quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

O que é a doença do refluxo gastroesofágico ?

É uma condição caracterizada pelo “retorno” do conteúdo do estômago para o esôfago. E por se tratar de um “suco gástrico” ácido, pode irritar o esôfago e causar a tão famosa e comum esofagite, que se não tratada pode evoluir para quadros mais graves (esôfago de barrett e úlcera esofágica).

Como tratar/aliviar os sintomas?

✅Manter o peso adequado;

✅Melhorar a mastigação;

✅Cessar o tabagismo;

✅Diminuir o volume das refeições, sendo interessante fracionar o cardápio em 5 ou 6 refeições por dia;

✅Retirar bebidas gaseificadas e líquidos em geral durante as refeições;

✅Evitar ao máximo as frituras, preparações gordurosas (carnes gordas, adição de óleo em excesso), refrigerantes, bebidas alcoólicas, frutas ácidas, incluindo o tomate em alguns casos, café, chocolate e condimentos em excesso;

✅Uso de medicamentos prescritos pelo Médico.

Após a melhora dos sintomas da doença do refluxo gastroesofágico, os alimentos limitados devem ser reinseridos gradativamente na dieta para percepção se não há retorno dos sintomas.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Da série "O paciente quer saber": Como ler um rótulo ?

 Em breve, texto ensinando você a ler um rótulo

sábado, 1 de janeiro de 2022

Bem-vindo 2022

 


Bem-vindo - Luiza Caspary e Jair Oliveira

Olha eu sei, não sou ninguém pra vir dando conselhos
Mas tudo que aprendi depois de tantos erros
É que o amor está bem dentro de ti
Eu sei, que todo mundo espera isso o mais depressa
Mas é bom saber que o amor começa
Em amar a si, que tudo flui bem
Tente pensar no amor
E aprender com a dor
Se é pra recomeçar
Que seja como for
Não tem receita
Tudo se ajeita
Deixe o amor entrar
Devagar
E se é pra amar
Cuide melhor de ti
Amor tem que fazer sorrir
Ame-se mais
Já que é pra amar
Cuide melhor de ti
Amor tem que fazer sorrir
Ame-se mais e fim
Olha, eu sei que é mais fácil pra quem tá de fora
Falando pra fazer o que eu nem mesmo faço
Então o meu abraço, vai falar por mim
Quando, parece que o amor simplesmente foi embora
Talvez só tenha encontrado um novo endereço
Todo o recomeço, começa de um fim
Não tente procurar
No outro seu lugar
Sinta-se em casa em si
Chame ele pra entrar
Seja bem vido amor
Chega de solidão
A sós contigo
Eu sou multidão
E se é pra amar
Cuide melhor de ti
Amor tem que fazer sorrir
Ame-se mais
Já que é pra amar
Cuide melhor de ti
Amor tem que fazer sorrir
Ame-se mais e fim
Ame-se mais
Ame-se mais
Ame-se mais
Ame-se mais
Ame-se mais, e mais, e mais, e mais, e mais, e
Ame-se mais

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Felicitações Nutrológicas - Feliz 2022

2020 e 2021 ficarão eternamente marcados em nossa memória como os anos em que o mundo parou. 

Se 2020 foi o ano em que tivemos que nos distanciar/recolhermos, 2021 foi um ano de incertezas. Um turbilhão de acontecimentos, sentimentos e a tentativa de buscar um novo normal. 

Um ano de reaproximação cautelosa. Um passo dado e uma nova variante surgia. A ciência se mostrou presente e vimos os números de mortes despencarem, assim como internações. 

Se 2020 foi um ano em que o sentimento preponderante foi o medo, em 2021, na minha visão, o sentimento mais presente foi o de esperança. Esperança na ciência e de dias melhores. 

Nesses 2 anos de pandemia vivenciei coisas que jamais vivi em 14 anos de Medicina, porém, em 2021 vi:
  1. O volume de pacientes aumentar muito e a principal queixa era: "Quero ter mais saúde". Tive que mudar minha metodologia de trabalho e dar prioridade para algumas situações e doenças. 
  2. Pacientes desesperando por medo do desconhecido, da incerteza das vacinas, medo das novas variantes. Medo de perder entes queridos e gente sofrendo pela perda de familiares, amigos, colegas.
  3. Pacientes ganhando peso devido o tempo ocioso e a reclusão no lar, assim como em 2020. 
  4. Pacientes que mudaram drasticamente os hábitos de vida por medo de adoecerem.
  5. Uma infinidade de pacientes desencadeando ou agravando transtornos psiquiátricos. Nunca trabalhei tanto em parceria com amigos psicólogos e psiquiatras.
Um fato interessante que a pandemia trouxe à tona (e isso é muito válido) foi a questão da busca pela manutenção da saúde. Ficou muito claro que as pessoas que se foram, em sua maioria eram indivíduos com comorbidades: obesidade, diabetes, hipertensão. 
  • E isso fez a comunidade científica frisar aos quatro cantos do mundo a importância de se manter um estilo de vida saudável. É um movimento global, de despertar da consciência para uma vida mais saudável. Bons hábitos salvam vidas.
  • E isso fez a Nutrologia e Nutrição, salientarem incansavelmente sobre a necessidade de ter bons níveis de nutrientes relacionados à imunidade: Zinco, Vitamina C, Vitamina D, Selênio, Ácido fólico, Vitamina B12, Cobre, Proteínas, Lipídios.
  • E isso fez a Psiquiatria e a Psicologia escancararem para o mundo o quanto a nossa saúde mental é importante, principalmente a inter-relação entre imunológico e emocional. 
Sendo assim, desejo que em 2022 você: 

1) Movimente-se: não somente no sentido de atividade física, mas sim de sair da sua zona de conforto.  
2) Mais saúde, vitalidade, gana de viver, pulsão de vida.
3) Bons hábitos de vida, mantendo o peso adequado, de preferência com uma boa massa muscular.
4) Durma melhor, sono é igual qualidade de vida.
5) Tenha uma rede de apoio: quem tem familiares e amigos vive mais e melhor.
6) Preze pela sua saúde mental: faça psicoterapia! É o maior investimento que um ser humano pode fazer para si. Se tem algum transtorno psiquiátrico, não o negligencie: procure um bom psiquiatra, trate. 
7) Ame e cuide dos que estão ao seu redor: eles que estarão ao seu lado, na beira de um leito.
8) Tenha Fé.
8) Tenha um hobbie.
9) Seja altruísta e pratique caridade. Estamos na Terra para auxiliar um aos outros.
10) Alimente-se de forma consciente e saudável. Não negligenciando sua saúde e nem a saúde planetária.

Um feliz 2022 e precisando de mim estarei aqui no consultório. 

Abaixo um vídeo que adoro e traz uma mensagem muito linda, na qual o autor pede para nos movimentarmos, pois, o movimento nos inspira. A vida é movimento. A vida é um eterno pulsar, até mesmo quando vc fica parado. Portanto, em 2022, movimente-se. 


att

Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915

domingo, 26 de dezembro de 2021

[Conteúdo exclusivo para médicos] - Antipsicótico Aripiprazol modula o sistema serotonérgico em ilhotas pancreáticas e induz disfunção das células beta em camundongos fêmeas

Resumo

Objetivos / hipótese

Os antipsicóticos de segunda geração (SGA) têm sido associados ao desenvolvimento de diabetes tipo 2 e à síndrome metabólica em pacientes com esquizofrenia. Neste estudo, objetivamos investigar os efeitos de duas drogas SGA diferentes, olanzapina e aripiprazol, sobre o estado metabólico e a função e plasticidade das ilhotas.

 Métodos

Analisamos a adaptação funcional das células beta em B6 de 12 semanas; 129 camundongos fêmeas alimentados com dieta suplementada com olanzapina ou aripiprazol (5,5-6,0 mg kg-1 dia-1) por 6 meses.

Testes de tolerância à glicose e insulina, secreção de insulina estimulada por glicose in vivo e calorimetria indireta foram realizados ao final do estudo.

Os efeitos dos ASGs na plasticidade das células beta e nos níveis de serotonina das ilhotas foram avaliados por análise transcriptômica e imunofluorescência.

A secreção de insulina foi avaliada por incubações estáticas e fluxos de Ca2 + por técnicas de imagem.

Resultados

O tratamento de camundongos fêmeas com olanzapina ou aripiprazol por 6 meses induziu ganho de peso (p <0,01 ep <0,05, respectivamente), intolerância à glicose (p <0,01) e secreção de insulina prejudicada (p <0,05) vs camundongos alimentados com uma dieta de ração de controle.  

O aripiprazol, mas não a olanzapina, induziu a produção de serotonina em células beta versus controles, provavelmente por aumentar a expressão de triptofano hidroxilase 1 (TPH1) e inibiu o fluxo de Ca2 +.  

