Food noise: o “barulho” mental sobre comida - 13 estratégias para diminuir




O que é food noise? 


Você já ouviu falar de Food noite? Esse é um termo recente da literatura médica e da comunicação em saúde que descreve o pensamento persistente, intrusivo e recorrente sobre comida, mesmo na ausência de fome fisiológica. 

Basicmente fefere-se a uma “conversa mental” constante sobre:
  1. O que vamos comer
  2. Quando vamos comer
  3. Quanto vamos comer
Não é apenas desejo alimentar pontual (food craving ou fissura alimentar), mas uma ocupação mental contínua, muitas vezes ligada a circuitos de recompensa cerebral, dopamina e hiper-responsividade a estímulos alimentares. Algo que acomete várias pessoas portadoras de sobrepeso/obesidade, pela própria fisiopatologia da doença. 

Esse conceito ganhou maior visibilidade em 2023–2025, principalmente em artigos sobre agonistas do GLP-1 (Liraglutida, semaglutida, tirzepatida), já que em alguns trabalhos os pacientes estudados relatavam espontaneamente “silenciamento do food noise” como um dos maiores benefícios. Desde então, o termo passou a ser usado tanto em contextos científicos quanto no discurso clínico e midiático.

Por que ele surge?


O food noise resulta da combinação de fatores:
  • Neurobiológicos: hiperatividade dopaminérgica frente a sinais de comida, resistência à leptina e alteração da sinalização de GLP-1 e PYY.
  • Psicológicos/comportamentais: associação de comida a conforto, recompensa ou regulação emocional.
  • Sociais/ambientais: abundância de estímulos alimentares visuais, auditivos e sociais. Principalmente com advento de redes sociais, no qual o algoritmo começa a te mostrar restaurantes, influencers comendo, publicidades de alimentos. 
  • Metabólicos: resistência insulínica com hiperinsulinemia, desregulação do eixo fome-saciedade (grelina/GLP-1), maior produção de citocinas inflamatórias pelo tecido adisposo.
  • Dietéticos: padrão alimentar pobre em fibras, com alta carga glicêmica, pobre em proteínas, rica em ultraprocessados e alimentos hiperpalatáveis. 

Estratégias nutrológicas e comportamentais para diminuir o food noise


Baseado na Terapia cognitivo comportamental e em estratégias nutrológicas, há maneiras que diminuir o food noise. Porém, depente da participação do paciente. Ou seja, apesar da medicalização (sim, os análogos de GLP-1 ajudam), devemos promover essas estratégias, caso o paciente algum dia queira retirar a medicação.

Estratégias Nutrológicas para Food noite
  • Alimentação estruturada: prescrição de refeições regulares (3-5 vezes ao dia), evitando longos períodos em jejum que amplificam a hiperfocalização em comida.
  • Proteínas: calcular a necessidade diária de proteína para aumentar saciedade via GLP-1 e PYY.
  • Fibras solúveis (aveia, leguminosas, frutas com casca) que prolongam o tempo de esvaziamento gástrico. Promovem mais saciedade. 
  • Gorduras insaturadas (azeite, oleaginosas, peixes) que modulam saciedade e tem ação antiinflamatória. 
  • Micronutrientes: otimizar zinco, magnésio, vitaminas do complexo B, ômega-3, todos envolvidos em neurotransmissores e modulação de apetite.
  • Hidratação adequada: desidratação pode mimetizar fome.
  • Fitoterápicos e nutracêuticos com ação ansiolítica leve

Estratégias Comportamentais para Food noise

  • Mindful eating: treinar atenção plena durante as refeições para diferenciar fome fisiológica de emocional.
  • Diário alimentar reflexivo: anotar não apenas o que come, mas o que sentia antes (ansiedade, tédio, estresse).
  • Gestão ambiental: reduzir exposição a gatilhos visuais (não manter ultraprocessados à vista).
  • Rotina do sono: má qualidade do sono aumenta grelina e reduz leptina, amplificando o food noise.
  • Atividade física regular: especialmente aeróbico moderado e treino resistido, que reduzem cravings e modulam dopamina.
  • Técnicas cognitivo-comportamentais: reestruturação de pensamentos automáticos ligados à comida (“preciso comer agora” → “posso esperar e avaliar se é fome real”).

Conclusão


O food noise é uma percepção relativamente nova, mas que descreve um fenômeno clínico antigo: a ocupação mental excessiva com comida. Surgiu com força a partir de 2022 com a popularização dos GLP-1 agonistas, mas pode ser manejado com uma abordagem integrada nutrológica (nutrientes, prescrição alimentar, suplementos) e comportamental (mindful eating, higiene do sono, terapia cognitiva, ambiente alimentar).

Autores: 
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915
Dra. Theresa Leo - Médica Nutróloga, Ginecologista e Obstetra - CRM-ES 8903 RQE 15007


Comentários

  1. Dica infalível que aprendi com a minha psicóloga que trabalha com terapia cognitivo comportamental: lista de 10 prazeres. Quando a gente tira o foco da comida e enxerga prazer em outras coisas, fica mais fácil de parar de pensar em comida. Parabéns pelo seu texto. Já estou te seguindo no canal do whatsapp

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