segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Funcho e erva-doce são a mesma coisa?

Se você gosta de chás e estuda fitoterapia, é provável que você já tenha confundido o funcho com a erva-doce em algum momento! Também conhecida como funcho-doce, essa herbácea é considerada uma erva medicinal. 

A espécie Foeniculum vulgare é muito bem aproveitada por aqueles que a consomem, seja na culinária ou como bebida. Nativo da Europa e do Norte da África, o funcho é uma planta silvestre disseminada em larga escala no Mediterrâneo, mas também pelo mundo afora. A herbácea é extremamente aromática e muito bem aproveitada pela indústria farmacêutica e de cosméticos. Dela é possível extrair o óleo essencial de funcho, que tem efeito relaxante. Porém, além disso, a planta também é considerada um ótimo ingrediente para preparos culinários e receitas medicinais.

Mas qual a diferença entre funcho e erva-doce?

Apesar de ser muito confundido com a erva-doce (Pimpinella anisum), o funcho-doce possui aspectos que o diferencia fortemente da outra espécie. Ambas têm o talo e as folhas consumidas em receitas e apresentam sabor semelhante, mas possuem propriedades variantes. 

A Foeniculum vulgare se destaca pelas flores amarelas e rendadas, diferentemente da erva-doce, que tem flores brancas. Os motivos para consumir o chá de erva-doce são bem específicos, assim como no caso do chá de funcho.


Funcho: flores amarelas

Erva-doce


Planta medicinal melhora digestão e reduz gases

O funcho tem algumas propriedades medicinais para a saúde digestiva. O alimento conta com diversos nutrientes em sua composição, como fibras alimentares, vitaminas do tipo A, C e do complexo B, além de sais minerais como cálcio, ferro, fósforo, potássio, sódio e zinco. Todos em quantidades muito pequenas. O funcho tem ações expectorantes e pode ajudar em sintomas gastrintestinais.

O consumo da planta medicinal é muito indicado para pessoas que sofrem com flatulências e dores abdominais constantes. Além disso, a erva apresenta efeitos positivos para o tratamento de outros tipos de problemas relacionados ao sistema digestivo, facilitando o processo de digestão - mesmo em casos de comidas mais pesadas - e a absorção dos nutrientes. O funcho também ajuda na redução do mau hálito.

Saiba para que serve chá de funcho e como fazê-lo

O chá de funcho é uma boa opção para pessoas de qualquer idade que estejam sofrendo de problemas digestivos ou intestinais (mas antes passe em consulta médica). A bebida é bem simples de ser preparada. Para fazer o chá, você deve utilizar 1 colher de sementes de funcho ou as folhas da planta trituradas. Coloque-as em uma xícara de água fervente, tampe e espere de 12 a 15 minutos para a infusão ser concluída e a bebida fique morna. Depois, coe para retirar os resíduos do alimento. Por fim, é só beber!

Abaixo algumas receitas que você pode fazer com a erva-doce.










Salada 29: Salada italiana de batatas




A salada italiana clássica de batatas (Insalata di Patate all’Italiana) é simples, fresca e leva temperos típicos do Mediterrâneo, diferente da versão com maionese que conhecemos no Brasil. Excelente para fazer aos finais de semana para a família. 

Ingredientes
800 gramas de batata inglesa
1 cebola roxa grande, fatiada  em rodelas finas
2 colheres de sopa de vinagre balsâmico
100g de azeitonas pretas
500g de tomate cereja cortado em 4 partes
2 colheres sopa de alcaparras
Uma pitada de orégano a gosto
2 colheres de sopa de folhas de manjericão roxo
Sal a gosto
3 colheres de sopa de azeite de oliva extravirgem

Modo de preparo:
Cozinhe as batatas até ficarem macias (garfo entrando facilmente)
Fatie a cebola roxa fininha e deixe marinar no vinagre por 10 min.
Corte as batatas em cubos e misture com a cebola.
Adicione os tomates cortados em 4, as azeitonas sem caroço, alcaparras, orégano, manjericão, sal e o azeite extravirgem.
Misture bem e deixe descansar uns minutinhos antes de servir.

Combinações para essa salada:
  • Peito de Frango grelhado ou frango ao forno com ervas
  • Alcatra ou coxão mole na forma de bife
  • Bisteca suína ou pernil
  • Cordeiro
  • Salmão ou tilápia grelhados
  • Versão vegetariana: cenoura, brócolis, abobrinha, berinjela e pimentão grelhados

Para acessar todo o arquivo de salada: 

Salada 1: Berinjela com castanha do Pará (ou castanha do Brasil), uva-passa e hortelã:

https://www.nutrologogoiania.com.br/salada-1-berinjela-com-castanha-do-para-ou-castanha-do-brasil-uva-passa-e-hortela

Salada 2: Salada de inverno de abacate com frango cítrico:

http://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-2-salada-de-inverno-de-abacate.html?m=0

Salada 3: Salada de inverno de rúcula:

https://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-3-salada-de-inverno-de-rucula.html

Salada 4: Salada com legumes assados:

https://www.ecologiamedica.net/2022/07/salada-4-salada-de-legumes-assados.html

Salada 5: Salada de Picles de pepino com molho de alho:

https://www.ecologiamedica.net/2023/04/salada-5-salada-de-picles-de-pepino-com.html

Salada 6: Salada vegana de lentilha crocante:

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-6-salada-vegana-de-lentilha.html

Salada 7: Salada cítrica de grão de bico:

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-7-salada-de-grao-de-bico-citrica.html

Salada 8: Salada de frango com molho pesto de abacate:

https://www.ecologiamedica.net/2023/08/salada-8-salada-de-frango-com-molho-de.html