Digno de nota, o aripiprazol aumentou o tamanho das células beta (p <0,05) e a massa (p <0,01) vs camundongos alimentados com uma dieta de ração de controle, juntamente com a ativação do alvo mecanístico da sinalização do complexo 1 de rapamicina (mTORC1) / S6, sem prevenir a disfunção das células beta.

 Conclusões / interpretação

Ambos os ASGs induziram ganho de peso e disfunção das células beta, levando à intolerância à glicose; no entanto, o aripiprazol teve um efeito mais potente em termos de alterações metabólicas, provavelmente devido à sua capacidade de modular o sistema serotonérgico. Os efeitos metabólicos deletérios dos ASGs sobre a função das ilhotas devem ser considerados durante o tratamento dos pacientes, pois esses medicamentos podem aumentar o risco de desenvolvimento da síndrome metabólica e diabetes.

Pesquisa no contexto

• O que já se sabe sobre esse assunto?

Os antipsicóticos de segunda geração (SGA) são o tratamento de primeira linha para a esquizofrenia por causa de sua eficácia e efeitos colaterais extrapiramidais reduzidos

Os ASGs têm sido associados a alterações metabólicas graves, incluindo comprometimento da homeostase da glicose de corpo inteiro e ganho de peso corporal, o que pode aumentar o risco de diabetes tipo 2

Alguns ASGs são mais diabetogênicos do que outros, ou seja, olanzapina ou clozapina, enquanto outros, como o aripiprazol, são considerado menos diabetogênico

• Qual é a questão chave?

Como o tratamento com SGA afeta a função das células beta do pâncreas e a plasticidade das ilhotas?

Quais são as novas descobertas?

Em camundongos, tanto a olanzapina quanto o aripiprazol induziram a intolerância à glicose e reduziram a secreção de insulina

O aripiprazol modula o sistema serotonérgico em ilhotas de camundongos, induzindo o alvo mecanístico da rapamicina
 (mTOR) / fosforilação S6, expressão de triptofano hidroxilase 1 (TPH1) e produção de serotonina em células beta

Os efeitos da olanzapina na secreção de insulina parecem ser independentes do sistema serotonérgico

Como isso pode impactar a prática clínica em um futuro próximo?

Uma melhor compreensão dos mecanismos pelos quais os ASGs induzem a disfunção das células beta pode abrir caminho para prevenção do diabetes tipo 2 em pacientes com esquizofrenia que recebem esses medicamentos.


Introdução

Nos últimos anos, foi relatado um aumento na incidência de diabetes tipo 2 em pacientes em tratamento farmacológico crônico.

Em pacientes que recebem medicamentos antipsicóticos de segunda geração (SGA), o tratamento de primeira linha para esquizofrenia, o aumento na incidência varia entre 10% e 20%.

Os ASGs induzem alterações metabólicas, incluindo ganho de peso, hiperglicemia, resistência à insulina e dislipidemia, que aumentam o risco de doenças cardiovasculares.

Em uma grande coorte de indivíduos esquizofrênicos sem uso de drogas, a incidência de diabetes tipo 2 aumentou naqueles com prescrição de olanzapina SGA.

Rajkumar et al relataram que os ASG olanzapina e aripiprazol dobraram o risco de desenvolver diabetes tipo 2, enquanto o primeiro antipsicótico da classe, a clozapina, aumentou o risco em quatro vezes.

Indivíduos do sexo feminino são mais suscetíveis aos efeitos colaterais metabólicos dos ASGs e, portanto, estudos pré-clínicos são frequentemente realizados em roedores fêmeas.

Os ASGs agem por meio de uma ampla gama de receptores, incluindo receptores de dopamina D1– D4 (D1R– D4R), receptores de serotonina (5-hidroxitriptamina [5-HT]) 1A, 5-HT2A, 5-HT2C, 5-HT3, 5-HT6  e 5-HT7), receptor de histamina H1 (H1R) ou receptores muscarínicos M1-M5 (M1R-M5R).

Vários estudos testaram os efeitos induzidos por drogas SGA na homeostase da glicose em todo o corpo; no entanto, seu impacto na função das células beta permanece obscuro. As células beta expressam diferentes receptores serotonérgicos e sintetizam, armazenam e liberam serotonina em resposta à glicose, mas os efeitos dos ASGs na biossíntese da serotonina e na sinalização em ilhotas e seu impacto na secreção de insulina não são claros.

Conforme revisado anteriormente, a olanzapina tem maior atividade antagonista contra os receptores 5-HT2A da serotonina e o receptor da dopamina D2R, mas também é antagonista contra os receptores D3R e D4R, 5-HT3 e 5-HT6, H1R, receptores α1-adrenérgicos e M1R  –M5R.

Por outro lado, o aripiprazol tem atividade agonística parcial para os receptores de dopamina D2R, D3R e D4R, receptores 5-HT1A e 5-HT2C e receptores α1-adrenérgicos, e também exibe antagonismo dos receptores 5-HT2A e 5-HT7.

Aqui, usamos os SGAs não relacionados quimicamente, olanzapina (um SGA comumente prescrito que é altamente diabetogênico) e aripiprazol (cujos efeitos colaterais metabólicos são menos conhecidos) para estudar os efeitos do tratamento prolongado com SGAs nos níveis de glicose no sangue, ilhota  morfometria e função das células beta em camundongos fêmeas.

Discussão

Este estudo fornece novas descobertas sobre o efeito da olanzapina e do aripiprazol SGAs na indução da intolerância à glicose e na redução da secreção de insulina.  

Demonstramos que o aripiprazol modula o sistema serotonérgico em ilhotas, aumentando a fosforilação de mTOR / S6, bem como elevando a expressão de TPH1 e a produção de serotonina em células beta.

Em contraste, os efeitos da olanzapina na secreção de insulina parecem ser independentes do sistema serotonérgico.

Como o diabetes tipo 2 se desenvolve gradualmente ao longo da vida, e a medicação crônica é necessária para combater a esquizofrenia, analisamos os distúrbios metabólicos em camundongos fêmeas tratados com esses dois ASGs quimicamente não relacionados por meio de suplementação na dieta durante 6 meses.

Até onde sabemos, este é o primeiro estudo pré-clínico em roedores a relatar os resultados metabólicos da administração em longo prazo de olanzapina e aripiprazol com foco na função das ilhotas.

O tratamento com olanzapina induziu ganho de peso, aumentando a ingestão de alimentos; esse achado está de acordo com estudos anteriores que também demonstraram que esse efeito foi mediado pelos receptores 5-HT2C e H1R no hipotálamo.

Por outro lado, o tratamento com aripiprazol resulta em menor ganho de peso e isso não foi associado ao aumento da ingestão de alimentos, mas sim à redução da atividade física e EE durante a fase escura, um efeito que provavelmente contribui para o ganho de peso.

Além disso, os efeitos da olanzapina na EE e na atividade física foram pequenos, ao contrário dos achados anteriores.

De relevância clínica, o ganho de peso induzido pela olanzapina foi relatado em pacientes tratados por mais de 12 meses, mas não foi o caso do aripiprazol.

No entanto, descobertas recentes apontam para um ganho médio de 6–7% no peso corporal em jovens recebendo aripiprazol.

Notavelmente, a adiposidade visceral foi aumentada em camundongos tratados com qualquer uma das drogas, embora o efeito com o tratamento com aripiprazol tenha sido mais robusto.

Em estudos de terapia com olanzapina, aumento da adiposidade foi relatado tanto concomitantemente com, como também independentemente do ganho de peso.

Em conjunto, nossos resultados sugerem que tanto a olanzapina quanto o aripiprazol aumentam a adiposidade, independentemente do grau de ganho de peso.

Digno de nota, como a esquizofrenia, per se, coincide com desarranjos metabólicos, os efeitos colaterais metabólicos dos ASGs são provavelmente mais graves no contexto desta doença.

Além disso, embora as pacientes do sexo feminino sejam mais suscetíveis a alterações no metabolismo da glicose após a exposição à SGA, o estudo atual é um estudo de sexo único, uma limitação que deve ser considerada para sua traduzibilidade.

Camundongos fêmeas tratados com olanzapina ou aripiprazol desenvolveram intolerância à glicose que foi associada à resistência à insulina em camundongos tratados com aripiprazol.

No entanto, não podemos excluir que tratamentos mais longos ou ensaios mais sensíveis para avaliar a sensibilidade à insulina, como o clamp euglicêmico-hiperinsulinêmico, revelariam efeitos maiores nos níveis de glicose no sangue e na sensibilidade à insulina.

Um passo adiante, este é o primeiro estudo a desvendar um efeito único do aripiprazol em interferir na sinalização de Ca2 + regulada pela glicose, enquanto a olanzapina provavelmente inibe a secreção de insulina por meio de um mecanismo distal à entrada de Ca2 + na célula beta.

É interessante notar que, embora o teste GSIS trate exclusivamente da secreção de insulina, não podemos excluir alterações na depuração da insulina hepática ou na enzima degradadora da insulina das células beta, ambas as quais prejudicam a secreção de insulina.

