A mulher que nunca sofreu desse mal, que atire a primeira pedra! É impressionante como quase todas já passaram por esse desconforto em algum momento da vida. E quando ela aparece, quase sempre sabem do que se trata: corrimento branco em grumos, coceira, ardor, vermelhidão e aquele incômodo na relação sexual. Pois é, a candidíase é uma das queixas ginecológicas mais comuns. Causada pelo fungo Candida albicans, pode se manifestar na boca, pele, intestino e, claro, na região genital feminina.
Mas esse tipo de queixa no consultório de 2 nutrólogos? Sim ! Pois, há décadas sabe-se que há influência da alimentação.
O que é candidíase recorrente e por que é tão comum?
A candidíase é uma infecção causada principalmente pelo fungo Candida albicans. Ela pode aparecer na boca, pele, intestino e, especialmente, na região genital feminina. Os sintomas clássicos incluem corrimento branco em grumos, coceira, ardor, vermelhidão e dor durante a relação sexual. Embora muitas mulheres reconheçam rapidamente o quadro, o que mais preocupa é a recorrência quando os episódios voltam com frequência. Isso acontece porque a Candida aproveita condições do corpo e do ambiente que favorecem seu crescimento, e, sem ajustes de rotina, alimentação e tratamento, o ciclo tende a se repetir.
Por que a candidíase volta tanto?
A recorrência costuma estar ligada a um conjunto de fatores que se somam. Entre eles:
- Quedas de imunidade por deficiências nutricionais,
- Diabetes mellitus mal controlado,
- Medicamentos: uso repetido de antibióticos, corticoides, antiácidos e laxantes.
- Quimioterapia,
- Disbiose intestinal: quando bactérias “ruins” superam as protetoras também abre espaço para o fungo,
- Uso de roupas íntimas sintéticas e pouco ventiladas
- Alterações hormonais (climatério, menopausa, anticoncepcionais),
- Relações sexuais sem cuidados básicos,
- Dieta rica em carboidratos refinados e pobre em fibras,
- Estresse crônico,
- Privação de sono
Sintomas associados que muitas pacientes relatam
Além dos sinais genitais, é comum ouvir queixas de fome exagerada por doces, fadiga e ansiedade nos períodos de repetição. A ciência ainda não tem uma explicação definitiva para esse padrão, mas a prática clínica mostra melhora desses sintomas quando há ajuste alimentar, controle glicêmico e melhorias no estilo de vida. Em outras palavras, pequenas mudanças sustentáveis podem diminuir a intensidade e a frequência dos episódios, contribuindo para um bem-estar global.
O papel do intestino e da microbiota
A Candida cresce melhor em um ambiente intestinal desorganizado, com excesso de açúcar e ultraprocessados e pouca fibra. A constipação e infecções urinárias de repetição também podem caminhar junto. Quando a dieta favorece uma microbiota protetora, com fibras, fermentados naturais e proteínas de qualidade, criamos uma “concorrência” saudável que dificulta a superproliferação do fungo. Não se trata de cortar tudo, mas de dar ao corpo as condições para reequilibrar as defesas naturais das mucosas intestinal e vaginal.
O que há de mais atual na ciência: controle da glicemia
Mulheres com diabetes mal controlado têm risco muito maior de candidíase de repetição. Glicose elevada favorece o crescimento da Candida e atrapalha a imunidade de mucosas. Por isso, o primeiro passo do plano nutricional é acertar a alimentação para manter a glicemia dentro da meta. Estratégias como priorizar proteínas magras, vegetais, leguminosas, gorduras boas e reduzir açúcares e farinhas refinadas ajudam no controle glicêmico diário.
Probióticos como aliados (sem substituir o tratamento ginecológico)
Probióticos não substituem os antifúngicos, mas podem somar na estratégia. Cepas como Lactobacillus rhamnosus GR-1 e L. reuteri RC-14 têm sido associadas a benefícios quando usadas junto ao tratamento convencional. Elas auxiliam a microbiota protetora, especialmente nas mucosas. Importante: probióticos com Saccharomyces não são indicados para candidíase vulvovaginal recorrente. A escolha do produto deve ser individualizada e orientada por profissional.
Fibras e alimentos fermentados na rotina
Fibras solúveis e insolúveis nutrem as bactérias “do bem” e ajudam no trânsito intestinal, reduzindo constipação e inflamação local. Inclua frutas in natura, verduras, legumes, aveia, linhaça, chia, feijões, grão-de-bico e lentilha.