Salada 9: Salada de berinjela com passas e amêndoas:

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-9-salada-de-berinjela-com-passas.html?m=0

Salada 10: Salada com molho homus

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-10-salada-com-molho-homus.html

Salada 11: Salada de atum crocante:

https://www.ecologiamedica.net/2023/12/salada-11-salada-crocante-de-atum.html

Salada 12: Trigo cozido com especiarias

https://www.ecologiamedica.net/2024/02/salada-12-trigo-cozido-com-especiarias.html

Salada 13: Salada de Pequi com molho de mostarda e mel

https://www.ecologiamedica.net/2024/04/salada-13-salada-de-pequi-ao-molho-de.html

Salada 14: Salada de Quinoa com frango dourado

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-14-salada-de-quinoa-com-frango.html

Salada 15: Salada Waldorf

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-15-salada-waldorf.html

Salada 16: Salada de inverno cítrica

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-16-salada-de-inverno-citrica.html

Salada 17: Salada de inverno de cogumelos

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-17-salada-de-inverno-de-cogumelos.html

Salada 18: Salada Grega

https://www.ecologiamedica.net/2024/07/salada-18-salada-grega.html

Salada 19: Salada de Chicória (escarola) com páprica defumada

https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-19-salada-de-chicoria-escarola.html

Salada 20: Salada de chicória com tahine

https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-20-salada-de-chicoria-com-tahine.html

Salada 21: Salada de chicória com tofu amassado

https://www.ecologiamedica.net/2024/09/salada-21-salada-de-escarola-com-tofu.html

Salada 22: Tabule tradicional

https://www.ecologiamedica.net/2024/09/salada-22-tabule-tradicional.html

Salada 23: Salada Natalina em formato de guirlanda

https://www.ecologiamedica.net/2024/12/salada-23-salada-guirlanda-natalina.html

Salada 24: Salada coleslaw (salada de repolho americana)

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-24-salada-coleslaw-salada-de.html

Salada 25: Salada Thai de bifum (salada oriental)

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-25-salada-thai-de-bifum-salada.html

Salada 26: Salpicão vegano com veganese

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-26-salpicao-vegano-com-veganese.html

Salada 27: Salada de salmão grelhado com rúcula e feijão branco

https://www.ecologiamedica.net/2025/04/salada-27-salada-de-salmao-grelhado-com.html

Salada 28: Salada Niçoise ou Salada Francesa

https://www.ecologiamedica.net/2025/05/salada-28-salada-nicoise-ou-salada.html

Salada 29: Salada italiana de batatas

https://www.ecologiamedica.net/2025/08/salada-29-salada-italiana-de-batatas.html



domingo, 17 de agosto de 2025

Batata inglesa frita pode aumentar risco de Diabetes tipo 2, mas não a assada ou cozida.

A batata frita é um dos alimentos mais consumidos no mundo. Crocante por fora, macia por dentro e com sabor inconfundível, ela é presença garantida em fast-foods, bares, churrascarias e até em restaurantes gourmet. Mas afinal: batata frita engorda? Faz mal à saúde? E qual a diferença entre batata frita no óleo e batata frita na airfryer?

Em um estudo abrangente com 205.107 profissionais de saúde que foram acompanhados por até três décadas, o consumo frequente de batatas inglesas fritas, mas não de batatas inglesas assadas, cozidas ou na forma de purê, foi associado a um risco aumentado de diabetes tipo 2. A substituição de batatas por grãos integrais mostrou redução significativa no risco, especialmente quando substituindo batatas fritas. Adicionalmente, a substituição de batatas por arroz branco — outro carboidrato comum — foi associada a um aumento do risco, reforçando que a qualidade do carboidrato substituto é fundamental.

Contexto

O consumo de batatas — terceira cultura alimentar mais consumida e principal alimento não cerealífero .contribui substancialmente para ingestão energética diária.

Nutrientes da Batata: Mais do que Calorias

Apesar da fama de vilã, a batata contém nutrientes importantes:
O alto teor de amido das batatas — o que leva a um alto índice glicêmico e carga glicêmica — combinado com possível perda de nutrientes e riscos à saúde resultantes de vários métodos de cozimento, pode contribuir para resultados adversos à saúde.

Embora os benefícios da maioria dos vegetais sejam amplamente reconhecidos, a associação entre o consumo de batatas e resultados de saúde, particularmente diabetes tipo 2, permanece um tema de debate.

Resultados de estudos prospectivos anteriores investigando a associação entre consumo de batatas e diabetes tipo 2 foram inconclusivos, com alguns estudos indicando uma associação positiva, outros não encontrando associação estatisticamente significativa, e alguns até observando uma associação inversa.

Metodologia

Pesquisadores analisaram dados de 205.107 participantes do Nurses' Health Study (NHS, 1984-2020), Nurses' Health Study II (NHSII, 1991-2021) e Health Professionals Follow-up Study (HPFS, 1986-2018), que estavam livres de diabetes, doenças cardiovasculares e câncer no início do estudo.

Durante 5.175.501 pessoas-ano de acompanhamento, foram documentados 22.299 casos de diabetes tipo 2, incluindo 9.625 no NHS, 8.698 no NHSII e 3.976 no HPFS.

A ingestão dietética foi avaliada por meio do uso de questionários de frequência alimentar semiquantitativos validados sobre a ingestão alimentar habitual ao longo do ano anterior, com reavaliações a cada 2-4 anos.

Análises incluíram ajustes para múltiplos fatores de confusão, incluindo índice de massa corporal (IMC) atualizado, etnia, tabagismo, consumo de álcool, atividade física, uso de multivitaminas e histórico familiar de diabetes.


