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quinta-feira, 30 de abril de 2020

Obesidade e coronavirus por Dr. Bruno Halpern


Dois pesquisadores irlandeses publicaram na excelente revista Obesity uma hipótese que poderia explicar, ao menos em parte, porque estaríamos vendo uma maior gravidade de infecções em indivíduos com obesidade. 

👉A tese seria que o vírus poderia se depositar no tecido adiposo, que na obesidade já é mais inflamado, e assim, gerar mais inflamação, além de ser liberado aos poucos, minando as estratégias de defesa e gerando cada vez mais inflamação, que acaba por gerar respostas gravíssimas no corpo.

👉Há um racional por trás: um dos receptores que facilitam o vírus a entrar nas células está presente em grandes quantidades no tecido adiposo; outros vírus sabidamente podem se depositar em gordura; e muitas das substâncias produzidas pelo corpo em pacientes graves são amplamente produzidas no tecido adiposo. Esse reservatório também poderia explicar tempos mais longos de presença de vírus em algumas pessoas.

👉Para tornar essa hipótese mais forte seria preciso localizar o vírus em amostras de tecido adiposo, o que não foi feito ainda, mas não é tecnicamente difícil.

👉De toda forma, cada vez é mais claro a importância da obesidade como fator de risco independente de complicações. O lado bom é que sabemos que perdas de peso pequenas (de 5-15%) e exercício físico moderado já reduzem inflamação e poderiam (não comprovado mas altamente provável) já ajudar a reduzir parcialmente os riscos. 

Ref: Ryan. Is adipose tissue a reservoir for viral spread, immune activation and citokyne amplification in Covid-19? Obesity 2020 #coronavirusbrasil #obesidade #covid19brasil

terça-feira, 26 de março de 2019

Jantar depois das 20 horas pode aumentar o risco de obesidade

A obesidade é um problema de saúde pública que vem aumentando em todo o mundo. 

Entre as causas da doença estão fatores, como genética, doenças endócrinas, excesso de alimentação, falta de atividade física e problemas para dormir. 

Outra possível causa para o excesso de peso é o horário das refeições, especialmente as realizadas à noite, indica estudo preliminar apresentado este final de semana durante a ENDO 2019, uma conferência médica realizada nos Estados Unidos. 

De acordo com os pesquisadores, indivíduos que jantam tarde estão em maior risco de apresentar níveis mais altos de gordura corporal e, consequentemente, maior Índice de Massa Corporal (IMC) – fator de risco para a obesidade.

A obesidade é um problema de saúde pública que vem aumentando em todo o mundo. Entre as causas da doença estão fatores, como genética, doenças endócrinas, excesso de alimentação, falta de atividade física e problemas para dormir. Outra possível causa para o excesso de peso é o horário das refeições, especialmente as realizadas à noite, indica estudo preliminar apresentado este final de semana durante a ENDO 2019, uma conferência médica realizada nos Estados Unidos. De acordo com os pesquisadores, indivíduos que jantam tarde estão em maior risco de apresentar níveis mais altos de gordura corporal e, consequentemente, maior Índice de Massa Corporal (IMC) – fator de risco para a obesidade.

Estudos anteriores já haviam feito associação similar, destacando que a ingestão alimentar feita após as 20 horas pode aumentar a probabilidade de desenvolver obesidade.

O estudo

Para chegar a este resultado, a equipe da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, recrutou 31 pessoas (90% mulheres, com idade média de 36 anos) que estavam acima do peso ou obesas. Para avaliar o máximo de variáveis capazes de interferir nas descobertas, os pesquisadores recolheram informações sobre o sono, os níveis de atividade e a dieta dos participantes. Além disso, cada um dos voluntários recebeu equipamentos para monitorar o ciclo de sono e o tempo gasto em atividades físicas ou sedentárias. A ingestão alimentar foi monitorada através de um aplicativo de telefone que permitia aos participantes fotografar as refeições, o que ajudava a registrar os horários da alimentação. Os níveis de glicose no sangue também foram acompanhados.

Os dados coletados apontaram que os participantes se alimentaram ao longo de 11 horas (do acordar ao dormir), sendo a última refeição realizada por volta das 20 horas da noite. A partir dessas informações, os pesquisadores perceberam que aqueles que comiam no final do dia tinham IMC mais alto, assim como maiores níveis de gordura corporal. “Comer no final do dia, mais à noite, parece estar ligado ao armazenamento de mais gordura corporal devido a diferenças hormonais a esta hora do dia”, explicou Lona.

A equipe ainda descobriu que esses indivíduos tinham um média de sono de 7 horas por noite – o que pode descartar a ideia de que a falta de sono interfere no risco de apresentar excesso de peso (pelo menos nesses voluntários). Apesar dos resultados, os cientistas ressaltam que os achados são preliminares e, portanto, será necessário dar continuidade às investigações para entender os mecanismos que ligam o horário da refeição ao aumento do risco de obesidade.

Dados de 2018 do Ministério da Saúde indicam que 18,9% da população acima de 18 anos nas capitais brasileiras é obesa. O percentual é 60,2% maior do que o obtido na primeira vez que o trabalho foi realizado, em 2006, quando essa parcela era de 11,8%. Esses números preocupam já que estudo do ano passado publicado no periódico Cancer Epidemmiology indicou que o Brasil terá 640.000 casos de câncer em 2025 – e quase 30.000 deles vão estar associados à obesidade.