Notavelmente, os camundongos tratados com ASGs tinham ilhotas maiores, particularmente o grupo tratado com aripiprazol, no qual a massa de células beta era duas vezes maior do que a do grupo de controle.  

Na obesidade e na gravidez, a expansão das células beta está associada ao aumento da secreção de insulina, o que compensa a resistência à insulina.

Pelo contrário, o aripiprazol prejudica a secreção de insulina apesar da expansão das células beta, indicando que o aumento da massa das células beta, por si só, não é suficiente para superar a disfunção das células beta.  

Os aparentes efeitos paradoxais sobre a massa e função foram mais proeminentes em camundongos tratados com aripiprazol, nos quais a duplicação da massa de células beta foi associada com resposta embotada à insulina.

O tratamento com ASGs não afetou a proliferação das células beta, que permaneceu baixa, conforme relatado anteriormente em camundongos de meia-idade.

No entanto, uma resposta proliferativa compensatória pode ser esperada em um estágio inicial do tratamento.

Ao contrário, encontramos um aumento no tamanho das células beta nas ilhotas de ambos os grupos de camundongos tratados com SGA, em comparação com os controles, o que pode explicar a expansão do tamanho das ilhotas observada no final do tratamento.

Foi sugerido que a ativação da sinalização de mTORC1, que aumenta a hipertrofia das ilhotas, está envolvida na expansão compensatória das células beta durante a resistência à insulina.

Nossos resultados mostraram hipertrofia de ilhotas em camundongos tratados com aripiprazol juntamente com aumento da coloração de p-S6 em células beta, um efeito reforçado pelo aumento da fosforilação de mTOR e seus alvos a jusante S6K1 e S6 em ilhotas tratadas ex vivo com este SGA.

Assim, o aumento do tamanho das ilhotas e da massa de células beta pelo aripiprazol pode ser mediado por mTORC1 / S6.

Em contraste, a fosforilação de S6 não foi aumentada pela olanzapina.  Em nível molecular, a capacidade diferencial de cada droga em induzir a atividade de mTORC1 / S6 ou, alternativamente, outros mecanismos, como a via do Hippo, também podem estar implicados na hipertrofia das ilhotas observada com a olanzapina.  

Além disso, a ativação mais baixa de mTORC1 em camundongos tratados com olanzapina pode ser devido a um aumento mais sutil (não significativo) na intolerância à insulina.

É digno de nota que encontramos diferenças maiores (embora não significativas) na maturação dos grânulos de insulina em camundongos tratados com olanzapina versus o grupo de controle, manifestada por uma diminuição e aumento nos grânulos maduros e vazios, respectivamente (ambos p = 0,09), o que merece mais  investigação.

Além disso, os camundongos tratados com olanzapina apresentaram maior massa de células alfa, apontando para alterações pancreáticas potenciais além das células beta.

A complexidade dos sistemas dopaminérgicos e serotonérgicos nas ilhotas pancreáticas, que regulam a secreção de insulina, juntamente com o amplo espectro de receptores de dopamina / serotonina direcionados pelos ASGs, torna difícil determinar se um receptor específico medeia os efeitos de um  particular SGA ou se o resultado final resultar de vias de sinalização ativadas por múltiplos receptores.

A análise transcriptômica das ilhotas pancreáticas não mostrou alterações nos genes relacionados à sinalização da dopamina, mas revelou alterações nos genes que regulam a síntese da serotonina.

Os genes Tph1 e Tph2 regulados positivamente do aripiprazol, e a indução de mRNA de Tph1 e níveis de proteína TPH1 (a isoforma de biossíntese de serotonina) foi associada ao aumento do conteúdo de serotonina e liberação em ilhotas de camundongos tratados com aripiprazol.

Esses resultados foram apoiados por: (1) o tratamento ex vivo de ilhotas com aripiprazol, que também resultou no aumento da expressão de TPH1;  (2) a diminuição da secreção de insulina em ilhotas tratadas com serotonina que, como o aripiprazol, ativou a sinalização de mTORC1 / S6;  (3) e a recuperação de GSIS em ilhotas tratadas ex vivo com aripiprazol em conjunto com um inibidor de TPH1, apontando para a inibição da secreção de insulina mediada pela serotonina por este ASG.

Nossos resultados estão de acordo com um estudo recente que mostra que a deficiência de Sirtuin 3 nas células beta aumentou a expressão de Tph1, juntamente com o comprometimento do GSIS em camundongos obesos.

A análise transcriptômica também mostrou que a olanzapina regulou negativamente a expressão de Htr3a, que codifica um receptor de serotonina, em ilhotas, potencialmente desempenhando um papel no comprometimento da secreção de insulina por este SGA, como relatado anteriormente.

Notavelmente, mudanças na expressão do receptor de serotonina foram encontradas em camundongos db / db, que exibiram expressão aumentada de Htr2c.

Até agora, o papel da sinalização da serotonina na expansão das células beta foi descrito apenas na gravidez e no período perinatal.

Estudos recentes sugerem que o aumento da produção de serotonina pode afetar a homeostase da glicose em todo o corpo e a adiposidade.

No contexto do crescimento tumoral, a serotonina aumenta a atividade do mTORC1 no carcinoma hepatocelular, reforçando uma possível ligação entre a serotonina e a sinalização do mTORC1 / S6.

Como a serotonina também é um forte regulador parácrino da atividade das células alfa, os efeitos adicionais do aripiprazol na funcionalidade das células alfa não podem ser excluídos.

Em resumo, identificamos alterações na plasticidade das ilhotas e secreção de insulina em camundongos fêmeas tratados com olanzapina e aripiprazol ASG, com importantes implicações translacionais.

No caso do aripiprazol, no qual o sistema serotonérgico foi ativado, inibidores específicos de TPH1 que não cruzam a barreira hematoencefálica podem ser usados ​​para prevenir a desregulação intra-ilhota e periférica da serotonina sem afetar os níveis de serotonina no cérebro.

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sábado, 25 de dezembro de 2021

O que emagrece mais: musculação ou aeróbio ?

 


Autor do vídeo: Rodrigo Lamonier - Nutricionista clínico e Profissional de Educação física da Clínica Medicare. 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

3 dias sem ir ao banheiro é normal ?

NÃO mesmo! 

E, caso você fique 3 dias ou mais sem ir ao banheiro, tenha uma dificuldade persistente na hora de evacuar (com ou sem desconforto) e/ou apresente a sensação de esvaziamento incompleto, procure um Médico para avaliação do quadro e posteriormente um Nutricionista para a realização de ajustes nutricionais para a normalização do seu hábito intestinal.

A constipação intestinal (intestino preso) é uma queixa bastante comum na prática clínica e, segundo os critérios de diagnósticos Roma IV, é caracterizada pela presença de pelo menos dois dos seguintes sintomas abaixo, nos últimos 3 meses:

✅Menos de 3 evacuações por semana (de forma natural e sem uso de medicações);
✅Esforço aumentado em pelo menos 1/4 das vezes que vai banheiro;
✅Fezes muito volumosas e duras em pelo menos 1/4 das idas ao banheiro;
✅Sensação de que algo está bloqueando a saída do cocô sempre que vai ao banheiro, em pelo menos 1/4 das vezes;
✅Sensação de que não consegue eliminar todas as fezes em pelo menos 1/4 das tentativas;
✅Necessidade de manobras manuais para fazer cocô;
.
Saiba que essa dificuldade e/ou falta de rotina para ir ao banheiro está associada a outros distúrbios, como:
📌Desenvolvimento de doença hemorroidária, diverticulose, fissuras anais e câncer colorretal;
📌Desconforto em outras áreas corporais, como no tórax e costas (inclusive dor);
📌Alterações psicológicas (ansiedade, depressão, traços obsessivo-compulsivos e somatização)

Lembre-se: caso a constipação não melhore com mudança dos hábitos em geral: iniciando a prática de exercícios, aumentando o consumo de água e a alimentação (ingesta adequada de micronutrientes e fibras), é MUITO importante a avaliação Médica para verificar se não há outros condições clínicas mais graves.

E caso você apresente pelo menos dois dos sintomas listados acima, é importantíssimo que adote os seguintes hábitos:
  • Consuma de pelo menos 30mL de água por kg de peso corporal;
  • Adicione, no mínimo do mínimo, 30g de fibras ao longo do dia (frutas, vegetais, folhas, cereais integrais, psyllium, , kiwi e ameixa);
  • Adicione 1 colher de sopa de azeite nas saladas do almoço e jantar;
  • Pratique exercícios, inclusive caminhada e corrida que auxiliam na motilidade intestinal;
  • Não segure quando sentir vontade de evacuar, vá ao banheiro.
  • Crie uma rotina de evacuação. Sugestão: após o café da manhã sente no vaso sanitário por cerca de 5 minutos.
E por fim, lembre-se de que intolerâncias alimentares, supercrescimento bacteriano do intestino delgado, alterações anatômicas do intestino, síndrome do intestino irritável e outras condições podem cursar com constipação.

