quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Nova pesquisa revela que exposição ao bisfenol A é gravemente subestimada

Americanos estão expostos a quantidade oito vezes superior que a permitida por lei; químico presente no plástico e em latas é associado a câncer e diabetes infantil

Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) afirma que a ingestão diária de até 50 microgramas de bisfenol A (BPA) por peso corporal não traza problemas para a saúde. Mas uma nova pesquisa publicada no jornal científico Environmental Health Perspectives sugere que diariamente estamos expostos a uma quantidade no mínimo oito vezes superior. “Os números encontrados na pesquisa são assustadores porque indicam que as agências reguladoras subestimaram substancialmente o nível atual de exposição humana”, afirma o estudo. A pesquisa também confirma que o BPA é processado de maneira similar por ratos, macacos e humanos, o que torna possível extrapolar estudos feitos com animais para humanos.

Embora o bisfenol A venha sendo bastante pesquisado nas últimas décadas ainda é considerado um assunto polêmico entre cientistas e políticos. A senadora democrata Dianne Feistein está preparando uma emenda proibindo o químico em embalagens alimentares infantis para o “Ato de Modernização na Segurança Alimentar”, que está no Senado a espera de aprovação. Republicanos e representantes da indústria plástica e alimentar se opõem à emenda. Afirmam que as pesquisas ainda não são conclusivas.

O bisfenol A é um composto químico e seu uso foi associado a uma maior incidência de problemas cardíacos, diabetes, anormalidades no fígado e também problemas cerebrais e no desenvolvimento hormonal em crianças e recém-nascidos. Alguns estudos também provam que o bisfenol é responsável pelo crescimento de células cancerígenas, diminuição de esperma e micropenia.

Atualmente, o bisfenol A é proibido em quatro países: França, Canadá, Costa Rica e Dinamarca. Nos Estados Unidos, pelo menos sete estados também já proibiram a fabricação de mamadeiras com o policarbonato. No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), todas as determinações de produtos devem ser adotadas pelo Mercosul e, portanto, precisam ser aceitas dentro do bloco econômico antes de serem incorporadas na legislação de cada país.

Hormônios são essenciais durante o desenvolvimento de fetos e bebês e podem determinar entre outras coisas o sexo do bebê. Como o BPA imita o funcionamento do estrogênio, ele é um interferente endócrino. De acordo com Thomas Zoeller, professor de biologia na Universidade de Massachusetts, o bisfenol A não se limita a interagir com um receptor. “Ele tem a habilidade de se ligar a três receptores, o estrogênio, o hormônio masculino e receptores de hormônios da tireoide”, disse Zoeller.

Método – Alguns cientistas não têm certeza se a habilidade do BPA de se ligar a receptores pode mesmo acarretar danos à saúde. Todos concordam, porém, que o BPA é parecido com o estrogênio e de fato, foi primeiro sintetizado com o objetivo de ser utilizado com um substituto do estrogênio antes de ser usado como revestimento interno de latas e em plásticos de policarbonato.

Dentro da esfera científica, a controvérsia é a seguinte: Será que o fígado processa o químico e o expele quase completamente pela urina ou será que o BPA entra para a corrente sanguínea onde pode agir como hormônio?

De acordo com Zoeller para responder essa pergunta seria necessário realizar uma pesquisa onde humanos recebessem uma dose de BPA conhecida e tivessem seu sangue analisado, mas um experimento assim levantaria questões éticas. O único estudo com humanos foi feito em 2002 pelo pesquisador alemão Wolfgang Völkel, da Universidade de Würzburg.

Segundo Völkel, o fígado remove mais de 99% do BPA da corrente sanguínea e humanos o excretam dentro de seis horas. Ele registrou a presença de BPA no sangue depois das seis horas em alguns voluntários, mas considerou a quantidade insignificante.

Esse é um dos pontos da controvérsia. Alguns pesquisadores dizem que o método que Völkel usou para medir o BPA no sangue não era sensível o suficiente e que ele superestimou a habilidade do químico passar por nosso sistema sem causar danos.

O novo estudo, liderado por Julia Taylor, uma bióloga da Universidade de Missouri, utiliza um tipo de teste mais sensível. Ela alimentou os ratos e macacos com uma quantidade fixa de BPA por dia. E então analisou o sangue dos animais e achou quantidades “biologicamente ativas”do BPA.

O estudo sugere que o bisfenol A não é completamente removido pelo fígado e que circula no sangue em quantidades que são preocupantes, diz Taylor. “Foi a primeira vez que se comparou em um estudo ratos e macacos e macacos e humanos”, disse Taylor. “Para nós cientistas, pelo menos no senso acadêmico, o resultado da pesquisa é uma confirmação do que já pensávamos.” O estudo também possibilita extrapolar os resultados de ratos e macacos para humanos, já que todos processam o bisfenol A de maneira similar.

O estudo sugere que nem todas as formas de exposição ao bisfenol A são conhecidas. “Os dados provam que é preciso reconsiderar hipóteses anteriores sobre o BPA, como por exemplo que o químico é rapidamente excretado do corpo e a diferença do metabolismo entre espécies,” disse Linda Birnbaum, diretora do Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental. “O artigo destaca a necessidade de compreender melhor todas as possíveis fontes de exposição humana.”

O que fazer?

Mas e os consumidores que continuam se preocupando com sua própria exposição diária a esse polêmico químico? Como podem reduzir a exposição? O Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental recomenda os seguintes passos:

• Utilizar mamadeiras sem bisfenol A (BPA free);
• Não aquecer no microondas embalagens que sejam feitas com plástico de policarbonato;
• Reduzir o consumo de enlatados;
• Utilizar recipientes para guardar e armazenar alimentos feitos de vidro, porcelana ou aço inox sempre que possível, especialmente para alimentos ainda quentes;
• Evitar comprar produtos de plástico feitos com BPA.


FONTE: http://www.funverde.org.br/blog/archives/7867

domingo, 21 de novembro de 2010

TEDxSP 2009 - Paulo Saldiva: Exclusão e racismo ambiental

Instituto Saúde e Sustentabilidade


Excelente vídeo elaborado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade. Vale a pena assistir.
O que o vídeo relata não acontece apenas em São Paulo, mas sim em todas as cidades em que seus governantes não possuem uma visão ecossustentável e acreditam que o correto é o "Progresso" a qualquer custo !
No site do Instituto está disponível um Sumário de evidências criado num Workshop que aconteceu ano passado na USP. O sumário intitulado: Sumário de evidências: Saúde, sustentabilidade e cidadania - um observatório de caso urbano tendo como cénário a região metropolitana de São Paulo está disponível no seguinte link e vale a pena ser lido.
Os exemplos utilizados valem para todas as cidades que enfrentam diversos problemas relacionados à alterações ambientais e que geram impacto em todo ecossistema. Isso inclui impacto na saúde humana com perda de qualidade de vida, diversas doenças relacionadas às múltiplas poluições (água, solo, atmosférica, sonora, eletromagnética), rombos nos cofres públicos (internação hospitalar, medicações)...
É como o Dr. Paulo Saldiva disse em uma entrevista: os nossos governantes deveriam receber Formação para gerir cidades, pensando sempre em impactos ambientais a curto, médio e longo prazo.
Acredito que deveriam utilizar a cabecinha e perceber que gastos inteligentes no presente podem evitar rombos futuros. Porém, infelizmente não é assim que a banda toca. Tem palhaço querendo descobri o que faz um deputado federal...
Para conhecer mais sobre o trabalho do Instituto Saúde e Sustentabilidade visite o site: http://www.saudeesustentabilidade.org.br/

Novo livro de Ecologia médica: “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”, do médico patologista Paulo Saldiva.


No Brasil, 80% da população reside em áreas urbanas, mas será que fazemos ideia dos problemas que a falta de cuidados com o meio ambiente nas metrópoles pode causar para a nossa saúde física e mental? Alertar para os possíveis malefícios da vida na cidade é a intenção do livro “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”, do médico patologista Paulo Saldiva.

Na obra, que está sendo lançada pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade, o autor pretende mostrar como os problemas de mobilidade, a constante exposição à poluição do ar, a contaminação das águas, a grande quantidade de ruídos, a falta de saneamento, as inundações e as ilhas de calor, entre outros malefícios da vida moderna, afetam a nossa saúde.

A intenção do livro não é causar pânico nas pessoas, mas sim alertar para o fato de que, habituados à vida na cidade, nos acostumamos com uma porção de problemas que, pouco a pouco, destroem nossa saúde. A partir da leitura da obra, o autor espera despertar nas pessoas a consciência a respeito da importância de darmos mais atenção a ecologia urbana.

Para ser produzido, o livro contou com a contribuição de pesquisadores e estudiosos de renome na área de saúde ambiental, como o ex-diretor da Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, Alfred Szwarc. O lançamento da obra acontecerá em São Paulo, no dia 23 de novembro. Na ocasião, além de sessão de autógrafos, o autor ministrará a palestra “O homem e a questão ambiental: vilão ou vítima?”, que fala de um dos temas do livro. Os interessados em participar não precisam fazer inscrição prévia e, após o lançamento, o livro estará disponível para compra no site do Instituto Saúde e Sustentabilidade.

Lançamento e palestra do livro “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”
Data: 23 de novembro
Horário: a partir das 19h
Local: Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos
Endereço: Av. das Nações Unidas, nº 4777, Pinheiros – São Paulo/SP

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O consumo de grãos integrais está inversamente relacionado a gordura visceral

Estudos observacionais têm ligado o maior consumo de grãos integrais à diminuição da adiposidade abdominal, no entanto, a associação entre consumo de grãos integrais e refinados e a gordura nos compartimentos de corporal ainda não foi relatada. Diferentes aspectos da dieta podem ser diferencialmente relacionados com a distribuição de gordura corporal.

Pesquisadores da Harvard Medical School avaliaram a associação entre o consumo de grãos integrais e refinados e o tecido adiposo abdominal subcutâneo (TAS) e tecido adiposo visceral (TAV). A ingestão de grãos integrais foi inversamente associada com a TAS (P <0,001) e TAV (P <0,001), após ajuste para idade, sexo, tabagismo e consumo total de energia e álcool. Em contraste, a ingestão de grãos refinados foi positivamente associada com a TAS (P = 0,01) e TAV (P <0,001).

Os dados mostraram que o aumento do consumo de grãos integrais está associado com redução do TAV nos adultos, enquanto o consumo mais elevado de grãos refinados está associado a maior TAV.

A pesquisa foi publicada na revista The American Journal of Clinical Nutrition.

Fonte: The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 92, Number 5, 2010, Pages 1165-1171

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Harvard diz que Bisfenol-A (BPA) também compromete a formação de cromossomos

De acordo com pesquisa da Escola de Medicina de Harvard, publicada esta semana, o bisfenol A (BPA) causa a infertilidade em vermes podendo matar embriões e danificar cromossomos.

Os testes foram realizados com o verme C. elegans, muito utilizado por pesquisadores por ter sua biologia muito similar à dos seres humanos.

Geneticistas da Escola revelaram que em vermes expostos ao BPA, alguns processos de reparação do DNA foram prejudicados nas células que são essências na formação de esperma e ovos. Reportagem de Fabiana Dupont e Fernanda Medeiros, do sítio O Tao do Consumo.

A exposição ao químico também danificou a integridade de cromossomos e causou a morte de células. Cromossomos do grupo de controle permaneceram normais, já os cromossomos no grupo exposto ao BPA se apresentaram frágeis e fragmentados. A consequência foi a morte de embriões e vermes menos férteis na pesquisa publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

“Demonstramos que a exposição de vermes ao BPA em concentrações internas correspondentes a modelos em mamíferos, causa um aumento de infertilidade e morte embrionária,” escreveram os autores. “Os resultados mostraram que o mecanismo dos efeitos do bisfenol A nos vermes tem o potencial de ser paralelo na reprodução humana,” de acordo com observações que acompanham a publicação do estudo.

