domingo, 30 de outubro de 2022

Posicionamento de Sociedades Médicas sobre uso de Esteroides androgênicos anabolizantes (EAAs)

Recentemente duas grandes sociedades médicas se posicionaram sobre a prescrição de Esteroides androgênicos anabolizantes, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Sociedade Brasileira de Medicina do exercício e do esporte (SBMEE). Os posicionamentos estão disponíveis abaixo e podem ser acessados na íntegra em:



SBEM

Posicionamento da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia sobre o uso de Esteroides Anabolizantes e similares para fins estéticos ou para ganho de desempenho esportivo.

A testosterona é o hormônio responsável pelo desenvolvimento de características sexuais masculinas. Os esteroides anabolizantes e similares (EAS) foram criados através da modificação da molécula de testosterona na tentativa de ampliar seus efeitos anabolizantes e reduzir seus efeitos virilizantes.

A reposição terapêutica de testestorona está indicada em situações de deficiência diagnosticada em homens, quadro clínico denominado hipogonadismo, cujos critérios diagnósticos são bem estabelecidos por diretrizes de várias sociedades médicas publicadas na literatura. O uso da testosterona também está indicado para terapia hormonal cruzada no cuidado à pessoa com incongruência de gênero ou transgênero.

Tanto a testosterona quanto os EAS têm sido estudados com fins terapêuticos em outras condições clínicas específicas, mas ainda sem comprovação de eficácia e, especialmente, trazendo inúmeras preocupações dos especialistas com relação à segurança de seu uso no longo prazo. 

O uso dessas substâncias para fins de ganho de desempenho no esporte amador, para fins estéticos ou como agentes anti-envelhecimento é desprovido de qualquer base científica e é acompanhado de riscos bem descritos na literatura, justificando a proibição de seu uso nestes casos pelo Conselho Federal de Medicina através da Resolução no 1999/2012. O uso dos EAS por atletas de competição é proibido pelo Comitê Olímpico Internacional desde a década de 1970.

O uso disseminado de EAS dentro e fora do esporte de elite, especialmente em fitness, por aqueles que desejam melhorar a aparência e o condicionamento físico, tornou-se uma verdadeira epidemia mundial e deve ser considerado um grande problema social e de saúde pública também no nosso país.

O culto atual ao "corpo perfeito", frequentemente estimulado pela mídia e por algumas celebridades, blogueiros, atletas e profissionais da saúde, estimula o uso de EAS, independente de sexo, idade e condição cultural e social. Os vários riscos resultantes da abusiva aplicação off label e anti-ética desses agentes são desconsiderados em prol de um mercado extremamente lucrativo, que guarda similaridades com o comércio e tráfico de drogas ilícitas e armas, envolvendo inclusive contrabando e manipulação em laboratórios clandestinos.

Por essa razão, a prevalência de uso de EAS não é totalmente conhecida, mas estima-se que 3,3% da população (homens 6,4%, mulheres 1,6%) seja usuária ocasional ou frequente, sendo que esse percentual pode chegar a 18,4% entre esportistas recreacionais, 13,4% entre atletas, 12,4% entre prisioneiros, 8% entre tóxico-dependentes e 2,3% entre estudantes do ensino médio. A dependência de EAS pode atingir cifras de até 57,1% dos usuários, e é muito mais frequente neste grupo o abuso de outras substâncias como álcool, nicotina e cocaína, assim como a prevalência de hepatite B, hepatite C e infecções pelo HIV

Os efeitos adversos da testosterona normalmente são leves e facilmente tratáveis nas doses terapêuticas utilizadas na reposição hormonal do hipogonadismo, mas, nos casos de abusos e utilização off label da testosterona e EAS, esses efeitos adversos podem ser severos, irreversíveis e potencialmente fatais, uma vez que são usadas doses 5-15 vezes maiores que as doses clínicas preconizadas, muitas vezes em preparações manipuladas sem qualquer controle sanitário e até mesmo indicadas para uso veterinário.

Os usuários de EAS acreditam que podem evitar tais efeitos colaterais indesejados ou maximizar os efeitos das drogas utilizando-as de maneiras que incluem: (a) ciclos: aplicações intercaladas com períodos variáveis de interrupção do uso; (b) associações: combinação de dois ou mais tipos diferentes de EAS; (c) pirâmides: aumento progressivo nas doses e/ou frequência de uso seguido de reduções graduais. 

Não há, obviamente, nenhuma evidência científica de que qualquer uma dessas práticas reduza as consequências nocivas do abuso dessas substâncias, sendo ainda mais preocupante a associação de EAS com outros agentes que elevam substancialmente o risco de efeitos adversos sérios para a saúde dos usuários.

Neste sentido, é comum o uso combinado de EAS com o hormônio do crescimento para potencializar o efeito anabólico, hormônio tiroidiano para acelerar o metabolismo, gonadotrofina coriônica humana para impedir e neutralizar a redução no tamanho testicular, inibidores da aromatase para evitar ginecomastia, inibidores da 5 α redutase para prevenir a acne e a calvície e diuréticos para evitar retenção hídrica.

Os efeitos colaterais do abuso com EAS incluem a supressão gonadal, infertilidade, ginecomastia, acne, calvície, hepatotoxicidade, perturbações psiquiátricas (comportamento agressivo e suicida, depressão, risco de crimes aumentado), dependência, abscessos cutâneos e musculares e lesões ortopédicas. Nas mulheres, além de vários desses eventos adversos, são comuns as manifestações de hiperandrogenismo que incluem hirsutismo, engrossamento da voz, clitoromegalia e alopecia androgênica. 

O abuso prévio de EAS é a causa mais frequente de hipogonadismo entre homens jovens, sendo responsável por 43% dos casos. Com o uso prolongado de EAS, ocorre redução do volume e afilamento do córtex cerebral e aumento nas dimensões do núcleo accumbens, lesões essas implicadas como substrato anatômico para o desenvolvimento de comportamentos de dependência de drogas. No sistema cardiovascular, o abuso prolongado de doses suprafisiológicas de EAS exerce efeitos deletérios na fibra miocárdica provocando apoptose e/ou hipertrofia e consequentemente hipertensão, disfunção diastólica e sistólica, arritmias e morte súbita. Além disso, os EAS promovem efeitos deletérios sobre fatores de risco para doença cardiovascular aterosclerótica, como elevação de LDL, redução de HDL, aumento da eritropoiese e da agregação plaquetária, hipercoagulabilidade, que resultam numa taxa de mortalidade três vezes maior entre os usuários de EAS.

Diante de todas essas evidências científicas e do grave problema de saúde pública relacionado a este tema, a SBEM vem através deste posicionamento cobrar atitudes urgentes das autoridades competentes, com a adoção de medidas mais efetivas no intuito de coibir e vedar o uso anti-ético, off label e ilegal de EAS, através da regulamentação e controle da prescrição médica dessas substâncias, preservando os tratamentos previstos para as indicações que são amplamente estabelecidos na literatura médica.

