segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Herbicida atrazina é associado à inflamação da próstata e atrasos da puberdade

A pesquisa constatou que a incidência de inflamação da próstata passou de 48% no grupo controle para 81% nos ratos do sexo masculino expostos à atrazina.
Por Henrique Cortez - EcoDebate, com informações de Robin Mackar, NIH/National Institute of Environmental Health Sciences

Um novo estudo [Effects of prenatal exposure to a low dose atrazine metabolite mixture on pubertal timing and prostate development of male Long-Evans rats] mostra que a exposição pré-natal de ratos machos a baixas doses de atrazina, um herbicida amplamente utilizado, torna-os mais propensos a desenvolver inflamação da próstata e ao passar pela puberdade mais tarde do que os animais não-expostos. A pesquisa acrescenta mais um efeito negativo à crescente da literatura científica sobre a atrazina, um herbicida usado principalmente para controlar ervas daninhas e gramíneas em culturas como milho e cana-de-açúcar. A atrazina e seus derivados são conhecidos por serem relativamente persistentes no ambiente, podendo contaminar recursos hídricos, atingindo, inclusive, os sistemas de abastecimento de água.

A pesquisa, que está disponível online e será destaque na capa da revista Reproductive Toxicology (Volume 30, Issue 4), constatou que a incidência de inflamação da próstata passou de 48% no grupo controle para 81% nos ratos do sexo masculino que foram expostos a uma mistura de atrazina e seus produtos de degradação durante a fase pré-natal. A gravidade da inflamação aumentou com a força das doses. A puberdade também se atrasou nos animais que foram expostos à atrazina.

As doses da mistura atrazina dado aos ratos durante os últimos cinco dias de sua gravidez estão próximos aos níveis regulamentados, nos EUA, para fontes de água potável. O nível de contaminação corrente máxima permitida de atrazina na água potável é de 3 partes por bilhão. As doses administradas aos animais foram de 0,09 (ou 2,5 partes por milhão), 0,87 e 8,73 miligramas por quilograma de peso corporal. A pesquisa foi conduzida por Suzanne Fenton e Jason Stanko, do Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental (NIEHS), parte do National Institutes of Health. Fenton começou a trabalhar como pesquisador na Agência de Proteção Ambiental, dos EUA (United States Environmental Protection Agency, EPA), mas terminou a pesquisa no NIEHS. Ambos, NIEHS e EPA, forneceram apoio financeiro para o estudo.

“Nós não esperamos ver estes efeitos em níveis tão baixos de exposição,” diz a Dra. Fenton. Ela acrescenta que este é o segundo estudo que mostra os efeitos de baixas doses de atrazina. Fenton foi o autor sênior em um estudo de 2007, que demonstrou que exposição a baixas doses de atrazina era associada ao atraso no desenvolvimento mamário de ratas. “Foi interessante notar que a inflamação da próstata diminuiu ao longo do tempo, sugerindo que os efeitos podem não ser permanentes”, disse David Malarkey, um patologista do NIEHS e coautor do estudo.

Fenton salienta que estes resultados podem ultrapassar os efeitos da atrazina isoladamente e podem ser relevantes para outros herbicidas encontrados na mesma ‘família’ das triazinas, incluindo propazine e simazina. Todos os três herbicidas possem as mesmas características de degradação no meio ambiente. “Esperamos que esta informação seja útil para a EPA,na sua avaliação de risco da atrazina”, disse Linda Birnbaum, diretora do NIEHS e do National Toxicology Program.

Os resultados da pesquisa serão apresentados à EPA, em setembro, como parte da reavaliação da atrazina. EPA anunciou, em 2009, que havia começado uma avaliação global da atrazina, para determinar os seus efeitos em seres humanos. No final deste processo, a agência vai decidir se irá rever a sua avaliação do risco atual da atrazina e se novas restrições são necessárias para melhor proteger a saúde pública.

Para mais informações sobre a avaliação de risco da atrazina, realizado pela EPA, acessem o hotsite in http://www.epa.gov/pesticides/reregistration/atrazine/atrazine_update.htm.

O artigo apenas está disponível para acesso aos assinantes da revista Reproductive Toxicology.
Jason P. Stanko, Rolondo R. Enoch, Jennifer L. Rayner, Christine C. Davis, Douglas C. Wolf, David E. Malarkey, Suzanne E. Fenton, Effects of prenatal exposure to a low dose atrazine metabolite mixture on pubertal timing and prostate development of male Long-Evans rats, Reproductive Toxicology, In Press, Corrected Proof, Available online 19 August 2010, ISSN 0890-6238, DOI: 10.1016/j.reprotox.2010.07.006.