A conclusão da pesquisa com certeza esquentará ainda mais o debate sobre a segurança do BPA. O bisfenol A é um químico usado na fabricação de plásticos e como revestimento interno de latas. O problema de sua utilização em embalagens alimentares é que suas moléculas não são estáveis e migram da embalagem para os alimentos.

BPA: uma “substância tóxica”
Pesquisas já associaram o BPA a doenças cardíacas, diabetes, infertilidade, obesidade, puberdade precoce e câncer em humanos. Gestantes e crianças pequenas são o grupo mais afetado. O bisfenol A passa da placenta para o feto e sua presença em bebês e crianças pode comprometer seriamente o sistema reprodutivo já que eles não metabolizam a substância da mesma maneira que adultos.

A preocupação é grande já que o químico foi estimado estar presente em mais de 90% da população dos Estados Unidos e do Canadá.

No mês passado o bisfenol A foi incluído na lista de substâncias tóxicas no Canadá. Ele já foi proibido em mamadeiras e copos infantis na França, Canadá, Dinamarca e Costa Rica além de 7 estados americanos. As proibições foram baseadas no princípio de precaução que pede que quando pesquisas sugerem que uma substância é prejudicial à saúde, sua utilização seja suspensa até prova ao contrário.

A Organização Mundial da Saúde publicou ontem relatório com o resultado da reunião de especialistas sobre o BPA que aconteceu na semana passada no Canadá e afirmou que a maior fonte de exposição ao bisfenol A vem de alimentos, já que ele migra de embalagens para o conteúdo interno.
Fontes:
CBC News
Organização Mundial da Saúde
LA Times
Proceedings of the National Academy of Sciences

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2010/11/16/harvard-diz-que-bisfenol-abpa-tambem-compromete-a-formacao-de-cromossomos/

domingo, 14 de novembro de 2010

Aditivos alimentares e seus possíveis efeitos


Pro teste realiza pesquisa com 24 refrigerantes e o resultado: 7 deles têm Benzeno

Em uma pesquisa com 24 refrigerantes, a Pro Teste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – verificou que 7 têm benzeno, substância potencialmente cancerígena:
1) Sukita Zero
2) Fanta Laranja Light
3) Fanta Laranja,
4) Sprite Zero,
5) Sukita,
6) Dolly Guaraná,
7) Dolly Guaraná Diet

O benzeno surge da reação do ácido benzoico com a vitamina C. Como não há regra para a quantidade do composto em refrigerantes, usou-se o limite para água potável: 5 microgramas por litro.

Os casos mais preocupantes foram o da Sukita Zero, que tinha 20 microgramas, e o da Fanta Light, com 7,5 microgramas. Os outros cinco produtos estavam abaixo desse limite (Dolly Guaraná, Dolly Guaraná Diet, Fanta Laranja, Sprite Zero e Sukita)

Fernanda Ribeiro, técnica da Pro Teste, diz que é difícil estudar a relação direta entre o benzeno e o câncer em humanos, mas que já se sabe que a substância tem alto potencial carcinogênico e que, se consumida regularmente, pode favorecer tumores. “Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), não há limite seguro para ingestão dessa substância”, diz. Matéria de Flávia Mantovani, da Folha de S. Paulo, em 05/05/2009

A química Arline Abel Arcuri, pesquisadora da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) e integrante da Comissão Nacional Permanente do Benzeno, diz que o composto vem sendo relacionado especialmente a leucemias e, mais recentemente, também ao linfoma.

O fato de entrar em contato com o benzeno não significa necessariamente que a pessoa vá ter câncer –há organismos mais e menos suscetíveis. “Mas não somos um tubo de ensaio para saber se resistimos ou não, e não há limites seguros de tolerância. O ideal, então, é não consumir”, diz Arcuri.

O benzeno está presente no ambiente, decorrente principalmente da fumaça do cigarro e da queima de combustível. Na indústria, é matéria-prima de produtos como detergente, borracha sintética e náilon.

Nesse caso, não contamina o consumidor por se transformar em outros compostos. A principal preocupação é proteger o trabalhador da indústria.

O efeito do benzeno é lento, mas, quanto maior o tempo de exposição e a quantidade do composto, maior a probabilidade de desenvolver o tumor.

Adoçantes e corantes

A pesquisa da Pro Teste encontrou, ainda, adoçantes na versão tradicional do Grapette, não informados no rótulo. O problema é maior no caso de crianças, que devem ingerir menos adoçantes.

Foram reprovados outros seis produtos [Fanta Laranja, Fanta Laranja Light, Grapette, Grapette Diet, Sukita e Sukita Zero] que tinham os corantes amarelo crepúsculo –que, segundo estudos, favorece a hiperatividade infantil– e amarelo tartrazina –com alto potencial alergênico. “O amarelo crepúsculo já foi proibido na Europa. E muitas crianças têm alergia a alguns alimentos e, depois, descobre-se que o problema é o amarelo tartrazina”, diz Ribeiro.

Os corantes são aprovados no Brasil, mas, para a Pro Teste, as empresas deveriam substituí-los por outros que não sejam problemáticos, assim como no caso do ácido benzoico. “É um problema fácil de ser resolvido”, diz Ribeiro.

Outro lado

A Coca-Cola, responsável pela Fanta, afirmou, em nota, que cumpre a lei e que os corantes de bebidas são descritos no rótulo. Afirma, ainda, que o benzeno está presente em alimentos e bebidas em níveis muito baixos.

A AmBev, que fabrica a Sukita, informou que trabalha “sob os mais rígidos padrões de qualidade e em total atendimento à legislação brasileira”.

Cláudio Rodrigues, gerente-geral da Refrigerantes Pakera, que fabrica o Grapette, diz que a bebida tradicional pode ter sido contaminada por adoçantes porque as duas versões são feitas na mesma máquina. “Os tanques são lavados, mas pode ter ficado resíduo de adoçante no lote testado.”

Comentário de Carol Salsa

Especulamos mais sobre o assunto e, verificamos que o benzeno vem sendo investigado há mais tempo. Em 01 de abril de 2006, um artigo intitulado “ Refrigerantes são tirados das prateleiras”, escrito por Valerie Elliot, da Times online veiculado na web através da página http://www.nossofuturoroubado.com.br/old/0606te%20refri.htm com tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, em maio de 2006, discute a ação do benzeno em refrigerantes no Reino Unido.

Outro artigo , de 04/06/2007 , indica o link http://www.ksd.uscounts.gov/opinions/062163KHV-78.pdf para a leitura na íntegra da decisão da juíza Kathryn H. Vratil da Justiça Federal de Kansas em relação ao assunto.

No Brasil, onde estão as autoridades de segurança alimentar para endossarem ou não as argumentações das técnicas da Pro Teste ?

Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2009/05/15/pesquisa-revela-que-sete-refrigerantes-tem-tem-benzeno-substancia-potencialmente-cancerigena/

Para ler mais sobre Testes do Pro Teste: http://www.proteste.org.br/

Para ler mais sobre corantes: http://www.ecologiamedica.net/2010/11/aditivos-alimentares.html

sábado, 13 de novembro de 2010

Pesquisa relaciona aumento do risco de obesidade à contaminação pelo agrotóxico atrazina

Um novo estudo [Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance], publicado na PLos One, mostra que ratos submetidos à exposição prolongada ao agrotóxico atrazina tiveram sobrepeso quando alimentados com dieta normal e obesidade quando alimentados com dietas de alto teor de gordura. Estas condições de saúde podem levar à diabetes e podem ser responsáveis por danos às estruturas críticas nas células responsáveis pela elaboração de energia.


Os resultados sugerem um novo mecanismo para explicar resultados de estudos anteriores que encontraram uma associação entre as áreas dos Estados Unidos com pesada aplicação de atrazina e a alta prevalência de obesidade.
Para os primeiros meses de estudo os ratos expostos à atrazina e alimentados com dieta normal pesaram o mesmo. No entanto, ao final do estudo, os ratos alimentados com a dieta normal, expostos à água potável com resíduos de atrazina, ficaram 5% mais pesados do que os ratos não expostos ao agrotóxico. Os ratos expostos à atrazina, que foram alimentados com a dieta com alto teor de gordura ficaram 10% mais pesados do que os que não foram expostos mas que foram alimentados com a mesma dieta com alto teor de gordura.

Não foram observadas diferenças no consumo alimentar e no nível de atividade entre os grupos de ratos.

A gordura visceral, ou a gordura que envolve os órgãos do corpo, bem como a gordura dentro dos próprios órgãos, foi a razão para o excesso de peso.

Os ratos expostos à atrazina foram mais resistentes à insulina e os níveis de glicose e insulina em ambos foram significativamente maiores do que nos ratos não expostos à atrazina.

Ensaios de atividade mitocondrial mostrou que a atrazina atuou diretamente , prejudicando o funcionamento das mitocôndrias.

O excesso de gordura em seres humanos é atualmente uma ‘epidemia’ nos Estados Unidos e está associada a doenças cardiovasculares, diabetes e uma série de outros problemas.

Embora as concentrações de atrazina utilizadas neste estudo fossem inferiores aos limites tolerados na água potável (3 microgramas por litro), a dose de baixa concentração utilizada neste estudo foi de mais de 10 mil vezes menor do que a dose necessária para causar efeitos reprodutivos, de acordo com outros estudos em ratos e está no intervalo das doses requeridas para aumentar o risco de câncer em células humanas (Wetzel et al. 1994; Sanderson et al., 2000).


Outras fontes de consulta:

Hayes TB, A Collins, M Lee, M Mendoza, N Noriega, AA Stuart and A Vonk 2002. Hermaphroditic, demasculinized frogs after exposure to the herbicide atrazine at low ecologically relevant doses. Proceedings of the National Academy of Sciences 99:5476-5480.

National Tap Water Database. Environmental Working Group.

Petersen KF, D Befroy, S Dufour, J Dziura, C Ariyan, DL Rothman, L DiPietro, GW Cline and GI Shulman 2003. Mitochondrial dysfunction in the elderly: possible role in insulin resistance. Science 300:1140-1142.

Sanderson JT, W Seinen, JP Giesy and M van den Berg 2000. 2-chloro-s-triazine herbicides induce aromatase (CYP19) activity in H295R human adrenocortical carcinoma cells: A novel mechanism for estrogenicity? Toxicological Sciences 54:121-127.

Wetzel LT, LG Luempert, CB Breckenridge, MO Tisdel, JT Stevens, AK Thaker, PJ Extrom and JC Eldridge 1994. Chronic effects of atrazine on estrus and mammary-tumor formation in female Sprague-Dawley and Fischer-344 rats. Journal of Toxicology and Environmental Health 43:169-182.

O artigo “Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance“, publicado na PLos One, está disponível para acesso integral no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.