Índice Glicêmico e Carregamento Calórico

A batata é naturalmente rica em amido, o que eleva seu índice glicêmico (IG) e carga glicêmica (CG).
Quando frita, esse efeito é potencializado pelo óleo, que adiciona muitas calorias:
  • Porção média de batata frita (100g): ~312 kcal
  • Porção de bataa frita na airfryer (100g): ~150 kcal (quase metade das calorias)
👉 Isso mostra por que a busca por alternativas como a batata frita saudável na airfryer cresce a cada ano.

Batata Frita Tradicional vs. Airfryer: Qual é Melhor?

  • Batata frita no óleo: mais crocante, mas com alto teor de gordura e calorias.
  • Batata frita na airfryer: menos gordurosa, mantém sabor e textura próxima à original, mas de forma mais saudável.
  • Batata assada: ainda menos calórica, ótima alternativa para quem ama batata, mas quer reduzir riscos à saúde.

Malefícios do Consumo Excessivo de Batata Frita

O consumo frequente está associado a:
Isso não significa que você nunca pode comer batata frita, mas sim que o consumo deve ser moderado e equilibrado.

Curiosidades sobre a Batata Frita

  • A origem da batata frita é disputada entre a Bélgica e a França.
  • É o acompanhamento mais pedido em fast-foods em todo o mundo.
  • A hashtag #batatafrita soma milhões de menções em redes sociais, mostrando sua popularidade.
  • Pesquisas sobre como deixar a batata frita sequinha estão entre as mais procuradas no Google.

Como Tornar a Batata Frita Mais Saudável?

  1. Prefira a batata frita na airfryer.
  2. Se for no óleo, use pequenas quantidades e descarte após o uso.
  3. Corte as batatas em tiras finas para reduzir o tempo de fritura.
  4. Use temperos naturais (páprica, alecrim, alho) em vez de sal em excesso.
  5. Consuma em porções menores e com moderação.

Conclusão: Batata Frita com Consciência

  • A batata frita pode ser parte da alimentação, desde que consumida de forma equilibrada.
  • Evite o consumo diário.
  • Prefira opções mais saudáveis como a batata assada ou na airfryer.
  • Lembre-se que a qualidade do carboidrato e o modo de preparo fazem toda a diferença para sua saúde.

Calorias no rodízio de comida japonesa


Uma das perguntas mais frequentes no consultório e também no meu Instagram é: “Dr, em um rodízio de comida japonesa, quais sushis e sashimis devo escolher?”

A culinária japonesa é uma paixão nacional no Brasil. O rodízio japonês, com opções como sushi, sashimi, temaki, hot roll e tempurá, atrai cada vez mais pessoas. Mas será que todas essas escolhas são saudáveis? Vamos analisar juntos.

Sente-se à mesa pois rodízio é um capítulo à parte na Nutrologia e quando se trata de rodízio de comida japonesa é um sub-capítulo rs. Então sente-se.



Primeira Dica: Vale a pena ir ao rodízio japonês?

Antes de pensar no que comer, é importante refletir:
Por que escolher o rodízio de comida japonesa? Muitas vezes, a mentalidade é “já que paguei, vou comer de tudo”. Porém, uma alternativa mais saudável seria ir a um restaurante japonês tradicional e montar um combinado de sushi e sashimi com 20 a 30 peças.

Assim, você poderá apreciar a experiência gastronômica com calma: sentir a textura do peixe, a acidez do arroz japonês (shari), a temperatura, o equilíbrio entre o vinagre e o açúcar do arroz, a gordura natural do salmão e as notas delicadas do atum.

 Contenção de danos, eu tentei, mas o leitor quer ir ao rodízio. Então vamos com as outras dicas.


Segunda Dica: Cuidado com o Shoyu

O shoyu é indispensável na mesa japonesa, mas pode se tornar um vilão. Prefira sempre o shoyu light, que tem menos sódio.

Excesso de shoyu pode aumentar a pressão arterial e causar retenção de líquidos (inchaço).

Use o shoyu apenas para pincelar o peixe, sem exageros, especialmente no salmão, atum e peixes nobres, que perdem seu sabor natural quando afogados no molho. A função do shoyu é realçar o sabor do peixe. Não está ali para ser usado indiscriminadamente e sim para ser pincelado no peixe. Muito shoyu deturpa o sabor de peixes mais nobres. Então, moderação. 


Terceira Dica: Tarê (Molho Doce Japonês)

O famoso molho tarê, usado em peças como o hot roll e no salmão grelhado, é uma combinação de açúcar, sal, soja, milho, sake, glutamato monossódico e outros aditivos.

Ele contém açúcar e sódio, podendo aumentar a glicemia e contribuir para o ganho calórico.

Apenas 1 colher de sopa já fornece cerca de 290mg de sódio e 24 kcal.
Ou seja: se você tem diabetes ou precisa controlar a ingestão calórica, atenção redobrada!


Quarta dica: Atenção às calorias.  


Se for comer sashimi (apenas as fatias cruas): opte por peixes  e frutos do mar mais magros, ou seja, com menor quantidade de gordura:  badejogaroupa, robalo, tilápia


Sashimi é saudável, Mas Cuidado com a Quantidade

O sashimi é uma das opções mais procuradas por quem busca comida japonesa saudável, já que não leva arroz. Mas isso não significa que esteja livre de calorias.

Peixes magros: badejo, garoupa, robalo e tilápia são opções com menos gordura.