Fonte: Ecodebate e Ecoagência

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Minerais no Solo Brasileiro: Influência do Solo na Dieta

Uma avaliação do consumo de minerais em dietas brasileiras, realizada mediante análise laboratorial dos minerais presentes em alimentos das diferentes regiões do país, preparados de acordo com as formas habituais, mostrou que a ingestão de minerais varia conforme a região [1].

A pesquisa coordenada por Silvia Maria Franciscato Cozzolino, presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), verificou que a ingestão de magnésio fica abaixo em algumas regiões do país, mas, em outras, mantém um nível limítrofe. A ingestão de zinco é limítrofe para determinados grupos da população e bem baixa para outros, por exemplo, em idosos. A ingestão de cobre também é limítrofe, assim como a de magnésio, e a de selênio varia de acordo com a região geográfica [1,2].

O selênio é um elemento nutricional essencial, pois ele é parte integrante da enzima gluta­tiona peroxidase, um antioxidante que impede a formação excessiva de radicais livres e protege o organismo de suas ações. A diminuição da atividade da glutationa peroxidase devido à diminuição de selênio é responsável pelo aumento dos radicais livres que causa envelhecimento precoce, maior incidência de câncer e patologias cardiovasculares [2,4].

Além disso, o selênio está estreitamente relacionado com a função da tireóide, pois participa da conversão da tiroxina (T4) para tri-iodo tironina (T3), a forma mais ativa do hormônio tireoidiano. O selênio também está envolvido na síntese da testosterona e, durante a gravidez, a deficiência de selênio é associada com maior incidência de defeitos do tubo neural do feto [1,2,4].

O solo brasileiro apresenta regiões muito pobres em selênio, o que torna muito frequente a deficiência deste mineral, principalmente nas regiões do sudeste e do centro-oeste, que são as de menor concentração de selênio no solo e onde se constata a maior deficiência alimentar desse nutriente. Já nas regiões do norte e nordeste, não é comum a deficiência desse micronutriente, já que o solo dessas regiões é muito rico em selênio [1].

Cozzolino fez um levantamento de selênio no território nacional, analisando o feijão, a carne bovina, a água e o solo. Os resultados mostraram que no Ceará, por exemplo, o feijão tem 1,2 µg de Se/g; em São Paulo, tem 0,016 µg de Se/g. Portanto, percebe-se que o teor de selênio é influenciado pelo meio ambiente em que a planta cresce [1,2].

Analisando os parâmetros bioquímicos relativos ao selênio obtidos para certos grupos da população brasileira nas regiões sudeste e centro-oeste, foram observados valores abaixo da média referida na literatura. Por sua vez, em estudo que realizamos em Macapá, onde a farinha de castanha-do-pará (oucastanha-do-brasil) é utilizada na merenda escolar, foi observado que todos os parâmetros bioquímicos analisados em crianças estavam muito acima dos valores de referência, indicando a necessidade de cuidado quanto aos possíveis efeitos adversos, como a toxicidade do selênio, que é alcançada em doses elevadas (acima de 400 µg ao dia), e está associada à fragilidade e perda de cabelo e unha, irritabilidade, fadiga, aborto e infertilidade [1,4].

A recomendação é de que um adulto consuma, no mínimo, de 55 a 70 microgramas por dia [4]. A castanha-do-pará contém, por grama, cerca de 25 a 49 µg/Se, assim, com uma unidade já é possível encontrar cerca de 200 a 400 microgramas de selênio. No caso de uma criança, meia castanha seria suficiente, afirma Silvia Cozzolino [1].

Em relação ao zinco, as melhores fontes desse mineral são os mariscos, ostras, carnes vermelhas, fígado, miúdos e ovos. As nozes e as leguminosas também são fontes relativamente boas de zinco. O consumo de zinco é influenciado pela fonte protéica da dieta, assim, dietas constituídas de ovos, leite, frango e peixe têm menor razão Zn/Proteína do que aquelas de mariscos, ostras e carnes vermelhas [2].

Um estudo realizado por Cozzolino avaliou a sua biodisponibilidade na dieta brasileira e constatou que, embora os resultados tenham sido bastante variáveis de um indivíduo a outro (pois o grupo era composto de dezoito adultos jovens do sexo masculino), os valores encontrados mostraram que a oferta do zinco não se mostra um problema de biodisponibilidade na dieta brasileira [1].

Contudo, apesar da biodisponibilidade do zinco não ser um problema na dieta brasileira, a deficiência desse mineral pode ocorrer, devido ao fato de que nem todos os brasileiros tem acesso às suas principais fontes, assim, como o selênio, que pode estar em falta na dieta em determinadas regiões do país, como vimos anteriormente. Assim, uma conduta possível para minimizar esse problema da deficiência desses importantes minerais na dieta seria a suplementação.