Para maiores informações transcrevemos, abaixo, o abstract:

Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance

Soo Lim1, Sun Young Ahn4, In Chan Song2, Myung Hee Chung3, Hak Chul Jang1, Kyong Soo Park1, Ki-Up Lee5, Youngmi Kim Pak4*, Hong Kyu Lee1*

1 Department of Internal Medicine, Seoul National University College of Medicine, Seoul, Korea, 2 Department of Radiology, Seoul National University College of Medicine, Seoul, Korea, 3 Department of Pharmacology, Seoul National University College of Medicine, Seoul, Korea, 4 Age-Related and Brain Diseases Research Center, Department of Nanopharmaceutical and Life Sciences, Department of Physiology, Kyung Hee University College of Medicine, Seoul, Korea, 5 Department of Internal Medicine, University of Ulsan College of Medicine, Seoul, Korea

Abstract

There is an apparent overlap between areas in the USA where the herbicide, atrazine (ATZ), is heavily used and obesity-prevalence maps of people with a BMI over 30. Given that herbicides act on photosystem II of the thylakoid membrane of chloroplasts, which have a functional structure similar to mitochondria, we investigated whether chronic exposure to low concentrations of ATZ might cause obesity or insulin resistance by damaging mitochondrial function. Sprague-Dawley rats (n = 48) were treated for 5 months with low concentrations (30 or 300 µg kg?1 day?1) of ATZ provided in drinking water. One group of animals was fed a regular diet for the entire period, and another group of animals was fed a high-fat diet (40% fat) for 2 months after 3 months of regular diet. Various parameters of insulin resistance were measured. Morphology and functional activities of mitochondria were evaluated in tissues of ATZ-exposed animals and in isolated mitochondria. Chronic administration of ATZ decreased basal metabolic rate, and increased body weight, intra-abdominal fat and insulin resistance without changing food intake or physical activity level. A high-fat diet further exacerbated insulin resistance and obesity. Mitochondria in skeletal muscle and liver of ATZ-treated rats were swollen with disrupted cristae. ATZ blocked the activities of oxidative phosphorylation complexes I and III, resulting in decreased oxygen consumption. It also suppressed the insulin-mediated phosphorylation of Akt. These results suggest that long-term exposure to the herbicide ATZ might contribute to the development of insulin resistance and obesity, particularly where a high-fat diet is prevalent.

Citation: Lim S, Ahn SY, Song IC, Chung MH, Jang HC, et al. (2009) Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance. PLoS ONE 4(4): e5186. doi:10.1371/journal.pone.0005186

Editor: German Malaga, Universidad Peruana Cayetano Heredia, Peru

Received: February 10, 2009; Accepted: February 19, 2009; Published: April 13, 2009

Copyright: © 2009 Lim et al. This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original author and source are credited.



Funding: This work is supported by the IT R&D program of MIC/IITA [2006-S075-01 to HK Lee, Development of an early diagnostic system of metabolic syndrome based on nanosensor integrated network computing], a Korea Science and Engineering Foundation (KOSEF) grant (M10642140004-06N4214-00410 to YK Pak) and a grant from the 21C Frontier Functional Proteomics Project (FPR08A1-070 to YK Pak) from the Ministry of Education, Science & Technology, Korea. The funders had no role in study design, data collection and analysis, decision to publish, or preparation of the manuscript.

Competing interests: The authors have declared that no competing interests exist.

* E-mail: ykpak{at}khu.ac.kr (YKP); hkleemd{at}snu.ac.kr (HKL)

FONTE:  http://www.ecodebate.com.br/2009/05/30/pesquisa-relaciona-aumento-do-risco-de-obesidade-a-contaminacao-pelo-agrotoxico-atrazina/

Pesquisadores associam lúpus e artrite reumatoide à exposição a inseticidas, por Henrique Cortez

Um estudo [Farm History, Insecticide Use and Risk of Autoimmune Rheumatic Disease in the Women's Health Initiative Observational Study] recente mostra que as mulheres que usam inseticidas possuem elevado risco de desenvolvimento de doenças auto-imunes, como artrite reumatoide e lúpus. Os resultados do estudo, ainda não publicado, foram apresentados, em 17 de outubro de 2009, durante a reunião anual do Colégio Americano de Reumatologia, realizada em Filadélfia, PA, EUA.

O estudo, que analisou mais de 75.000 mulheres, mostra que a exposição a inseticidas, pelo menos, seis vezes por ano, eleva em quase duas vezes e meia o risco de desenvolver artrite reumatoide e lúpus em relação às que não foram expostas aos inseticidas. O risco duplica se os inseticidas foram utilizados em casa por 20 anos ou mais.

Contratar um jardineiro ou sociedade comercial para aplicar inseticidas também resultou em uma duplicação do risco, mas apenas se eles foram usados a longo prazo, diz Christine G. Parks, PhD, epidemiologista do National Institute of Environmental Health Sciences em Research Triangle Park, NC, uma das principais pesquisadores que analisaram dados do Women’s Health Initiative (WHI) Observational Study*.

“Nossos novos resultados fornecem suporte para a idéia de que fatores ambientais podem aumentar a susceptibilidade ou desencadear o desenvolvimento de doenças auto-imunes em alguns indivíduos”, disse Parks. Embora o estudo não confirme a relação direta de causa e efeito, a Dra. Parks acrescentou: “Precisamos começar a pensar sobre o que os produtos químicos ou outros fatores relacionados ao uso de inseticidas pode mexplicar estes resultados.”

Das 76.861 mulheres na pós-menopausa, principalmente mulheres brancas, com idades entre 50 a 79, no estudo WHI, 178 delas tinham artrite reumatóide e 27 tinham lúpus. Um adicional de oito mulheres tinham ambos os transtornos.

Como parte do estudo, as mulheres foram consultadas sobre uma série de questões relacionadas à agricultura e uso de inseticidas. “O mais importante, as relações que observamos não foram explicadas por outros fatores que foram considerados, incluindo a história de fazenda, idade, raça, etnia, fatores socioeconômicos, como educação e ocupação, tabagismo e outros fatores de risco para a doença,” Dra. Parks diz.

“Os resultados são bastante consistentes porque eles mostram que quanto maior a exposição, maior o risco”, diz Darcy Majka, MD, professor assistente de medicina da Northwestern University Feinberg School of Medicine, outro pesquisador que analisou os dados da WHI .

Segundo a Dra. Parks, os estudos mostram que cerca de três quartos das famílias dos EUA relatam o uso de inseticidas em casa, nos jardim ou ambos. A exposição doméstica a inseticidas em casa pode ser bastante persistente, não só porque os produtos degradam lentamente como porque sua aplicação tende a ser continuada ao longo do tempo.

* O Women’s Health Initiative (WHI) foi um importante programa de 15 anos de pesquisa, instituído para avaliar e identificar as causas de morte mais comuns, a deficiência e má qualidade de vida em mulheres na pós-menopausa, com especial foco nas doenças cardiovasculares, câncer e osteoporose.

Para maiores informações transcrevemos, abaixo, o abstract da apresentação:

Farm History, Insecticide Use and Risk of Autoimmune Rheumatic Disease in the Women’s Health Initiative Observational Study
Christine G. Parks1, Brian T. Walitt2, Mary Pettinger3, Jiu-Chiuan Chen4, Anneclaire de Roos3, Julie Hunt3, Gloria Sarto5 and Barbara V. Howard6, 1National Institute of Environmental Health Science, Research Triangle Park, NC, 2Washington Hospital Center, Washington, DC, 3Fred Hutcinson Cancer Research Center, Seattle, WA, 4USC Keck School of Medicine, Los Angeles, 5University of Wisconsin Medical Center, Madison, 6Medstar Research Institute, Washington, DC
Presentation Number: 614

Purpose: Farming has been previously associated with the autoimmune rheumatic diseases (ARD), including rheumatoid arthritis (RA) and systemic lupus erythematosus (SLE). The exposure(s) underlying this association are not well-understood, and few studies have directly addressed the role of pesticides, including personal and residential insecticide use.

Method: Using data from the Women’s Health Initiative Observational Study (n=76,861, aged 50-79 years), we examined self-reported lifetime personal or commercial residential insecticide use and having lived or worked on a farm in relation to risk of incident ARD, confirmed by use of disease modifying anti-rheumatic drugs at year 3 of follow-up (n=213; 178 with RA only, 27 with SLE only, and 8 with both RA and SLE), and excluding unconfirmed cases. Hazard ratios (HR) and 95% confidence intervals (CI) were estimated by multivariate models adjusting for age and covariates, including race, region, education, occupation, history of smoking, asthma, other autoimmune diseases, co-morbidity, and reproductive factors.

Results: Compared with never use, personal insecticide use (mixing or applying) was associated with ARD risk, with stronger associations among those with a greater frequency (age-adjusted HR=2.47; 95%CI 1.51, 4.03 for ? 6 times per year) and duration of use (age-adjusted HR=2.07; 95% CI 1.31, 3.25 for ? 20 years). Increasing cumulative insecticide use (years X applications) also showed a significant trend of association (p=0.0004) with ARD risk, and these associations persisted after adjusting for farming and covariates. Having lived or worked on a farm was also associated with ARD risk (age-adjusted HR=1.97; 95% CI 1.14, 3.42 for ?20 years), but the effect size was diminished after adjusting for covariates and insecticide use. Despite the small number of SLE cases, disease-stratified analyses indicated similar associations as seen for RA. In those who had lived or worked on a farm, frequent commercial application to home or garden was also associated with ARD risk, even after adjusting for covariates and personal insecticide use (adjusted HR=2.73; 95%CI 1.1, 6.78 for ?6 times per year). Long-term commercial residential insecticide exposure was significantly associated with ARD risk regardless of farming history (age-adjusted HR=1.85; 95% CI 1.13, 3.04 for ?20 years).

Conclusion: Insecticide exposure may increase risk of ARD in post-menopausal women. These findings, based on self-report, provide rationale for further investigation of specific personal and environmental insecticide exposures in relation to ARD.

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2009/11/30/pesquisadores-associam-lupus-e-artrite-reumatoide-a-exposicao-a-inseticidas-por-henrique-cortez/

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O que é a nutrigenômica ?

Nutrigenômica e biodisponibilidade de nutrientes: Fundamentos da nutrigenômica

A nutrigenômica representa área-chave para a nutrição que surgiu no contexto do pós-genoma humano. Seu foco de investigação é a interação nutriente-gene que pode ocorrer de duas formas:
1) nutrientes podem influenciar no funcionamento do genoma
2) variações no genoma podem influenciar a resposta individual à alimentação.

Prevê-se que o principal impacto da nutrigenômica será a personalização, com base no genótipo, das recomendações nutricionais para promoção da saúde e redução do risco de doenças crômicas não-transmissíveis.

Essa disciplina científica recente baseia-se em um conjunto de princípios:
1) Dietas inadequadas, em determinados indivíduos e em determinadas situações, representam fatores de risco para doenças crônicas não-transmissíveis.
2) Nutrientes e compostos bioativos normalmente presentes nos alimentos alteram a expressão gênica e/ou estrutura do genoma.
3) A influência da dieta na saúde depende da estrutura genética do indivíduo.
4) Determinados genes e suas variantes comuns são regulados pela dieta e podem participar de doenças crônicas não-transmissíveis.
5) Intervenções dietéticas baseadas na necessidade e estado nutricional, bem como no genótipo, podem ser utilizadas para desenvolver uma nutrição personalizada que otimize a saúde e previna ou mitigue doenças crônicas não-transmissíveis.

De acordo com o mapeamento do genoma humano, temos cerca de 30 mil genes distribuídos em nossos cromossomos. Parte desses genes codifica para proteínas como enzimas, transportadores, hormônios e receptores necessários a processos, como digestão, absorção, metabolismo e excreção de nutrientes. Essas macromoléculas sao produzidas a partir de informações codificadas no DNA por meio da expressão gênica.

Inicialmente, ocorre transcrição de sequência do DNA em RNA, que é, então traduzido na proteína. Os genes apresentam regiões que codificam ou não para proteínas. Os promotores representam sequências regulatórias que, apesar de não serem codificantes, apresentam papel fundamental para indução de transcrição. Mais especificamente, a ligação de fatores de transcrição a essas regiões específicas nos genes resulta em alterações conformacionais na molécula de DNA que possibilitam que a RNA polimerase (enzima que participa da transcrição) inicie a transcrição. Nesse sentido, promotores podem ser entendidos como "interruptores" que ligam e desligam genes.

Na fase de tradução o RNA mensageiro tem sua sequência traduzida na proteína. Diferentemente da transcrição que acontece no núcleo celular, a tradução ocorre no citoplasma, especificamente nos ribossomos. Cada trinca de bases representa um códon, que codifica um aminoácido ou pode, ainda, sinalizar o término da proteína. Apesar de existirem 64 possibilidades de códons (4X4X4 = 64 combinações de bases adenina, citosina, guanina e uracila), existem apenas 20 aminoácidos. Isso acontece porque diferentes códons podem codificar para um mesmo aminoácdo. Nesse sentido, diz-se que o nosso código genético é degenerado ou redundante.

