segunda-feira, 23 de outubro de 2023

O intestino como sinalizador da nossa saúde

Você já ouviu dizer que o intestino é o nosso segundo cérebro? Se essa frase é uma novidade aos seus ouvidos, saiba que esse órgão é tão importante quanto aquele que guarda nossas memórias e conduz nossos movimentos. A saúde intestinal merece o mesmo cuidado ou até mais do que damos ao restante do corpo e você vai entender o porquê.

O intestino é muito mais do que responsável por formar as fezes que evacuamos todos os dias, ele é tão extenso que pode ser até 8x maior que a altura de uma pessoa, variando de 7 a 9 metros de comprimento. E com todo esse tamanho não dá para imaginar que ele só tem a missão de nos levar ao banheiro diariamente. 

Mais incrível que o seu tamanho é o papel que ele representa para a nossa saúde, como ele serve de alerta para dizer que tem algo que não está indo muito bem e como a alimentação é crucial para que ele funcione adequadamente. Então, conheça as principais atividades do intestino e o que podemos identificar através dele:

O que o intestino faz?

O corpo humano é contemplado por “dois” intestinos, o delgado e o grosso que recebem diferentes nomes para cada parte. O intestino delgado surge logo após o estômago e é responsável por uma etapa da digestão alimentar e pela absorção da maioria dos nutrientes presentes na comida, ou seja, gorduras, carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais. 

O intestino grosso é uma continuidade do delgado e faz a absorção da água, é ele quem forma a massa fecal e encaminha-a para a evacuação. No intestino grosso também concentram-se a maioria das bactérias intestinais que contribuem com a digestão, absorção de nutrientes e ainda com a imunidade, a chamada microbiota intestinal. 

O intestino tem uma íntima comunicação com o cérebro, nossas emoções e saúde como um todo, por isso, ele reflete bastante o nosso estado de saúde, constipa ou solta dependendo do que estamos comendo ou vivenciando. É um elemento e tanto dessa potente máquina que é o corpo humano!

Alertas do intestino

Falando em constipação e intestino solto, esses são alguns sintomas bem percebidos e que podem indicar alguns problemas na sua alimentação ou na saúde. Segundo a nutricionista Maria Cláudia do Ganep Consultório: 

“Constipação (obstipação, intestino “preso” ou “ressecado”) refere-se a uma condição em que a frequência de evacuações é baixa, com fezes endurecidas e secas. Isto geralmente decorre de absorção excessiva de água a partir das fezes, em virtude da passagem lenta do bolo fecal pelo cólon.”

O intestino solto, por sua vez, ocorre quando a passagem do bolo fecal é muito rápida, levando à formação de fezes em consistência líquida, prejudicando a absorção adequada de água e nutrientes. 

Ambos os episódios não considerados saudáveis, podem estar relacionados a uma dieta desequilibrada, ao estresse, a doenças digestivas ou condições mais complexas, relacionadas à saúde de outros órgãos.

E esses episódios podem ocorrer da primeira infância até à fase idosa da vida, então merecem uma observação atenta para identificar hábitos e alimentos que estejam causando prisão de ventre ou diarreia. Dos bebês aos velhinhos, Maria Cláudia recomenda:

“Oferecer mais frutas e legumes, pois são ricos em fibras ajudando a prevenir a constipação. Frutas, verduras, cereais e outros alimentos contendo fibras são os laxantes naturais do trato digestivo. Então, sugere-se o consumo de alimentos como laranja, mamão, melancia, mexerica, espinafre, lentilha, aveia e principalmente uma ingestão adequada de água.

A desidratação causa constipação intestinal porque o corpo tenta conservar água no sangue através da absorção da água das fezes. As fezes com menos água são mais difíceis de passar.“

Essa dificuldade de evacuar pode levar ao esforço e aumento da pressão no intestino, podendo causar o deslocamento das alças intestinais e provocar o surgimento de hérnias. Também pode ser sinal de diverticulose e favorecer o surgimento de hemorróidas. Enquanto as evacuações líquidas podem ser sinais de inflamação, virose, intoxicação alimentar, sensibilidade ou intolerância a determinados compostos da dieta, como lactose e glúten. 

Como melhorar a saúde intestinal?

Para melhorar a saúde intestinal o primeiro passo é a dieta, então, na presença de intestino preso ou solto, observe o que há na sua alimentação, se determinados alimentos causam mais sintomas do que outros e a frequência dos sintomas. Ajuste sua alimentação para uma dieta mais equilibrada, como a nutricionista Maria Cláudia indicou. 

No caso de intestino solto, as fibras não são tão indicadas, nesse momento, o ideal é repor os nutrientes perdidos com isotônicos e água de coco. O segundo passo é ir ao médico para investigar melhor o caso e fazer os devidos exames para resolver esse problema, caso a dieta não tenha solucionado. 

Lembre-se que nem a constipação, nem a evacuação líquida frequente é um bom sinal, por isso, precisamos identificar a causa e tomar os cuidados adequados. 

A saúde intestinal faz parte de um ciclo, se ela é afetada, há prejuízos à imunidade, seu corpo fica mais exposto a outras condições de saúde, há maior estresse e todo o corpo é prejudicado.

Referências

FARRÉ, Ricard et al. Intestinal permeability, inflammation and the role of nutrients. Nutrients, v. 12, n. 4, p. 1185, 2020.

FUNG, Thomas C. The microbiota-immune axis as a central mediator of gut-brain communication. Neurobiology of disease, v. 136, p. 104714, 2020.

YOO, Ji Youn et al. Gut microbiota and immune system interactions. Microorganisms, v. 8, n. 10, p. 1587, 2020.

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