Autores: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

ANVISA proíbe propaganda de produtos contendo gestrinona (chip da beleza)

RESOLUÇÃO-RE Nº 4.768, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2021

A Gerente-Geral de Inspeção e Fiscalização Sanitária, no uso das atribuições que lhe confere o art. 140, aliado ao art. 203, I, § 1º do Regimento Interno aprovado pela Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº 585, de 10 de dezembro de 2021, e o art. 6º, da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, resolve:

Art. 1º Adotar a(s) medida(s) preventiva(s) constante(s) no ANEXO.

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

ANA CAROLINA MOREIRA MARINO ARAUJO

ANEXO

1. Empresa: Não identificada - CNPJ: Desconhecido

Produto - Apresentação (Lote): GESTRINONA (TODOS);

Tipo de Produto: Medicamento

Expediente nº: 7624552/21-7

Assunto: 70351 - Ações de Fiscalização em Vigilância Sanitária

Ações de fiscalização: Proibição - Propaganda

Motivação: Comprovada a propaganda ao público em geral da substância gestrinona e de produtos (industrializados ou manipulados) que a contêm, ferindo o parágrafo 1º do artigo 58 da Lei 6.360/1976, o artigo 36 da RDC 96/2008 e o item 5.14 da RDC 67/2007. As ações de fiscalização determinadas se aplicam a todos os insumos farmacêuticos ativos gestrinona e a todos os produtos contendo gestrinona (industrializados ou manipulados), todas as formas farmacêuticas, bem como a quaisquer pessoas físicas/jurídicas ou veículos de comunicação que comercializem ou divulguem os produtos.







Estratégias para redução do risco de doenças cardiovasculares



As doenças cardiovasculares (DCV) são doenças com altíssima prevalência em todo mundo e com alta morbimortalidade. 

Existe uma predisposição genética, entretanto, na gênese delas há forte correlação com fatores ambientas como estilo de vida (sedentarismo, tabagismo, alcoolismo, privação de sono, exposição ao estresse) e alimentação.

Sociedades médicas internacionais frequentemente lançam diretrizes que orientam as condutas para combater essas comorbidades, como é o caso das diretrizes publicadas esse ano pela Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) e a Associação Americana do Coração (AHA).

Abaixo 10 estratégias nutricionais para redução do risco de doenças cardiovasculares, que elaboramos baseado nos guidelines e em trabalhos da última década:

1) Prefira uma alimentação rica em vegetais, legumes, frutas de baixo ou médio índice glicêmico. 
2) Reduza o consumo de alimentos de origem animal. O planeta agradece. 
3) Opte por alimentos in natura ou que sejam minimamente processados, ao invés dos alimentos ultraprocessados.
4) Adicione peixes na sua alimentação: no mínimo de 1 a 2 vezes na semana
5) Sempre que possível troque os alimentos refinados por versões integrais. Tente consumir no mínimo 14g de fibra para cada 1000Kcal ingeridas. As fibras são substâncias altamente negligenciadas e os estudos publicados nas últimas décadas não pararam de mostrar os efeitos benéficos delas, em especial efeitos sobre a microbiota intestinal. 
6) Ao usar gordura, opte por óleos vegetais ao invés de gorduras saturadas (banha de porco, óleo de coco, manteiga). Tente reduzir ao máximo o consumo de gorduras hidrogenadas. Azeite é o óleo mais estudado em todo mundo e o que mais mostra benefícios. Não tem problema aquecê-lo, perde-se muito poucos nutrientes. 
7) Limite o consumo de gordura saturada a <10% da alimentação. É isso que os guidelines recomendam. O consumo de alimentos ricos em colesterol geralmente não elevam o colesterol sérico (exemplo o ovo), mas o consumo de gordura saturada sim. Com isso aumenta-se o risco cardiovascular.
8) Reduza o consumo de sal para no máximo 5g/dia. Opte sempre por sal marinho iodado. Não caia na ladainha dos benefícios do Sal Rosa do Himalaya. Há 10 anos acompanhamos os trabalhos sobre o tal sal e não há estudos mostrando que a troca do sal de mesa comum pelo sal rosa traga algum benefício. Apenas prejuízo para o seu bolso e redução do aporte de iodo. 
9) Bebida alcoólica pode aumentar o risco cardiovascular. A Organização Mundial de Saúde considera um consumo máximo de 21 unidades de álcool por semana para homens e de 14 unidades de álcool para mulheres.
10) Bebidas adoçadas (mesmo com adoçantes artificiais) devem ser evitadas: podem elevar ácido úrico e triglicérides, principalmente as adoçadas com xarope de frutose. Evite: refrigerantes, sucos artificiais, néctar, refresco. 

Outras mudanças para a redução do risco cardiovascular:
1) Prática regular de atividade física: pelo menos 150 minutos por semana. Escolha o que você mais ama ou o que você menos odeia. Mas faça. O ideal é a prática combinada de exercícios aeróbicos e de força (musculação). Exercício é remédio. O músculo é um órgão endócrino, produtor de substâncias que melhoram a nossa saúde como um todo, inclusive a mental.
2) Controle a sua glicemia, ácido úrico, niveis de uréia, creatinina.
3) Cesse o tabagismo
4) Controle a sua pressão arterial frequentemente. 
5) Controle o seu estresse, ansiedade. Faça psicoterapia, é necessidade básica para o nosso século.
6) Durma de 7 a 9 horas por noite.

Diretriz da American Heart Association: https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIR.0000000000001031

Diretriz da European Society of Cardiology: https://academic.oup.com/eurheartj/article/42/34/3227/6358713

Autores:
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915 @drfredericolobo
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. @profmarciosouza
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física. @rodrigolamoniernutri

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Dieta com glúten e lactose fazem você engordar ?

A resposta depende!

Caso você tenha uma ingestão excessiva de alimentos ricos em glúten e de alimentos ricos em lactose, favorecendo assim um EXCEDENTE calórico à médio e longo prazo, essa resposta é SIM.

No entanto, o fato de você consumir laticínios e glúten todos os dias não faz você engordar MAIS do que uma dieta isenta desses nutrientes, desde que a quantidade de calorias e proteínas sejam semelhantes. Ou seja, caso você não se sinta mal e não tenha nenhum diagnóstico médico ADEQUADO que proíba o consumo de glúten e de lactose, você não precisa eliminá-los da sua vida!

É totalmente possível emagrecer consumindo ambos todos os dias, desde que seja nas quantidades prescritas pelo seu Nutricionista.

Obs: glúten e lactose não são pró-inflamatórios para indivíduos assintomáticos ao seu consumo. Ou seja, sem intolerância à lactose, doença celíaca, sensibilidade não celíaca ao glúten e sem doenças inflamatórias intestinais em fase ativa.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Meu exame de frutose deu positivo e agora ?

O exame sanguíneo de frutose só mostra se você absorveu ou não a frutose. Ele não mostra a intolerância. 

Logo, o fato desse exame sanguíneo trazer um resultado positivo NÃO determina que você terá que excluir todas as frutas da sua alimentação! 

Caso você tenha sido orientado a eliminar as frutas de forma permanente, apenas por meio da leitura desse exame, procure uma segunda opinião de um Nutrólogo e/ou Gastroenterologista, além de um Nutricionista com experiência nessa área para te auxiliar.

Além disso, o teste sanguíneo (esse que você fez e teve que beber um líquido "horrível"😂 antes de realizar a coleta do sangue), não é o método mais adequado para o diagnóstico da intolerância hereditária à frutose, que é uma condição considerada rara. O exame correto é a Biópsia do fígado para dosagem da atividade da enzima do gene ALDOB ou o teste de tolerância, onde o paciente é injetado com frutose e seus sintomas e níveis de frutose e derivados são monitorados. No caso de bebês pode ser feito o teste da bochechinha.

Quando se suspeita de má-absorção da frutose: condição que cursa com gases, distensão abdominal, diarréia, dor abdominal, o exame correto se chama teste do hidrogênio expirado, que deve ser solicitado/avaliado pelo seu Médico para diagnóstico mais assertivo.

No mais, os sintomas que levam a busca incessante pelo diagnóstico de intolerâncias alimentares, como a frutose e lactose, podem ocorrer em decorrência de inúmeros outros fatores, como:
  • Supercrescimento bacteriano do intestino delgado
  • Supercrescimento fúngico
  • Intolerância a outros carboidratos fermentáveis,
  • Disbiose intestinal, 
  • Doença inflamatória intestinal
  • Doença celíaca
  • Doença diverticular do colon
  • Síndrome do intestino irritável
  • Esofagite eosinofílica
  • Uso crônico e sem acompanhamento de determinados medicamentos: como os prazóis, corticóides, antiinflamatórios.
Lembre-se: nosso intuito após o diagnóstico de alguma intolerância alimentar NÃO é o de eliminar os alimentos da sua vida, mas sim, por meio de um trabalho investigo (duplo detetive), verificar quais você tolera e quais as quantidades que não geram sintoma. 