Assinam esse posicionamento:

Dr. César Luiz Boguszewski 
Presidente SBEM Biênio 2021/2022 

Dr. Paulo Augusto Carvalho de Miranda
Vice-Presidente SBEM Biênio 2021/2022

Dr. Alexandre Hohl
Presidente do Depto de End. Feminina, Andrologia e Transgeneridade

Dr. Clayton Luiz Dornelles Macedo
Presidente da Comissão de Endocrinologia do Exercício e Esporte 

Referências:
  1. Baggish AL, Weiner RB, Kanayama G, et al. Cardiovascular Toxicity of Illicit AnabolicAndrogenic Steroid Use. Circulation. 2017;135(21):1991–2002.
  2. Bates G, Van Hout MC, Teck JTW, McVeigh J. Treatments for people who use anabolic androgenic steroids: a scoping review. Harm Reduct J. 2019;16(1):75.
  3. Bertozzi G, Salerno M, Pomara C, Sessa F. Neuropsychiatric and Behavioral Involvementin AAS Abusers. A Literature Review. Medicina (Kaunas). 2019;55(7):396.
  4. Committee on Sports Medicine and Fitness. Use of Performance-Enhancing Substances. Pediatrics.2005;115(4):1103-1106.
  5. Conselho Federal de Medicina. Resolução n o 1999/2012. Diário Oficial da União. Seção 1, pag 139, 19 de outubro de 2012. Disponível em  https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2012/1999
  6. Coward RM, Rajanahally S, Kovac JR, Smith RP, Pastuszak AW, Lipshultz LI. Anabolic steroid induced hypogonadism in young men. J. Urol. 2013;190:2200–2205.
  7. Diário Oficial da União. LEI Nº 9.965, DE 27 DE ABRIL DE 2000. Restringe a venda de esteróides ou peptídeos anabolizantes e dá outras providências. Disponível em https://www.jusbrasil.com.br/diarios/DOU/2000/04/28. Acessado em 05 de fevereiro de 2020.
  8. Doleeb S, Kratz A, Salter M, Thohan V. Strong muscles, weak heart: testosteroneinduced cardiomyopathy. ESC Heart Fail. 2019;6(5):1000–1004.
  9. El Osta R, Almont T, Diligent C, Hubert N, Eschwège P, Hubert J. Anabolic steroids abuse and male infertility. Basic Clin Androl.2016;26:2.
  10. Goldman AL, Pope HG, Bhasin S. The Health Threat Posed by the Hidden Epidemic of Anabolic Steroid Use and Body Image Disorders Among Young Men. J Clin Endocrinol Metab. 2019;104(4):1069–1074.
  11. Handelsman DJ. Androgen Misuse and Abuse. Endocr Rev. 2021 Jul 16;42(4):457-501.
  12. Hope VD, Harris R, McVeigh J, Cullen KJ, Smith J, Parry JV, DeAngelis D, Ncube F. Risk of HIV and Hepatitis B and C Over Time Among Men Who Inject Image and Performance Enhancing Drugs in England and Wales: Results From Cross-Sectional Prevalence Surveys, 1992-2013. J Acquir Immune Defic Syndr. 2016;71(3):331–337.
  13. Horwitz H, Andersen JT, Dalhoff KP. Health consequences of androgenic anabolic steroid use. J Intern Med. 2019;285(3):333–340.
  14. Irwig MS, Fleseriu M, Jonklaas J, Tritos NA, Yuen KCJ, Correa R, Elhomsy G, Garla V, Jasim S, Soe K, Baldeweg SE, Boguszewski CL, Bancos I. Off-label use and misuse of testosterone, growth hormone, thyroid hormone, and adrenal supplements: risks and costs of a growing problem. Endocr Pract. 2020 Mar;26(3):340-353.
  15. Jampel JD, Murray SB, Griffiths S, Blashill AJ. Self-Perceived Weight and Anabolic Steroid Misuse Among US Adolescent Boys. J Adolesc Health. 2016;58(4):397–402.
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  17. Liu JD, Wu YQ. Anabolic-androgenic steroids and cardiovascular risk. Chin Med J (Engl). 2019;132(18):2229–2236.
  18. Long N, Bassi S, Pepito D, Akhondi H. Gerstmann syndrome complicating polycythemia secondary to anabolic steroid use. BMJ Case Rep. 2019;12(6):e229004.
  19. Macedo C. Fioretti AMB. O abuso de esteroides anabolizantes como um grande problema social e de saúde pública. Revista do DERC - Departamento de Ergometria, Exercício, Cardiologia Nuclear e Reabilitação Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia. 2020. doi:10.29327/22487.26.1-6.
  20. Maravelias C, Dona A, Stefanidou M, Spiliopoulou C. Adverse effects of anabolic steroids in athletes: a constant threat. Toxicol Lett.2005;158:167–75.
  21. Murray SB, Rieger E, Touyz SW, García YDLG. Muscle Dysmorphia and the DSM-V Conundrum: Where does it belong? A Review Paper. Int J Eat Disord, v. 43, n. 6, p. 483– 491, 2010.
  22. Nieschlag E, Vorona E. Doping with anabolic androgenic steroids (AAS): Adverse effects on non-reproductive organs and functions. Rev Endocr Metab Disord.2015;16(3):199-211, 2015.
  23. Pope HG Jr, Kanayama G, Athey A, Ryan E, Hudson JI, Baggish A. The lifetime prevalence of anabolic-androgenic steroid use and dependence in Americans: current best estimates. Am J Addict. 2014;23(4):371–377.
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  25. Schwingel PA, Zoppi CC, Cotrim HP. The influence of concomitant use of alcohol, tobacco, cocaine, and anabolic steroids on lipid profiles of Brazilian recreational bodybuilders. Subst Use Misuse. 2014;49(9):1115–1125.
  26. Silva PRP. Prevalência do Uso de Agentes Anabólicos em Praticantes de Musculação de Porto Alegre. Arq Bras Endocrinol Metab, v. 51, n. 1, p. 104-110, 2007.
  27. Urtado CB. Prevalência e perfil da utilização de esteróides anabolizantes por praticantes de treinamento de força com idade entre 14 e 24 anos na cidade de Piracicaba. São Paulo, Brasil. 2014. 75f. Tese (Doutorado em Ciências). Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2014.
  28. Wadthaisong M, Witayavanitkul N, Bupha-Intr T, Wattanapermpool J, de Tombe PP. Chronic high-dose testosterone treatment: impact on rat cardiac contractile biology. Physiol Rep. 2019;7(14):e14192.
SBMEE

São Paulo, 19 de outubro de 2022

A Medicina do Exercício e do Esporte é uma especialidade médica que tem uma ampla área de atuação, indo desde os cuidados dispensados a atletas até a utilização do exercício físico, na população geral, como um instrumento de promoção da saúde, nos âmbitos preventivo, terapêutico e/ou de reabilitação.
Tendo em vista que a detecção do uso indevido dos chamados Esteroides Anabolizantes e Similares, no esporte, tem sido frequentemente divulgada na imprensa e, paralelamente, observando-se uma crescente discussão nas mídias sociais e diversos meios de comunicação, chegando, por vezes, ao estímulo à sua utilização por parte de diferentes tipos de praticantes de exercício físico, vindo especialmente de “personalidades” e influenciadores digitais, alguns deles, infelizmente, profissionais da saúde, a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) se vê na obrigação de fazer o presente posicionamento sobre esse importante assunto.

No esporte competitivo, é reconhecido que os efeitos dos EAS, visando melhoria de desempenho físico, de forma ilícita e antiética, ferem os princípios da competição justa e limpa, sendo o seu uso condenado pelas grandes entidades esportivas, internacionalmente, com o controle do doping, por parte dessas instituições, sendo continuamente ampliado e aperfeiçoado, trazendo com ele as consequentes punições. Essas, infelizmente, podem prejudicar e até interromper, por vezes, carreiras potencialmente promissoras de atletas, mas que acreditaram no sedutor caminho de seguir atalhos que pareceram mais fáceis. Isso sem contar os diversos efeitos adversos que podem advir desse uso, sobejamente conhecidos. 