Fermentados naturais (como iogurte natural, kefir e vegetais fermentados) podem contribuir para o equilíbrio da microbiota. A ideia é construir um padrão alimentar contínuo, e não “dietas relâmpago”.
Micronutrientes que valem atenção
Deficiências de Vitamina D, ferro, folato, vitamina A e B12 podem comprometer a imunidade de mucosas e facilitar recidivas. Quando há suspeita clínica, faz sentido investigar e corrigir. Uma alimentação com proteínas de qualidade, vegetais coloridos e fontes de gorduras boas já cobre boa parte das necessidades; quando há carência documentada, suplementação pode ser indicada por um profissional de saúde.
“Dieta anticândida”: o que a ciência diz
Modelos rígidos que cortam grupos inteiros de alimentos sem critério não têm respaldo científico sólido. Em geral, funcionam por terem menos carboidratos, não por “mágica antifúngica”. O caminho mais seguro e sustentável é priorizar comida de verdade, aumentar fibras, manter proteínas adequadas e reduzir açúcar e ultraprocessados. Assim, você melhora a microbiota, sustenta a saciedade e reduz gatilhos metabólicos que favorecem a Candida.
Tratamento combinado: como organizar
Candidíase recorrente não se resolve só com dieta nem só com antifúngico. O melhor resultado vem do conjunto: antifúngicos orais ou tópicos, ajuste alimentar personalizado, probióticos específicos quando indicados, correção de deficiências nutricionais, orientação de higiene e roupas adequadas, além de acompanhamento com ginecologista e nutrólogo/nutricionista. A adesão consistente costuma reduzir a frequência e a intensidade dos episódios.
Dicas práticas de alimentação no dia a dia
Baseie suas refeições em proteínas magras (ovos, peixes, aves), vegetais variados, leguminosas e grãos integrais, incluindo fontes de fibra como aveia, chia e linhaça. Deixe os doces e bebidas açucaradas para ocasiões raras; prefira frutas in natura quando quiser algo doce. Troque farinhas refinadas por integrais e inclua gorduras boas (azeite, abacate, castanhas). Beba água regularmente e evite álcool durante os períodos de tratamento e recorrência.
Hábitos que fazem diferença
Use roupas íntimas de algodão, evite peças muito justas e aumente a ventilação da região; troque roupas molhadas rapidamente após praia ou academia. Priorize sono de qualidade e estratégias de manejo do estresse (respiração, caminhada, terapia), já que ambos influenciam a imunidade. Tenha atenção a medicamentos que podem favorecer recidivas (como corticoides e antibióticos) e discuta alternativas com seu médico quando possível.
Sinais de alerta e quando investigar
Se as crises se repetem apesar de cuidados, vale checar glicemia/hemoglobina glicada, status de ferro, folato, B12 e avaliar disbiose intestinal com seu médico. Em casos persistentes, excluir outras condições ginecológicas é essencial. Ajustes de anticoncepcionais, revisão de higiene íntima e avaliação do parceiro podem ser discutidos conforme o quadro clínico.
O que evitar para reduzir recidivas
Evite excesso de açúcar, bebidas adoçadas, ultraprocessados e farinhas brancas no cotidiano. Reduza álcool, principalmente durante tratamento. Fuja de duchas internas e produtos perfumados na região íntima, que alteram o pH e a microbiota local. Roupas muito apertadas, tecidos sintéticos e umidade prolongada também entram na lista do “melhor evitar”.
Conclusão: tratamento médico + estilo de vida sustentam os resultados
Na prática, quem segue o plano combinado costuma melhorar bastante. Porém, ao voltar aos velhos hábitos, as recidivas tendem a reaparecer. Por isso, mantenha o acompanhamento com sua ginecologista e um profissional de nutrição, ajuste a alimentação de forma realista e continuada e dê tempo para o corpo reequilibrar as mucosas e a microbiota. O tratamento é médico, mas a alimentação e o estilo de vida são os grandes diferenciais para manter os resultados a longo prazo.
Autores:
Dra. Theresa Leo - Médica Nutróloga, Ginecologista e Obstetra - CRM-ES 8903 RQE 15007
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915
Comentários
Postar um comentário
Propagandas (de qualquer tipo de produto) e mensagens ofensivas não serão aceitas pela moderação do blog.