Peixes mais gordurosos: salmão, atum, cavala e sardinha são ricos em ômega 3, excelentes para a saúde do coração, mas devem ser consumidos com moderação.

Cada fatia de sashimi possui de 20 a 25 kcal. Comer 15 peças significa ingerir em torno de 300 kcal.

Além disso, a proteína crua tem digestão mais lenta. Exagerar pode causar desconforto. Importante: gestantes com IgG negativo para toxoplasmose devem evitar peixe cru.


Quinta Dica: Sushi e as Calorias do Arroz Japonês

O sushi é o carro-chefe do rodízio japonês, mas é preciso cuidado:

O arroz japonês (shari) leva açúcar e vinagre, aumentando a carga glicêmica.

Peças com peixe branco, polvo ou camarão têm em torno de 30-35 kcal.

Peças com salmão ou atum chegam a 40-45 kcal cada.

Dica: combine sushi com sashimi para equilibrar a refeição e reduzir o impacto na glicemia.



Sexta Dica: Preparações Quentes no Rodízio Japonês

No rodízio, muitas opções chamam a atenção, mas exigem moderação:

Lembre-se: 1g de gordura = 9 kcal. É fácil ultrapassar 1.000 kcal em um rodízio japonês.

O rodízio de comida japonesa pode ser delicioso e até saudável, desde que feito com escolhas inteligentes:
  • Prefira sashimis de peixes magros.
  • Modere no consumo de sushi, shoyu e tarê.
  • Evite exageros em frituras como hot roll e tempurá.
  • Intercale com saladas e pratos leves.

A culinária japonesa é riquíssima e pode trazer benefícios à saúde, principalmente pelo consumo de peixes ricos em ômega 3. Mas equilíbrio é a palavra-chave.

Se quer aprender mais sobre culinária japonesa, um grande amigo (Yuri Rocha) tem um destaque em seu instagram @eatnicely só sobre o assunto. Vale a pena. 


Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
CRM-GO 13192 | RQE 11915
Revisores:
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e profissional da Educação física
Dra. Edite Melo Magalhães - Médica Nutróloga e especialista na área de atuação de Nutrição enteral e parenteral
Márcio José de Souza - Graduado em Educação física e Nutricionists

Métodos de Higiene do sono: o que auxilia e o que prejudica o sono

A qualidade do sono é sinônimo de qualidade de vida. Ano após ano surgem cada vez mais estudos mostrando a importância do sono na nossa homeostase, longevidade e qualidade de vida.  

O sono é um dos nosso pilares para ter uma boa vida. Portanto, se você apresenta algum sintoma relacionado sono, recomendamos fortemente que procure auxílio médico. De preferência um médico especialista em Medicina do sono. Inúmeras são as causas que podem levar a alterações no sono. 

Alguns estudos tem evidenciado que:
  • 23% dos adultos jovens têm uma qualidade ruim de sono;
  • 61% delas têm dificuldade em manter o sono, 
  • 7,7% têm dificuldade de iniciar o sono,
  • 2,2% despertam muito cedo;
  • 25% não têm sono reparador;
  • A prevalência da insônia entre mulheres é maior, tem início já na adolescência e se agrava na menopausa;
  • Sono não reparador está associado à obesidade, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, depressão e ansiedade, piora de doenças autoimunes e alteração na percepção da dor.


Medidas simples que podem te ajudar a ter melhor higiene do sono

14 Técnicas de Higiene do Sono para Dormir Melhor

Se você sofre com insônia, ansiedade noturna ou sono leve, aplicar algumas mudanças no dia a dia pode transformar suas noites.

1. Exposição à luz solar pela manhã

Ajuda a regular o relógio biológico e a produção de melatonina.

2. Reduzir telas à noite (celular, TV, computador)

A luz azul atrapalha a liberação da melatonina, hormônio do sono. Reduzir 3 horas antes de dormir

3. Praticar atividade física

Caminhadas, musculação ou yoga ajudam a dormir melhor, mas evite exercícios intensos após as 18h.  Yoga é uma atividade que vários pacientes relatam que ajuda no sono.

4. Controle do estresse

Práticas como meditação, mindfulness, respiração profunda, psicoterapia ou oração reduzem a ansiedade e ajudam a adormecer mais rápido.

5. Relações interpessoais saudáveis

Conflitos familiares e conjugais são fatores que agravam a insônia.

6. Alimentação equilibrada

Procure auxílio de um nutricionista que entenda de sono e faça uma dieta balanceada, sem muita gordura e carboidratos no período próximo de deitar. Refeições pesadas atrapalham o sono, evite. Ingestão de lácteos e alimentos protéicos (não volumosos) podem auxiliar em uma boa noite de sono. Nutrientes importantes: magnésio, ácido fólico, vitamina B12FerroVitamina B6 e vitamina D.

7. Chás naturais calmantes

Camomila, erva-cidreira, erva-doce e mulungu são ótimos aliados naturais contra insônia.

8. Banho morno antes de deitar

Relaxante e eficiente para desacelerar o corpo.

9. Aromaterapia com lavanda

Algumas gotas no travesseiro podem ajudar no relaxamento.

10. Acupuntura

Terapia complementar eficaz para insônia e ansiedade noturna.

11. Temperatura do quarto

A melhor faixa é entre 15,5°C e 19,4°C.

12. Rotina regular

Tente dormir e acordar sempre nos mesmos horários.

13. Evitar estimulantes

Café, álcool e nicotina atrapalham o sono se consumidos à noite.

14. Cochilos curtos

Limite os cochilos diurnos a 20-30 minutos.