Normalmente, a suplementação se aplica quando determinado nutriente é deficiente para um grande número de pessoas. Ela é adotada quando grupos específicos mostram deficiência maior em determinado nutriente – por exemplo, suplementação para gestantes, crianças, idosos, ou mesmo em determinadas regiões, onde os índices de deficiência de um determinado nutriente são maiores [1].

Porém, quando se pensa em programas de intervenção em suplementação, é indispensável prestar atenção às interações entre nutrientes. O excesso de determinado nutriente pode interferir na absorção de outro. A ocorrência de interações entre alimentos nas dietas é menos provável do que naquelas situações em que se introduz um composto químico isolado, por exemplo, numa solução aquosa [1].

Assim, concluímos que o ideal é sempre consumirmos os nutrientes através de uma alimentação saudável, já que estaremos consumindo-os em sua forma natural. Porém, em casos em que isso não pode ser feito, como no caso das regiões sudeste e centro-oeste, em que não há biodisponibilidade de selênio no solo, a suplementação pode ser implantada em casos de deficiência.


Fonte: http://www.rgnutri.com.br/sqv/saude/msb.php

Referência:

[1] COZZOLINO, S. M. F. Deficiências de minerais. Estudos Avançados, São Paulo, v. 60, p. 119-126, 2007.

[2] MAIHARA, V. A.; GONZAGA, I. B.; SILVA, V. L.; FÁVARO, D. I. T.; VASCONCELLOS, M. B. A.; COZZOLINO, S. M. F. Daily dietary selenium intake of selected Brazilian population groups. Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry, Akadémiai Kiadó, v. 259, n. 3, p. 465-468, 2004.

[3] FAVARO, D. I. T.; MAIHARA, V. A.; ARMELIN, M. J. A.; VASCONCELLOS, M. B. A.; COZZOLINO, S. M. F. Determination of As, Cd, Cr, Cu, Hg, Sb and Se concentrations by Radiochemical Neutron Activation Analysis in Different Brazilian Regional Diets. Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry, v.181, n. 2, p. 385-394, 1994.

[4] KRAUSE. Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 11ª Edição. São Paulo. Editora Roca. 2005.

[5] MAFRA, D., COZZOLINO, S. M. F. Importância do zinco na nutrição humana. Rev. Nutr. vol.17 no.1 Campinas Jan./Mar. 2004.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Endossulfan (agrotóxico) é banido pela Anvisa



A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou ontem resolução que determina o banimento do ingrediente ativo endossulfan no Brasil. A determinação é fundamentada em estudos toxicológicos que associam o uso desse agrotóxico, considerado extremamente tóxico, a problemas:
1) reprodutivos;
2) endócrinos;
3) imunológicos;
4) neurotoxicidade;
5) hepatotoxicidade; em trabalhadores rurais e na população.

O endossulfan já está banido em 44 países e sofreu severas restrições em outros 16. No Brasil, tem uso autorizado para as culturas de:
1) Algodão,
2) Café,
3) Cacau,
4) Cana-de-açúcar,
5) Soja.

De acordo com a norma da Anvisa, o insumo não poderá ser comercializado, no Brasil, a partir de 31 de julho de 2013. Antes disso, a partir de 2011, o produto não poderá ser mais importado e a fabricação em território nacional será proibida a partir de 31 de julho de 2012. Para o cultivo de cacau, a proibição é imediata.

“A retirada do produto do mercado foi pensada de forma que os agricultores consigam substituir o uso de endossulfan por produtos menos nocivos para a saúde da população, com o menor prejuízo possível”, explica o gerente de toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meirelles.

No período de retirada gradual do produto do mercado brasileiro, o endossulfan só poderá ser utilizado em dez estados: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. “Nesses locais onde o produto continuará permitido durante a fase de phase-out, o uso, a distribuição e a comercialização terão medidas de controle bastante severas”, explica Meirelles.

De imediato, as empresas não poderão mais fabricar produtos a base de endossulfan em embalagens com menos de 20 litros e será proibida a aplicação costal (por meio de bombas nas costas dos trabalhadores rurais) e área (por meio de aviões) do agrotóxico. Além disso, novos produtos a base de endossulfan não poderão ser mais registrados no Brasil.

Outra medida que vale desde já é a proibição do uso do agrotóxico para controle de formigas. Também, não será autorizado o uso de embalagens metálicas para produto. A decisão da Anvisa já foi encaminhada para 8ª Vara de Justiça, onde tramita uma ação civil pública com pedido do Ministério Público Federal para banimento imediato desse produto no país.