Para esses pesquisadores, o aumento da obesidade está associada a industrialização e o alto consumo de alimentos processados. “A industrialização de sistemas alimentares mudou profundamente as culturas alimentares tradicionais, que eram geralmente composta de alimentos frescos e minimamente processados”, escreveram no relatório. A sugestão para solucionar a questão, de acordo com eles, é adotar intervenções e políticas de saúde pública capazes de reduzir o problema a nível populacional.

Além disso, as novas descobertas apontam para outra possível solução: antecipar o horário do jantar e evitar ingerir muitas calorias antes de dormir.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

A frequência em que se pesa altera o processo de emagrecimento ?

Preocupação com peso corporal é algo infelizmente inserido na cultura da população como algo comum e aceitável. Eu digo infelizmente, pois ao contrário do que se imagina, a preocupação real não está relacionada à saúde ou melhora de hábitos de vida saudáveis, e sim relacionados à preocupação estética com o corpo. Assim, pesar-se em suas balanças de casa ou mesmo na balança da farmácia passou a ser um hábito incorporado em boa parte das pessoas e se tornou automático, mesmo para quem efetivamente não está preocupado com ganhos ou perdas de peso. E diante disto, para aquelas pessoas que estão insatisfeitas com seu corpo, e acreditam que perder peso seja uma solução, pesar-se se tornou uma obrigação. Acredita-se que, assim, será mais fácil manter o controle sobre o que deverá comer naquele ou no próximo dia para tentar perder ou manter o peso. Além disso, a autoavaliação de peso de forma frequente é muitas vezes recomendada por profissionais em intervenções para perda de peso, acreditando que supostamente pode prevenir o ganho de peso.

Mas será que funciona? Será que pode levar a consequências negativas?

Vamos ver o que nos dizem as evidências científicas?

Cito dois estudos que abordam este tema. O primeiro deles, uma publicação recente de agosto de 2018 por Rohde e colaboradores, que revelou que jovens adultos que se pesam mais frequentemente durante a semana apresentam maior ganho de peso que aqueles que se pesam menos frequentemente ao longo de dois anos de observação, relacionando também com maior risco de apresentarem episódios de compulsão alimentar e tendência a comportamentos compensatórios inadequados na tentativa inapropriada de promoverem de perda de peso. Estes achados sugerem claramente que a autopesagem deve ter efeitos negativos sobre a tentativa de controle de peso. Em revisão de literatura publicada em 2011 por Burke e colaboradores, em que 14 estudos que avaliaram monitorização de peso publicados entre 1993 e 2009 foram analisados, na associação entre automonitoramento e perda de peso, o nível de evidência era fraco (ou seja, monitorar-se com pesagens não determina perda de peso) por causa de limitações metodológicas. Esta revisão destacou a necessidade de estudos populacionais, para definição de medidas objetivas de adesão ao automonitoramento e estudos que estabeleçam qual o padrão necessário de autopesagem para a possibilidade de resultados bem sucedidos.

Mas, e por que será que isto ocorre?

É preciso entender que nosso peso corporal sofre influências de vários fatores comuns do dia a dia e uma oscilação diária é esperada, sem representar aumento ou diminuição real de adiposidade (tecido gorduroso). O quanto de líquidos se ingere em um dia, a frequência que se urina ou de ritmo intestinal, o grau de atividade física diária, o clima quente ou frio (que influencia nossas escolhas alimentares ou nossa hidratação) podem impactar no número exposto na balança sem representar real ganho ou perda de gordura corporal. Assim sendo, a pesagem frequente pode, por consequência de oscilações habituais de peso (sem valor clínico real), levar a insatisfações e frustrações que interferirão nos comportamento alimentar. E podem aparecer como episódios de compulsão ou exagero alimentar ou como tentativas inadequadas de compensação, como fazer restrição e jejuns ou aumentar a intensidade de atividade física, que representam sintomas de um comportamento alimentar transtornado.

Em resumo, as evidências sugerem que se pesar mais frequentemente foi associado com maiores ganhos futuros de peso e pode estar associada a um risco aumentado de início de comportamentos não saudáveis de controle de peso compensatório e posterior surgimento de comportamento alimentar transtornado. 

Autor: Dr. Alexandre Pinto de Azevedo, médico psiquiatra do Programa de Transtornos Alimentares (AMBULIM) do IPq-HC-FMUSP

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Mapa com os mecanismos etiológicos da obesidade por Dr. Bruno Halpern



Uma das maiores autoridades (no Brasil )em Obesidade na atualidade é o Dr. Bruno Halpern, filho do Dr. Alfredo Halpern. Toda semana o Dr. Bruno posta artigos interessantes sobre o tema na sua página do facebook: https://www.facebook.com/DrBrunoHalpern/

Hoje ele postou um mapa bem interessante. A imagem é difícil de entender, mas ela é muito ilustrativa. Consiste basicamente em um “Mapa da Obesidade”, que discute a complexidade da doença, e todas suas inter-relações, tanto biológicas, psicológicas e culturais.

Quando alguém diz que emagrecer é simples, só comer menos e se mexer mais, ou que quer um remédio que “tire a fome e a vontade de comer” seria interessante que Nutrólogos e Endócrinos mostrassem essa imagem.

O interessante é que mesmo que você corte algumas das vias, sempre será possível chegar a um ponto por outras. Sendo assim, o tratamento deve ser multidisciplinar e englobar questões de mudança de estilo de vida, tanto alimentares como exercício, com medicações (quando bem indicadas), estratégias comportamentais, vigilância e assim por diante.

Desconfie de quem tem soluções simples e únicas, e desconfie de quem diz que devemos “ouvir nosso corpo”. Embora atenção plena e entender porque comemos algumas coisas é importantíssimo, para pessoas com genética favorável ao ganho de peso, ouvir os sinais do corpo de nada servirá