Fontes: 

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416
Revisores: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição.
Dra. Edite Melo Magalhães - Médica especialista em Clínica médica - CRM-PE 23994 - RQE 9351 

Texto que a minha afilhada Dra. Helena Bacha preparou com minha orientação.

Vamos falar sobre SONO? 😴

Você sabia que muitos dos problemas de sono podem ser resolvidos com a adoção de bons hábitos chamados de "higiene do sono"? 💤

O termo "higiene do sono" foi cunhado pelo cientista e especialista em medicina do sono, Peter Hauri. Peter Hauri introduziu o conceito de higiene do sono na década de 1970, quando percebeu a importância de adotar comportamentos e práticas saudáveis relacionadas ao sono para promover uma noite de descanso adequada. 🌙

O termo "higiene do sono" foi escolhido porque faz uma analogia direta com a higiene pessoal. Assim como cuidamos da nossa higiene diária para mantermos nosso corpo limpo e saudável, a higiene do sono refere-se às práticas e rotinas que contribuem para um sono saudável e reparador.

Através de estudos e pesquisas, a higiene do sono tem se consolidado como uma abordagem eficaz para melhorar a saúde e o bem-estar a longo prazo. 🧘🏻‍♀️

Não negligencie o seu sono!

Como anda seu sono por aí? Me conta nos comentários! ❣️

📚 Referências bibliográficas:
1. American Academy of Sleep Medicine. (2020) Healthy sleep habits. Disponível em: http://sleepeducation.org/healthy-sleep/healthy-sleep-habits/
2. National Sleep Foundation. (2006). Sleep hygiene tips. Disponível em: https://www.sleepfoundation.org/articles/sleep-hygiene
3. Watson, N. F., et al. (2015). Recommended amount of sleep for a healthy adult: A joint consensus statement of the American Academy of Sleep Medicine and Sleep Research Society. Sleep, 38(6), 843-844.













sábado, 16 de agosto de 2025

Como o consumo de frutas auxilia na saúde intestinal?



A saúde intestinal é um pilar fundamental para o bem-estar geral do ser humano, impactando a digestão, o desempenho do sistema imunológico e a absorção de nutrientes. O intestino humano abriga trilhões de microrganismos, incluindo bactérias, fungos e vírus que, em conjunto, formam a microbiota intestinal

Essa comunidade microbiana complexa e em constante mudança é crucial para regular processos fisiológicos como a resposta imune, o metabolismo e a digestão, prevenir doenças e garantir a saúde geral.

Com o aumento de novas evidências destacando a intrincada inter-relação entre nutrição, microbioma e regulação imunológica, os estudos sobre como o consumo de frutas influencia a saúde intestinal estão ganhando destaque. A seguir, conheça os benefícios para a saúde intestinal de uma dieta rica em frutas.

As frutas são especialmente benéficas devido às suas fibras e compostos bioativos, que proporcionam saúde e imunidade gastrointestinal e fortalecem as bactérias intestinais. 

Por exemplo, flavonoides, polifenóis e fibras demonstraram exercer propriedades prebióticas, promovendo o desenvolvimento de uma microbiota benéfica que melhora a motilidade intestinal e modula a função imunológica. Dietas ricas em frutas têm sido associadas a uma maior diversidade microbiana.

Além disso, as frutas afetam significativamente a modulação da função imunológica e a saúde gastrointestinal. Os antioxidantes e as vitaminas, incluindo a vitamina C, reduzem a inflamação gastrointestinal e o estresse oxidativo, fortalecendo o sistema imunológico.

Por outro lado, o consumo regular de frutas também está relacionado à melhora do perfil metabólico, o que ajuda a reduzir a morbidade de doenças crônicas e a modular a inflamação devido ao efeito nos perfis lipídicos, na resistência à insulina e nos biomarcadores hepáticos. 

Diretrizes internacionais de saúde pública recomendam, em média, o consumo de duas a seis porções de frutas e verduras por dia, o que equivale a aproximadamente 300 a 500 g diários. No entanto, estudos indicam que boa parte da população mundial não atinge essa meta, o que pode comprometer a saúde intestinal e metabólica.


Abaixo, estão listados os principais componentes das frutas que contribuem para a saúde intestinal.
  • Fibras (solúveis): Promovem a saúde intestinal, apoiando bactérias benéficas e produzindo AGCCs como o butirato, que ajudam a reduzir a inflamação.
  • Fibras (insolúveis): Auxiliam na regularidade intestinal, aumentam o volume das fezes e auxiliam na motilidade intestinal geral.
  • Polifenóis: Modulam a composição da microbiota, promovendo bactérias benéficas como Lactobacillus e Bifidobacterium
  • Flavonoides: Exibem efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, promovendo um microbioma intestinal saudável.
  • Vitamina C: Reduz o estresse oxidativo, a inflamação intestinal e auxilia na função imunológica intestinal.
  • Vitamina E: Oferece proteção antioxidante, reduzindo a inflamação intestinal e o estresse oxidativo.
  • Probióticos: Fortalecem a microbiota intestinal, fornecendo bactérias benéficas vivas, promovendo a saúde intestinal e a digestão.
  • Prebióticos: Promovem o crescimento de bactérias benéficas, como bifidobactérias e lactobacilos, que melhoram a saúde intestinal e a função imunológica
  • Magnésio: Desempenha um papel na manutenção da motilidade intestinal e no alívio da constipação, auxiliando no relaxamento muscular do trato digestivo
  • Potássio: Auxilia na regulação da função intestinal, equilibrando os níveis de fluidos e eletrólitos no sistema digestivo
  • Carotenoides: Compostos ricos em antioxidantes (por exemplo, betacaroteno) que ajudam a reduzir a inflamação intestinal e a apoiar a saúde imunológica
  • Ácido fólico: Auxilia no reparo e regeneração das células de revestimento intestinal e desempenha um papel na redução da inflamação
  • Luteína: Reduz o estresse oxidativo no intestino e auxilia na função saudável do trato digestivo
  • Taninos: Possuem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes que ajudam a modular a microbiota intestinal e a reduzir a inflamação intestinal.