O impacto dos EAS no organismo é multissistêmico. Não há níveis seguros e alguns dos efeitos deletérios surgem rapidamente. No cérebro, determinam alterações comportamentais, agressividade, insônia e, a médio prazo, dependência. O aumento de massa muscular vem acompanhado de fragilidade dos tendões com maior risco de ruptura ao exercício. Na mulher, causam o surgimento de pelos corporais (hirsutismo), mudança no timbre de voz, amenorreia, atrofia das mamas, acne e infertilidade. No homem, alopecia, atrofia dos testículos, infertilidade, ginecomastia e, eventualmente, disfunção erétil e perda da libido. Alterações metabólicas são comuns, com aumento de colesterol e triglicerídeos sendo as mais preocupantes, juntamente com aumento da pressão arterial, todos eles fatores de risco
cardiovascular. Hipertrofia ventricular também foi relatada e, resultando dessas alterações, há um risco aumentado de desfechos cardiovasculares. Os EAS têm toxicidade hepática e, embora a associação com câncer de fígado não seja confirmada, alterações funcionais são comuns. Osteopenia é outro efeito descrito, particularmente em homens

Obviamente, esses mesmos problemas atingem usuários de EAS entre esportistas recreativos, frequentadores de academias e assemelhados, cuja utilização se estende também para fins estéticos e sociais. Nessa população, estratégias com falsas “evidências científicas” e trazendo denominações com apelo mercadológico, que visam dar a falsa impressão de condutas médicas adequadamente embasadas, como “antienvelhecimento”, “modulação hormonal”, entre outras, não apresentam nenhum respaldo científico, não sendo procedimentos reconhecidos pelas principais sociedades de especialidades médicas, entre as quais a SBMEE, como também pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Além disso, preocupa a disseminação de justificativa, igualmente irresponsável, de que caberia ao médico assistente, seja de um usuário de EAS ou daquele paciente que decidiu iniciar seu uso, com as finalidades acima citadas (ou seja, sem nenhuma indicação verdadeiramente terapêutica), orientá-lo sobre a “melhor forma” de utilização para, com isso, “evitar ou reduzir seus potenciais malefícios”.

Analogamente, seria o mesmo que aceitar ser correto orientar/prescrever a um paciente a maneira “mais adequada” de ser um tabagista ou usar entorpecentes. Seja qual for a situação, tudo se resume a uma explícita infração da ética profissional, levando até a potenciais implicações criminais. 

Outro ponto que está despertando muita atenção da SBMEE é o crescente assédio a alunos de medicina, por parte de alguns maus “profissionais”, que se valem da formação ainda incipiente dos acadêmicos, nessa área, para seduzi-los a ingressar neste terreno arenoso, através de palestras, perfis, postagens e/ou lives na internet, a grande maioria disponível gratuitamente. 

Nessas ações, tentam passar a falsa impressão de que o uso de EAS, principalmente para fins estéticos, ganho de desempenho esportivo e/ou condicionamento físico é procedimento “lícito, bastando serem seguidas as evidências científicas atuais”, podendo ser também “seguro, se bem prescrito/orientado”, e com grande perspectiva de sucesso profissional e financeiro. Esse comportamento, guardadas as proporções, lembra o de traficantes de drogas indo às portas de escolas em busca de novos e jovens
usuários, além da tentativa de aliciamento de potenciais estimuladores/vendedores.

Diante da gravidade dessa situação, a SBMEE vem, através deste documento, reforçar que condena o uso de EAS sem a devida indicação clínica, conforme recomendações bem estabelecidas, com o devido embasamento científico, pelas sociedades médicas de especialidades envolvidas com sua prescrição, e pelo CFM.

Portanto, a SBMEE refuta e desaprova veementemente a prescrição dessas substâncias com fins estéticos ou para ganho de desempenho físico, prática contraindicada e proscrita pela nossa especialidade.

Referências:
  1. Conselho Federal de Medicina. Resolução no 1999/2012. Diário Oficial da União. Seção 1, pag 139, 19 de outubro de 2012 https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2012/1999
  2. Diagnosis and Management of Anabolic Androgenic Steroid Use. Bradley D. Anawalt.The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, Volume 104, Issue 7, July 2019, Pages 2490–2500. https://doi.org/10.1210/jc.2018-01882
Assinam esse posicionamento 

Ivan Pacheco 
Presidente SBMEE

Marcelo B.Leitão
Diretor Científico

Marcos Henrique F. Laraya
Presidente Passado

Fernando Carmelo Torres
Presidente Eleito


A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRA) emitiu 2 posicionamentos relacionados ao tema.

O primeiro foi em 2018 e diz o seguinte:

A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) vem a público esclarecer que a denominada “modulação hormonal” não faz parte do rol de procedimentos da especialidade médica NUTROLOGIA. Existem situações clínicas nas quais a correção hormonal se faz necessária para o restabelecimento das funções fisiológicas normais, procedimento este que deve ser realizado pelo médico competente. 

Recomendamos aos médicos e à população em geral que, ao se referirem ou procurarem por um nutrólogo, assim como qualquer outra especialidade médica, que certifiquem se o mesmo realmente possui o título de especialista, o que deve ser feito por consulta ao registro da especialidade do Conselho Federal de Medicina (CFM) *.

*https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59



Já em 2019 ela publicou em seu site o seguinte posicionamento:

A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA – ABRAN, representada neste ato nos moldes de seu Estatuto e, no uso de suas atribuições legais, vem a público informar para os devidos fins de direito que:

Considerando-se a importância da Medicina baseada em evidências e, neste interim, em consonância com os procedimentos médicos e diretrizes científicas da Especialidade Médica Nutrologia, a Associação Brasileira de Nutrologia – ABRAN, vem a público informar e esclarecer que, nas competências da especialidade médica Nutrologia, conforme próprio Estatuto desta Associação, NÃO ESTÃO PREVISTAS E NÃO FAZEM PARTE DO ROL DE PROCEDIMENTOS DESTA ESPECIALIDADE:

1- A prática denominada MEDICINA ORTOMOLECULAR;
2- A prática de MEDICINA ANTI AGING ou ANTIENVELHECIMENTO;
3- A prática de OZONIOTERAPIA;
4- A Terapêutica Médica por MODULAÇÃO HORMONAL;
5- A prescrição de esteroides e anabolizantes sem indicação médica RESPALDADA PELA LITERATURA CIÊNTICA;
6- A prática de soroterapia endovenosa para administração de nutrientes QUANDO NÃO HÁ DEFICIÊNCIA.

Era o que tínhamos a informar, estando certos da compreensão de todos os envolvidos, nos colocando sempre à disposição para maiores esclarecimentos e embasamentos científicos.

À Diretoria.

Catanduva – SP, 14 de Março de 2019.


E mais recentemente (2022) a ABRAN fez uma postagem em seu instagram ( https://www.instagram.com/p/CgP5iVkvBzb/ ) com os seguintes dizeres:



quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Não consegue tomar água ? Estratégias para melhorar a ingestão

Caso você NÃO goste de tomar água, fique sabendo que esse é um dos poucos hábitos que você terá que mudar mesmo sem gostar, isso se quiser manter uma boa saúde geral.

Acredite, estima-se que entre 10-20% dos pacientes que apresentam alguma queixa de cansaço e fadiga está associado a uma hidratação ruim. Uma boa parcela dos casos em que exista queixa da saúde e aspectos físicos da pele ou dos olhos, também está relacionado com o baixo consumo de água.

Portanto, se você não gosta de água, comece a mudar isso hoje! Coloque no seu despertador para se lembrar, mensure as quantidades em copos ou garrafas e observe a coloração da sua urina. Para auxiliar, você ainda pode:
  • Colocar frutas em uma garrafinha de água para saborizar e facilitar;
  • Utilizar alguns tipos de chás (camomila, erva-doce, hortelã, dentre outros);

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Curcumina oferece benefício adicional à intervenção no estilo de vida em pacientes com DHGNA?

As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em pacientes com doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), sendo ela a mais comum das doenças hepáticas, tendo prevalência de 25,4% e com os números crescendo. 

A DHGNA engloba espectros de condições como acúmulo excessivo de gordura no fígado (triglicerídeos) que podem variar de esteatose a esteato-hepatite, cirrose, fibrose, podendo evoluir para um carcinoma hepatocelular (CHC) e está fortemente associada a doenças crônicas como o diabetes mellitus tipo 2, síndrome metabólica, obesidade e doenças cardiovasculares.

