Vídeo muito interessante da minha amiga Dra. Andrea Pereira, médica nutróloga, que semanalmente posta vídeos com alto nível de evidência científica em seu canal no YouTube: https://www.youtube.com/@dra.andrea.nutrologia/videos
Conteúdo excelente, então sugiro que sigam, inscrevam-se no canal dela e acompanhem.
A live aborda o pariri/crajiru e a dúvida comum: “ele ajuda no câncer?”. A apresentadora lembra que o tema já foi moda e depois perdeu força. A proposta é revisar o que existe de evidência hoje. O foco é traduzir ciência para linguagem simples. E orientar sobre uso responsável de chás e fitoterápicos.
O pariri é uma planta popular com vários nomes regionais. Suas folhas são as partes mais usadas. Costuma entrar em chás, cataplasmas e banhos de assento. Também gera um corante vermelho natural quando fermentada. Esse pigmento já é usado até por marcas de moda.
Popularmente, atribuem-se ao pariri efeitos anti-inflamatórios e cicatrizantes. Muita gente relata uso para psoríase, pressão alta e cólicas. Há quem cite ação “anticâncer”. Porém, relato popular não é prova científica. Por isso é importante separar tradição de estudos controlados.
Ao buscar na base científica, os estudos em humanos são raros. Em 10 anos, encontraram-se pouquíssimos trabalhos. Um ensaio randomizado sobre gel de pariri para mucosite foi iniciado. Mas não foi concluído/publicado com resultados. Ou seja: não dá para afirmar eficácia.
A mucosite é aquela ferida na boca durante quimioterapia. O tratamento mais reconhecido hoje é o laser terapêutico em serviços habilitados. O gel de pariri foi testado como alternativa, mas ficou sem desfecho comprovado. Sem publicação final, não há base para recomendação. No cuidado oncológico, isso faz diferença.
Existem estudos em laboratório e em animais, que sugerem compostos interessantes. Mas tubo de ensaio não é gente. Resultados assim não garantem que funcione em pessoas. Faltam doses, segurança e eficácia definidos. Logo, não há protocolo clínico confiável.
Sobre modo de uso e dose, o que circula é tradição: chá “três vezes ao dia”, emplastos etc. A live não prescreve posologia. Reforça que uso caseiro não substitui tratamento. E que, sem pesquisa robusta, não sabemos a dose segura/efetiva. Cautela é essencial.
Há um ponto crítico: o pariri é rico em antioxidantes. Antioxidantes podem interferir na quimioterapia em alguns cenários. Isso pode reduzir o efeito de certos esquemas. Por isso, não associe por conta própria durante o tratamento. Sempre converse com o oncologista.
A live rebate a ideia de que “a indústria boicota plantas baratas”. Se um composto vegetal funciona mesmo, normalmente há interesse em desenvolver como medicamento. O que falta no pariri, hoje, é prova clínica sólida. Quando existe benefício real, a pesquisa avança e publica.
Conclusão em linguagem direta: pariri não tem comprovação para tratar câncer. Chá ocasional pode fazer parte da hidratação, mas não é terapia oncológica. Se você está em tratamento, não troque nem some nada sem orientação médica. Priorize condutas com evidência. E siga enviando dúvidas: informação de qualidade salva visão e salva vidas.

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