Frutas específicas para a saúde intestinal

Algumas frutas são particularmente benéficas para o intestino. Conheça-as a seguir.

1) Maçãs e pêras: ricas em fibra pectina, maçãs e peras têm efeitos prebióticos, modulam a microbiota intestinal e melhoram a função imunológica.  (Alto teor de FODMAP)

2) Bananas: contêm amido resistente e fruto-oligossacarídeos (FOS), que promovem bactérias intestinais benéficas, auxiliam na digestão e auxiliam na função imunológica.

3) Berries (mirtilos, framboesas, morangos): ricas em antioxidantes, polifenóis e fibras, as frutas vermelhas modulam a composição da microbiota intestinal, reduzem a inflamação e auxiliam na saúde imunológica.

4) Frutas cítricas (laranjas, limões): ricas em vitamina C e flavonoides, as frutas cítricas contribuem para a redução da inflamação intestinal, auxiliam na função imunológica e melhoram a integridade da barreira intestinal.

5) Romãs: ricas em polifenóis, as romãs contribuem para a redução da inflamação intestinal, melhoram a diversidade da microbiota intestinal e auxiliam na saúde imunológica.

6) Mamão e abacaxi: contêm enzimas digestivas (p. ex., papaína, bromelaína) que auxiliam na digestão, contribuem para a redução da inflamação intestinal e promovem a saúde intestinal e a função imunológica.

7) Kiwi: rico em fibras, vitamina C e antioxidantes, o kiwi auxilia na saúde intestinal, melhora a digestão e melhora a função imunológica por meio de seus efeitos prebióticos. É considerada a fruta que tem maior potencial laxativo. 

8) Manga: rica em vitamina C, polifenóis e fibra alimentar, a manga possui propriedades anti-inflamatórias, auxilia na saúde intestinal e melhora as respostas imunológicas. (Alto teor de FODMAP)

9) Uvas: ricas em polifenóis (p. ex., resveratrol), as uvas auxiliam no equilíbrio da microbiota intestinal e ajudam a proteger contra o estresse oxidativo e a inflamação.  (Alto teor de FODMAP)

10) Abacates: rico em gorduras saudáveis, fibras e antioxidantes, o abacate auxilia na saúde intestinal, reduzindo a inflamação, melhorando a composição da microbiota intestinal e promovendo a função de barreira intestinal.  (Alto teor de FODMAP)

11) Melancia: contém licopeno, um antioxidante que reduz o estresse oxidativo e a inflamação, ajudando a melhorar a saúde intestinal e a função imunológica.

12) Goiabas: rica em polissacarídeos como ácido galacturônico, galactose e arabinose, demonstrou reduzir obesidade e melhorar a composição da microbiota em modelos animais, indicando forte efeito prebiótico

13) Tomates: ricos em licopeno, os tomates ajudam a modular a microbiota intestinal, reduzem a inflamação intestinal e fornecem proteção antioxidante para auxiliar a função imunológica.



Embora o consumo de frutas seja amplamente reconhecido por seus efeitos positivos na saúde intestinal, é importante considerar que a forma como esses alimentos são cultivados pode influenciar diretamente seus efeitos no organismo. 

Como muitas frutas são consumidas frescas, há um risco aumentado de exposição a resíduos de pesticidas. Compostos como organofosforados, organoclorados, triazóis e piretroides têm sido associados a alterações na composição da microbiota intestinal. 

Esses agrotóxicos podem reduzir a abundância de bactérias benéficas, como Alloprevotella e Bacteroides, e favorecer o crescimento de microrganismos associadas a disbiose, como Proteobacteria e Cyanobacteria, contribuindo para quadros de disbiose, inflamação intestinal e disfunções metabólicas.

Estudos demonstram que frutas como uvas, morangos, maçãs, melancias e melões frequentemente apresentam resíduos acima dos limites máximos recomendados. Além de impactar negativamente a diversidade bacteriana, o consumo crônico desses contaminantes está relacionado a distúrbios endócrinos e efeitos neurológicos. 

Estratégias como a optar por frutas da época, escolher frutas orgânicas, adotar técnicas eficazes de higienização (como lavagem com ozônio ou uso de surfactantes) e o uso de probióticos específicos, como Lactiplantibacillus plantarum, têm mostrado potencial para mitigar os danos provocados por esses compostos e ajudar na restauração da microbiota intestinal.


Teor de fibras nas frutas

As frutas podem ser compostas por uma variedade de fibras, solúveis e insolúveis, a depender da espécie, amadurecimento, e condições de cultivo e armazenamento.

As principais fibras presentes nas frutas são: pectina, gomas, beta-glucanas, celulose, hemicelulose, e lignina. Especialmente a pectina parece trazer os maiores benefícios para a saúde.

Na tabela a seguir, confira o teor de fibras nas frutas a cada 100 g de alimentos.


Das frutas acima, quais são ricas em fibras?

Como mostra a tabela, as 10 frutas mais ricas em fibras são: pequi, coco, abacate, framboesa, romã, seriguela, cupuaçu,  mexerica, pêra e figo.

Qual a recomendação de fibras por dia?