  Dado aos efeitos hipoglicemiantes e ateroscleróticos positivos obtidos com uso de curcumina em pacientes com diabetes do tipo 2, pesquisadores questionam se esse uso seria benéfico também em pacientes com DHGNA. Foi então, conduzido um estudo clínico randomizado, duplo-cego e controlado para avaliar se a suplementação de curcumina associada a modificação do estilo de vida teria efeitos benéficos nestes pacientes

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Estratégias para reduzir o consumo excessivo de doces

A avidez excessiva por doces é uma queixa muito frequente no consultório, a qual merece muita atenção pelo potencial de dificultar o alcance de bons resultados em médio e longo prazo.

Mas como evitar comer doces em excesso?

Primeiramente, é preciso saber qual o fator que leva a essa seletividade alimentar por doces. Alguns exemplos são:
  • Paladar infantilizado, que foi construído e carregado durante toda a infância até a fase adulta;
  • Comum também por questões psicológicas/psiquiátricas (ansiedade, depressão, tristeza, estresse), em que o consumo dos doces se torna um comportamento de compensação e fonte de prazer (vias cerebrais serotoninérgicas e dopaminérgicas);
  • Pelo simples fato de se conviver em um ambiente obesogênico, em que há disponibilidade de grande quantidade desses alimentos (comprados por conta própria ou por terceiros);
  • Desenvolvimento de hábitos de "comer transtornado", os quais podem ocorrer na infância, adolescência ou fase adulta. É comum em casos em que há proibições extremas e de forma brusca do consumo determinados alimentos, o que favorece o consumo "escondido" e/ou medo de novas restrições futuras, levando a ingestão excessiva.
  • Então, para evitar comer doces em excesso você precisa trabalhar todos esses fatores anteriores (nutrição comportamental com acompanhamento psicológico) e não restringir bruscamente.

A redução gradativa do consumo é uma boa estratégia, logo, se você come uma barra de chocolate por dia, reduza para 75% da barra e continue diminuindo gradativamente até alcançar uma quantidade que seja compatível com suas necessidades.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

terça-feira, 18 de outubro de 2022

O potencial efeito da suplementação de vitamina D na síndrome do intestino irritável

Sem clareza na patogênese, os profissionais da saúde enfrentam dificuldades para o estabelecimento de terapias adequadas para o tratamento dos sintomas da síndrome do intestino irritável (SII). Essa condição é caracterizada por sintomas como dor, inchaço e hábitos intestinais alterados que afetam a qualidade de vida do paciente.

Para melhorar esse cenário de dúvidas, pesquisadores têm questionado uma possível relação da SII com a deficiência de vitamina D. Sabe-se que a vitamina D é importante no metabolismo de minerais, como cálcio e fósforo, mas também apresenta capacidade anti-inflamatória e imunomoduladora que são relevantes no quadro clínico da SII.

Vale lembrar que essa vitamina também participa da manutenção de superfícies mucosas, como a barreira mucosa intestinal, logo, a deficiência de vitamina D apresenta sintomas gastrointestinais que podem ser causados por danos na mucosa. Em uma revisão sistemática e meta-análise, pesquisadores decidiram avaliar o efeito da suplementação de vitamina D sobre a gravidade dos sintomas e a qualidade de vida dos pacientes com SII.

A partir de 6 ensaios controlados randomizados com duração de 1,5 a 6 meses, pesquisadores encontraram um total de 616 participantes que foram diagnosticados com SII através dos critérios de Roma III ou IV. Desse total, 310 pacientes receberam suplementação de vitamina D (de 2.000 UI a 50.000 UI) e 306 receberam placebo.

Analisando esses estudos, não foram encontradas diferenças significativas, entre o placebo e a vitamina D, nos sintomas da SII que foram mensurados por um questionário que avalia gravidade da dor abdominal, frequência de dor, distensão abdominal, insatisfação com os hábitos intestinais e interferência na vida em geral. Também não foram observadas diferenças entre as doses, altas (50.000 UI) ou baixas (abaixo de 50.000 UI).

Porém, além de melhorar o status de vitamina D dos pacientes que receberam suplementação, essa estratégia favoreceu escores mais positivos de qualidade de vida na síndrome do intestino irritável. Esse escore inclui itens como ansiedade, imagem corporal, preocupação com a saúde, recusa alimentar, entre outras questões.

Dessa forma, a revisão destaca que ainda é preciso investigar mais a relação da vitamina D com a síndrome do intestino irritável. Mas, os pesquisadores ressaltam que, devido às suas características imunomoduladoras, essa vitamina pode impactar na saúde do sistema gastrointestinal melhorando a inflamação e reestabelecendo a funcionalidade do intestino.

Fatores psicológicos, como ansiedade e depressão, também são relatados por alguns pacientes antes do início da SII e geralmente essas condições estão associadas à deficiência de vitamina D. Sabendo disso, os autores dessa revisão também comentam que a suplementação de vitamina D pode melhorar sintomas depressivos e, consequentemente, influenciar a etiologia e a melhoria da qualidade de vida na SII.


Referência: Abuelazm M, Muhammad S, Gamal M, Labieb F, Amin MA, Abdelazeem B, Brašić JR. The Effect of Vitamin D Supplementation on the Severity of Symptoms and the Quality of Life in Irritable Bowel Syndrome Patients: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials. Nutrients. 2022 Jun 24;14(13):2618. doi: 10.3390/nu14132618. PMID: 35807798; PMCID: PMC9268238.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Já fez biomassa de banana verde?


Uma opção mais saudável para espessar molhos e cremes é a biomassa de banana verde. É usada também como substituta para farinha de trigo, não deixa cheiro nem gosto residual. Por ser muito rica em fibras, agrega valor nutricional às preparações.

Receita:
✔️Escolha 12 bananas (prata ou nanica) bem verdes e duras;
✔️Solte as bananas do cacho sem tirar os talos;
✔️Lave-as e reserve;
✔️Aqueça a água na panela de pressão, quando começar a ferver, adicione as bananas com a casca;
✔️Tampe a panela de pressão. Assim que pegar pressão, cozinhe por 10 minutos e desligue;
✔️Quando sair toda a pressão, pegue as bananas com ajuda de um pegador de macarrão ou pinça grande, transfira para uma tábua de corte e retire as cascas com cuidado para não queimar. (Fazer este processo com as bananas ainda quentes);
✔️Coloque as bananas sem a casca no liquidificador ou processador até formar um creme homogêneo. Se estiver muito duro, pode colocar um pouquinho da água do cozimento;
✔️Transfira para uma forma ou forminha de gelo e leve para geladeira até firmar. Eu prefiro fazer em forma. Unto com pouquinho de óleo, e depois de firme corto os pedaços como o da foto;
✔️Na geladeira dura cerca de 5 dias, congelada dura até 6 meses.
✔️Costumo cortar os pedaços em tamanho médio, armazeno em sacos plásticos e congelo. Assim fica mais fácil tirar só a porção que vai usar.

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

É caro emagrecer?


Há alguns meses conversei com colegas do movimento Nutrologia Brasil sobre um movimento paralelo chamado Nutrologia Para Todos (NPT). Com foco em desmistificar que a Nutrologia é elitizada e inacessível para a maioria das pessoas. 

A especialidade apesar de muitos terem interesse em deixá-la restrita à uma pequena parcela da população, deveria (pelo menos eticamente/moralmente falando) ser para todos, independente da classe social. Esbarramos em um grande percalço: preço de alimentos, suplementos e medicamentos. 

Infelizmente poucos ainda conseguem comprar uma variedade de alimentos in natura, de boa qualidade. Menos ainda são aqueles que conseguem ter acesso a suplementos e/ou medicamentos. E aí? Como ficaria o processo de emagrecimento de pessoas menos favorecidas economicamente?  Como eu faço no ambulatório de Obesidade no SUS? Quais estratégias que traçamos a fim de se alcançar um emagrecimento saudável, sustentável, não iatrogênico ?