Ou seja, o trabalho é multidisciplinar: Médico + Nutricionista e o paciente deve colaborar durante a investigação. 

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Existe paciente portador de obesidade saudável ?

Você já se perguntou se é possível ser “obeso e saudável?” Essa é uma afirmação comum. Mas que, infelizmente, não é bem verdade.

Essa ideia surgiu a partir de um estudo que afirmava que pessoas “metabolicamente compensadas”, sem doenças associadas à obesidade, poderiam ser considerados saudáveis. A partir disso, várias sugestões surgiram, como as que diziam que uma pessoa obesa que praticava atividade física poderia ser tão saudável quanto alguém dentro do peso.

Mas muitas controvérsias ajudaram a perceber que essa firmação, do ponto de vista da medicina e ciência, está errada.

Por que pessoas obesas não estão saudáveis?

A obesidade em si é uma doença crônica, por isso, dizer que alguém com obesidade está saudável é controverso.

Além disso, é preciso compreender que a ciência não afirma que magreza é sinônimo de saúde, mas o excesso de peso, por mais que não apresente sintomas em um primeiro momento, é um fator de risco à saúde de vários órgãos. Isso porque o tecido de gordura é como uma glândula inflamatória que gera um estado inflamatório subclínico crônico, que possui as pré-disposições necessárias ao desenvolvimento de várias doenças, como a resistência à insulina, alterações cardiovasculares e muitas outras.

Não apresentar nenhuma alteração nos exames de rotina mesmo estando obeso não quer dizer muita coisa. As doenças podem surgir futuramente como resultado de um processo cumulativo de exposição do organismo à obesidade.

E ainda, vale considerar que, se a pessoa for jovem ou tiver uma reserva metabólica funcional orgânica, o organismo dela consegue compensar as alterações provocadas pela obesidade. Mas, à medida que o tempo vai passando, e quanto mais tempo ela fica exposta à obesidade, mais a reserva funcional perde sua eficiência e assim ela passa apresentar as consequências à saúde acarretadas pelo excesso de peso.

O que fazer

Então, dizer que não existe obeso saudável é o mesmo que dizer que todo mundo precisa ser magro? Não! Definitivamente não é isso que a ciência diz.

O que precisamos é entender que não é a estética que está em jogo. Esteticamente falando, existem pessoas de todos os jeitos. Mas, do ponto de vista de saúde, cada pessoa que apresenta obesidade ou sobrepeso precisa ser avaliada e examinada individualmente por um especialista para que possa saber qual é o peso saudável de acordo com seu biotipo, sua condição corporal, genética e etc., e a partir disso tratar o excesso de peso de forma correta, através de orientações corretas e especializadas que têm por objetivo preservar sua saúde atual e prevenir riscos futuros, que virão, mesmo que ela não apresente nenhuma alteração no momento.

Mesmo sem ter diagnóstico de nenhuma doença como pressão alta, diabetes ou outra, pessoas com obesidade possuem 24% maior risco de morte prematura por problemas súbitos como infarto. Portanto, tratar a obesidade não é uma questão de competição para chegar ao peso ideal, é apenas o reconhecimento de uma condição prejudicial ao corpo, que necessita de atenção e tratamento.

Autor: 
Dr. Leônidas Silveira – CRM 52-86694-6
Médico especialista em Clínica Médica, Nutrologia, Endocrinologia e Metabologia.

Segunda-feira: dia internacional da dieta

Você já deve ter percebido que a segunda-feira é o dia internacional de colocar em prática qualquer planejamento, né, incluindo mudanças no hábito alimentar. Assim como você também já deve ter reparado que quase sempre “falhamos” nessa data inicial. Mas por que será? 

Bom, vamos lá, em se tratando de hábitos alimentares, acho essa prática um tanto quanto “perigosa” e esse é um dos motivos pelos quais na clínica Medicare o a regra é: prescrição do plano alimentar juntamente ao paciente, para que ele já saia do consultório com as estratégias planejadas e prescritas para que possa começar no mesmo dia, evitando a "despedida" alimentar (causadora do “problema”).

Essa visão de adiamento e/ou despedida faz com que você pense ser necessário ingerir o máximo que puder de refeições altamente calóricas até a data planejada para iniciar a mudança. Uma "despedida" porque um "inferno" começará.

Isso faz a mudança (que o paciente diga-se de passagem, pagou para um profissional organizar) ser vista como algo ruim, punitiva e de sofrimento, além de transparecer que o “bom” é apenas aquele hábito inadequado, com ausência de rotina e com um paladar infantilizado.

Melhorar os hábitos, dar preferência aos alimentos in natura e minimamente processados, buscar consumir mais frutas, vegetais, cereais integrais e oleaginosas não é algo ruim ou sinônimo de sofrimento. Obviamente que o paciente deverá reduzir a quantidade e frequência que ingere alimentos hipercalóricos, caso objetive emagrecimento ou melhora de alguma doença.

Mas sempre salientamos que o paciente não precisa parar de comer alimentos industrializados e processados de uma vez por todas (como alguns acreditam), pois é totalmente possível encaixar esses alimentos em quantidades e periodicidade adequada, de acordo com seus objetivos e necessidades. 

Então, pare de adiar essa mudança e sempre que for começar algo, se possível, comece no dia da sua decisão e mantenha seu foco (muitas vezes a utilização de medicações podem auxiliar e aí entra o médico Nutrólogo).

E se você tomou essa decisão de melhorar hábitos alimentares HOJE, podemos te auxiliar através das orientações nutricionais, prescrição dietética, prescrição de medicamentos e com um bom planejamento.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

domingo, 19 de dezembro de 2021

Parei de emagrecer em 3 meses, e agora? | Nutricionista Rodrigo Lamonier

 


sábado, 18 de dezembro de 2021

Aumento do apetite e déficit de nutrientes

A fome é um sinal fisiológico muito bem regulado em indivíduos saudáveis e bem nutridos, mas que pode apresentar um desbalanço e se tornar uma verdadeira "confusão" em pessoas com obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis, por exemplo. E mais, a fome fisiológica pode ser confundida com a fome/comer emocional, principalmente em quadros de depressão, #ansiedade e transtornos alimentares.

Contudo, a fome pode estar MUITO relacionada com déficits nutricionais, sendo esse um dos principais motivos que muitas pessoas não conseguem manter as dietas da moda e outras estratégias muito restritas a longo prazo

Por exemplo:

A baixa ingestão energética a longo prazo gera o aumento significativo de hormônios e neurotransmissores conhecidos como orexígenos (aumentam a fome), podendo chegar a um ponto que fique quase que insuportável segurar essa restrição.

O déficit de ferro pode também favorecer muito o aumento da fome, sendo que essa ocorrência é bastante comum em quadros de anemia ferropriva.

A baixa ingestão de carboidratos em algumas pessoas pode ocasionar episódios de hipoglicemia (baixa de glicose no sangue), resultando no aumento da fome.

A ingestão insuficiente de vitaminas do complexo B também pode resultar nesses sintomas da fome, pois trata-se de substâncias co-fatoras de inúmeras reações, inclusive na síntese de hormônios e neurotransmissores regulatórios (serotonina) que podem atuar nos eixos orexígenos e na produção de energia através dos nutrientes.

O baixo consumo de proteínas com bom perfil de aminoácidos essenciais também pode piorar a fome pelo mesmo motivo das vitaminas do complexo B, além do efeito sacietógeno promovido por proteínas. 

A baixa ingestão de fibras também pode reduzir a saciedade. Recomenda-se pelo menos 14g e fibra para cada 1000Kcal ingeridas. 

Ou seja, no caso do emagrecimento, não basta apenas cortar determinados alimentos e/ou contar calorias. Há todo um planejamento alimentar para que seu corpo receba todos os nutrientes essenciais para evitar a fome por déficits. Por isso, procure um Médico Nutrólogo e um Nutricionista para te auxiliarem em quadros de depressão, ansiedade e transtornos alimentares.


Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

Devo comer apenas salada para emagrecer ?

O emagrecimento é um processo complexo e que é visto por muitos como uma fase de extrema restrição em que o paciente deve "passar fome". Essa crença pode ser comprovada ao vermos estratégias utilizadas por algumas pessoas sem o acompanhamento profissional, que é a de consumir apenas salada e excluir inúmeros outros alimentos de forma bem "agressiva".

Mas será que a salada é a base do emagrecimento e os outros alimentos devem ser mesmo excluídos?

A resposta é: NÃO!