A recomendação diária de fibras varia de acordo com o sexo e a faixa etária. De modo geral, para adultos, indica-se de 21 a 25 g/dia para mulheres, e 30 a 38 g/dia para homens. Essa faixa é facilmente atingida em uma alimentação rica e balanceada.

Quantas frutas é indicado comer por dia?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica o consumo de, pelo menos, 400 gramas de frutas e vegetais ao longo do dia. Essa quantidade pode ser obtida com 2 porções de frutas e 3 porções de legumes, com cada porção contendo 80 g.

Em relação às frutas, deve-se haver um incentivo para o consumo de frutas cruas, na intenção de melhor aproveitar seus nutrientes. Processos como cozimento e transformação em sucos ou purês podem fazer a fruta perder um teor considerável de fibras.

Pectina, o que é?

A pectina é uma fibra, ou seja, um carboidrato não digerível pelo organismo, que compõe cerca de  35% da parede celular das frutas. Quanto maior o teor de pectina de uma fruta, melhor sua característica de gel. Ela é capaz de reter e fixar água, com efeito emoliente sobre as paredes intestinais e à sua condição de colóide.

A pectina é um importante prebiótico, e demonstrou promover um ecossistema saudável e anti-inflamatório na microbiota. No geral, os estudos mostram que a pectina aumenta a integridade e função da barreira da mucosa colônica, bem como sua imunidade. Além disso, ela é capaz de diminuir a quantidade de patógenos entéricos.

São frutas ricas em pectina: ameixa, maçã, banana verde, carambola, goiaba, laranja ácida, limão, marmelo, pera verde, maracujá, e uva.


Conclusão

O consumo de frutas é um fator essencial para a saúde intestinal devido à sua riqueza em fibras, polifenóis, vitaminas e antioxidantes. Esses componentes promovem uma microbiota intestinal diversa e equilibrada, fortalecem a barreira intestinal, reduzem a inflamação e mitigam o risco de doenças crônicas.

Referências:
  • Maqsood S, Arshad MT, Ikram A, Gnedeka KT. Fruit-Based Diet and Gut Health: A Review. Food Sci Nutr. 2025 Apr 30;13(5):e70159. doi: 10.1002/fsn3.70159. PMID: 40313793; PMCID: PMC12041667.
  • Débora Fernandes Pinheiro, Giselle Maria Maciel, Nayara Pereira Lima, Nicole Folmann Lima, Isabela Sampaio Ribeiro, Charles Windson Isidoro Haminiuk, Impact of fruit consumption on gut microbiota: Benefits, contaminants, and implications for human health, Trends in Food Science & Technology, Volume 154, 2024, 104785, ISSN 0924-2244, https://doi.org/10.1016/j.tifs.2024.104785.
Fontes: 

Consenso europeu sobre má absorção

Embora as síndromes de má absorção estejam associadas a diversas doenças gastrointestinais, até recentemente não havia consenso específico sobre esse tema. 

Para mudar esse cenário, dez sociedades científicas europeias, incluindo a ESPEN, publicaram o primeiro consenso europeu sobre má absorção, com orientações voltadas à definição, diagnóstico, triagem e suporte nutricional em diferentes contextos clínicos. 

Como é definida a má absorção?

A má absorção é uma síndrome complexa, com manifestações clínicas múltiplas, caracterizada pela passagem defeituosa de um (ou seja, má absorção seletiva) ou mais (ou seja, má absorção parcial ou global) nutrientes através da mucosa intestinal para a corrente sanguínea/linfática.

Há a necessidade de esclarecimento de definição entre os termos:
  • Má digestão: hidrólise defeituosa de nutrientes de grandes moléculas em componentes de pequenas moléculas absorvíveis.
  • Má absorção: capacidade prejudicada de absorver nutrientes através da mucosa intestinal para a corrente sanguínea ou vasos linfáticos.
  • Malassimalação: combinação entre má digestão e má absorção.
No contexto clínico, o uso do termo “má absorção” é considerado suficiente para descrever os quadros em que há prejuízo na assimilação dos nutrientes.


Os sintomas da má absorção serão determinados pelo tipo e quantidade de substratos malabsorvidos, pela deficiência dos nutrientes malabsorvidos, pela doença de base e pelas consequências do acúmulo do substrato malabsorvido no lúmen do trato gastrointestinal.

Os sintomas de má absorção causados pela deficiência de nutrientes incluem:
Já os sintomas de má absorção causados pelo excesso de substrato no intestino incluem:
Causas e fisiopatologia da má absorção

A má absorção pode ser congênita, como nos defeitos primários de proteínas transportadoras na mucosa intestinal, ou adquirida, como resultado de procedimentos cirúrgicos ou de diversas doenças que afetam o intestino delgado, o pâncreas, o fígado, o trato biliar e o estômago.

Os mecanismos fisiopatológicos que levam à má absorção são classificados em três grupos principais: 
  • Alterações pré mucosas – como falhas na solubilização de gorduras e vitaminas lipossolúveis;
  • Alterações mucosas – como doenças inflamatórias ou infecciosas que afetam diretamente a mucosa intestinal;
  • Alterações pós-mucosas – como distúrbios no transporte intracelular, linfático ou vascular dos nutrientes.
Além disso, funções fisiológicas como a liberação de nutrientes dos alimentos, mudanças químicas necessárias para absorção (como a redução do ferro de Fe³⁺ para Fe²⁺), motilidade intestinal, sensibilidade entérica e regulação hormonal também desempenham papéis fundamentais. 

Alterações nesses processos podem comprometer a absorção de nutrientes específicos e contribuir para a má absorção.

Triagem, avaliação nutricional e diagnóstico da má absorção

Não existe um único teste que diagnostique a má absorção universalmente, mas uma combinação de exames e uma abordagem sistemática ajudam a identificar as causas e as deficiências nutricionais associadas.