Outros agrotóxicos

A ação é resultado do trabalho de reavaliação toxicológica dos agrotóxicos pela Anvisa. A Agência realiza esse trabalho sempre que existe algum alerta nacional ou internacional sobre o perigo dessas substâncias para a saúde humana. Em 2008, a Agência colocou em reavaliação 14 ingredientes ativos de insumos agrícolas, entre eles o endossulfan. Juntos, eles representam 1,4 % das 431 moléculas autorizadas para serem utilizadas como agrotóxicos no Brasil.

Uma série de decisões judiciais impediram a Anvisa, por quase um ano, de fazer a reavaliação desses ingredientes. Mas a Agência conseguiu publicar a reavaliação do ingrediente ativo cihexatina. O resultado prevê que a substância seja retirada do mercado brasileiro até 2011. Para outras quatro substâncias, a Anvisa já publicou as Consultas Públicas e está na fase final da reavaliação. Houve três recomendações de banimento, para o acefato, o metamidofós e o triclorfom, e uma indicação de permanência do produto com severas restrições nas indicações de uso para o fosmete.

Fonte: Anvisa
Material disponível no site da Anvisa relatando os potenciais efeitos do endossulfan no nosso organismo.
Confira aqui a íntegra da resolução que determina a proibição do ingrediente ativo endossulfan no Brasil.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Brasil usa agrotóxicos proibidos no exterior

Anvisa reavalia quatorze produtos que podem oferecer riscos ambientais e à saúde da população.

O Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos no mundo. No primeiro quadrimestre deste ano, foram 5,5 milhões de toneladas de produtos sintéticos aplicados nas lavouras brasileiras - 7,8% a mais que o consumo no mesmo período de 2009. No país, são liberados, inclusive, produtos banidos em países europeus. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a agricultura brasileira usa cerca de dez agrotóxicos proibidos na União Européia e nos Estados Unidos. No total, 14 insumos agrícolas precisam ser submetidos à reavaliação. Mas, até agora, apenas a cihexatina, utilizada na citricultura, recebeu ordem de banimento, que deve ser cumprida a partir de 2011.

No início de junho, a Anvisa interditou mais de 500 mil litros de agrotóxicos irregulares em duas fábricas da empresa norte-americana Dow AgroSciences, em São Paulo - uma em Franco da Rocha e outra em Jacareí. A medida foi aplicada devido a problemas encontrados na fabricação e comercialização dos insumos. Entre eles, está o herbicida Tordon, utilizado no cultivo do arroz e em pastagens. O produto não possuía controle de impurezas e a rotulagem induzia os agricultores ao erro quanto ao nível de toxicidade. Além disso, as embalagens apresentavam vazamento, o que coloca em risco transportadores e agricultores.

Na unidade de Jacareí, a Anvisa também interditou 15 mil quilos do agrotóxico Mancozeb, por não apresentar identificação de lote ou fabricação. Outros produtos interditados foram 2,4-D técnico, Aminopiralid Técnico e Versene, que estavam com datas de fabricação e validade adulteradas. Além disso, a Dow AgroSciences - quinta maior fabricante de agrotóxicos no mundo - não realizava controle de impurezas do produto 2,4-D, importado da Índia para a fábrica no Brasil. As interdições valem por três meses, ou seja, até setembro os agrotóxicos não podem ser comercializados. Outras penalidades incluem multas de até R$1,5 milhão e cancelamento dos informes de avaliação toxicológica dos agrotóxicos irregulares.

Segundo a Anvisa, as intoxicações e mortes por agrotóxicos constituem problema grave de saúde pública, principalmente no âmbito rural. Para os consumidores dos produtos cultivados com produtos sintéticos, a Anvisa também alerta para possíveis quantidades de venenos agrícolas em alimentos. O Sistema de Vigilância Sanitária brasileiro foi enquadrado no nível mais alto em todos os critérios de perigos à saúde avaliados pela Organização Pan-Americana da Saúde, integrante da OMS.

Regulamentação

O registro de agrotóxicos depende de testes toxicológicos, de impacto ambiental e desempenho agronômico. Os resultados se caracterizam como objeto de propriedade intelectual das empresas detentoras dos produtos. Por lei, o prazo de proteção de informações das novas formulações é de dez anos. Para os produtos que não utilizam novas entidades químicas, a proteção das informações é de cinco anos. O procedimento, entretanto, coloca em conflito o interesse público de acesso à informação e o respeito ao segredo comercial das empresas.

Aplicação de agrotóxicos dobrou no Brasil em um ano

Artigo de Pedro Carrano para o Brasil de Fato e publicado no EcoDebate apresentou dados sobre o consumo de agrotóxicos no Brasil. Veja os destaques do texto:


"O brasileiro ingeriu, em média, 3,7 quilos de agrotóxicos em 2009. Trata-se de uma massa de cerca de 713 milhões de toneladas de produtos comercializadas no país por cerca de seis corporações transnacionais.