Primeiramente, faz-se necessário esclarecer que uma das coisas que encarece o tratamento da obesidade é a multidisciplinaridade. A participação de uma equipe mínima composta por Médico, Nutricionista, Psicólogo, Profissional da Educação física gera obviamente melhor adesão e resultados. Mas na prática, para grande parte da população isso fica inacessível, até mesmo para a classe média. Existe um mundo ideal e temos o mundo real.


Alternativa 1: a básica
Passar em consulta com o médico para diagnóstico das comorbidades, bem como tratá-las. O Médico então direcionará para um nutricionista prescrever um plano alimentar. Isso consigo no SUS, já que temos uma equipe multidisciplinar. Pelo plano de saúde também consegue-se. 
Orientar a prática de exercício físico e atividade física. Mudança no estilo de vida. Se detectados fatores emocionais que fortemente influenciam no quadro, recomendar busca por psicoterapia. No SUS conseguimos, porém a psicoterapia não fica sendo semanal. Por planos de saúde também. 
Utilizar medicações on-label , eficazes e com poucos efeitos colaterais. 

Alternativa 2: a intermediária
Passar em consulta com o médico para diagnóstico das comorbidades, bem como tratá-las ou encaminhar para outros colegas. Direcionamento para o nutricionista para o planejamento de plano alimentar e retornando no mesmo mensalmente.
Orientar mudança no estilo de vida. 
Recomendar que o paciente procure um profissional da Educação física (personal ou academia) para receber a prescrição de um treinamento personalizado. Praticando o exercício pelo menos 3 vezes na semana.
Indicar Psicoterapia, já que na maioria das vezes, os fatores emocionais interferem no processo de emagrecimento. Frisando a necessidade dessa terapia ser no mínimo quinzenal
Utilizar medicações on-label , eficazes e com poucos efeitos colaterais. 

Alternativa 3: a ideal
Passar em consulta com o médico Nutrólogo ou Endocrinologista para diagnóstico das comorbidades, bem como tratá-las ou encaminhar para outros colegas. 
Iniciar acompanhamento quinzenal com Nutricionista, que adote um plano alimentar personalizado e que forneça estratégias nutricionais a fim de se alcançar sucesso no processo.
Orientar mudança no estilo de vida baseado nos pilares da chamada "Lifestyle Medicine", medicina do estilo de vida. Ou seja, técnicas da terapia cognitivo comportamental para aumentar a adesão do paciente ao tratamento e sustentar as mudanças no estilo de vida.
Recomendar que o paciente procure um profissional da Educação física (personal ou academia) para receber a prescrição de um treinamento personalizado. Praticando o exercício pelo menos 5 vezes na semana.
Indicar Psicoterapia, sendo que as sessões deverão ser realizadas semanalmente, afinal a fala pode ser terapêutica. Detectar gatilhos que impedem o sucesso no processo de emagrecimento, bem como implementar estratégias para evitá-los. 
Utilizar medicações on-label , eficazes e com poucos efeitos colaterais. 

Alternativa 3: a utópica
Passar em consulta mensal com o médico Nutrólogo ou Endocrinologista para verificar a adesão ao tratamento, bem como os resultados alcançados.
Manter acompanhamento quinzenal com Nutricionista.
Orientar mudança no estilo de vida baseado nos pilares da chamada "Lifestyle Medicine".
Manter acompanhamento diário com profissional da Educação física (personal).
Manutenção da Psicoterapia, duas vezes na semana. 
Ter um profissional para preparar todas as refeições prescritas pelo nutricionista. Que essas refeições sejam palatáveis, saborosas, variadas, nutricionalmente equilibradas. 
Contar com apoio de profissionais que trabalhem com técnicas de Mindful eating e profissionais que ensinem técnicas de manejo de estresse.
Utilizar medicações on-label , eficazes e com poucos efeitos colaterais. 

Tudo isso tem um custo e o fator custo faz muitos pacientes desistirem do tratamento. Infelizmente. 

Alimentação

Com a alta da inflação, alimentos mais protéicos estão custando cada vez mais caro e com isso a incorporação deles a uma dieta fica difícil. O preço de ultraprocessados é bem inferior e assim se tornam opção mais barata. O Governo não aumenta a tributação sobre ultraprocessados e nem reduz a que incide sobre alimentos in natura. 

Alternativas: sempre escolher alimentos in natura de produtores locais, respeitando a sazonalidade. Lembrar que alimentos protéicos devem ser incorporados ao café da manhã, almoço e jantar. Vegetais devem ser a base da nossa alimentação e se respeitarmos a sazonalidade, podemos adquirir alimentos com um preço reduzido. 

Prática de exercício físico

Se você não tem condições de pagar um personal, tente treinar em uma academia. Se também não tem condições de pagar uma academia nesse momento, opte por praticar exercícios em áreas públicas. Mas assegure-se que não está lesionando suas articulações. O Ideal é passar por um ortopedista antes, já que a obesidade pode gerar uma sobrecarga articular. Lembre-se, o efeito da prática de exercícios no emagrecimento é baixo. Mas promove saúde. Lembre-se também que tão importante quanto o exercício, é a atividade física que faz ao longo do dia. Portanto, mova-se. 

Psicoterapia

Os aspectos emocionais percebo que são os maiores sabotadores de um processo de emagrecimento. Por isso nas minhas aulas, coloco a psicoterapia como base no tratamento da obesidade. Esbarramos no fator custo. Temos no SUS? Sim, mas a fila é grande e geralmente são sessões mensais. Temos pelos planos de saúde? Sim e agora (2022) são sessões ilimitadas. Gosto de recomendar pelo menos semanal. Mas e se você não tem plano de saúde e não consegue pelo SUS? Há várias clínicas que tem serviço gratuito ou a preço social. Vale a pena procurar o Conselho Regional de Psicologia do seu estado e verificar.

Medicações antiobesidade

Infelizmente, ainda temos poucas medicações disponíveis para tratamento da obesidade no SUS. Na verdade depende de região para região. On-label (recomendação em bula) são poucas unidades federativas que disponibilizam Sibutramina e Orlistat. Por aqui, nenhuma dessas medicações estão disponíveis e aí sobram apenas antidepressivo que entram em tratamento off-label, exemplo Fluoxetina, Sertralina, Bupropiona ou anticonvulsivantes como o Topiramato. Porém, muitas vezes o SUS só libera a medicação para o tratamento on-label. Exemplo: bupropiona para cessar tabagismo. Topiramato para Enxaqueca... Ou seja, é complicado. Drogas mais modernas, como Semaglutida ou Liraglutida, acho que dificilmente serão incorporadas ao SUS, nos próximos anos. 

Discuta com o seu médico a opção que se adequa ao seu bolso. O paciente precisa ser transparente e informar o médico sobre limitações financeiras, para escolherem em comum acordo aquilo que poderá ser seguido. A relação precisa ser de confiança.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915


quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Acolhendo o paciente portador de obesidade

Diariamente recebo reclamações de pacientes acerca da abordagem que alguns profissionais da saúde (em especial Endocrinologistas, Nutricionistas e Nutrólogos) tem para com o paciente portador de obesidade. Ao longo de quase 15 anos, percebi que a Medicina evoluiu muito pouco no quesito acolhimento. Pior ainda quando analisamos o quão gordofóbica é a abordagem da maioria dos profissionais.

O paciente portador de obesidade se torna um nicho altamente lucrativo para a indústria de dietas. As chances de sucesso terapêutico vão se reduzindo com o passar dos anos, à medida que ele tenta novas alternativas/dietas/medicações/intervenções e não alcança êxito, ele se sente fracassado e cada vez mais fragilizado. Essa sensação vem acompanhada de culpa e ao mesmo tempo de esperança, caso encontre outro método para acreditar. E assim a indústria da dieta gera bilhões ao redor do mundo. 

