A deterioração silenciosa da saúde infantil: pela primeira vez na história, crianças e adolescentes podem viver menos do que seus pais
12 de Outubro, dia das crianças. Então hoje o texto é direcionado para pais, responsáveis, professores, profissionais de saúde ou para todos aqueles que se preocupam com o futuro da nação. Afinal, há evidências robustas de que a saúde de crianças e adolescentes, tem piorado em diversos indicadores quando comparada à saúde de gerações anteriores, incluindo seus pais.
A geração que pode viver menos que seus pais
Pela primeira vez na história, especialistas alertam que crianças e adolescentes podem viver menos do que seus pais. E a principal causa? O estilo de vida moderno e a alimentação inadequada.
Dados recentes do Ministério da Saúde mostram que 2,5% da população brasileira está desnutrida, enquanto 20% sofre com obesidade. Ou seja, convivemos com dois extremos da má nutrição: a carência e o excesso.
Esse paradoxo reflete uma mudança silenciosa, mas profunda, no modo como alimentamos e educamos nossas crianças. Estamos produzindo uma geração que:
- Cresce entre ultraprocessados e telas,
- Carente de nutrientes,
- Apresente dificuldade em criar vínculos afetivos,
- É mais sedentária que as gerações anteriores,
- Terá menor expectativa de vida que seus pais,
- Provavelmente terá uma maior prevalência de transtornos psiquiátricos.
Preocupante? Bastante !
O legado das políticas públicas e a nova realidade
É importante reconhecer que o Brasil já foi um exemplo mundial no combate à desnutrição infantil. O esforço de décadas com políticas públicas de suplementação, aleitamento materno e programas de alimentação escolar, fez com que a ONU elogiasse o país em 2010.
Entre 1989 e 2006, o percentual de crianças com baixo peso para a idade caiu de 7,1% para 1,8%, e a baixa estatura reduziu-se de 19,6% para 6,8%. Esses dados mostravam que estávamos no caminho certo. Porém, nos últimos anos, a curva voltou a mudar. Enquanto a desnutrição ainda atinge milhões, a obesidade avança rapidamente e ameaça se tornar o novo rosto da má alimentação infantil.
Em 2025, o Brasil saiu do Mapa da Fome, conforme relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado recentemente. O país foi incluído novamente em 2022, mas agora tem menos de 2,5% da população em risco de subalimentação, o que significa que o indicador médio dos últimos três anos (2022-2024) está abaixo desse patamar.
Da carência à abundância: o ciclo que se repete
O problema é que o Brasil não resolveu o passado antes de entrar no futuro. Ainda convivemos com bolsões de desnutrição em regiões de vulnerabilidade, ao mesmo tempo em que as grandes cidades enfrentam uma explosão de obesidade infantil.
As crianças que antes sofriam por falta de comida agora adoecem pelo excesso, porém, importante ressaltar que é um excesso de alimentos pobres em nutrientes.
Essa transição nutricional desequilibrada trouxe uma nova epidemia: a de calorias vazias, açúcares, sódio e gorduras ruins. No ritmo atual, estima-se que o país terá 11,3 milhões de crianças obesas até 2025 quase o tamanho da população da cidade de São Paulo.
Panorama mundial da obesidade
A Organização Mundial de Saúde afirma: a obesidade é um dos mais graves problemas de saúde que temos para enfrentar. Em 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, isto é, com um índice de massa corporal (IMC) acima de 30.
E o que isso tem a ver com as nossas crianças? Provavelmente, se políticas eficazes de saúde pública não forem tomadas urgentemente, o cenário só piorará.
Panorama da obesidade no Brasil
No Brasil, a obesidade aumentou 72% nos últimos treze anos, saindo de 11,8% em 2006 para 20,3% em 2019. Diante dessa prevalência, vale chamar a atenção que, de acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). A frequência de obesidade é semelhante em homens e mulheres. Nestas, a obesidade diminui com o aumento da escolaridade. O último vigitel publicado foi o que avaliou o panorama de 2008 a 2023. Para cessar a parte nutricional clique aqui: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/vigitel/vigitel-2006-2023-estado-nutricional-e-consumo-alimentar/view
Em relação à obesidade infantil, o Ministério da Saúde e a Organização Panamericana da Saúde apontam que 12,9% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade têm obesidade, assim como 7% dos adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos. Não existindo perspectiva de melhora, caso políticas públicas sejam implementadas.