É verdade é que o consumo de saladas e vegetais deve mesmo ser aumentada, principalmente por terem baixa densidade calórica e saciarem bem, auxiliando nesse processo. No entanto, é preciso que coloquemos também proteínas, carboidratos complexos e gorduras de boa qualidade, principalmente por aumentarem ainda mais as respostas de saciedade e, mais ainda, por serem comuns nos hábitos dos brasileiros.

Ou seja, para onívoros que estão em processo de emagrecimento, é totalmente possível colocarmos arroz, feijão, carnes magras, azeite, dentre outras preparações que façam parte do hábito do paciente. O importante é sabermos quando colocar, as quantidades ideais para aquele caso em específico e saber as melhores formas de preparo para que não fiquem com elevada densidade calórica (evitar frituras ou adicionar gorduras em excesso na hora do preparo, por exemplo).

Então, esqueça essa de que o processo de emagrecimento deve ser uma sessão de "passar fome" e procure um profissional para te auxiliar! Você vai ver que, em grande parte dos casos, muitos dos alimentos que você consome poderão ser mantidos no seu plano alimentar!

Autor: Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisor: Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Ordem da refeição


 

Jejum intermitente emagrece? | Nutricionista Rodrigo Lamonier

 


segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

E aí, será que açúcar vicia ?

De tanto os pacientes acreditarem que são viciados em alimentos, em especial açúcar, pedi para o meu Nutricionista gravar um vídeo bem didático explicando porque vício em açúcar não existe. 

Assista ! Aproveite e curta o vídeo e siga o canal dele no YouTube.





Atividades físicas no tratamento oncológico: benefícios e cuidados

 O câncer está entre as principais causas de morte no mundo, atrás apenas do acidente vascular cerebral (AVC) e das cardiopatias. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), uma em cada seis mortes no planeta acontecem em decorrência da doença, que em 2018 levou 9,6 milhões de pessoas a óbito.

Nesse contexto, a prática de atividades físicas é tida como essencial tanto na prevenção quanto no tratamento da doença. Além disso, os exercícios contribuem para a recuperação do paciente na vida pós-câncer.

As atividades mais eficazes para garantir o bem-estar de pacientes oncológicos costumam ser as aeróbicas. Caminhar ou pedalar, por exemplo, melhoram a qualidade de vida ao mesmo tempo em que combatem fatores de risco como o sedentarismo.

Além disso, quem pratica exercícios costuma adotar dietas mais saudáveis, indo na contramão de pessoas que trocam frutas e verduras por alimentos processados.

Com a inserção de atividades físicas na rotina, o paciente oncológico colhe ainda os benefícios do controle do peso e da melhora da autoestima. De quebra, o indivíduo tende a ter maior comprometimento com o tratamento – atenuando sintomas típicos da doença e do processo oncológico, como fadiga e dores.

Profissionais de educação física devem considerar as limitações de cada paciente ao planejar e supervisionar a rotina de exercícios. A indicação deve considerar a idade, a condição física do paciente oncológico e se ele era sedentário antes do diagnóstico.

domingo, 5 de dezembro de 2021

Terapia de reposição de ilhotas à base de células-tronco no diabetes: Uma viagem que chegou à clínica

Cem anos após a descoberta da insulina, Kieffer e colegas (Ramzy et al., 2021) e Foyt e colegas (Shapiro et al., 2021) relatam resultados provisórios de um ensaio clínico multicêntrico mostrando a secreção de insulina de células-tronco pluripotentes enxertadas derivadas  células progenitoras endócrinas em pacientes com diabetes tipo 1.

Texto principal

Estes são tempos emocionantes para o campo da terapia de substituição de ilhotas. Após o transplante de pâncreas de doador na década de 1960 (Kelly et al., 1967) e transplante de ilhotas de doadores e ilhotas autólogas na década de 1970 (Najarian et al., 1977, Najarian et al., 1979), um estudo clínico de substituição de ilhotas com base em células-tronco pluripotentes é relatado por dois grupos (Ramzy et al., 2021; Shapiro et al., 2021) (Figura 1).

Por que essa é uma etapa tão relevante para pessoas que vivem com diabetes tipo 1 (T1D)?

O T1D é caracterizado pela destruição das células β produtoras de insulina nas ilhotas de Langerhans do pâncreas, levando à hiperglicemia.

O tratamento com insulina exógena reduz as concentrações de glicose, mas não as normaliza completamente.  

Apesar dos avanços no suporte tecnológico (por exemplo, sensores de glicose, bombas de insulina e sistemas de circuito fechado [híbrido]), alcançar um bom controle glicêmico no contexto das atividades da vida diária requer um conhecimento considerável e habilidades de autogestão.

Essa carga de doenças 24 horas por dia, 7 dias por semana, é aumentada pelo medo de hipoglicemia e complicações de longo prazo devido à hiperglicemia crônica.

Portanto, o tratamento com insulina está longe de ser uma cura.

A terapia de substituição de ilhotas, restaurando a dinâmica secretora de insulina endógena, pode alcançar este desejo final dos pacientes com DM1.  

O transplante de pâncreas de doador inteiro ou de ilhotas isoladas são as duas opções de transplante alogênico.

Mas a disponibilidade limitada de órgãos de doadores implica que este tratamento nunca se tornará realidade para a maioria dos pacientes com DM1.

Um segundo grande obstáculo é a necessidade de terapia imunossupressora sistêmica por toda a vida devido à natureza alogênica dos enxertos de doadores.

Essas drogas têm grandes efeitos colaterais potenciais, como infecções e câncer, exigindo uma avaliação cuidadosa do risco / benefício.  

Portanto, essas opções de transplante são limitadas a poucos pacientes, geralmente caracterizados por complicações graves relacionadas ao diabetes (insuficiência renal) e / ou graves problemas de controle glicêmico.

Em 2006, cientistas da Novocell (agora Viacyte) relataram um protocolo de múltiplos estágios direcionando a diferenciação de células-tronco embrionárias humanas (hESCs) em células endodermas pancreáticas (D’Amour et al., 2006).  

Este protocolo passo a passo que manipula as principais vias de sinalização foi baseado no desenvolvimento embrionário do pâncreas.

Estudos de acompanhamento mostraram que essas células da endoderme pancreática foram capazes de amadurecer ainda mais e se tornarem totalmente funcionais quando implantadas in vivo em modelos animais (Kroon et al., 2008).

Com base nesses resultados, os ensaios clínicos foram iniciados usando essas células endodermas pancreáticas, derivadas da linha CyT49 hESC.

Em um ensaio anterior, as células foram colocadas em um dispositivo de macroencapsulação imunoprotetor ("fechado") (clinictrials.
NCT02239354) e implantadas por via subcutânea em pacientes T1D.  

Nenhum resultado deste ensaio foi publicado em um jornal revisado por pares até o momento.

Agora, os resultados provisórios são relatados em um ensaio clínico de fase I / II no qual as células da endoderme pancreática foram colocadas em dispositivos de macroencapsulação de politetrafluoroetileno não imunoprotetores ("abertos") (clinictrials NCT03163511).

Neste estudo multicêntrico, a segurança, tolerabilidade e eficácia deste produto combinado (VC-02 ™) foram estudados em um total de 26 pacientes T1D.

Cada participante recebeu 250–500 milhões de células, carregadas em até 10 dispositivos “sentinela” maiores (30 × 90 × 1 mm) e menores (15 × 10 × 1 mm) que foram implantados por via subcutânea.

Os indivíduos usaram um regime de tratamento imunossupressor que é comumente usado em procedimentos de transplante de ilhotas de doadores.

Nesta edição da Cell Stem Cell, Kieffer e colegas fornecem evidências convincentes de células secretoras de insulina funcionais após a implantação (Ramzy et al., 2021).

O peptídeo C e a insulina são secretados em uma razão molar de 1: 1 pelas células β.

Usando um ensaio muito sensível, aumentos induzidos por refeição nas concentrações de peptídeo C foram encontrados em 26 e 52 semanas após a implantação, indicando sobrevivência e maturação funcional de células enxertadas.

No entanto, as concentrações de peptídeo C estimuladas por refeição foram baixas e variaram consideravelmente com valores de 20–40 pM em 5 pacientes, mas <10 pM em todos os outros pacientes.  

Não houve efeito clinicamente relevante no controle glicêmico ou no uso de insulina.

Para um contexto adicional, mostramos recentemente que a independência da insulina após o transplante de ilhotas de um doador está associada a concentrações de peptídeo C estimuladas por refeição de aproximadamente> 1.000 pM (Uitbeijerse et al., 2021).

No entanto, em pacientes com DM1, mesmo concentrações de peptídeo C tão baixas quanto 5 pM estão associadas a um número reduzido de eventos hipoglicêmicos, e valores ≥200 pM estão associados à melhora no controle glicêmico (Jeyam et al., 2021).

Estudos adicionais precisam determinar a dose de células endodermas pancreáticas necessária para alcançar benefícios clinicamente relevantes para os pacientes.