A grande verdade é que a maioria dos profissionais da saúde não gostam do paciente portador de obesidade. A obesidade é uma doença bastante completa e o paciente também é complexo. O culpam pela própria patologia. Sabem das dificuldades em se promover mudança de estilo de vida, alguns atée sabem da baixa adesão à maioria dos tratamentos. Não gostam do paciente portador de obesidade, mas adoram o lucro que esse paciente pode gerar. É cruel. 

Se eu fosse listar aqui as frases que eu e meu nutricionista ouvimos nos últimos 12 meses, esse texto teria 20 páginas. Relatos tristes e que botam em cheque a nossa fé na humanidade. Profissionais sem o mínimo de tato na abordagem ou compaixão pelo sofrimento alheio. Gente que vende ilusões e quando se deparam com as adversidades do tratamento da obesidade, tem prazer em culpar o paciente, alimentando um ciclo de tentativas e insucessos. Iatrogenia em cima de iatrogenia.

Quando isso mudará? Talvez quando a esfera psicológica for mais valorizada. Quando os profissionais realmente entenderem que obesidade é uma doença multifatorial, com forte componente genético e ambiental. Que o paciente necessita de uma abordagem multidisciplinar e ser visto de forma ampla. 

Porém, a maioria dos profissionais não querem estudar a parte comportamental, sequer encaminham para psicólogos. Quem dirá ouvir as demandas desses pacientes. Então o ciclo cruel se perpetua e alguém lucra com isso. E para alguém lucrar, faz-se necessário alguém perder algo. 

E quem perde quase sempre é o paciente. Perde a confiança em si mesmo e nos profissionais. Por fim acaba se culpando e ficando ainda mais fragilizado. Mas a esperança é a última que morre e em breve ele recorrerá a um novo tratamento. 

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416 



O que é melhor: pão de fermentação natural ou química ?

Entre o pão de fermentação natural e o de fermentação química, você sabe qual é a melhor opção?
Bom, em se tratando da composição nutricional geral (calorias, por exemplo), NÃO há diferenças significativas entre eles. Porém, em outros aspectos, o pão de fermentação natural é bem melhor, pois, normalmente:
➡️Gera uma resposta glicêmica melhor;
➡️Possui digestibilidade e absorção mais facilitada, o que é muito positivo, principalmente em pacientes com intolerâncias alimentares;
➡️Resulta em menor produção de gases intestinais;
➡️Sabor mais marcante do que o de fermentação química;
➡️Alguns pacientes também relatam ter menos sintomas gastroesofágicos (refluxo) e mais saciedade.

Logo, caso você tenha acesso ao pão de fermentação natural, ele pode sim ser uma ótima opção para seu cardápio.

OBS: isso não significa que o pão de fermentação química seja ruim.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Ressalvas sobre o café

O café é uma das bebidas mais queridas, consumidas e estudadas em todo o mundo. Nós, por exemplo, amamos um café bem quente e todos os dias bebemos pela manhã.

Mas a dúvida que vários pacientes que são amantes do café me perguntam, é se podem tomar o quanto quiserem da bebida. Bom, na nossa visão, nenhum alimento ou bebida deve ser consumido de forma livre e excessiva, visto que na Nutrição é preciso MODERAÇÃO em tudo.

Mas, sendo mais científico, diversos estudos já demonstraram que o consumo de 3 a 5 xícaras por dia de café não traz riscos à saúde e, nessa quantidade, está associado com um menor risco de doenças cardiovasculares e alguns tipos de cânceres. Lembrando também que doses maiores que 5 xícaras por dia não está associado a maiores benefícios para saúde, nem com maior risco de hipertensão arterial.
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Então, o que te orientamos sobre isso:
  • Beba café diariamente caso você goste, pois pode te trazer benefícios!
  • Não adicione açúcar e, caso faça o uso, reduza gradativamente. Parece impossível, mas é questão de costume. Vá reduzindo a quantidade de açucar ou as gotas de adoçante.
  • Evite ultrapassar 5-6 xícaras de café por dia.
  • Evite ingerir café após às 16-17 horas, mesmo que acredite ser "imune" ao seu efeito estimulante. Algumas pessoas são denominadas de metabolizadores rápidos do café e com isso os efeitos "aceleradores" do café são quase imperceptíveis. Há também os que são metabolizadores lentos e nesses os efeitos são mais proeminentes. Isso ocorre devido um polimorfismo genético. Há um teste genético para saber como você reage ao café.
  • Observe se a ingestão de maiores quantidades de café ao longo do dia não te deixe mais "ansioso (a)", aumenta a frequência cardíaca, frequência respiratória, aumenta o número de evacuações. 
  • Caso seja vegetariano, evite colocar o café próximo as suas grandes refeições. O Café é rico em taninos e isso leva a uma redução de todos os minerais divalentes: ferro, cálcio, magnésio, cobre, zinco. 
  • Se tiver gastrite ou refluxo gastresofágico, evite beber café até que faça o tratamento adequado. O Café pode relaxar o esfíncter esofágico inferior e com isso a comida pode "voltar" para o esôfago com mais facilidade. Além disso substâncias presentes no café podem agredir a mucosa do esôfago e estômago. 
Autores: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Anais do Congresso Brasileiro de Nutrologia 2022



Hoje foi publicado os Anais do XXVI Congresso Brasileiro de Nutrologia (2022). Em Parceria com a Faculdade de Medicina de Olinda, enviamos 4 trabalhos e eles foram aceitos. Para acessar todos os trabalhos publicados clique aqui.







DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 EM PACIENTES DIABÉTICOS EM USO CRÔNICO DE METFORMINA: UMA REVISÃO DA LITERATURA 
Autores: EDITE MARIANA NEVES DE MELO MAGALHÃES, INGRID HELLEN ANDRÉ BARRETO, FREDERICO LOBO, MARCIO JOSE DE SOUZA, MARIANA DINIZ DE SOUZA,
MARIA JULIA PIMENTEL DE ALBUQUERQUE, MICHELLE ALVES DE FARIAS, LUCAS LUCENA BEZERRA
Instituição: Faculdade de Medicina de Olinda

Introdução: A Metformina é a droga de primeira linha para o tratamento do Diabetes Mellitus tipo II (DM2), porém seu uso crônico pode interferir no metabolismo da vitamina B12, por um mecanismo cálcio dependente ainda não totalmente elucidado, acarretando a diminuição dos seus níveis séricos.
Objetivo: Revisar a literatura científica publicada sobre a deficiência de vitamina B12 em pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo II em uso crônico de Metformina, assim como compreender melhor seus desdobramentos e implicações na prática clínica. 
Metodologia: Foi realizada uma revisão da literatura de artigos publicados entre os anos de 2017 a 2022. As bases de dados utilizadas foram a plataforma PubMed e Scielo. A partir disso, foram selecionados 13 artigos, sendo 8 estudos transversais, 3 retrospectivos, 1 observacional e 1 caso-controle.
Resultados: Os estudos observacionais mais recentes vêm demonstrando uma relação entre o uso prolongado de Metformina e a deficiência de vitamina B12, sendo os seus níveis séricos diretamente relacionados a maior dose (> 1g/dia) e tempo prolongado de uso da medicação, principalmente após quatro anos. A prevalência encontrada foi de 21,4% a 40,5% e a maior variação estatística se deve a inclusão ou não de valores limítrofes de B12. O mecanismo pelo qual a metformina causa essa deficiência ainda não foi definido com exatidão, mas acredita-se que se deva ao bloqueio dos canais cálcio dependente necessários para a absorção da vitamina B12. Os sintomas clínicos mais observados foram neuropatia e anormalidades hematológicas como eritrócitos macrocíticos, neutrófilos hipersegmentados e bandas gigantes.
Conclusão: De acordo com os estudos selecionados, o uso crônico de Metformina causa redução nos níveis séricos de vitamina B12, podendo ocasionar desfechos clínicos negativos e graves. Logo, podemos inferir que os usuários devem ser rastreados regularmente a fim de que o médico se antecipe e trate precocemente essa condição clínica.


DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 EM USUÁRIOS CRÔNICOS DE INIBIDORES DE BOMBA DE PRÓTONS: UMA REVISÃO DA LITERATURA.
Autores: EDITE MARIANA NEVES DE MELO MAGALHÃES, ALYCE ALCÂNTARA DE ANDRADE CABÚS, BIANCA SILVA FARIAS, STÉFANNY BERTLEY RODRIGUES DE ALBUQUERQUE, FREDERICO LOBO, MARCIO JOSE DE SOUZA, MARIANA DINIZ DE SOUZA, MARIA JULIA PIMENTEL DE ALBUQUERQUE, LUCAS LUCENA BEZERRA
Instituição: Faculdade de Medicina de Olinda

Introdução: Os Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs) são uma classe de medicamentos amplamente utilizada no mundo, entretanto seu uso prolongado pode influenciar o metabolismo da vitamina B12, acarretando, por exemplo, a sua deficiência, com implicações significativas para a prática clínica.
Objetivo: Proporcionar aos profissionais de saúde e população em geral os dados mais relevantes acerca da deficiência de vitamina B12 em usuários crônicos de inibidores da bomba de prótons (IBPs). Desse modo, esta revisão de literatura pretende abordar os estudos mais recentes sobre o tema, bem como as possíveis desdobramentos e consequências que o uso contínuo dessa classe de medicação pode acarretar no metabolismo da vitamina B12.
Metodologia: A metodologia utilizada consistiu em pesquisa bibliográfica, com fundamentação teórica baseada na análise e revisão da literatura já publicada, no período de 2018 a 2022. Os dados foram coletados nas bases PubMed e SCIELO.
Resultados: Estudos apontam que o uso prolongado dos IBPs pode acarretar deficiência de vitamina B12, uma vez que eles atuam bloqueando a secreção de ácido clorídrico no lúmen estomacal. Inibem, portanto, as enzimas H+/K+ATPase (bomba de prótons), localizadas nos canalículos das células parietais que por sua vez tem como função acidificar ainda mais o PH do estômago, preparando-o para o recebimento e absorção do alimento. Para que a vitamina B12 seja transportada ao Íleo e, ao final, seja absorvida, faz-se necessária sua separação da proteína animal carreadora, o que somente pode ocorrer com a presença da enzima pepsina – sintetizada apenas quando preservado o nível de acidez estomacal. Assim, considerando que os IBPs tornam menos ácido o ambiente estomacal, pode-se concluir que o seu uso prolongado pode deflagrar a não sintetização da pepsina, gerando a não separação da vitamina B12 da proteína animal, de modo a dificultar ou até impedir, a absorção dessa vitamina.
Conclusão: Desse modo, torna-se imprescindível um maior número de estudos que se debrucem sobre os mecanismos pelos quais o uso contínuo do inibidor da bomba de prótons pode levar à deficiência da vitamina B12, pois apesar dessa relação existir, ainda há a necessidade de melhor nível de evidência para a sua causa e efeitos

SÍNDROME PÓS-COVID-19 E SEUS FATORES DE RISCO: O QUE TEMOS DE NOVO?
Autores: EDITE MARIANA NEVES DE MELO MAGALHÃES, ALYCE ALCÂNTARA DE ANDRADE CABÚS, BIANCA SILVA FARIAS, STÉFANNY BERTLEY RODRIGUES DE ALBUQUERQUE, FREDERICO LOBO, MARCIO JOSE DE SOUZA, LUCAS LUCENA BEZERRA, MARIANA DINIZ DE SOUZA, MARIA JULIA PIMENTEL DE ALBUQUERQUE, MICHELLE ALVES DE FARIAS
Instituição: Faculdade de Medicina de Olinda

Introdução: A Covid-19 foi inicialmente considerada uma infecção aguda do sistema respiratório, porém atualmente sabe-se do possível comprometimento de vários órgãos e sistemas, com uma enorme gama de sintomas clínicos. Segundo dados preliminares de estudos observacionais, estima-se que aproximadamente 10% dos pacientes com quadros leves a moderados de Covid-19 apresentam sintomas prolongados, que duram 3 semanas ou mais. No grupo dos internados, especialmente em UTI, estes sintomas residuais podem chegar a 80%. Essa condição tem sido chamada de COVID “longa”, “pós-aguda” ou “Síndrome pós-COVID-19”.
Objetivo: Revisar a literatura acerca da síndrome pós-covid-19 para informar ao público médico a possibilidade do comprometimento de diversas áreas da saúde desse grupo de pacientes e incitar a continuação dos estudos para melhor elucidar os fatores de risco que desencadeiam a síndrome.
Metodologia: Foi realizada uma revisão de literatura apoiada em publicações na base de dados PubMed entre os anos de 2020 e 2022.
Resultados: A Síndrome pós-covid-19 se caracteriza pelo envolvimento musculoesquelético, pulmonar, digestivo e neurológico, independentemente da gravidade da fase aguda e da resposta humoral. Os sintomas mais reportados são: distúrbios do sono, diarreia, fadiga, artralgia, cefaleia, dispneia, anosmia, entre outros relacionados saúde mental. Aqueles que apresentaram fadiga e que estiveram internados em UTIs foram os que mais tiveram sua qualidade de vida comprometida. Estudos afirmam que a Síndrome pós-covid-19 se desenvolve em média entre 30-60% dos pacientes, principalmente entre as mulheres e no grupo que apresentou anosmia. Diante das evidências científicas, considerou-se que fatores de risco como sexo feminino e anosmia são contribuintes para seu desenvolvimento. Contudo, há a necessidade de descobrir outros fatores de risco desencadeantes e sua relação com o tempo de persistência dos sintomas.
Conclusão: A Síndrome pós-covid-19 possui diversas manifestações clínicas e sua evolução varia de acordo com inúmeros fatores associados ao indivíduo. Atenção especial deve ser dada as pacientes do sexo feminino e ao grupo que apresentou anosmia, além dos que tiveram quadros graves, com necessidade de internamento em UTI. Logo, podemos inferir que a Síndrome pós-covid-19 é um problema de saúde pública atual, com limitações referentes a dados científicos, necessitando de mais estudos que possam elucidar a sua abordagem.

A RELAÇÃO ENTRE TRANSTORNOS ALIMENTARES E PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPOS I E II
Autores: EDITE MARIANA NEVES DE MELO MAGALHÃES, STEFANNY BERTLEY RODRIGUES DE ALBUQUERQUE, BIANCA SILVA FARIAS, ALYCE ALCÂNTARA DE ANDRADE CABÚS, FREDERICO, INGRID HELLEN ANDRE BARRETO, MARCIO JOSE DE SOUZA
Instituição: Faculdade de Medicina de Olinda