Quais fatores explicam o aumento da obesidade no Brasil? Uma análise ecológica de componentes contextuais e comportamentais: https://www.ecologiamedica.net/2022/08/quais-fatores-explicam-o-aumento-da.html
O impacto da desnutrição infantil
A desnutrição ainda é uma realidade cruel e silenciosa. Ela não apenas aumenta o risco de mortalidade e infecções, mas compromete o desenvolvimento psicomotor e cognitivo das crianças. Uma criança desnutrida aprende menos, adoece mais e cresce com menor produtividade na vida adulta. As consequências são biológicas, emocionais e sociais, perpetuando o ciclo da pobreza.
As intervenções na primeira infância são cruciais, pois é nessa fase que o cérebro e o corpo se desenvolvem com maior velocidade. Cada dia de carência nutricional nessa idade é um investimento negativo no futuro.
A epidemia do outro extremo: obesidade infantil
Se por um lado combatemos a fome e os dados mostram redução da desnutrição, por outro, estamos falhando em conter o excesso. Crianças acima do peso têm risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia e doenças cardiovasculares precoces.
A obesidade infantil também está associada a estigmas sociais, baixa autoestima e sofrimento psicológico. É o tipo de doença que se instala devagar, mas deixa marcas por toda a vida, sequelas principalmente psicológicas, o qie pode desdobrar em transtornos psiquiátricos e reduzir drasticamente a qualidade de vida. E, segundo estudos internacionais em revistas de altíssimo impacto, pela primeira vez na história, a expectativa de vida das crianças pode ser menor que a dos pais justamente por causa da alimentação inadequada.
Olshansky et al. argumentaram em artigo no NEJM que, devido ao impacto da obesidade, “o aumento contínuo da expectativa de vida pode chegar ao fim”, projetando um possível declínio de 2–5 anos na expectativa de vida média nas próximas décadas caso a tendência persista.
New England Journal of Medicine (2025) https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMsr043743
Documentos e declarações científicas passaram a registrar a preocupação de que a geração atual de crianças pudesse ter expectativa de vida menor do que a dos pais, se não houvesse reversão dos fatores de risco (obesidade, estilo de vida sedentário). American Heart Association (2009/2010): https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/circulationaha.109.192216
Um etudo recente publicado no JAMA mostrou deterioração ampla na saúde de crianças e jovens nos EUA (mortalidade, condições crônicas, obesidade, sono, sintomas físicos e emocionais), reforçando o risco de trajetórias de vida mais curtas se nada mudar (embora não calcule diretamente expectativa de vida). JAMA (2025): https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/40622733/
Um retrato da infância moderna
Vivemos uma época paradoxal: crianças com acesso a mais informação, mas com menos saúde. Passam horas em frente às telas, dormem pouco, comem rápido e se movem cada vez menos.
A infância deixou de ser sinônimo de vitalidade e se tornou um período de sobrecarga digital e emocional. A obesidade, os distúrbios do sono e os transtornos de ansiedade se tornaram o novo trio da infância urbana. Quando o brincar é substituído por cliques e o convívio real por conexões virtuais, perde-se o essencial: o equilíbrio entre corpo, mente e ambiente.
Resultado: adoecimento progressivo. Medicalização precoce. Menos qualidade de vida. Menos vida, mais morte!
A saúde mental pede socorro
A pandemia intensificou o que já era uma tendência: o aumento de ansiedade, depressão e sintomas emocionais em jovens. O isolamento, o excesso de telas e a falta de rotina afetaram profundamente a saúde mental infantil.