Em um documento que acompanha este estudo na Cell Reports Medicine, Foyt e colegas também relatam enxerto detectável entre 3 a 12 meses após o implante na maioria dos pacientes.

Dentro dos dispositivos de macroencapsulação, a maioria das células eram de origem hospedeira (principalmente fibroblastos) e havia uma grande heterogeneidade nas regiões celulares e acelulares.

Além disso, suas análises histológicas não quantitativas do enxerto revelaram boa vascularização, apenas escassa infiltração de células imunes CD3 + e uma fina cápsula fibrosa ao redor do dispositivo de macroencapsulação (Shapiro et al., 2021).

A dinâmica e o papel desse tecido fibroso ao redor e dentro do dispositivo na função do enxerto de longo prazo não são claras.

O peptídeo C é realmente derivado das células endodermas pancreáticas enxertadas e maduras?

As análises histológicas em ambos os relatórios mostram que os enxertos são vascularizados e que as células no dispositivo de macroencapsulação podem sobreviver até 1 ano após a implantação, apesar de uma alta heterogeneidade de enxerto a enxerto.

É importante ressaltar que a evidência da maturação das células enxertadas é mostrada, de acordo com estudos anteriores em animais.

Houve um aumento da proporção de células endócrinas em comparação com a pré-implantação, e um ganho dos marcadores de maturidade das células β MAFA e IAPP.

Além disso, os enxertos explantados de indivíduos com concentrações mais altas de peptídeo C continham um número aumentado de células positivas para insulina.

Outras evidências indicam a perda de secreção de peptídeo C estimulada por refeição após a remoção dos dispositivos em 2 indivíduos.

O que poderia explicar a baixa secreção de peptídeo C observada na maioria dos participantes do ensaio?  

As análises dos enxertos revelaram que os principais tipos de células das ilhotas (células α, células β e células γ) estão presentes.

No entanto, a proporção de diferentes tipos de células endócrinas é atípica em comparação com as ilhotas pancreáticas maduras, com uma mudança em direção às células positivas para glucagon.

E a porcentagem total de células positivas para insulina no dispositivo era relativamente baixa.

Outros fatores que podem afetar negativamente a sobrevivência das células β e / ou função secretora incluem, potencialmente, a sobrevivência das células no dispositivo de macroencapsulação durante o carregamento, transporte, procedimento de implantação e o período isquêmico após a implantação.

Além disso, a maturidade celular subótima, o local subcutâneo, a reação do tecido ao dispositivo de macroencapsulação e outros fatores que também estão presentes no transplante de ilhotas de doador, como rejeição (crônica) e toxicidade do medicamento podem desempenhar um papel.

Em relação à segurança, a maioria dos eventos adversos (graves) foram associados ao uso de imunossupressores, o que não é inesperado e é semelhante ao transplante alogênico de órgãos sólidos.

Ele enfatiza ainda o uso ao longo da vida de agentes imunossupressores sistêmicos como um grande obstáculo para uma implementação mais ampla de terapias de substituição de células alogênicas.

O design "aberto", permeável às células do dispositivo de macroencapsulação teoricamente também permite o escape de células malignas putativas.

No entanto, nenhuma formação de teratoma foi identificada e as taxas de proliferação nos enxertos examinados após o explante não foram diferentes daquelas do pâncreas de controle humano.

Apesar da ausência de efeitos clínicos relevantes, este estudo permanecerá um marco importante para o campo das terapias de substituição de células derivadas de células-tronco pluripotentes humanas (PSC), uma vez que é um dos primeiros a relatar a sobrevivência e funcionalidade celular até 1 ano após o transplante.

Em um campo onde os principais participantes são encontrados tanto na academia quanto na indústria, a transparência em relação aos protocolos de diferenciação e caracterização dos produtos celulares será crítica para permitir o desenvolvimento mais rápido de produtos de terapia celular segura para pacientes com doenças tão diversas como diabetes mellitus, doenças cardíacas, doenças neurodegenerativas, lesão da medula espinhal e doenças oculares.

Muitas perguntas ainda precisam ser respondidas.

Em que estágio de diferenciação as células são mais ideais para o transplante e qual é o melhor local para o transplante?  

Outros desenvolveram protocolos de diferenciação que geram células semelhantes a β mais diferenciadas (Pagliuca et al., 2014).

Essas células em um estágio posterior de diferenciação são usadas em outro ensaio clínico em andamento com o produto celular sendo infundido na veia porta do fígado, semelhante aos procedimentos de transplante de ilhotas de doador (clinictrials NCT04786262).

A responsividade à glicose das ilhotas derivadas de células-tronco é boa o suficiente para garantir (quase) normoglicemia e a funcionalidade pode ser mantida ao longo do tempo?  Qual é o perfil de segurança de longo prazo?  Como prevenir a alo e autorejeção sem o uso de imunossupressores sistêmicos?

O caminho clínico para a ampla implementação da terapia de substituição de ilhotas derivadas de células-tronco para T1D é provavelmente longo e tortuoso.

Até lá, o pâncreas doador e o transplante de ilhotas continuarão sendo opções terapêuticas importantes para um pequeno grupo de pacientes. Mas um marco foi estabelecido. A possibilidade de um suprimento ilimitado de células produtoras de insulina dá esperança às pessoas que vivem com DM1. 

Uma era de aplicação clínica de terapia de substituição de ilhotas derivada de células-tronco inovadoras para o tratamento de diabetes finalmente começou.

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Ganho de peso após transplante fecal

Resumo

O transplante de microbiota fecal (FMT) é um tratamento promissor para a infecção recorrente por Clostridium difficile. Relatamos o caso de uma mulher tratada com sucesso com FMT que desenvolveu um novo início de obesidade após receber fezes de um doador saudável, mas com sobrepeso. Este caso pode estimular novos estudos sobre os mecanismos do eixo nutricional-neural-microbiota e relatos de desfechos em pacientes que usaram doadores não ideais para FMT.

A infecção por Clostridium difficile (CDI) é caracterizada por uma alta taxa de recorrência após o tratamento. O transplante microbiano fecal (FMT) é uma abordagem promissora para CDI recorrente que está sendo cada vez mais usada clinicamente, embora os dados permaneçam limitados em todo o espectro de possíveis efeitos adversos. Relatamos um caso de ganho de peso significativo em uma mulher após FMT de um doador de fezes com excesso de peso.

RELATO DE CASO

Uma mulher de 32 anos com CDI recorrente foi submetida à FMT em nosso centro. Ela havia se apresentado inicialmente vários meses antes com uma história de diarreia e dor abdominal de 2 a 3 semanas após tratamento com antibióticos para vaginose bacteriana e exposição a um membro da família que tinha CDI.  Ela foi tratada empiricamente para CDI por seu médico de cuidados primários com um curso de 10 dias de metronidazol oral com melhora apenas parcial. A diarreia e a dor abdominal aumentaram após a conclusão do tratamento com metronidazol, e as fezes deram resultado positivo para reação em cadeia da polimerase da toxina do Clostridium difficile (PCR).  Ela foi tratada com um curso de vancomicina oral de 14 dias. Os testes feitos na mesma época mostraram infecção por Helicobacter pylori (antígeno fecal positivo). A náusea e a dor abdominal persistiram após o tratamento do CDI, então o H. pylori foi tratado com um curso de terapia tripla (amoxicilina, claritromicina e inibidor da bomba de prótons). Sua dor abdominal e diarreia aumentaram novamente algumas semanas depois, e suas fezes testaram positivo para PCR para toxina C. difficile. Ela foi tratada com um curso de redução gradual de 12 semanas de vancomicina oral com melhora, mas os sintomas de diarreia retornaram novamente dentro de 2 semanas após a conclusão do curso, e ela foi prescrita um curso de rifaximina com Saccharomyces boulardii. Nessa época, ela foi submetida a esofagogastroduodenoscopia, que mostrou persistência da infecção por H. pylori. Ela não tinha histórico médico significativo e sempre teve peso normal. A revisão dos sistemas deu positivo para diarreia e havia frustração com os sintomas de diarreia em curso. Seu peso antes da FMT era estável em 62 kg (índice de massa corporal de [IMC] 26). O exame físico era normal.

Após extensa discussão, a paciente optou por se submeter ao transplante fecal. A pedido da paciente, sua filha de 16 anos foi escolhida como doadora de fezes. Na época do FMT, o peso da filha era de ∼64 kg (IMC de 26,4), mas aumentou posteriormente para 77 kg.  Sua filha não tinha outros problemas de saúde e a triagem para vírus da imunodeficiência humana 1 e 2, sífilis e hepatite viral A, B e C, C. difficile, Giardia lamblia e cultura de fezes de rotina para patógenos entéricos foram negativos. A paciente foi retratada para H. pylori com terapia quádrupla (metronidazol, tetraciclina, bismuto e inibidor da bomba de prótons), e o FMT foi realizado 2 semanas depois por colonoscopia.  Um total de 600 cc da suspensão de fezes de doador em água estéril foi infundido através do colonoscópio começando no íleo terminal. O cólon e o íleo terminal pareciam normais no momento do procedimento. Ela melhorou e não sofreu nova recorrência de CDI após FMT.