Nutrientes, além de serem importantes como provedores de energia (carboidratos e lipídios) ou cofatores enzimáticos (determinados minerais e vitaminas) também apresentam a capacidade de alterar a expressão gênica. Os efeitos mais importantes dos alimentos no organismo ocorrem em nível molecular e podem ser tantos benéficos como deletérios, dependendo de quais genes têm a atividade alterada.

Nutrientes e compostos bioativos dos alimentos (CBAs) podem alterar a expressão gênica em nível transcricional, de forma direta ou indireta.

No primeiro caso, um nutriente ou seu metabólico tem atuação no núcleo celular ao se ligar diretamentea um fator de transcrição e induzir a expressão gênica. Existem diferentes classes de fatores de transcrição e parte delas é ativada por nutrientes. Assim, por exemplo, destacam-se os receptores de Vitamina D (vitamin D receptor - VDR) e vitamina A (retinoic acid receptor - RAR)), que são ativiados por calcitriol e ácido retinóico respectivamente.

No segundo caso, o nutriente ou CBAs atua no citoplasma, ativando por exemplo, quinases que irão fosforilar um fator de transcrição que estava inativo. O fator de transcrição, ativado indiretamente, será translocado para o núcleo celular e ligado a regiões promotoras, induzindo a expressão gênica. Exemplos de CBAs que atuam desa forma são o sulforanos (brócolis) e as catequinas (chá verde). Descreve-se, ainda, que componentes dos alimentos podem modular a expressão gênica em nível pós-transcricional. Exemplos são o Ferro e o Betacaroteno.

Vale destacar que todo processo metabólico envolve a ação de diversas proteínas, que são produzidas a partir da informação contida nas moléculas de RNAm, transcritas em uma determinada cpelula, tecido ou organismo. Alterações nos níveis de RNAm e de proteínas, como transportadores, enzimas, receptores, fatores de transcrição, entre outros, são importantes determinantes do fluxo de nutrientes ou metabólitos através de uma via bioquímica.

Verifica-se que apesar de existirem diferenças significativas entre humanos quanto ao fenótipo, a identidade genética é de 99,9%. Nesse sentido, essa pequena diferença de 0,1% na sequência dos genomas está relacionada com características como altura, peso, cor do cabelo e também, risco para doenças crônicas não-transmissíveis e necessidades nutricionais. Entre as diferentes formas de variação genética, destacam-se os polimorfos de nucleotídeo único (single nucleotide polymorphims - SNPs; pronuncia-se Snips). Nesse caso, substituições de uma base do DNA, que resultam na alterações do aminoácido codificado, podem ter importantes repercussões na função das proteínas sintetizadas.
Do ponto de vista nutricional, os SNPs poderiam ter papel importante na variação individdual quanto à absorção e metabolismo de nutrientes. Nesse contexto, o genótipo poderia influenciar tanto a biodisponibilidade como as necessidades de micronutrientes. Um exemplo de polimorfismo que parece alterar a RDA do ácido fólico é o C677T no gene que codifica a enzima metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR). Nesse caso, a substituição de uma citosina por timina na posição 677 do referido gene resulta em uma MTHFR mais termolábil e, em uma consequente menor atividade enzimática. Indivíduos com esse SNP parecem necessidade d recomendações aumentadas de ácido fólico.

Apesar da importância nutricional dos minerais, são poucos, ainda os estudos que têm avaliado o impacto do genótipo na biodisponibilidade e necessidades de micronutrientes, como Cálcio, Ferro e Zinco. Nesse contexto são de particular interesse polimorfismos em genes envolvidos na homeostase desses minerais.

Para que a nutrição personalizada, objetivo maior da nutrigenômica, torne-se realidade, é necessário que diferentes desafios sejam superados. Entre eles, destaca-se a elucidação dos aspectos moleculares relacionados à biodisponibilidade de nutrientes.

Bibliografia:

COZZOLINO, Silvia M F; ONG, Thomas P. Nutrigenômica e biodisponibilidade de nutrientes. In: COZZOLINO, Silvia M F. Biodisponibilidade de nutrientes. 3ªed. Barueri - SP: Manole, 2009. Cap. 04, p. 71-75.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Atividade física e sintomas depressivos

Pessoas que se engajaram em uma rotina de atividades físicas, independentemente da intensidade, apresentam menos riscos de sintomas depressivos, aponta um estudo publicado no British Journal of Psychiatry.

O ponto mais curioso da pesquisa, entretanto, foi quanto ao horário que esses exercícios físicos eram feitos, que se traduzia em bem-estar mental: pessoas que se exercitavam fora do horário de trabalho (e não em horários de folga no meio do dia) se beneficiavam mais dos efeitos dos exercícios físicos.

Os pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da Universidade King’s College London, juntos com uma equipe da Universidade de Bergen, na Noruega, acompanharam mais de 40 mil indivíduos que afirmaram fazer atividades físicas durante seu tempo de folga.

Essas atividades podiam ser de baixíssimo impacto (sem resultar em suor excessivo ou falta de ar, por exemplo) ou de impactos maiores. Todos os grupos foram entrevistados separadamente, além de fornecerem informações sobre suas rotinas de trabalho, fichas de exames físicos e responderem a um teste para sintomas de depressão e ansiedade.

Os resultados indicaram uma relação inversamente proporcional entre o tempo de atividade física no horário de folga e os sintomas de depressão. Em outras palavras, pessoas que faziam exercícios físicos antes ou após o expediente eram menos propensas a desenvolverem depressão. E a intensidade desses exercícios não importava, pelo menos para afastar o risco desse transtorno especificamente.

As pessoas que não faziam nenhum tipo de exercício eram até duas vezes mais propensas a desenvolver o transtorno depressivo do que essas pessoas que se exercitavam. E os indivíduos que faziam exercícios físicos no meio do horário de trabalho tiveram resultados nulos para o desenvolvimento de sintomas depressivos.

“Nosso estudo mostrou que pessoas engajadas em uma rotina regular de atividade física em qualquer nível protegem-se contra a depressão. Nós também chegamos à conclusão de que o local ou o horário em que ocorre essa atividade também estão associados aos benefícios que o exercício traz”, diz Samuel Harvey, pesquisador e líder do estudo.

“Isso pode ter a ver com o aumento do círculo social, por exemplo, ou outros contextos sociais, o que seria bastante positivo para a saúde do indivíduo não somente em nível biológico. Isso talvez explicaria por que a atividade física nos horários de lazer seria mais impactante do que aquela realizada no meio do expediente de trabalho”, finaliza Harvey.

Periódico: British Journal of Psychiatry
Título: Physical activity and common mental disorders
Ano:
20010 - Novembro
Autores: Samuel B; Simon O; Arnstein M.
Disponível em: http://bjp.rcpsych.org/cgi/content/abstract/197/5/357

Falta de sol pode acelerar ganho de peso das crianças

Muitas pesquisas têm indicado que as crianças que ficam muito tempo em frente à televisão ou ao computador são mais propensas à obesidade, e atribuem essa relação ao menor tempo que elas passam fazendo atividades físicas.

Agora, um estudo americano aponta uma nova explicação para o sobrepeso desses jovens que passam tempo demais dentro de casa vendo TV: o fato de serem pouco expostas ao sol poderia acelerar o ganho de peso.

Em pesquisa com 479 crianças colombianas com idades entre cinco e 12 anos, especialistas da Universidade de Michigan, nos EUA, notaram que aquelas que apresentavam deficiência de vitamina D - nutriente produzido pelo organismo com a exposição ao sol - ganhavam peso e gordura corporal mais rapidamente do que as crianças que tinham maiores níveis da vitamina.

Segundo os autores, aquelas com deficiência do nutriente tinham maior aumento anual do índice de massa corporal, das dobras cutâneas e da circunferência da cintura.

Publicados na edição de outubro do American Journal of Clinical Nutrition, os resultados, segundo os autores, sugerem que “o status sérico da vitamina D seria inversamente associado com o desenvolvimento de adiposidade em crianças em idade escolar” em todo o mundo - mesmo em áreas subtropicais, como a Colômbia e algumas regiões do Brasil, onde o sol e a vitamina D parecem ser mais “abundantes”.

Entretanto, eles destacam que mais estudos são necessários para confirmação e para avaliar se a suplementação com o nutriente poderia ajudar a combater a obesidade infantil.


Periódico: The American Journal Clinical Nutrition
Título: Vitamin D deficiency and anthropometric indicators of adiposity in school-age children: a prospective study
Ano: 2010 - Outubro
Autores: Diane Gilbert-Diamond, Ana Baylin, Mercedes Mora-Plazas, Constanza Marin, Joanne E Arsenault, Michael D Hughes, Walter C Willett and Eduardo Villamor
Disponível em: http://www.ajcn.org/cgi/content/abstract/ajcn.2010.29746v1

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Programa "A liga" da TV Argentina sobre cultivo de soja, agrotóxicos e seus efeitos

Uma semana de antibiótico pode enfraquecer as defesas do corpo por até 2 anos

Tomar antibiótico por uma semana pode prejudicar as defesas do organismo por até dois anos, segundo estudo feito pelo Instituto Sueco para Controle de Doenças Infecciosas e publicado na revista "Microbiology".

Flora intestinal é o nome dado às bactérias que vivem na parede do intestino. Lá existem centenas de espécies de micro-organismos, protetores ou nocivos à saúde, que convivem em equilíbrio.


As bactérias "boas" têm funções metabólicas, como ajudar no funcionamento do intestino, na absorção de gordura e vitamina B12 e na produção de ácido fólico.

"A função mais importante é controlar bactérias desfavoráveis. Sem elas, nós viveríamos constantemente com infecções", diz Ricardo Barbuti, médico endocrinologista da Federação Brasileira de Gastroenterologia.

Segundo o especialista, há muito se sabe que os antibióticos têm efeito na flora intestinal. O que o estudo recém-publicado mostra é que essas alterações duram muito mais tempo do que se pensava.

"Além de causar um desequilíbrio passageiro, o remédio também seleciona bactérias resistentes. Agora sabemos que essa resistência pode durar mais tempo", explica André Zonetti de Arruda Leite, médico endocrinologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.



CONSEQUÊNCIAS


Diarreias, disfunção intestinal e inflamações (colites) são as consequências mais comuns do desequilíbrio da flora intestinal. Tanto faz se o uso do antibiótico é feito de forma correta ou incorreta -por mais ou menos tempo do que o necessário.

"O medicamento deve ser usado só quando o benefício compensa o risco e não há outra alternativa", diz Barbuti. Gripes, resfriados ou dores de cabeça não devem ser tratados com antibiótico.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/827146-uma-semana-de-antibiotico-pode-enfraquecer-as-defesas-do-corpo-por-ate-dois-anos.shtml

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Maus hábitos alimentares apresentam pior qualidade na microbiota intestinal

Estudo publicado em revista científica norte-americana revelou benefícios em preservar antigos hábitos alimentares para melhorar a biodiversidade da microbiota intestinal, após compararem a microbiota intestinal de crianças com dieta tipicamente urbana com crianças que vivem em zona rural.

Segundo os pesquisadores, ainda não está compreendido como diferentes ambientes e hábitos alimentares da vida moderna podem afetar a ecologia microbiana do intestino. Mas eles afirmam que os hábitos alimentares são considerados um dos principais fatores que contribuem para a diversidade da microbiota intestinal.

As profundas mudanças na dieta e estilo de vida ocorridas nas últimas décadas favoreceram o surgimento de patógenos especializados em colonizar hospedeiros humanos. Em consequência disso, surgiu uma onda de doenças humanas emergentes, como alergias, doenças auto-imunes e doenças inflamatórias intestinais.