E o pior, é que muitos pais ainda enxergam esses sinais como “fases”, mas a ciência é clara: sofrimento emocional precoce tem consequências duradouras. Irritabilidade, desinteresse e dificuldade de concentração são alertas de que algo vai mal. Cuidar da mente das crianças é tão importante quanto cuidar do corpo e requer atenção constante, empatia e presença.
Quando os pais também precisam de cuidado
A saúde dos filhos reflete, em grande parte, a saúde dos pais. Famílias exaustas, sob estresse crônico e com pouco tempo de qualidade tendem a reproduzir padrões disfuncionais. Pais emocionalmente equilibrados e que cuidam da própria alimentação, sono e bem-estar transmitem um legado positivo. É a chamada “herança invisível da saúde”. Portanto, cuidar de si não é luxo, é necessidade.
Crianças aprendem mais pelo exemplo do que pelo discurso. E o exemplo mais poderoso é o de pais que se priorizam com consciência, sem culpa.
A urgência do resgate alimentar
Nos últimos 40 anos, a mesa das famílias brasileiras mudou radicalmente. Os alimentos in natura perderam espaço para produtos ultraprocessados, ricos em aditivos, açúcares e gordura.
A praticidade tomou o lugar da nutrição, e o marketing substituiu o conhecimento. O resultado é um corpo infantil inflamado, desequilibrado e viciado em alimentos hiperpalatáveis, que podem alterar o sistema de recompensa dopaminérgico. Prato cheio para perpetuação da obesidade.
Reaprender a cozinhar, planejar e comer com presença é um ato revolucionário nos dias atuais. Alimentar bem uma criança é um gesto político, afetivo e preventivo. E isso começa em casa, todos os dias. Se os pais não sçao exemplos, dificilmente por si só os pequenos terão sabedoria ou iniciativa para adotar novos hábitos. Infelizmente é essa a realidade que temos.
Há centenas de estudos evidenciando o impacto dos ultraprocessados:
Quais fatores explicam o aumento da obesidade no Brasil? Uma análise ecológica de componentes contextuais e comportamentais: https://www.ecologiamedica.net/2022/08/quais-fatores-explicam-o-aumento-da.html
Crianças que ingerem mais alimentos ultraprocessados ganham peso mais rapidamente: https://www.ecologiamedica.net/2021/06/criancas-que-ingerem-mais-alimentos.html
A ligação entre alimentos altamente processados e a saúde do cérebro: https://www.ecologiamedica.net/2023/05/a-ligacao-entre-alimentos-altamente.html
Consumo de alimentos ultraprocessados entre adultos nos EUA de 2001 a 2018: https://www.ecologiamedica.net/2023/02/conteudo-exclusivo-para-medicos-e.html
Ingestão de alimentos ultraprocessados pode ocasionar até 57 mil mortes por ano no Brasil de acordo com estudo: https://www.ecologiamedica.net/2022/11/ingestao-de-alimentos-ultraprocessados.html
Alimentos ultraprocessados favorecem ganho de peso: https://www.ecologiamedica.net/2019/03/alimentos-ultraprocessados-favorecem.html
Estudo evidencia que alto consumo de ultraprocessados está associado a sofrimento psicológico elevado como um indicador de depressão em adultos na Austrália: https://www.ecologiamedica.net/2024/05/estudo-evidencia-que-alto-consumo-de.html
Ultraprocessados: estudo associa consumo de alimentos ultraprocessados a sintomas psiquiátricos: https://www.ecologiamedica.net/2024/05/ultraprocessados-estudo-associa-consumo.html
No Brasil, ultraprocessados causam perda anual de pelo menos R$ 10 bilhões - Por Meghie Rodrigues (O Joio e O Trigo): https://www.ecologiamedica.net/2024/11/no-brasil-ultraprocessados-causam-perda.html
Aditivos alimentares em ultraprocessados e risco de Diabetes mellitus tipo 2 - Estudo brasilero investiga correlação: https://www.ecologiamedica.net/2025/04/aditivos-alimentares-em.html
Mais um alerta sobre Alimentos ultraprocessados: https://www.ecologiamedica.net/2025/05/mais-um-alerta-sobre-alimentos.html
O movimento como remédio
Atividade física não é apenas lazer, é ferramenta terapêutica. Crianças precisam correr, pular, suar e brincar livremente. O corpo infantil é um laboratório de aprendizado.