"O país ergueu a taça de campeão mundial em uso de agrotóxicos e bateu outro recorde: duplicou o consumo em relação a 2008. Relatórios recentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que vem sendo criticado pelo lobby do agronegócio, apontam que 15% dos alimentos pesquisados pelo órgão apresentaram taxa de resíduos de veneno em um nível prejudicial à saúde. Cana-de-açúcar, soja, arroz, milho, tabaco, tomate, batata, hortaliças são produtos do dia-a-dia que passaram a ter alto índice de toxidade.

"Apesar de surgir como a 'salvação da lavoura', prometendo aumento de produtividade, a introdução do químico ligado à semente transgênica incentivou o aumento do uso de tóxicos. O cultivo da soja teve uma variação negativa em sua área plantada (- 2,55%) e, contraditoriamente, uma variação positiva de 31,27% no consumo de agrotóxicos, entre os anos de 2004 a 2008, como explicam os professores Fernando Ferreira Carneiro e Vicente Soares e Almeida, do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB).

"Produtos que foram barrados no exterior são usados em diferentes cultivos brasileiros. Entre dezenas de substâncias perigosas, o endosulfan, por exemplo, é um inseticida cancerígeno, proibido há 20 anos na União Europeia, Índia, Burkina Faso, Cabo Verde, Nigéria, Senegal e Paraguai. Mas não é proibido no Brasil, onde é muito usado na soja e no milho".

FONTE: http://www.programavidaorganica.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=425:pesquisadores-e-movimentos-sociais-alertam-sobre-a-duplicacao-em-um-ano-dos-indices-de-uso-de-agrotoxicos&catid=40:noticias-agricultura&Itemid=169

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Amianto pode matar mais de 1 milhão no mundo até 2030.

Canadá exporta amianto das suas minas, mas proíbe uso do produto. Especialistas em saúde pública alertam para um grande aumento no número de mortes nas próximas duas décadas devido ao uso do amianto pela indústria da construção civil, sobretudo nos países em desenvolvimento.

Uma investigação conjunta da BBC e do Consórcio de Jornalistas Investigativos revelou que mais de 1 milhão de pessoas podem morrer até 2030 devido a doenças ligadas à substância.

Com um consumo de amianto 50 vezes maior do que os Estados Unidos, o Brasil é o quinto maior consumidor do produto em uma lista liderada por China, Índia e Rússia.

O amianto é uma fibra natural presente em minas. Barato e resistente ao calor e ao fogo, é misturado ao cimento para construção de telhas e pisos.

No entanto, a substância, cujo uso é proibido ou restrito em 52 países, solta fragmentos microscópicos no ar que podem provocar diversas doenças pulmonares quando inaladas, inclusive alguns tipos de câncer.

Amianto branco

A investigação conjunta do Consórcio de Jornalistas Investigativos e da BBC revelou que a produção de amianto continua na ordem de dois milhões de toneladas.

A indústria do amianto movimenta bilhões de dólares, sobretudo com exportações para países em desenvolvimento, onde as leis de proteção e a fiscalização são mais brandas.

Apesar da proibição e restrição ao uso, uma variação da substância conhecida como amianto branco é produzida e exportada para diversos países.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), mesmo o amianto branco pode provocar câncer.

Alguns cientistas temem que a disseminação do amianto branco possa prolongar uma epidemia de doenças relacionadas à substância.

"Minha visão é de que os riscos são extremamente altos. Eles são tão altos quanto qualquer outra substância cancerígena que vimos, com exceção, talvez, do cigarro", afirma Vincent Cogliano, cientista da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer da OMS.

Segundo a OMS, 125 milhões de pessoas convivem com amianto no trabalho. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 100 mil trabalhadores morram por ano devido a doenças relacionadas ao amianto.

Nos Estados Unidos, a indústria da construção civil não usa mais nenhum tipo de amianto. No entanto, o número de mortes devido à substância está chegando ao ápice, devido ao longo período em que a doença ainda pode se manifestar.

No México, mais de 2 mil empresas usam o amianto em diversos produtos, como freios, aquecedores, tetos, canos e cabos. Mais de 8 mil trabalhadores têm contato direto com a substância.

Doença

O Canadá é um dos maiores produtores mundiais de amianto branco e exporta o produto, mas proíbe seu uso no país.

Na província de Quebec, Bernard Coulombe, que é proprietário de uma mina, afirma que o amianto branco exportado por ele é vendido "exclusivamente para consumidores finais que possuem os mesmos padrões de higiene industrial do Canadá". Ele afirma que sua indústria possui amparo legal para exportar o produto.