Com isso, o objetivo dos pesquisadores foi avaliar o impacto de variáveis ambientais sobre a microbiota intestinal entre crianças da mesma idade, porém vivendo em ambientes diferentes (urbano versus rural). Os pesquisadores relataram que o propósito do desenvolvimento desse estudo foi de responder três questões gerais a respeito da geografia e da evolução da microbiota humana: (1) Como é a diversidade de bactérias dentro e entre as duas populações distintas? (2) Há uma possível correlação entre a diversidade de bactérias e dieta? (3) Como é a distribuição de patógenos bacterianos nas duas populações, dadas as diferentes condições geográficas e de higiene?

Para o desenvolvimento do estudo foram incluídas 15 crianças saudáveis que vivem na vila rural de Boulpon, Burkina Faso (país africano), e 15 crianças saudáveis da área urbana de Florença, Itália. Todas as crianças tinham entre 1 a 6 anos de idade e não faziam uso de antibióticos ou probióticos nos últimos seis meses ao início do estudo. Foram coletados dados detalhados sobre estilo de vida e hábitos alimentares obtidos diretamente pelos pais das crianças.

A quantificação e caracterização da microbiota intestinal foram realizadas através de técnicas de biologia molecular a partir das fezes. Além disso, foi feita a determinação dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC).

A dieta das crianças da comunidade rural apresentou baixa quantidade de proteína animal e gorduras, e altos níveis de amido e fibras. Todos os recursos alimentares eram produzidos localmente, cultivadas e colhidas nas proximidades da aldeia. A dieta dessas crianças era constituída principalmente de cereais, leguminosas, produtos hortícolas. Estas crianças foram amamentadas até os dois anos de idade.

Diferentemente, as crianças da área urbana foram amamentadas até 1 ano de idade. Estas crianças consumiam uma dieta tipicamente ocidental, rica em proteínas animais, açúcar, amido, gordura e pobre em fibras.

Foram encontradas diferenças significativas na microbiota intestinal entre os dois grupos. Observou-se maior quantidade (p < 0,001) de ácidos graxos de cadeia curta nas crianças africanas do que nas crianças da área urbana. Outro resultado importante foi a presença de bactérias da família Enterobacteriaceae (Shigella e Escherichia coli) significativamente menores nas crianças da aldeia do que em crianças italianas (p < 0,05).

As crianças da aldeia apresentaram maior quantidade de Bacteroidetes (p < 0,001), especialmente de bactérias do gênero Prevotella e Xylanibacter, conhecidas por conter um conjunto de genes que hidrolisam celulose e xilana, ambas consideradas fibras insolúveis. Essas bactérias apresentaram-se completamente ausentes nas crianças da área urbana italiana. Além disso, as crianças da aldeia apresentaram menor quantidade de Firmicutes (p <0,001), sendo encontrada em grande quantidade nas crianças italianas.

Os pesquisadores comentaram que o perfil de bactérias encontradas nas crianças da área urbana (menor Bacteriodetes e maior Firmicutes) é, provavelmente, provocado pela dieta rica em calorias, e que podem predispor à obesidade no futuro.

“Nossos resultados sugerem que a dieta tem papel dominante para a caraterização da microbiota intestinal quando comparada com outras variáveis, como etnia, saneamento, higiene, geografia e clima”, comentam os pesquisadores.

“O conhecimento da microbiota intestinal das crianças da aldeia africana provam a importância do tipo e preservação de sua biodiversidade, especialmente por ser uma região onde os efeitos da globalização na dieta foram menos acentuados. Estes resultados representam um foco atraente para estudos que visam elucidar o papel da microbiota intestinal no equilíbrio entre saúde e doença”, concluem.

Referência(s): De Filippo C, Cavalieri D, Di Paola M, Ramazzotti M, Poullet JB, Massart S, et al. Impact of diet in shaping gut microbiota revealed by a comparative study in children from Europe and rural Africa. Proc Natl Acad Sci U S A. 2010;107(33):14691-6.

FONTE: http://www.nutritotal.com.br/notas_noticias/?acao=bu&id=471

Alimentos modulam processos inflamatórios no sobrepeso

Autor: Dra. Rita de Cássia Borges


Estudo revelou que a suplementação de componentes alimentares com propriedades anti-inflamatórias modula a inflamação, estresse oxidativo e metabólico de indivíduos com sobrepeso. Estes efeitos foram detectados por uma abordagem nutrigenômica, através de análise em larga escala da expressão gênica, proteínas e metabólitos no sangue, urina e tecido adiposo.

Este foi um trabalho randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, ensaio clínico cruzado, com quatro períodos de tratamento de cinco semanas cada. Foram selecionados 36 homens, saudáveis com índice de massa corporal (IMC) entre 25,5 e 35,0 kg/m2, e baixo grau de inflamação, com concentração de PCR de 1-10 mg/L.

O objetivo foi investigar os efeitos anti-inflamatórios induzidos pela intervenção nutricional em homens com sobrepeso, que apresentavam leve aumento das concentrações de proteína C-reativa (PCR). Portanto, foram suplementados compostos potencialmente eficazes destinados a atuar na redução da inflamação.

O tecido adiposo é fundamental para o estado inflamatório associado com a obesidade. Os adipócitos secretam adipocinas pró e anti-inflamatórias, incluindo o fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa), interleucina-6 (IL-6) e adiponectinas anti-inflamatórias. A redução de adiponectina e aumento da proteína C-reativa (PCR) estão associados a doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.

A suplementação foi denominada de AIDM (Antiinflammatory Dietary Mix), que consistiu de óleo de peixe, extrato de chá verde, resveratrol, vitamina E, vitamina C e extrato de tomate.

Os participantes consumiram duas cápsulas sólidas e duas cápsulas gelatinosas com 200 ml de iogurte simples diariamente no café da manhã e na refeição da noite. As cápsulas sólidas continham: 6,3 mg de resveratrol (dose diária equivalente a 4 L de vinho tinto); extrato de tomate contendo 3,75 mg de licopeno (dose diária equivalente a 500 ml de suco de tomate); 94,5 mg de extrato de chá verde (40% de epigalocatequina galato; dose diária equivalente a 300 ml de chá verde); 181,4 UI de alfa-tocoferol (Ingestão Diária Recomendada: 18 UI e o nível máximo tolerável: 1000 UI); 125 mg de vitamina C (nível máximo tolerável: 2000 mg/d). As cápsulas gelatinosas continham: 1200 mg de óleo de peixe, sendo 380 mg de ácido eicosapentaenóico (EPA) e 260 mg de ácido docosahexaenóico (DHA); 60 mg de outros ácidos graxos poli-insaturados.

PCR e adiponectina foram os principais marcadores de inflamação mensurados neste estudo. As concentrações de PCR não foram alteradas com a suplementação de AIDM, enquanto que as concentrações de adiponectina aumentaram significativamente de 6,03 ± 2,06 mg/L após a intervenção placebo para 6,48 ± 2,57 mg/L após a intervenção com AIDM (p < 0,05).

A redução do estado inflamatório pode prevenir a ocorrência de distúrbios e doenças relacionadas ao sobrepeso. Muitos componentes de alimentos apresentam propriedades anti-inflamatórias e/ou antioxidantes. A dieta mediterrânia contém vários destes compostos e tem sido associada com redução de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Esses alimentos contêm altos teores de polifenóis, vitaminas, ácidos graxos insaturados, e carotenóides.

Após suplementação com AIDM houveram mudanças nas respostas relacionadas ao metabolismo lipídico e doenças metabólicas. A maior parte dessas alterações foi sobre a resposta inflamatória, estresse oxidativo (produção de espécies reativas de oxigênio), e o metabolismo lipídico. A rede metabólica construída a partir dos dados integrados da expressão gênica indicou papel central do efeito do AIDM sobre o NF-kappaB (fator nuclear kappa B). A interpretação biológica dos dados se concentra nestes três processos: inflamação, oxidação e metabolismo.

“Os efeitos leves observados podem ser atribuídos à duração da intervenção. Apesar das limitações, a nossa abordagem permitiu a detecção de múltiplos efeitos sobre a saúde através da mistura de componentes dietéticos em indivíduos com sobrepeso. Além disso, as alterações na expressão de genes, proteínas e metabólitos induzida pela AIDM pareceram ser consistentes. Isso pode vir a ser uma vantagem adicional da abordagem nutrigenômica em estudos de intervenção humana, o que permite a alta sensibilidade na detecção de alterações fisiológicas múltiplas”, concluem os autores.



Referência(s): Bakker GC, van Erk MJ, Pellis L, Wopereis S, Rubingh CM, Cnubben NH, et al. An antiinflammatory dietary mix modulates inflammation and oxidative and metabolic stress in overweight men: a nutrigenomics approach. Am J Clin Nutr. 2010;91(4):1044-59

FONTE: http://www.nutritotal.com.br/notas_noticias/?acao=bu&id=472

domingo, 7 de novembro de 2010

"Vamos esperar os cadáveres para agir contra o celular?", questiona pesquisadora

A epidemiologista Devra Davis lidera uma cruzada para fazer as pessoas deixarem o celular longe de suas cabeças. Convencida de que a radiação emitida pelo aparelho lesa a saúde, ela escreveu "Disconnect" (sem edição no Brasil), cuja base são pesquisas que começam a mostrar os efeitos dessa radiação no organismo. Nesta entrevista, ela também perguntou: "Vamos esperar as mortes começarem antes de mudar a relação com o celular?".

Folha - Quais os riscos para a saúde de quem usa celular?

Devra Davis - Se você segurá-lo perto da cabeça ou do corpo, há muitos riscos de danos. Todos os celulares têm alertas sobre isso. As fabricantes sabem que não é seguro. Os limites [de radiação] definidos pelo FCC [que controla as comunicações nos EUA] são excedidos se você deixa o celular no bolso.

Quais os riscos, exatamente?
O risco de câncer é muito real, e as provas disso vão se avolumar se as pessoas não mudarem a maneira como usam os telefones. Trabalhei nas pesquisas sobre fumo passivo e amianto. Fiquei horrorizada ao perceber que só tomamos atitude depois de provas incontestáveis de que danificavam a saúde.
Reconheço que não temos provas conclusivas nesse momento. Escrevi o livro na esperança de que meu status como cientista tenha peso, e as pessoas entendam que há ameaça grave à saúde e podemos fazer algo a respeito.

Mas há estudo em humanos que dê provas categóricas?
Quando você diz "provas", você quer dizer cadáveres? Você acha que só devemos agir quando já tivermos prova? Terei que discordar. Hoje temos uma epidemia mundial de doenças ligadas ao fumo. O Brasil também tem uma epidemia de doenças relacionadas ao amianto. Só recentemente vocês agiram para controlar o amianto no Brasil, apesar de ele ainda ser usado. Ninguém vai dizer que nós esperamos o tempo certo para agir contra o tabaco ou o amianto. Estou colocando minha reputação científica em risco, dizendo: temos evidências fortes em pesquisas feitas em laboratório mostrando que essa radiação danifica células vivas.

Qual a maior evidência disso?
A radiação enfraquece o esperma. Sabemos por pesquisas com humanos. As amostras de esperma foram dividas ao meio. Uma metade foi mantida sozinha, morrendo naturalmente. A outra foi exposta a radiação de celulares e morreu três vezes mais rápido. Homens que usam celulares por quatro horas ao dia têm a metade da contagem de esperma em relação aos demais.