O sedentarismo moderno, imposto por rotinas escolares longas e telas onipresentes, mina esse potencial, destrói a consciência corporal, o desenvolvimento muscular e da propriocepção adequados.
Movimentar-se melhora o humor, regula o apetite, fortalece ossos e músculos e previne doenças. Hoje já sabemos que o músculo é um órgão endócrino, bem como o tecido adiposo. Então, exercício é remédio, movimentar-se é remédio. Por isso, cada hora sentada diante de uma tela deveria ser compensada por minutos de vida ativa. Quanto mais sentado ficamos, menos horas de vida teremos.
Para ler mais sobre exercício como remédio clique aqui: https://www.ecologiamedica.net/2023/03/dia-mundial-de-combate-ao-sedentarismo.html
O sono como pilar negligenciado
Dormir é tão vital quanto comer. No entanto, a privação de sono virou regra entre crianças e adolescentes. Horários irregulares, exposição à luz azul e ansiedade interferem na produção de melatonina e na restauração cerebral.
O sono curto se traduz em irritabilidade, dificuldade de aprendizado e desequilíbrio metabólico. Reestabelecer a higiene do sono, horários fixos, ausência de telas à noite, ambiente escuro é apenas algumas das medidas mais simples e poderosas para restaurar a saúde infantil. Tenho um texto sobre higiene do sono aqui: https://www.ecologiamedica.net/2012/02/metodos-de-higiene-do-sono-o-que.html
Escola: território estratégico de mudança
A escola é um dos locais mais potentes para promover saúde. É onde a criança passa boa parte do dia, aprende valores e consolida hábitos.
Instituições que investem em educação alimentar, hortas, refeições equilibradas e atividades físicas colhem frutos duradouros. Já aquelas que reforçam o consumo de ultraprocessados e negligenciam o corpo perpetuam o ciclo da doença.
Programas escolares de promoção da saúde têm impacto direto no IMC, no humor e no rendimento acadêmico. Cuidar da saúde é, também, educar.
Muitas vezes (na maioria na verdade), os pais sequer tem consciência dos hábitos dietéticos e higiênicos errados dos filhos. O professor então tem como missão ressaltar a importância de hábitos salutares. Explicar a importância das mudanças. Fazer nexo causal entre doenças e hábitos como fatores de risco. Educação em saúde, educação nutricional. É melhor nao sermos ingênuos e acreditar que isso partirá dos pais. Afinal, os próprios pais estão "presos nessa Matrix".
O poder da educação emocional
As escolas que valorizam o ensino socioemocional reduzem casos de bullying, aumentam a empatia e fortalecem a autoestima dos alunos. Falar de sentimentos, ensinar sobre frustração e empatia é tão importante quanto ensinar matemática.
Crianças emocionalmente inteligentes lidam melhor com desafios, relacionam-se de forma mais saudável e tendem a cuidar melhor de si. Em casa, esse processo se consolida quando os pais escutam mais, julgam menos e validam as emoções. Educar o coração é o primeiro passo para formar adultos saudáveis.
Políticas públicas e responsabilidade coletiva
Nenhuma mudança sustentável acontece sem políticas públicas sólidas. É preciso garantir acesso a alimentos saudáveis, segurança alimentar e espaços de lazer.
A desnutrição e a obesidade são faces da mesma moeda: a desigualdade. Programas de suplementação, alimentação escolar e educação nutricional precisam ser ampliados e modernizados. Ao mesmo tempo, é fundamental combater a influência da indústria que lucra com o adoecimento infantil. A saúde das crianças é um bem público e deve ser tratada como prioridade nacional.