A suspeita de má absorção geralmente surge a partir do histórico clínico do paciente, exames físicos e resultados de testes laboratoriais de rotina. Além disso, a presença de doenças gastrointestinais, pancreáticas, hepáticas ou biliares deve levantar a suspeita do quadro.

Manifestações da má absorção para cada nutriente

A má absorção de macronutrientes pode levar à desnutrição calórico-proteica.

A má absorção isolada de carboidratos frequentemente leva a sintomas digestivos, como inchaço, flatulência, dor abdominal, náusea ou diarreia

Já a deficiência de micronutrientes (vitaminas e minerais) pode causar manifestações clínicas específicas:

  • Xeroftalmia, membranas mucosas secas, úlceras de córnea, visão noturna prejudicada
Vitamina B1 (Tiamina):
Vitamina B2 (Riboflavina):
Vitamina B3 (Niacina):
  • Pelagra, erupção cutânea, diarreia, demência
Vitamina B6 (Piridoxina):
  • Lesões cutâneas, alterações neuropsiquiátricas e hematológicas (anemia microcítica)
Vitamina B9 (Folato):
  • Anemia megaloblástica, pancitopenia, alterações neurológicas e gastrointestinais, infertilidade, anormalidades fetais
Vitamina B12 (Cobalamina):
  • Anemia megaloblástica, degeneração subaguda da medula espinhal, alterações neuropsiquiátricas, glossite, infertilidade
Vitamina C:
  • Escorbuto, cicatrização de feridas retardada, hematomas
Zinco:
  • Ageusia (perda de paladar), alopecia, erupção cutânea, deficiência imunológica, diarreia
Ferro:
  • Anemia, astenia, alterações do paladar, retardo de crescimento
Cobre:
  • Anemia hipocrômica, arritmia cardíaca, neutropenia, ataxia
Iodo:
  • Hipotireoidismo, bócio
Selênio:
  • Cardiomiopatia (doença de Keshan), hipotireoidismo

Testes de diagnóstico

A escolha dos exames depende dos dados clínicos, do histórico médico, cirúrgico e familiar. Abaixo, destacamos alguns testes-chave:
  • Testes de fezes: a quantificação de gordura fecal (esteatorreia) e a medição de elastase pcreática fecal são usados para avaliar a má absorção de gordura, especialmente em casos de insuficiência pancreática exócrina. 
  • Sorologia e endoscopia: para pacientes com suspeita de doença celíaca, a sorologia (anticorpos IgA anti-transglutaminase tecidual 2) é o primeiro passo. Em adultos, o diagnóstico é confirmado com biópsias intestinal por endoscopia.
  • Testes respiratórios: embora o consenso desencoraje o uso de testes respiratórios para diagnosticar a supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO), eles podem ser úteis para investigar a má absorção de carboidratos e gorduras.
O consenso sugere um algoritmo passo a passo para diagnosticar a má absorção, com testes de primeira e segunda linha para adultos e crianças.

Suporte nutricional na má absorção

Necessidade e tipo de suplementação nutricional: para pacientes com má absorção e desnutrição (ou em risco de desenvolvê-la), recomenda-se o aconselhamento dietético que pode incluir modificações na dieta (conteúdo de macronutrientes, distribuição de refeições, textura) e fortificação alimentar. 

Pacientes com má absorção frequentemente se beneficiam de uma dieta rica em proteínas e calorias, e com teor de gordura baixo a moderado, para minimizar a esteatorreia (excesso de gordura nas fezes).

Quando a alimentação convencional não é suficiente, a terapia nutricional se torna necessária, seja por meio de suplementos nutricionais orais, nutrição enteral, ou nutrição parenteral para insuficiência intestinal grave.

Manejo das deficiências de micronutrientes

Em caso de deficiência de vitaminas ou minerais, a suplementação de micronutrientes deve ser feita por via oral ou enteral, se segura e eficaz. Caso contrário, outras vias (intramuscular, sublingual, parenteral) podem ser consideradas.

  • Vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K): o monitoramento e a suplementação regular são cruciais em distúrbios associados à má absorção de gordura, como fibrose cística, insuficiência pancreática exócrina, doença hepática colestática e síndrome do intestino curto, além de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.
  • Vitamina B12: deve ser monitorada em todos os pacientes com absorção comprometida devido à deficiência de fator intrínseco (como após gastrectomia total, gastrite atrófica autoimune) ou doença ileal distal (como doença de Crohn ou ressecção ileal prévia). Formulações orais e sublinguais estão disponíveis, mas a administração intramuscular pode ser necessária em casos de gastrectomia total, ressecção ileal extensa ou doença absortiva persistente. 
  • Minerais (ferro, magnésio, selênio, zinco, cobre): o monitoramento e a suplementação são recomendados em casos de má absorção crônica. 

Outras estratégias nutricionais

Embora o uso de prebióticos para o tratamento direto da má absorção não seja amplamente suportado por dados suficientes, a suplementação de butirato tem demonstrado um possível efeito benéfico em pacientes com DII.

A terapia de reidratação oral (TRO) pode ser benéfica para pacientes com insuficiência intestinal aguda devido à síndrome do intestino curto, especialmente aqueles sem cólon. 

Também recomenda-se a separação de líquidos e sólidos, ingerindo líquidos em pequenos goles, distanciados das refeições, para reduzir o trânsito intestinal rápido.


No material completo, os autores discorrem sobre o diagnóstico para condições específicas, bem como o tratamento com medicamentos, dentre outros tópicos relevantes.