Não muito longe dali, a pintora amadora Janice Tomkins luta contra mesotelioma, uma doença rara ligada ao amianto. Ela acredita ter contraído a doença há vários anos devido à exposição ao amianto azul e marrom, variações hoje proibidas internacionalmente.

Ela luta para impedir que o governo do Quebec libere um financiamento de US$ 56 milhões para que a mina próxima a sua casa possa expandir a produção, de olho em mercados emergentes como a Índia.


Fonte

terça-feira, 20 de julho de 2010

Estudo confirma a contaminação por bisfenol-A (BPA) a partir de garrafas plásticas


A exposição ao BPA pode ter efeitos nocivos para a saúde.

[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Em num novo estudo [Use of Polycarbonate Bottles and Urinary Bisphenol A Concentrations] da Harvard School of Public Health (HSPH) pesquisadores descobriram que os participantes que, ao longo de uma semana, beberam em garrafas de policarbonato , comumente usado garrafas plásticas e mamadeiras, apresentaram um aumento de dois terços da substância química bisfenol-A (BPA) na urina .

A exposição ao BPA, utilizado na fabricação de policarbonato e outros plásticos, pode interferir com a reprodução e desenvolvimento e também tem sido associada com doenças cardiovasculares e diabetes em seres humanos. O estudo é o primeiro a demonstrar que beber em garrafas de policarbonato (em garrafas plásticas o policarbonato pode ser identificado pelo código de reciclagem número 7) aumenta o nível de BPA na urina.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que ferver garrafas plásticas acelera a liberação de substâncias tóxicas, mas este novo estudo demonstra que isto também ocorre durante o consumo de líquidos frios.

Numerosos estudos têm mostrado que o BPA age como um disruptor endócrino, incluindo o início precoce da maturação sexual, desenvolvimento e tecidos alterados na organização da glândula mamária e diminuição da produção espermática. Pode ser mais prejudicial nas etapas de desenvolvimento precoce.

Os dados do estudo são particularmente preocupantes, considerando que as crianças e adolescentes são grandes consumidores de bebidas envasadas em garrafas de policarbonato. Crianças e adolescentes são especialmente sensíveis à desregulação endócrina potencialmente causada pelo BPA.

O Canadá proibiu o uso de BPA em mamadeiras em 2008 e alguns fabricantes de garrafas de policarbonato, sob pressão dos consumidores, estão, voluntariamente, eliminando a presença do bisfenol-A em seus produtos. Com a crescente evidência dos potenciais efeitos nocivos do BPA em humanos e diante da contaminação mesmo em bebidas frias, também torna-se necessário investigar o efeito do BPA em lactentes, em distúrbios reprodutivos e no desenvolvimento do câncer de mama em adultos.

O estudo “Use of Polycarbonate Bottles and Urinary Bisphenol A Concentrations” foi publicado no Environmental Health Perspectives e está disponível para acesso integral no formato PDF. Para acessar o artigo clique aqui.

Use of Polycarbonate Bottles and Urinary Bisphenol A Concentrations. Carwile et al.
Environmental Health Perspectives, May 12, 2009; DOI: 10.1289/ehp.0900604
Todd Datz, Harvard School of Public Health


FONTE
Quem quiser ler mais sobre BPA, o ECODEBATE tem uma lista de tópicos sobre o tema.

sábado, 8 de maio de 2010

Privação de sono pode contribuir para a obesidade, indica estudo




Na edição de Março/2010 do American Journal of Clinical Nutrition, pesquisadores franceses afirma que é provável que a privação de sono contribua para a obesidade, ocorra pelo fato de a privação do sono ocasione uma redução da leptina (hormônio relacionado à saciedade e que também facilita o gasto de energia pelo organismo) e um aumento na secreção de grelina (substância responsável por estimular o apetite).


Fonte: Arq Bras Endocrinol Metab

Dormir bem pode ajudar a prevenir a obesidade, pois uma noite mal dormida é associada ao aumento no consumo de alimentos e nos níveis de atividades físicas necessárias para o gasto de energia.

A pesquisa avaliou 12 homens jovens e saudáveis que tiveram, em duas noites, 8h e 4h de sono em laboratório, e acesso livre à alimentação durante o dia.

Avaliando a dieta, os níveis de atividades físicas e as sensações de fome, saciedade, desejo por alimentos específicos e sono, os pesquisadores notaram que os voluntários consumiram 22% mais calorias no dia após a restrição do sono, e apresentaram mais fome antes do café da manhã e do jantar após dormirem apenas 4h.

Além disso, mesmo tendo maiores níveis de atividades físicas após a restrição do sono, os voluntários tinham maior sensação de sono neste período do que após a noite em que dormiam por 8h.