Crianças correm mais perigo?
O crânio das crianças é mais fino, seus cérebros estão se desenvolvendo. A radiação do celular penetra duas vezes mais. E a medula óssea de uma criança absorve dez vezes mais radiação das micro-ondas do celular. É uma bomba-relógio. A França tornou ilegal vender celular voltado às crianças. Nos EUA, temos comerciais encorajando celular para crianças. É terrível. Fico horrorizada com a tendência de as pessoas darem celulares para bebês e crianças brincarem. Sabemos que pode haver um vício no estímulo causado pela radiação de micro-ondas. Ela estimula receptores de opioides no cérebro.

Jovens usam muitos gadgets que emitem radiação.
Sim, e eles não estão a par dos alertas que vêm com esses aparelhos. Não é para manter um notebook ligado perto do corpo. As empresas colocam os avisos em letras miúdas para reduzir sua responsabilidade quando as pessoas ficarem doentes.

É possível comparar a radiação de celular à fumaça?
Sim. O tabaco é um risco maior. Mas nunca tivemos 100% da população fumando. Agora, temos 100% das pessoas usando celular. Então, ainda que o risco relativo não seja tão grande, o impacto pode ser devastador.

Nos maços de cigarro, há aquelas fotos horríveis. Esse é o caminho para o celular?
Isso é o que foi proposto no Estado do Maine (EUA). Está se formando um grande movimento para alertar as pessoas a respeito dos celulares. Isso é o que aconteceu com o fumo passivo. Vamos começar a ver limites para a maneira e os locais onde as pessoas usam celular. A maioria não sabe que, se você está tentado conversar num celular em um elevador, a radiação está rebatendo nas paredes e fica mais intensa em você e em quem estiver perto.

Além de usar fones, o que é possível fazer para prevenir?
Enviar mensagens de texto é mais seguro do que falar. Ficar com o celular nas mãos, longe do corpo, é bom, e mantê-lo desligado também.

Mas celular é um vício!
Sim. Temos que usá-lo de forma mais inteligente.


RAIO-X


FORMAÇÃO: Doutora em estudos científicos pela Universidade de Chicago e mestre em saúde pública pela Johns Hopkins
ATIVISMO:  É fundadora da ONG Environmental Health Trust, que faz campanhas sobre riscos do tabaco, amianto e dos celulares para a saúde
LIVROS: "When Smoke Ran Like Water" (2002), sobre poluição, "The Secret History of the War on Cancer" (2007), sobre as causas ambientais do câncer, e "Disconnect" (2010)

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/826872-vamos-esperar-os-cadaveres-para-agir-contra-o-celular-questiona-pesquisadora.shtml

Agrotóxicos: pesquisa comprova dano celular em população infantil do Paraguai

A pesquisa foi publicada na Revista Pediatría (Volume 37 - Número 2 de 2010), um órgão oficial da sociedade Paraguaia de Pediatria.

Participaram do estudo 48 crianças potencialmente expostas a agrotóxicos e 46 crianças não expostas. Obteve-se amostras da mucosa bucal para determinar o dano no material genético através da frequência de micronúcleos. Encontrou-se no grupo potencialmente exposto a agrotóxicos uma média maior de micronúcleos e de células binucleadas, bem como uma maior frequência de fragmentação nuclear (cariorréxis) e picnose, que são processos típicos de células necróticas.

A medição da frequência de micronúcleos em linfócitos de sangue periférico é amplamente utilizada em epidemiologia molecular e citogenética para avaliar a presença e extensão de dano cromossômico em populações humanas expostas a agentes genotóxicos ou para determinar a presença de um perfil genético suscetível. A alta confiabilidade e o baixo custo da técnica contribuiu para o êxito e a adoção deste biomarcador para estudos, in vitro e in vivo, de danos ao genoma humano.

Outras pesquisas já forneceram evidências preliminares de que a frequência de micronúcleos em linfócitos de sangue periférico constitui um marcador biológico que prediz o risco de câncer em uma população de pessoas sadias.

Neste estudo, as crianças potencialmente expostas aos agrotóxicos eram alunos saudáveis de uma escola da cidade de Ñemby, situada a 50 metros de uma fábrica de agrotóxicos da empresa Chemtec S.A.E. As crianças não expostas eram alunos também saudáveis da cidade de San Lorenzo, situada a 5,5 km da primeira escola (não se registra a presença de nenhuma outra fábrica de venenos nas proximidades de ambas as escolas). Foram consideradas crianças “potencialmente expostas a agrotóxicos” aquelas que vinham frequentando a escola de Ñemby durante 4 horas diárias, 5 dias por semana, por um período de um a seis anos.

Os resultados desta pesquisa permitem afirmar que existe uma exposição a agentes genotóxicos no primeiro grupo de crianças. Deveria ser estabelecido um acompanhamento da frequência de micronúcleos uma vez interrompida a exposição para determinar a persistência, ou não, dos indicadores biológicos de dano celular.

FONTE: http://www.ecoagencia.com.br/?open=noticias&id=VZlSXRFWwJlYHZESjZEZaN2aKVVVB1TP
 
Artigo original: http://www.pediatria.spp.org.py/revistas/ed_2010/dano_celular.html

Bisfenol-A e a etiologia da obesidade

Demorou mas alguém no Brasil resolveu relacionar produtos tóxicos com a Globesidade (epidemia global de obesidade). O Blog da VP (Valéria Paschoal Consultoria em Nutrição Funcional), preparou um texto ótimo sobre o tema. A princípio tratam somente dos possíveis efeitos do Bisfenol-A (BPA) como por exemplo disrupção endócrina. Entretanto deixam claro que outros componentes tóxicos da indústria presente no ambiente e alimentos podem estar agindo como Disruptores endócrinos.
 Vale a pena ler o texto.

Boa semana para todos meus leitores

Dr. Frederico Lobo



Bifesnol A e a etiologia da obesidade

A obesidade é uma doença multifatorial caracterizada pelo Índice de Massa Corporal acima de 30kg/m2 com acúmulo excessivo de tecido adiposo. Está associada a diversas co-morbidades, como diabetes melitus tipo 2, dislipidemia, hipertensão arterial e remodelação cardíaca. A atual epidemia da obesidade é uma consequência da interação entre fatores genéticos, comportamentais e ambientais. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 49% da população apresenta sobrepeso, sendo 13% desses já obesos.

Enquanto muito já se discute sobre a epidemia global da obesidade, componentes tóxicos da indústria, presentes no ambiente e nos alimentos, apenas começaram a receber atenção.

Esses compostos interferem na função normal do sistema endócrino por afetar o equilíbrio de glândulas e hormônios que regulam funções vitais, como crescimento, resposta ao estresse, desenvolvimento sexual, reprodução, produção e utilização da insulina, e taxa metabólica. Por este motivos são denominados disruptores endócrinos.

Dados epidemiológicos recentes mostram que a exposição a essas substâncias, durante o desenvolvimento, está associada com sobrepeso ou obesidade na vida adulta. Os primeiros achados mostram que o início da epidemia da obesidade coincidiu com o aumento de químicos industriais no ambiente.

Dentre os disruptores endócrinos, o bisfenol A (BPA) destaca-se pelo fato de haver grande exposição a ele pelo homem. Trata-se de um monômero de plásticos policarbonatos e resinas epóxi, estando presente em alimentos enlatados, mamadeiras, embalagens de bebidas, filmes de polivinil, papéis, cartolinas e selantes dentários. Atualmente, a produção mundial de BPA excede 3 bilhões de kg/ano. Sua exposição ocorre pela dieta (contaminação de alimentos principalmente sob calor), contato com a pele e inalação de poeira doméstica. A presença de metabólitos em concentrações mensuráveis mostrou-se elevada em mais de 90% da população no mundo todo.

Foi mostrado, através de dados do National Health and Nutrition Survey (NHANES) 2003/04 que altas concentrações de BPA estavam associadas com diagnóstico de doenças cardiovasculares e diabetes, mas não com outras doenças, sugerindo especificidade. Sendo lipofílico, pode ser armazenado no tecido adiposo.

Uma vez que a obesidade torna-se epidêmica e que fatores ambientais estão fortemente ligados a esses dados, serão discutidos os possíveis efeitos do disruptor endócrino bisfenol A na etiologia da obesidade.

Bisfenol A, atividades hormonais e obesidade

O BPA é comumente descrito pela sua atividade estrogênica. Além de se ligar aos receptores nucleares de estrógeno alfa e beta, o monômero interage com uma série de outros receptores de estrógenos não clássicos, alguns com alta afinidade. Ele também atua como antagonista de receptor de andrógenos e interage com receptores de hormônios tireoidianos.

Os estudos em animais já conseguem traçar um caminho para o entendimento da relação do BPA com a obesidade. Doses muito baixas oferecidas a animais durante o desenvolvimento exercem alguns efeitos. Ratos e camundongos mostraram peso corporal aumentado quando expostos a baixas dosagens de BPA no período pré-natal e neonatal. Alguns resultados mostram que esse aumento no peso é relacionado ao gênero, ao passo que outros relatam efeitos em ambos os sexos. Essa diferença pode estar relacionada com o tempo de exposição e com a dose.

Além disso, ratos expostos ao BPA no pré-natal mostram aumento de hiperplasia intraductal (lesões pré-cancerígenas) que aparecem na vida adulta. Independentemente da raça de ratos utilizados, das vias, níveis e tempo de exposição, todos os estudos mostram suscetibilidade aumentada à neoplasia da glândula mamária manifestada na vida adulta. As neoplasias normalmente aparecem após completa maturação sexual, que pode ser devido ao efeito dos hormônios sexuais na proliferação e remodelação desses órgãos. Camundongos expostos a BPA durante a vida intrauterina e lactação, apresentaram aumento somente na velocidade do crescimento, sem relação com aumento de peso corporal.

Estudos in vitro com BPA fornecem evidências de seu papel no desenvolvimento da obesidade, podendo sugerir alvos específicos. O BPA faz com que as células 3T3-L1 (fibroblastos de camundongos que podem se diferenciar em adipócitos) aumentem sua taxa de diferenciação, e em combinação com a insulina, acelera a formação de adipócitos. Outros trabalhos in vitro mostram que baixas doses de BPA prejudicam a sinalização do cálcio nas células pancreáticas, atrapalham o funcionamento da célula beta e causam resistência à insulina. Baixas dosagens experimentais também podem inibir a síntese de adiponectina e estimular a liberação de adipocinas inflamatórias como interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) do tecido adiposo humano, sugerindo seu papel na obesidade e síndrome metabólica.

Entretanto, estudos com humanos ainda são escassos e a amostragem utilizada é pequena. Um estudo com 296 italianos mostrou que a excreção diária de BPA associou-se com aumento de concentração sérica de testosterona total em homens. Porém, outro estudo analisou a relação entre hormônios tireoidianos e reprodutivos e concentração urinária de BPA em 167 homens em uma clínica de infertilidade. Observou-se relação inversa entre concentração de BPA e índices de testosterona livre, estradiol e hormônio tireoestimulante (TSH). Quando os níveis de hormônios androgênicos foram avaliados em mulheres eumenorreicas, mulheres com SOP e homens, observou-se diferenças entre os gêneros, possivelmente devido à diferença nos níveis de atividade da enzima relacionada ao androgênio. Ainda, demonstrou-se que concentrações sérias de BPA estavam associadas com aumento dos andrógenos, o que não ocorreu com níveis de estradiol, hormônios luteinizantes (LH) e folículo estimulante (FSH). Dados parecidos foram encontrados por Takeuchi e colaboradores, em trabalho feito com mulheres com e sem disfunção ovariana.

Diante do conteúdo exposto, pode-se concluir que ainda faltam informações precisas, esclarecendo a relação do bisfenol A na etiologia da obesidade, tanto na exposição pré-natal quanto na vida adulta. Estudos em humanos estão limitados a amostras pequenas e em sua maioria avaliam a excreção urinária de BPA em um único momento do dia. Como a eliminação deste composto acontece muito rapidamente no organismo, é necessária sua mensuração em diversos momentos do dia para estimar melhor a exposição. Também deve ser levada em consideração a porção que fica armazenada no tecido adiposo, uma vez que o BPA é lipofílico.

