico e a produção de melatonina.

2. Reduzir telas à noite (celular, TV, computador)

A luz azul atrapalha a liberação da melatonina, hormônio do sono. Reduzir 3 horas antes de dormir

3. Praticar atividade física

Caminhadas, musculação ou yoga ajudam a dormir melhor, mas evite exercícios intensos após as 18h.  Yoga é uma atividade que vários pacientes relatam que ajuda no sono.

4. Controle do estresse

Práticas como meditação, mindfulness, respiração profunda, psicoterapia ou oração reduzem a ansiedade e ajudam a adormecer mais rápido.

5. Relações interpessoais saudáveis

Conflitos familiares e conjugais são fatores que agravam a insônia.

6. Alimentação equilibrada

Procure auxílio de um nutricionista que entenda de sono e faça uma dieta balanceada, sem muita gordura e carboidratos no período próximo de deitar. Refeições pesadas atrapalham o sono, evite. Ingestão de lácteos e alimentos protéicos (não volumosos) podem auxiliar em uma boa noite de sono. Nutrientes importantes: magnésio, ácido fólico, vitamina B12FerroVitamina B6 e vitamina D.

7. Chás naturais calmantes

Camomila, erva-cidreira, erva-doce e mulungu são ótimos aliados naturais contra insônia.

8. Banho morno antes de deitar

Relaxante e eficiente para desacelerar o corpo.

9. Aromaterapia com lavanda

Algumas gotas no travesseiro podem ajudar no relaxamento.

10. Acupuntura

Terapia complementar eficaz para insônia e ansiedade noturna.

11. Temperatura do quarto

A melhor faixa é entre 15,5°C e 19,4°C.

12. Rotina regular

Tente dormir e acordar sempre nos mesmos horários.

13. Evitar estimulantes

Café, álcool e nicotina atrapalham o sono se consumidos à noite.

14. Cochilos curtos

Limite os cochilos diurnos a 20-30 minutos.

Fontes: 

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE11915
Gostou do texto e quer conhecer mais sobre o meu trabalho, clique aqui. 

Revisores: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição.
Dra. Edite Melo Magalhães - Médica especialista em Clínica médica - CRM-PE 23994 - RQE 9351 

Texto que a minha afilhada Dra. Helena Bacha preparou com minha orientação.

Vamos falar sobre SONO? 😴

Você sabia que muitos dos problemas de sono podem ser resolvidos com a adoção de bons hábitos chamados de "higiene do sono"? 💤

O termo "higiene do sono" foi cunhado pelo cientista e especialista em medicina do sono, Peter Hauri. Peter Hauri introduziu o conceito de higiene do sono na década de 1970, quando percebeu a importância de adotar comportamentos e práticas saudáveis relacionadas ao sono para promover uma noite de descanso adequada. 🌙

O termo "higiene do sono" foi escolhido porque faz uma analogia direta com a higiene pessoal. Assim como cuidamos da nossa higiene diária para mantermos nosso corpo limpo e saudável, a higiene do sono refere-se às práticas e rotinas que contribuem para um sono saudável e reparador.

Através de estudos e pesquisas, a higiene do sono tem se consolidado como uma abordagem eficaz para melhorar a saúde e o bem-estar a longo prazo. 🧘🏻‍♀️

Não negligencie o seu sono!

Como anda seu sono por aí? Me conta nos comentários! ❣️

📚 Referências bibliográficas:
1. American Academy of Sleep Medicine. (2020) Healthy sleep habits. Disponível em: http://sleepeducation.org/healthy-sleep/healthy-sleep-habits/
2. National Sleep Foundation. (2006). Sleep hygiene tips. Disponível em: https://www.sleepfoundation.org/articles/sleep-hygiene
3. Watson, N. F., et al. (2015). Recommended amount of sleep for a healthy adult: A joint consensus statement of the American Academy of Sleep Medicine and Sleep Research Society. Sleep, 38(6), 843-844.













quarta-feira, 20 de abril de 2011

Terapia com luz pode diminuir sintomas em pacientes depressivos

O inverno com certeza tem um ar mais triste do que outras épocas. Se você fica para baixo em tais meses do ano, pode estar sofrendo de transtorno afetivo sazonal (TAS). Nos EUA, as pessoas têm combatido a depressão com uma dose extra de luz artificial durante o dia.

Agora, um novo estudo descobriu que a terapia da luz é eficaz para tratar outros tipos de depressão também. Por exemplo, pessoas com TAS podem ter uma sensação que perdura ao longo dos meses de inverno, às vezes até mesmo na primavera, porque os dias mais curtos não os fornecem bastante luz solar direta.