E isso passa também pela formação de profissionais da área da saúde, em especial médicos. É vergonhoso que acadêmicos de Medicina não tenham uma disciplina durante a graduação. Inúmeros são os motivos para essa falha na nossa formação:
- Currículo lotado e hospitalocêntrico: o tempo de ensino é destinado para urgências, UTI, procedimentos e farmacologia; prevenção e estilo de vida ficam na periferia.
- Modelo biomédico histórico: formar “diagnosticadores e prescritores” foi prioridade por um século; alimentação é vista como adjuvante, não como terapêutica central.
- Falta de docentes capacitados: poucas faculdades têm professores com vivência clínica sólida em Nutrição/Nutrologia (ambulatórios, enfermarias, interconsulta). Há pouco mais de 1700 nutrólogos em todo o país. Há pouquíssimos ambulatórios nessa área no SUS.
- Ausência de competências cobradas: o que não cai em prova, OSCE ou residência, não ganha espaço. Avalia-se pouco anamnese alimentar, prescrição dietética ou manejo de suplementação.
- Baixa remuneração e invisibilidade assistencial: o sistema paga melhor por procedimento do que por aconselhamento nutricional estruturado. Currículos respondem a esse incentivo
O papel do ambiente familiar
O lar é o primeiro e mais poderoso agente de promoção da saúde. Refeições em família, rotina estruturada e convivência afetiva reduzem comportamentos de risco e fortalecem o vínculo emocional. Estudos mostram que crianças que jantam com os pais regularmente apresentam menor índice de obesidade e melhor desempenho escolar. É na mesa, na conversa e no exemplo que se constroem hábitos duradouros. O que está em jogo não é apenas o que se come, mas como se vive.
Porém, como relatei acima, é muita ingenuidade que a maioria dos pais se preocuparão com isso. Delegando a função de "educadores" em saúde para professores. Se os pais não tiveram essa instrução, qual a chance de passar para os filhos?
A influência das mídias e do consumo
As crianças estão sendo bombardeadas por propagandas de produtos alimentícios ultraprocessados, coloridos e “divertidos”. Esse marketing agressivo molda preferências e comportamentos desde cedo.
A infância se tornou um alvo comercial, nicho altamente rentável. Proteger as crianças desse bombardeio é dever ético de todos: pais, educadores e gestores públicos. O Conselho Nacional de autorregulação publicitária (CONAR) deve estar sempre atendo à publicidade voltada para crianças e adolescentes: http://www.conar.org.br/index.php?codigo&pg=infantil.php
É preciso ensinar senso crítico, limitar a exposição e valorizar a comida de verdade. Cada escolha alimentar é também um ato de resistência cultural.
A desigualdade que adoece
Os números escondem realidades distintas: enquanto em áreas urbanas a obesidade domina, em comunidades rurais e periféricas a desnutrição ainda é uma ferida aberta. Faltam acesso, saneamento e educação alimentar. É impossível falar de saúde infantil sem discutir justiça social. O futuro de uma nação está na mesa de suas crianças, e um país que não garante nutrição adequada compromete o próprio desenvolvimento. Investir na infância é a mais eficaz política de Estado.
Escola, família e sociedade: uma aliança necessária
A solução não virá de um único setor. É preciso um pacto entre escolas, famílias, profissionais de saúde e governos. Quando todos falam a mesma língua: a da prevenção e do cuidado, talvez o resultado apareça.
Crianças ativas, bem nutridas e emocionalmente equilibradas tornam-se adultos mais produtivos e solidários. A saúde coletiva começa na infância, e cada um tem um papel intransferível nessa missão.
O futuro começa na mesa e no coração
A deterioração da saúde infantil não é inevitável. Ela é fruto de escolhas individuais, coletivas e políticas. Cuidar das crianças é cuidar do amanhã.
Reaprender a alimentar, movimentar e acolher é um dever ético e afetivo. Pais conscientes, escolas engajadas e políticas públicas bem estruturadas podem reverter o cenário atual. O futuro do país começa na mesa, na brincadeira e no coração de cada criança.
Bibliografia:
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Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais sobre minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui.
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