Entretanto, como esse composto desencadeia possíveis efeitos deletérios e nenhum benefício conhecido até o momento, medidas básicas no cotidiano podem ser tomadas a fim de evitar a exposição. Evitar consumo de alimentos e bebidas armazenados em embalagens plásticas, não conservar alimentos em recipientes plásticos e evitar utilização de filmes plásticos em contato direto com o alimento são medidas simples, que devem ser praticadas principalmente durante a gravidez.

FONTE: http://www.vponline.com.br/blog/?p=121

Pesquisa liga proximidade de antena a maior risco de câncer

Quem vive a até 100 m de antena de celular tem 33% mais risco de morrer de câncer do que a população geral, diz pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais.

A engenheira Adilza Condessa Dode, 52, cruzou dados sobre mortes por tumores entre 1996 e 2006 em Belo Horizonte com áreas onde essas pessoas moravam e a localização das antenas de celular.

Ela elegeu tumores já associados esse tipo de radiação: próstata, mama, pulmão, intestino, pele e tireoide.

Em um raio de até mil metros das antenas, o risco foi maior. " O celular você desliga. A antena, não."

O médico Edson Amaro Jr., professor de radiologia da USP, pondera que o estudo não é fechado. Isto é, não foram controlados os hábitos de quem morava perto das antenas. "Esse tipo de estudo não é o ideal, mas também não há muitas alternativas."

O engenheiro Alvaro Augusto Salles, professor de telecomunicações na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, criou um modelo do cérebro baseado na tomografia de uma criança para simular efeitos da radiação.

Ele explica que as ondas têm efeitos térmicos (por isso a orelha esquenta quando se usa o celular) e não térmicos. Esses podem causar quebras nas fitas que formam a dupla-hélice do DNA, levando a mutações e a tumores.

Os riscos são maiores nas crianças, cujos tecidos estão se reproduzindo mais rápido.

Salles diz que, quando usamos o celular encostado na orelha, 75% da energia que seria usada na conexão é absorvida pela cabeça.

Para o engenheiro, se os celulares usarem antenas que direcionem a energia para o lado oposto ao da cabeça, o risco cairá muito. "O futuro é essa tecnologia, mas está demorando. São 5 bilhões de usuários. Mesmo que o risco seja pequeno, muitos podem ser afetados."

O celular não deve ser isolado como causa de problemas, lembra Edson Amaro Jr., professor de radiologia da Faculdade de Medicina da USP . "O homem polui o ambiente com todas as formas de ondas eletromagnéticas."


Já é sabido há anos que o sol é causa de câncer de pele. "Você se expor ao sol em situações extremas equivale a fazer exames de raio-X."

O que diferencia os tipos de radiação é a frequência. Quanto maior a frequência, maior a energia, e maiores os riscos de efeitos nocivos.

Conclusão: "Se você não precisa, não use celular, e se você não precisa, não se exponha ao sol", diz Amaro.


FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd0711201003.htm

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fumo é associado com aumento no risco de Alzheimer

Fumar pesadamente na meia-idade pode aumentar grandemente o risco de desenvolver a doença de Alzheimer e outras formas de demência. Segundo uma nova pesquisa, o risco é mais do que duas vezes maior.
 
O estudo foi publicado segunda-feira (25) nos Archives of Internal Medicine e sairá em 28 de fevereiro na edição impressa da revista. O finlandês Minna Rusanen, do Hospital Universitário Kuopio, e colegas nos Estados Unidos e Europa analisaram dados de 21.123 integrantes de um sistema de saúde na Finlândia que participaram de um levantamento entre 1978 e 1985, quando tinham entre 50 e 60 anos.
 
 Diagnóstios de demência, incluindo Alzheimer (o tipo mais comum de demência) e demência vascular (a segunda forma mais comum), foram registrados de 1º de janeiro de 1994, quando a idade média dos participantes do estudo era de 71,6 anos, até 31 de julho de 2008. Um total de 5.367 participantes (25,4%) foi diagnosticado com demência, com 1.136 deles com Alzheimer e 416 com demência vascular.
 
Os pesquisadores observaram que, em comparação com os não fumantes, aqueles que fumaram mais de dois maços de cigarro por dia durante o período analisado tiveram um aumento de 157% no risco de desenvolvimento de Alzheimer e de 172% no de demência vascular. Ex-fumantes e pessoas que fumaram menos de meio maço por dia não apresentaram aumento significativo no risco de desenvolvimento das doenças.
 
A associação entre fumo e demência não variou de acordo com a raça ou o sexo dos participantes. Segundo os autores do estudo, sabe-se que o fumo é um fator de risco para acidente vascular cerebral e o hábito pode contribuir para o risco de demência por meio de mecanismos semelhantes.
 
 Fumar também contribui com o estresse oxidativo e com inflamações, que se estima serem importantes para o desenvolvimento da doença de Alzheimer. “É possível que fumar afete o desenvolvimento de demência por meio de caminhos vasculares e neurodegenerativos”, sugeriram os autores.
 
FONTE: http://www.odisseu.com/bomdiadoutor/

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Bisfenol-A, usado em recipientes de comida, afeta fertilidade masculina

O Bifesnol-A (BPA) serve para diluir resina de poliéster a fim de facilitar sua laminação. O produto químico Bisfenol-A, que demonstrou aumentar o risco de disfunções sexuais masculinas, reduz a concentração e qualidade do sêmen, segundo estudo publicado esta quinta-feira (28).
O Bisfenol-A ou BPA é um composto químico que serve para diluir a resina de poliéster a fim de torná-la mais líquida e facilitar sua laminação. Está presente em grande quantidade de recipientes alimentares e de bebidas, como mamadeiras, bem como em resinas de selagem dentária.

A pesquisa foi realizada durante 5 anos com 514 operários que trabalhavam em fábricas da China.

Os autores constaram que aqueles que continham concentrações de BPA mais elevadas na urina multiplicavam os riscos de produzir sêmen de má qualidade.

"Diferente dos homens que não tinham vestígios detectáveis de BPA na urina, aqueles que tinham conteúdos mais elevados multiplicavam por mais de três o risco de ter uma concentração diminuída de seu sêmen", afirmou De-Kun Li, epidemiologista do Kaiser Permanente (consórcio privado americano de cuidados médicos) e principal autor do estudo publicado na revista "Fertility and Sterility".

Este é o primeiro estudo realizado sobre homens para avaliar o vínculo entre o sêmen e o BPA.

Pesquisas anteriores feitas em animais mostraram que o BPA tem efeitos nefastos sobre os órgãos reprodutores de camundongos machos e fêmeas.

Este é o terceiro estudo de Li sobre o tema. Um trabalho publicado em novembro de 2009 demonstrou que a exposição a níveis elevados de BPA aumenta o risco de disfunções sexuais. Outro, divulgado em maio de 2010 mostrou vínculos entre o BPA na urina e o comprometimento das disfunções sexuais masculinas.

O Canadá foi o primeiro país a classificar, em outubro, o BPA na categoria de substâncias tóxicas. Em março de 2009, os seis maiores fabricantes americanos de mamadeiras decidiram suspender a venda nos Estados Unidos de produtos com BPA.


FONTE: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/10/bisfenol-usado-em-recipientes-de-comida-afeta-fertilidade-masculina.html

Médicos fazem mobilização nacional em defesa da saúde

Lideranças médicas de todo o país, representantes de mais de 350 mil médicos, participaram no dia 26 de outubro, em Brasília (DF), de uma das principais atividades cívicas e políticas deste ano voltadas para a categoria: a Mobilização Nacional pela Valorização do Médico e da Assistência em Saúde no Brasil. O ato fez parte das comemorações do Dia do Médico.

Cerca de 300 profissionais dirigiram suas reivindicações a parlamentares, ao ministério da Saúde e à sociedade. Para o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto Luiz d’Avila, este momento “sinaliza mais um alerta dos médicos sobre a situação crítica em que se encontra a saúde brasileira, cujo enfrentamento dos problemas precisa ser colocado como prioridade”.

Entre os temas se destacam a necessidade de mais recursos para a SUS; a urgente regulação apropriada e efetiva na saúde suplementar e a implementação de condições de trabalho e remuneração que proporcionem o bom desempenho da medicina nos aspectos ético e técnico. “Essa mobilização assegura ao tema o eco necessário e possibilita que as condições da assistência à saúde sejam percebidas, reconhecidas e discutidas”, declarou o 2º vice-presidente do CFM, Aloísio Tibiriçá.

O ministro José Gomes Temporão assumiu o compromisso junto às entidades médicas nacionais de estimular a busca de uma solução para o impasse surgido entre operadoras de planos de saúde e profissionais da medicina. Após concentração no Ministério da Saúde, o grupo fez caminhada até o Congresso Nacional, onde protocolou, junto às presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, um documento em nome das três entidades médicas nacionais – Associação Médica Brasileira (AMB), CFM e Federação Nacional dos Médicos (Fenam). Neste documento foi explicitado o diagnóstico do setor, apontadas as reivindicações da categoria e sugeridas soluções para o processo de valorização da Medicina.

A iniciativa foi ancorada na posição adotada pelos médicos – por meio de seus representantes –, aprovada durante o XII Encontro Nacional das Entidades Médicas (Enem), em julho desse ano. O Manifesto dos Médicos à Nação, documento final do encontro que condensa as principais posições do movimento, foi anexado ao material entregue. Após a mobilização, os participantes do ato se reuniram com presidentes e diretores das entidades médicas nacionais na sede da Associação Médica de Brasília (AMBr). Fonte: CFM

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Agrotóxicos e Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade

Uma equipe de cientistas da Universidade de Montreal e da Universidade de Harvard descobriram que a exposição a agrotóxicos organofosforados está associada ao aumento do risco de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças.


Publicado na revista Pediatrics, a pesquisa [Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder and Urinary Metabolites of Organophosphate Pesticides] descobriu uma ligação entre a exposição a pesticidas e a presença de sintomas de TDAH. O estudo foi realizado com 1139 crianças, de acordo com uma amostra da da população geral dos EUA, e mediu os níveis de pesticidas em sua urina. Os autores concluiram que a exposição a pesticidas organofosforados, em níveis comumente encontrados em crianças nos EUA, pode contribuir para o diagnóstico de TDAH.

“Estudos anteriores mostraram que a exposição a alguns compostos organofosforados causar hiperatividade e déficit cognitivo em animais”, diz o autor Maryse F. Bouchard, da Universidade de Montreal, Departamento de Meio Ambiente e Saúde do Trabalho no Sainte-Justine Hospital Research Center. “Nosso estudo encontrou que a exposição a organofosforados no desenvolvimento de crianças pode ter efeitos sobre os sistemas neurais e pode contribuir para comportamentos tipicamente diagnosticados em TDAH, tais como desatenção, hiperatividade e impulsividade.”

O estudo foi financiado pelo Canadian Institutes for Health Research e pelo National Institute of Environmental Health Sciences (EUA).

O estudo “Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder and Urinary Metabolites of Organophosphate Pesticides,” publicado na revista Pediatrics, foi elaborado por Maryse F. Bouchard, University of Montreal and Harvard University e por David C. Bellinger, Robert O. Wright, and Marc G. Weisskopf da Harvard University.

O artigo está disponível para acesso integral e gratuíto. Para acessar o artigo, no formato PDF, clique aqui.

Para maiores informações transcrevemos, abaixo, o abstract.

Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder and Urinary Metabolites of Organophosphate Pesticides

Maryse F. Bouchard, PhDa,b, David C. Bellinger, PhDa,c, Robert O. Wright, MD, MPHa,d,e, Marc G. Weisskopf, PhDa,e,f

Departments of aEnvironmental Health and Epidemiology, School of Public Health, Harvard University, Boston, Massachusetts; Department of Environmental and Occupational Health, Faculty of Medicine, University of Montreal, Montreal, Quebec, Canada; Departments of cNeurology and Pediatrics, School of Medicine, Harvard University, and Boston Children’s Hospital, Boston, Massachusetts; and Channing Laboratory, Department of Medicine, School of Medicine, Harvard University, and Brigham and Women’s Hospital, Boston, Massachusetts

Objective

The goal was to examine the association between urinary concentrations of dialkyl phosphate metabolites of organophosphates and attention-deficit/hyperactivity disorder (ADHD) in children 8 to 15 years of age.

Methods

Cross-sectional data from the National Health and Nutrition Examination Survey (2000–2004) were available for 1139 children, who were representative of the general US population. A structured interview with a parent was used to ascertain ADHD diagnostic status, on the basis of slightly modified criteria from the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition.

Results

One hundred nineteen children met the diagnostic criteria for ADHD. Children with higher urinary dialkyl phosphate concentrations, especially dimethyl alkylphosphate (DMAP) concentrations, were more likely to be diagnosed as having ADHD. A 10-fold increase in DMAP concentration was associated with an odds ratio of 1.55 (95% confidence interval: 1.14–2.10), with adjustment for gender, age, race/ethnicity, poverty/income ratio, fasting duration, and urinary creatinine concentration. For the most-commonly detected DMAP metabolite, dimethyl thiophosphate, children with levels higher than the median of detectable concentrations had twice the odds of ADHD (adjusted odds ratio: 1.93 [95% confidence interval: 1.23–3.02]), compared with children with undetectable levels.

Conclusions

These findings support the hypothesis that organophosphate exposure, at levels common among US children, may contribute to ADHD prevalence. Prospective studies are needed to establish whether this association is causal.

PEDIATRICS (doi:10.1542/peds.2009-3058)
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Cientistas mostram problemas da proposta de alterar Código Florestal

Um documento de cientistas brasileiros mostra ponto a ponto como as mudanças propostas pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB) para o Código Florestal serão danosas à biodiversidade brasileira. O projeto pode ser votado em breve no Congresso.

A conclusão é que as alterações sugeridas devem impactar a economia de diferentes formas: com a redução na produção agropastoril e o risco de afetar o abastecimento de água, o fornecimento de energia e o escoamento da produção (com o esperado assoreamento de rios e portos).

O material foi elaborado por pesquisadores do programa Biota da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação (Abeco). A redação coube a cientistas reconhecidos como Jean Paul Metzger, da USP, e Carlos Joly, da Unicamp.

Eles argumentam que reduzir a reserva legal (fração de uma propriedade que deve ser mantida como mata, mas pode ser usada de forma sustentável) na Amazônia Legal de 80% para 50% será problemático.

“Essa alteração terá efeito especialmente impactante, pois deverá reduzir o patamar de cobertura florestal da Amazônia para níveis abaixo de 60%, percentual hoje considerado nos estudos científicos realizados como um limiar crítico para a manutenção da continuidade física da floresta”, dizem os cientistas.

Segundo eles, abaixo deste limiar “os ambientes tenderão a ser mais fragmentados, mais isolados e com maior risco de extinção de espécies” Já a redução da faixa de proteção dos rios com até 5 metros de largura de 30 metros para 15 metros poderá, por exemplo, impactar uma fauna única. Estudos sobre sapos e rãs na Mata Atlântica indicam que 50% das espécies estão concentradas em riachos com menos de 5 metros de largura.

Além disso, afirmam, excluir as várzeas das Áreas de Preservação Permanente (APPs), que como o nome diz não podem ser ocupadas ou destruídas, significaria perder “serviços” como o de controlar enchentes – elas são como piscinões. Mais informações podem ser obtidas no site: www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt.

FONTE: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,cientistas-mostram-problemas-da-proposta-de-alterar-codigo-florestal,627516,0.htm

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Projeto quer proibir mamadeiras com substância cancerígena

Mamadeiras, chupetas e recipientes plásticos que contenham a substância bisfenol-A, componente químico cancerígeno, podem ter a comercialização proibida. A proposta do senador Gim Argello (PTB-DF) se baseou em estudos das universidades de Columbia, Oxford e Illinois. "No Canadá, Dinamarca e em Costa Rica as indústrias já foram proibidas de fabricar mamadeiras com esse tipo de substância. Na França, o Senado aprovou a proibição em caráter provisório e nos Estados Unidos o bisfenol-A já foi proibido em dois estados", afirmou o senador.

No Brasil, segundo Argello, não existe proibição à fabricação e comercialização de produtos com o bisfenol-A e o componente continua sendo usado como a matéria-prima de plásticos duros. O projeto de lei 159/2010 está em tramitação no Senado e, se aprovado, segue para última votação na Comissão de Assuntos Sociais.

A liberação da toxina acontece durante o aquecimento do plástico. "Em produtos como chupetas e mamadeiras, ele é potencialmente prejudicial à saúde das nossas crianças", disse o senador.

O pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) que lidera uma pesquisa sobre estrógenos ambientais, Paulo Saldiva, explicou que "a ingestão destas substâncias por bebês pode influenciar na formação das mamas, testículos e órgão que têm ligação com hormônios".

Segundo Saldiva, o processo seria como uma reposição hormonal externa pois, ao ingerir o bisfenol-A, a pessoa absorve quantidades variadas de estrogênio. "A conseqüência é o aumento da tendência ao desenvolvimento de câncer de mama ou útero na mulher e perda de espermatozóides para o homem", explica.

O pesquisador afirmou que apesar desta descoberta ter mais de 15 anos, ainda não há provas de quantidades seguras para o consumo da substância.

Cuidados na hora de comprar a mamadeira

Para saber qual produto comprar, sem assumir os riscos oferecidos pelo bisfenol-A, o gerente de informação do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Carlos Thadeu, sugere a preferência pelas mamadeiras de vidro, para as crianças que ainda não começaram a andar. No entanto, para as demais, o vidro não é indicado, pois pode causar acidentes, em caso de queda.

Thadeu explicou que embaixo da mamadeira deve existir um triângulo com um número no interior. "As mamadeiras em que neste triângulo estiver o número 3 ou 7 têm o policarbonato em sua composição e o bisfenol-A", disse. As com o número 5 e as letras PP, no interior do triângulo, são as que não possuem bisfenol-A. O gerente aconselha também sempre verificar a composição do produto.

"Se a pessoa já possui a mamadeira com o bisfenol-A, o ideal é evitar sujeitá-la às temperaturas elevadas, pois o bisfenol-A é liberado no calor de 100°C, que é a temperatura de ebulição", disse ele.

Carlos Thadeu é favorável ao projeto do senador Gim Argello. Segundo ele, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite até 0,6 miligramas da substância por quilo do composto usado na fabricação de cada produto. "Se é sabido que o bisfenol-A é nocivo, por que não substituir?", questiona

Fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4724952-EI306,00-Projeto+quer+proibir+mamadeiras+com+substancia+cancerigena.html

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Obesidade e Luminosidade

Foi noticiado hoje em diversos sites que reportam assuntos ligados à saúde a seguinte afirmação: Luz acesa a noite pode levar à obesidade... Algo que já falamos há mais de 20 anos. Chega a ser engraçado. Quanto mais pesquisarem verão o papel da Melatonina como neuro-hormônio e com múltiplas funções, desde auxiliar no controle da pressão, até controle da imunidade... passando pela questão da alimentação e alterações metabólicas (pior tolerancia à glicose).

O aumento global dos índices de obesidade e de distúrbios do metabolismo coincide com uma alta da exposição à luminosidade noturna. A conclusão é de cientistas do departamento de neurociência e psicologia da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, e do Centro Israelense para Pesquisa Interdisciplinar em Cronobiologia. O estudo foi publicado na revista científica "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS).

Os especialistas verificaram que a regulação circadiana – processo rítmico que ocorre no organismo todos os dias mais ou menos à mesma hora – da homeostase energética – modo como um organismo mantém equilíbrio de diversas funções, como temperatura, pulso, pressão arterial e taxa de açúcar no sangue – é controlada por um relógio biológico “embutido” que é sincronizado de acordo com informação luminosa.

Para promover um funcionamento adequado, o relógio circadiano prepara os indivíduos para eventos previsíveis, como disponibilidade de alimentos e períodos de sono. Quando o relógio é “contrariado”, abre-se caminho para distúrbios metabólicos.

Os cientistas avaliaram a relação entre exposição à luz durante a noite e alterações na massa corpórea de camundongos machos. As cobaias acomodadas em ambiente iluminado (mesmo com luz fraca) apresentaram um significativo ganho de massa corpórea e reduziram a tolerância à glicose.

O período de consumo de comida dos roedores submetidos ao regime de luminosidade noturna difere dos camundongos sob regime-padrão de ciclos dia/noite: os primeiros comeram 55,5% da ração durante a noite iluminada, ante 36,5% no segundo grupo.

Apesar de não haver nenhuma diferença no grau de atividade física ou na quantidade de comida consumida cotidianamente, os ratos que viveram com luz durante o ciclo noturno engordaram mais que os outros

Os pesquisadores constataram que os ratos submetidos a uma luz fraca durante a noite por oito semanas tinha, ao final desse período, um índice de massa corporal cerca de 50% superior que ao daqueles que viveram um ciclo noturno normal.

Dos ratos submetidos a uma luminosidade constante durante a noite, mas com acesso à comida somente durante as horas normais do dia, nenhum ganhou peso.

Os roedores que puderam comer no momento em queriam durante o ciclo de 24 horas de luz contínua ganharam muito mais peso, apesar de, no total, não terem ingerido mais comida que os animais de grupo de observação.

Há algo na noite que, com a luz, faz com que os ratos comam em horas inadequadas, o que faz com que não metabolizem direito sua comida — explicou Randy Nelson, professor de neurologia e psicologia da Universidade de Ohio e co-autor do estudo.

Se estas observações se confirmarem nos humanos, leva a pensar que comer tarde da noite pode representar um risco particular de obesidade — acrescentou o professor.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Estudo relaciona diabetes com poluição do ar

Um estudo divulgado no dia 29 de setembro, pelo Hospital Infantil de Boston, encontrou uma forte relação entre a diabetes nos adultos e partículas de poluição atmosférica, mesmo quando a exposição é inferior ao atual limite de segurança estabelecido pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês).

O relatório, que será publicado na edição de outubro da revista Diabetes Care, reforça uma série de estudos laboratoriais que revelaram um aumento na resistência à insulina em ratos expostos a partículas de poluição. Na pesquisa do Hospital Infantil de Boston, para cada aumento de 10 microgramas por metro cúbico de exposição a partículas poluentes, houve um aumento de 1% da incidência de diabetes.

A diferença entre a ocorrência da doença nos município com maior e menos índice de poluição é de cerca de 20%, diz a pesquisa. “De uma perspectiva política, os resultados sugerem que os limites atuais de exposição podem não ser adequados para evitar os resultados negativos na saúde pública”, diz John Brownstein, um dos autores do estudo.

Allison Goldfine, tamém co-autor do estudo e diretor de pesquisa clínica do Joslin Diabetes Center, lembra ainda que esses fatores ambientais podem contribuir para uma epidemia de diabetes em todo o mundo. “Enquanto muita atenção tem sido corretamente atribuída para evitar os hábitos de alimentação muito calórica e sedentarismo, fatores adicionais podem fornecer novas abordagens para a prevenção do diabetes”, diz.

Os pesquisadores afirmaram ter o objetivo de dar continuidade ao estudo, incluindo pesquisas sobre os mecanismos inflamatórios da diabetes e o papel das partículas de poluentes nesse caso. “Nós também temos um interesse em investigar esta descoberta em nível internacional, onde os padrões de controle da poluição podem ser menos rigorosos", conclui Brownstein

FONTE