Introdução: O Diabetes Mellitus é uma doença crônica que altera os níveis plasmáticos de glicose, gerando várias complicações clínicas, dentre elas a associação com transtornos alimentares. Há evidências da relação entre pacientes com Diabetes e comorbidades psiquiátricas, principalmente depressão e Transtornos Alimentares, podendo interferir no controle metabólico da doença. Objetivo: Apurar dados atualizados sobre a relação entre Diabetes Mellitus I e II e transtornos alimentares, abordando aspectos dessas doenças, principalmente a evolução clínica e o tratamento. Expor também a importância do diagnóstico precoce para fornecer uma intervenção médica adequada e eficaz.
Metodologia: A fundamentação teórica foi baseada em revisão de literatura através da análise de artigos publicados no período entre 2018 e 2022, coletados das bases Pubmed e Scielo. 
Resultados: A presente revisão bibliográfica demonstrou maior prevalência de Anorexia Nervosa e Bulimia nervosa em pacientes com Diabetes tipo I, o que podemos relacionar com a presença de Diabulimia. A Diabulimia é a redução ou omissão do uso de insulina por pacientes diabéticos tipo I, com o objetivo de perda de peso e questões estéticas. A redução ou a supressão da insulina acarreta hiperglicemia, poliúria e alterações metabólicas que produzem, como consequência, a redução do peso corporal. Embora essa condição possa ser letal e o índice de predominância no Diabetes tipo I seja alto, há uma falta de pesquisas sobre o tema. Já no Diabetes tipo II existe uma maior relação com o Transtorno de Compulsão Alimentar e a presença de obesidade associada.
Conclusão: O estudo desse tema se faz necessário devido a grande prevalência de Diabetes e suas complicações em nossa população, além do aumento de morbimortalidade associado a presença de transtornos alimentares. As limitações deste estudo estão relacionadas à incipiente produção científica sobre a temática, o que dificulta a discussão e a comparação dos resultados. Além disso, é necessário a capacitação dos profissionais de saúde sobre a correlação entre as patologias, ajudando tanto no diagnóstico precoce quanto no tratamento adequado.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

O que comemos em Outubro ?

Sempre alerto meus pacientes sobre a sazonalidade dos alimentos. A natureza é sábia e devemos incorporar à nossa alimentação, aquilo que as estações do ano vai nos fornecendo. Devemos aproveitar que a sazonalidade nos oferece alimentos mais baratos e com menos agrotóxicos. E no Cerrado o que podemos esperar? E em Santa Catarina? 

Frutas de outubro
Abacate
Acerola
Amora
Banana Maçã
Banana Prata
Banana Nanica
Caju
Cupuaçu
Figo
Framboesa
Graviola
Jabuticaba
Laranja Bahia
Laranja Lima
Maçã Fuji
Manga
Mamão formosa
Melão
Pitanga
Uva Thompsom

Vegetais de outubro
Abóbora
Abobrinha 
Alface lisa
Breinjela
Beterraba
Cenoura
Chicória
Chuchu
Couve
Couve-flor
Espinafre
Rúcula
Tomate caqui
Tomate cereja
Vagem

Tubérculos de outubro
Batata doce


Medicina e responsabilidade social



Há tempos quero falar sobre esse tema, porém, por se tratar de algo polêmico e que muitas vezes pode ser mal interpretado, relutei em escrever. 

Venho de uma família com 34 médicos, minha mãe tem 5 irmãos e 4 são médicos. Meu pai era médico reumatologista. Tenho tios, primos e até sobrinhos que já são médicos. Cresci nesse meio e ao longo dos anos fui observando a percepção sobre a Medicina mudando. 

Meu pai fez faculdade na UFRN, depois residência de clínica médica e reumatologia na UFRJ, na década de 70. A visão que ele tinha era de que a Medicina deveria ser um sacerdócio. A maioria dos meus tios cursaram Medicina na década de 80/90 e a visão de sacerdócio já começou a mudar, afinal, precisamos pagar as contas, ou seja, viver a vida, ou sobreviver.

Eu e minha geração de primos cursamos Medicina no começo dos anos 2000 (formei em janeiro de 2008). A visão de sacerdócio ficou para trás, na verdade, aqueles que assim enxergam a Medicina, são vistos como utópicos e até mesmo alienados. Minha geração é a a geração da Medicina baseada em evidência. Uma geração que começou a ver uma quantidade grande de médicos adentrando ao mercado. Além disso começamos a falar de judicialização médica. 

As próximas gerações ainda estamos analisando, mas o panorama não é nada agradável. Porém, só o tempo dirá. Serão médicos com outros ideais, ambições, outros valores. O quão negativo ou positivo isso será, só o tempo nos mostrará.

Mas o que TODAS essas gerações tem em comum? O objetivo final da Medicina é o bem-estar do paciente. É sanar ou aliviar o sintoma. É prevenir quando possível. E se tudo isso ocorre em prol do paciente, ele tem papel central na nossa formação.

Só somos médicos, porque um dia, alguém se dispôs a permitir que fizéssemos perguntas, examinássemos, sugeríssemos hipóteses diagnósticas para os nossos professores e por fim nossos mestres tomavam condutas. Para beneficiar o paciente.

Na maioria das vezes, na verdade, na grande maioria das vezes, esse paciente era/é alguém que depende do Sistema único de saúde. Alguém sem muitas posses, condições financeiras para pagar um plano de saúde. E aqui chego no ponto chave. Sem esse tipo de paciente, sequer teríamos formados. Gratidão a todos que passaram pelo meu caminho e em um momento difícil das suas vidas, permitiu que um pós-adolescente fizesse perguntas "sem nexo", examinasse seus corpos com alguns instrumentos  e depois repassasse aquilo para um professor diante de outros acadêmicos.

Aqui entra a questão da responsabilidade social. Tema espinhoso para os médicos da minha geração e que provavelmente será ignorado pelas próximas gerações. Aqui a questão é moral. A questão é o dever de gratidão a quem nos ajudou a estar aqui. 

Não tenho a intenção de querer falar que médicos devam doar parte do seu tempo para pessoas mais carentes. Cada um sabe onde o calo aperta. 

O intuito é despertar a seguinte pergunta: Eu seria o médico(a) que sou hoje se não fossem os pacientes do SUS? Como retribuir isso?

Anos atrás assisti à uma reportagem com o Senador Cristovam Buarque (DF) na qual ele falava que os médicos formados em universidades públicas deveriam ficar um período trabalhando no SUS, após formarem. Muitos abominam essa ideia mas é algo a se pensar.

Como retribuir aqueles que tanto nos deram?

Hoje, vou na contramão do que minha família defende e acho que TODO médico tem que ter a sua contribuição social, seja atendendo no SUS ou de forma filantrópica. Se os médicos valorizassem mais o SUS, provavelmente teríamos um SUS ainda melhor. Mas muitos preferem enxergar a Medicina como um comércio, focando apenas no lucro e esquecem da nossa responsabilidade social. 

Espero que as próximas gerações tenham um despertar na consciência e abram os horizontes para a forma de enxergar a Medicina. É inadmissível a Nutrologia ter menos de 1 dúzia de ambulatórios em TODO o território nacional. A Nutrologia é para todos e não apenas para uma pequena parcela da população.

No Centro-oeste há apenas 2 ambulatórios de Nutrologia, um em Brasília (uniceplac) coordenado pela Nutróloga Nádia Hubert e o de Aparecida de Goiânia, coordenado por mim. Não há o serviço de Nutrologia ambulatorial em Goiânia, nem em Campo Grande ou Cuiabá. No último Congresso Brasileiro de Nutrologia discutimos exatamente isso. Se existem mais de 1250 Nutrólogos no país, por que há poucos serviços de Nutrologia no SUS? A quem interessa ter poucos serviços de Nutrologia para atender a população ?

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416 

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Bolo de macaxeira (aipim/mandioca) com côco


Receita elaborada por uma grande amiga de longa data, a professora de Yoga Claudia Sabbag. Vale a pena se inscrever no canal dela. Sempre postando receitas com comida de verdade, nutritivas e saborosas.

Ingredientes:

4 xícaras de mandioca/macaxeira crua e ralada no ralo grosso
2 xícaras e meia de coco ralado no ralo grosso
100 ml de leite de coco
5 colheres de sopa de xilitol (pode substituir por açúcar se quiser)
Pitadas de canela, cravo moído e noz moscada
1 xícara cheia de queijo sem lactose
5 ovos
3 colheres de sopa de manteiga ghee
2 colheres de sopa de farinha de coco
1 pitada de sal
20 cotas de estévia
1 colher de sopa de fermento químico para bolo