“Uma noite de sono reduzido, subsequentemente, aumenta a ingestão de alimentos e, em menor extensão, a estimativa de atividade física relacionada ao gasto de energia em homens saudáveis”, destacou o pesquisador Laurent Brondel, na publicação. “Esses resultados experimentais, se confirmados por medidas de balanço de energia em longo prazo, sugerem que a restrição do sono poderia ser um fator que promove a obesidade”, concluíram os autores.

Fonte: Sleep restriction and appetite control: waking to a problem?
Chaput et al. Am J Clin Nutr.2010; 91: 822-823


Para quem quiser ler mais:
Tem um artigo elaborado por pesquisadores da USP procurando correlacionar alterações neurohormonais decorrentes da privação de sono, com Obesidade.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A pressa é a inimiga da refeição

Considerado pelo jornal The Guardian uma das 50 pessoas que podem salvar o planeta, o fundador do movimento Slow Food esteve no Brasil para disseminar a importância da agricultura sustentável e das culturas locais – acredite ou não, isso pode até salvar o planeta.

Calma. É isso o que vem pedir Carlo Petrini. Calma para respirar, para fazer escolhas conscientes e para conhecer o lugar e as tradições do lugar onde você mora. O fundador da Slow Food Foundation, com sede na cidade italiana de Bra e presente em 132 países, não quer apenas que as pessoas comam devagar. Ele quer mandar uma mensagem contra o consumo massificado e a agricultura industrializada. Ele defende a comida da vovó, a horta do vizinho, o cultivo e a produção de produtos genuínos e a valorização desses produtos nos mercados regionais. Petrini não se vira contra o novo, mas contra o que é artificial. "Ferran Adrià é um gênio, um Picasso", ele diz. Mas nem todo mundo pode ser um Picasso.

Ele é contra plantações de espécies híbridas resistentes a pragas, que quase extinguiram o pimentão quadrado d’Asti da região do baixo Piemonte (leia mais sobre alimentos que correm risco de extinção). Carnuda, perfumada e saborosa, essa variedade de pimentão foi trocada por pimentões holandeses sem gosto, mais rentáveis e baratos, como você pode ver na animação no meio desta reportagem. É contra isso que ele luta.

Em sua visão, a alimentação contemporânea agroindustrial é a grande responsável pela destruição do planeta. Somos em sete bilhões, produzimos comida para 12 bilhões e ainda um bilhão passa fome. "Mais da metade do que produzimos é jogado no lixo. No sistema consumista, só conta o preço, e não o cuidado, a produção e o modo de conceber os alimentos", afirma. Você acha tudo isso uma bobagem? Petrini foi indicado pelo jornal inglês The Guardian, em 2008, como uma das 50 pessoas que poderiam salvar o mundo.

Petrini defende que a gastronomia é uma ciência complexa. Nas escola e faculdades onde ela é ensinada, os alunos deveriam aprender física, agricultura, antropologia, história, economia e química. Dessa maneira, sairiam de lá gastrônomos competentes e comprometidos com uma comida "boa, limpa e justa" – os três pilares da Slow Food. Construir uma horta nas escolas e universidades é o primeiro passo (clique e saiba como). "Tirem 10 vagas do estacionamento, quebrem o asfalto, coloquem terra e um pouco de estrume, plantem tomates, feijões, verduras. Se alguém reclamar que não tem vaga, ganha um tomate!", diz Petrini, bem humorado. Para ele, o Slow Food tem que ser divertido.

 Carlo Petrini veio ao Brasil na semana passada para participar do Terra Madre, evento da Slow Food Foundation, e lançar seu livro Slow Food – princípios da nova gastronomia, publicado em 2005, mas só traduzido para o português agora. Confira a entrevista abaixo.

Confira entrevista publicada na revista ÉPOCA:


ÉPOCA – As bases do Slow Food são: o bom, o justo e o limpo. O que elas significam?
Carlo Petrini – A comida tem que ser boa, gostosa, e o gosto deve ser respeitado de acordo com a região. No Piemonte (região italiana), temos um queijo que tem um cheiro que lembra chulé. Se o brasileiro cheirar, vai achar ruim, mas esse queijo lembra a minha infância. Temos que respeitar a diversidade. No geral, nossas bases gustativas são determinadas pelas nosas avós. A comida também deve ser justa, ou seja, tem que pagar quem trabalha para produzi-la, o camponês ou o cozinheiro, para que eles vivam com dignidade. E ser limpa: sua produção não deve destruir o ecossistema, não pode usar produtos químicos ou acabar com a fertilidade do solo.

ÉPOCA – Seguindo estes preceitos, até quanto mais caro você acha justo pagar? Se possível, em porcentagem.
Petrini – Não se pode falar em porcentagem. Preço justo é o que dá dignidade ao camponês para ele trabalhar de maneira pura, que garanta a ele uma vida digna. Depende da situação, mas não acho que tenha que ser mais caro do que já se paga hoje.