A paciente apresentou-se novamente 16 meses após a FMT e relatou um ganho de peso não intencional de 15 kg.

Ela pesava 77 quilos e havia se tornado obesa (IMC de 33). Ela não perdeu peso durante os meses em que estava sendo tratada para CDI.  Ela não conseguira perder peso, apesar de uma dieta de proteína líquida supervisionada por um médico e de um programa de exercícios. O cortisol sérico e o painel da tireoide estavam normais. Ela continuou a ganhar peso, apesar dos esforços para fazer dieta e exercícios, e aos 36 meses pós-FMT seu peso era de 80 kg (IMC de 34,5). Ela também desenvolveu prisão de ventre e sintomas dispépticos inexplicáveis.

DISCUSSÃO

Nossa paciente relatou ganho de peso rápido não intencional após FMT.  Existem várias contribuições possíveis para o ganho de peso, incluindo a resolução do CDI (com aumento subsequente do apetite) e o tratamento concomitante de H. pylori.  

Existe uma associação conhecida entre o tratamento do H. pylori e o ganho de peso, especialmente em crianças, provavelmente devido à restauração dos níveis de grelina após a erradicação da bactéria.

No entanto, é notável que ela nunca foi obesa antes da FMT, e que o doador de fezes também experimentou um ganho de peso significativo, levantando a possibilidade de que a obesidade fosse, pelo menos em parte, uma consequência da FMT.

A hipótese do FMT desencadear ou contribuir para a obesidade é apoiada por modelos animais que demonstram que uma microbiota obesa pode ser transmitida.

Uma limitação importante em nosso caso é que o sequenciamento do microbioma comparando o paciente e o doador não é conhecido.

Com a ocorrência de ganho de peso após FMT, neste caso, agora é nossa política usar doadores não obesos para FMT. As consequências adversas do uso de doadores não ideais para FMT são importantes, porque os pacientes podem preferir usar um membro da família em vez de um doador de fezes não relacionado ou desconhecido devido à percepção de que essas fontes são mais seguras.  No entanto, estudos demonstraram que a FMT usando um inóculo congelado de doadores não aparentados é eficaz no tratamento de CDI recidivante.

Além disso, a maioria dos doadores de fezes “profissionais” para FMT são selecionados com base em boa saúde, incluindo um IMC normal.

Este caso serve como uma nota de cautela ao considerar o uso de doadores não ideais para FMT, e recomendamos selecionar doadores sem excesso de peso para FMT.

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sábado, 4 de dezembro de 2021

Eliminando o “Gancho” da Fome

Manter um peso corporal saudável é importante para a saúde geral e pode prevenir ou reduzir o risco de doenças cardíacas, diabetes e até câncer.  

Embora existam sistemas neurais para garantir a ingestão adequada de alimentos e evitar comer demais, o agravamento da crise de obesidade destaca os desafios de manter esse equilíbrio.

Para muitas pessoas, o delicado equilíbrio necessário para manter um peso corporal adaptável é superado por alimentos saborosos e ambientes que promovem a alimentação em excesso.

Infelizmente, nenhuma estratégia única resulta de forma confiável na perda de peso sustentada.

Embora exercícios físicos, mudanças na dieta e medicamentos anti-obesidade possam alterar o peso corporal, os melhores resultados para a perda de peso geralmente ocorrem no nexo dessas abordagens.

Mas fazer dieta é um desafio, principalmente porque os sinais fisiológicos de fome são enviados sempre que o estômago está vazio, independentemente da massa corporal.

Felizmente, os estudos começaram a delinear a maneira pela qual os sinais de fome mudam as características fisiológicas, a motivação e o humor.  

Um desses estudos, em camundongos, foi recentemente relatado por Berrios et al.

À medida que o estômago se esvazia, os sinais hormonais são liberados do intestino e uma “rede de fome” no cérebro é ativada.

Um conjunto-chave de neurônios nessa rede - neurônios do núcleo arqueado do hipotálamo que expressa a proteína relacionada agouti (AgRP) - torna-se ativo.

Esses neurônios são elementos críticos na resposta à fome. Sua atividade é necessária para a ingestão de alimentos, e transmitem um sinal de ensino de valência negativa que impulsiona a busca de alimentos.

Em outras palavras, eles deixam as pessoas “hangry” (com fome), o que é uma sensação desagradável de fome associada à necessidade de obter alimentos. 

Esses neurônios são ativos por períodos mais longos em pessoas que seguem dietas com restrição calórica.  

Para perder peso, a pessoa precisa “nadar contra a corrente” contra as correntes da neurobiologia, o que é consistente com a alta taxa de fracasso dos esforços para perder peso.

Berrios et al. identificaram neurônios no hipotálamo dorsomedial que reduzem seletivamente os aspectos desagradáveis ​​e aversivos da fome (Figura 1).

Como os cães de Pavlov, esses neurônios são ativados por pistas sensoriais que predizem os nutrientes. Uma vez ativados, os neurônios inibem rapidamente a atividade neuronal AgRP e aliviam os aspectos aversivos da fome. Mas como os neurônios nas profundezas do hipotálamo são ativados pela visão e pelo cheiro dos alimentos? Com a utilização de técnicas anatômicas e fisiológicas, Berrios et al.  descobriram que a principal fonte de estímulo excitatório vem do hipotálamo lateral. O monitoramento da atividade da população de neurônios hipotalâmicos laterais a montante revelou que essa área também é ativada imediata e temporariamente pela visão e pelo cheiro dos alimentos.

Cada população de neurônios ao longo deste eixo hipotalâmico de detecção de alimentos "aprende" a contingência entre pistas sensoriais arbitrárias e ingestão de nutrientes, muitas vezes com pouco treinamento.

Berrios et al. realizaram experimentos de perda de função em camundongos para investigar melhor o circuito hipotálamo lateral-hipotálamo dorsomedial-AgRP. 

A atividade nos neurônios hipotalâmicos laterais é necessária para ativar os neurônios hipotalâmicos dorsomediais, que por sua vez inibem os neurônios AgRP.

O bloqueio da transmissão sináptica em qualquer estágio impediu a propagação do sinal do sinal alimentar através do hipotálamo.

Como a rápida transmissão de informações sobre dicas alimentares influenciou o comportamento?  

Notavelmente, os animais famintos escolherão passar um tempo em locais onde recebem a ativação desses neurônios hipotalâmicos laterais, o que sugere que, quando esses neurônios são ativados, eles rapidamente desligam os aspectos desagradáveis ​​da fome. Esta experiência pode ser semelhante ao alívio de ver um garçom emergir da cozinha com uma bandeja cheia de comida após uma longa espera em um restaurante movimentado, e eu suponho que o circuito hipotálamo lateral-hipotálamo dorsomedial-AgRP codifica essa sensação de alívio em  humanos. Curiosamente, a ativação desse circuito em camundongos ocorreu rapidamente, antes de consumirem alimentos, e mudanças rápidas na atividade neuronal são frequentemente necessárias para o aprendizado, incluindo o aprendizado sobre a comida. A implicação é que os ratos aprendem tarefas de aquisição de comida porque as quedas rápidas na atividade neuronal AgRP aversiva servem como um sinal de ensino que aumenta a saliência dessas pistas.

Essas descobertas poderiam ser utilizadas para tratar a obesidade?  

Berrios et al. pavimentaram um caminho para mapear esse circuito neural relevante, mas questões difíceis permanecem. Será importante descobrir como as pistas sensoriais, como a visão e o cheiro dos alimentos, ativam o hipotálamo lateral.  Por meio de análise sistemática, as respostas neuronais observadas no hipotálamo podem e devem ser mapeadas de volta aos órgãos sensoriais. Este mapa revelará a maneira pela qual as informações dos órgãos sensoriais são rapidamente retransmitidas para os neurônios hipotalâmicos nas profundezas do cérebro que influenciam nossos níveis de fome e emoções. Além disso, compreender a maneira como esses circuitos são integrados às redes de saciedade canônica que se originam no cérebro posterior poderia potencialmente revelar sobreposição entre os sistemas que detectam a visão e o cheiro dos alimentos e os sistemas que detectam nutrientes (que informam a saciedade). Então, talvez, possamos tentar manipular essas vias com terapias farmacológicas ou comportamentais que reconfigurariam nossa resposta aos alimentos e aos estímulos alimentares de modo a reduzir o estado de fome desagradável e aversivo que motiva a busca por alimentos. A manipulação dessas vias pode nos ajudar a reaprender nossa resposta aos estímulos alimentares que nos levam a comer demais ou a evitar comer alimentos não saudáveis ​​durante a dieta? O estudo de Berrios et al.  sugere que reconectar nossa resposta aos alimentos não é impossível.

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