O tratamento com luz brilhante (TLB), também conhecido como fototerapia, é uma terapia diária que consiste em passar pelo menos 30 minutos olhando indiretamente para uma “caixa de luz” que contém um tipo específico de luz.

As caixas de luz imitam os comprimentos de onda de luz solar e são mais brilhantes do que as lâmpadas normais; emitem um feixe de pelo menos 10.000 lux, uma medida da intensidade da luz. A luz do sol varia de 32.000 a 100.000 lux em um dia médio.

Recentemente, os cientistas descobriram que a TLB era eficaz no tratamento de sintomas como mau humor, ansiedade, letargia, irritabilidade e fadiga nas pessoas com TAS porque estimulava a produção de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, que promovem sentimentos positivos.

Eles então testaram a TLB em pessoas que sofrem de Transtorno Depressivo Maior (TDM), também conhecida como depressão clínica, uma forma de depressão que bagunça os ritmos circadianos em um forma semelhante a TAS. A condição é especialmente prevalente em idosos, e muitos dos quais não recebem suficiente exposição ao sol.

A equipe forneceu uma luz azul brilhante a 42 pacientes de 60 anos ou mais com TDM, para usar em casa por uma hora todas as manhãs durante três semanas. Outros 47 pacientes receberam uma tênue luz vermelha como placebo. 58% dos pacientes com TDM e a luz azul relataram menos sintomas depressivos, enquanto apenas 34% do grupo placebo relataram uma diminuição.

Os benefícios da terapia podem ser em parte devido à forma como o organismo repõe o seu ritmo circadiano a um estado mais natural após a exposição extra à caixa de luz. Os pesquisadores também observaram um maior aumento do hormônio melatonina entre aqueles que receberam a terapia da luz.

Segundo os pesquisadores, simplesmente utilizar mais luzes e lâmpadas com potência maior pode, literalmente, adicionar mais brilho para a vida de uma pessoa deprimida. Se a TLB reduziu a depressão não sazonal em pacientes idosos, a iluminação adicional pode ser facilmente implementada nas casas dos pacientes para servir como complemento no tratamento antidepressivo.

Fonte: http://hypescience.com/terapia-com-luz-pode-diminuir-sintomas-em-pacientes-depressivos/

segunda-feira, 28 de março de 2011

Medicamento à base de melatonina pode melhorar a qualidade de vida de portadores de demência

Um novo estudo, conduzido por médicos da Escócia, quer descobrir se uma droga associada ao sono pode melhorar a qualidade de vida das pessoas com demência.

A informação foi publicada no site do jornal britânico "The Telegraph" nesta segunda-feira.

A empresa de pesquisa médica CPS Research, em Glasgow, está conduzindo um ensaio clínico utilizando um medicamento contendo melatonina, um hormônio que induz ao sono. Os pesquisadores esperam que a substância reduza sintomas associados à demência.

A equipe do projeto "Melatonin in Alzheimer's Disease", pioneiro no mundo, espera recrutar 50 pacientes para o estudo, durante um período de seis meses.  Qualquer paciente diagnosticado com Alzheimer, que esteja em tratamento, pode ser elegível para participar do estudo.

A causa mais comum de demência é a doença de Alzheimer, mas outras condições que afetam o cérebro também podem causar o problema.

Segundo Gordon Crawford, do CPS Research, "a demência é uma condição degenerativa, que afeta a vida de famílias e amigos dos pacientes. Ao reduzir os sintomas da doença, espera-se que tanto os pacientes quanto seus acompanhantes possam desfrutar de uma qualidade de vida melhor".

"Na nossa base para o projeto, investigamos uma versão de liberação lenta do composto natural melatonina. Nossos resultados sugerem que os participantes funcionavam melhor durante o dia - possivelmente por causa de um padrão de qualidade do sono melhor."

"A melatonina não é utilizada no tratamento da demência, mas é registrada na Europa e no Reino Unido para uso em pacientes idosos com dificuldades para dormir. Já foi provado que o hormônio é seguro e isento de efeitos colaterais. Estamos investigando se o uso como um tratamento adicional da demência pode transformar a vida dos pacientes e seus cuidadores."

"Com a ajuda de voluntários da Escócia, nosso objetivo é determinar se a adição de melatonina aos tratamentos atuais pode proporcionar um grande avanço no tratamento da demência."

Para Alan Wade, do CPS Research, "o que sabemos é que os pacientes com Alzheimer não produzem melatonina como pessoas saudáveis. O estudo vai descobrir como a adição de melatonina os afeta."

A droga utilizada no estudo é chamada Circadin.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/894980-hormonio-do-sono-pode-reduzir-sintomas-da-demencia-diz-estudo.shtml