ÉPOCA – Como escolher o que comer?
Petrini – Não se deixe tentar por uma lógica consumista, especialmente quando se faz escolhas alimentares. Comer é um ato agrícola e pode impactar a economia local. Temos que ser consumidores responsáveis. Buscar apenas o sabor de um alimento não funciona. Há muitos chefs que usam produtos que destróem solos ou pagam mal os agricultores. E o principal responsável pela destruição do planeta é esse sistema alimentar. Na minha província, tem um milhão de pessoas e sete milhões de porcos porque precisamos comer presunto e embutidos (risos). Esses porcos poluem o lençol freático com seus excrementos e usamos essa mesma água para regar as plantações. Tivemos a pretensão de colocar os critérios da produção industrial na agricultura, mas ela não é independente do meio como é a indústria têxtil ou sirúrgica. A agricultura tem mais de 10 mil anos e não pode ser reduzida à mercantilização. Quando tudo se torna mercadoria não conseguimos mais distinguir o valor do preço.

ÉPOCA – É possível conciliar os princípios da Slow Food com a vida nas grandes cidades?
Petrini – É preciso unir os consumidores aos produtores. Para produzir um alimento orgânico, é preciso receber um certificado, que é caro. Mas se você mora perto de mim, eu não preciso de certificado para comprar seus produtos, porque eu posso ver como você os cultiva. Nós precisamos construir essa rede de produtores e consumidores, ou co-produtores, que conheçam o que estão comprando. Pode-se sempre organizar grupos que comprem diretamente do produtor: a gente economiza e o camponês ganha mais. A construção de mercados camponeses também deve ser incentivada. Em 1995, no coração de Nova York, construíram o primeiro mercado camponês. Hoje, há 12 mil feiras de camponeses nos Estados Unidos. É uma alternativa econômica que reforça e economia local.

ÉPOCA – No mundo, temos um bilhão de pessoas passando fome e 1,7 bilhão de pessoas que sofrem de doenças relacionadas à obesidade. A Slow Food pode consertar isso?
Petrini – Nos Estados Unidos, eu fiquei impressionado com a quantidade de obesos. Vivemos em uma sociedade em que se gasta mais para emagrecer dos que para comer (risos). É preciso evitar o desperdício, comer com moderação e construir um sistema alimentar melhor, mais limpo e mais justo.

ÉPOCA – Há muitos restaurantes em São Paulo comprometidos com preceitos da Slow Food, como valorizar ingredientes e culturas regionais e resgatar tradições. Só que muitos deles usam matérias-primas que só existem na Amazônia ou no Centro-Oeste, tendo que atravessar o país para chegar até São Paulo. Como resolver esse problema de distribuição?
Petrini – Com bom senso. O país é grande, não faz sentido transportar alguns produtos; mas é importante que se coma alimentos frescos. Comer um produto da Amazônia é melhor do que importar dos Estados Unidos.

ÉPOCA – Mas alguns peixes, por exemplo, vêm congelados da Amazônia.
Petrini – Pode ser contraditório. Mas os camarões congelados vendidos nos supermercados brasileiros são da Índia e do Equador. É preciso dar essa informação ao consumidor. O peixe da Amazônia eu como, o camarão congelado, não (risos).

ÉPOCA – O senhor defende que os estudantes de gastronomia voltem ao campo, conversem com os agricultores e até mesmo se tornem camponeses. O que você diria a algum jovem que deseja seguir seu conselho?
Petrini – Você é meu herói. A volta à terra é uma escolha difícil, moderna e corajosa. Não será fácil o seu futuro. A maior dificuldade será ter reconhecimento do seu trabalho. O camponês sempre foi o último da estrutura social, mas os tempos mudaram e devemos construir um novo humanismo. Quando vocês voltarem para trás (para o campo), já estarão lá na frente porque aquilo que vocês fazem interessa a todos. Vocês são mais importantes do que as multinacionais que não se importam com nossa saúde e só querem fazer negócio, transformando nossa comida em simples mercadoria. Não é verdade que comida industrial custa menos: eu pago a mais o preço da saúde, os custos de transporte e a perda da biodiversidade. Vocês darão mais prazer e mais sabor às pessoas. A gastronomia não é patromônio dos grandes chefs. As mulheres que você tem na família valem muito mais do que muitos restaurantes 3 estrelas (do Guia Michellin, o mais respeitado do gênero). Essas mulheres que não aparecem na TV, elas são nossos heróis.

ÉPOCA – E como estão as plantações de pimentão na região do baixo Piemonte?
Petrini – Eles voltaram a produzir pimentão, mas as tulipas não foram embora (risos)