quinta-feira, 7 de julho de 2022

Meio ambiente, produção agrícola e o papel dos profissionais de saúde

Todas as atividades humanas na Terra produzem algum impacto ao meio ambiente e com a alimentação não seria diferente. Desde o plantio da semente até o consumo, existe um longo caminho e uma relação intrínseca com os recursos naturais. No entanto, é possível produzir alimentos saudáveis e acessíveis de forma sustentável, desde que haja colaboração e ação dos setores público, privado e a social, além do investimento em ciência e inovação.

Com o aumento exponencial da população e as mudanças climáticas, é necessário investir em ciência e inovação para gerar soluções tecnológicas que ajudem a aumentar a produção de alimentos, enquanto preservamos o meio ambiente. Nesse contexto, por exemplo, surgiu a agricultura moderna que oferece soluções ao agricultor para otimizar a produção de cultivos e vencer seus desafios.

Como a agricultura moderna auxilia na redução dos impactos causados ao meio ambiente?

Como a agricultura moderna auxilia na redução dos impactos causados ao meio ambiente?
A biotecnologia, por exemplo, uma das técnicas empregadas na agricultura moderna, contribui para a produção alimentar necessária para atender a demanda populacional na limitada terra disponível, bem como ajuda a mitigar os efeitos do aquecimento global. Ela propicia um rápido e preciso melhoramento genético de plantas, resultando em soluções tecnológicas seguras e benéficas.

As plantas geneticamente modificadas (GM) são cruciais para aumentar a produtividade reduzindo a necessidade de expansão das áreas de cultivo e o uso de insumos agrícolas, evitando desmatamento e ainda promovendo o sequestro de carbono no solo. Além disso, as culturas GM diminuem a necessidade do uso de maquinários e, portanto, seus combustíveis, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa (GEE).

E qual o papel dos profissionais de saúde na preservação dos recursos ambientais?

Além do investimento em ciência e inovação, para minimizar os efeitos ao meio ambiente, precisamos da colaboração e ação de todos. Apesar das soluções agrícolas atuais permitirem uma produção alimentar mais farta e sustentável, ainda existe uma parcela significativa da população que passa fome, ao mesmo tempo em que outra parcela apresenta sobrepeso e obesidade. Garantir a segurança alimentar é um dos grandes desafios atuais.

Sendo assim, o impacto não está somente na produção de alimentos, mas também em quem consome. E é nesse sentido que os profissionais de saúde podem contribuir. O consumo alimentar desenfreado e rico em alimentos ultraprocessados provoca piora na saúde, além de prejuízos ao meio ambiente.

Por serem mais baratos e acessíveis, produtos ultraprocessados vêm ganhando lugar, substituindo o espaço que as frutas, legumes, verduras, grãos, sementes e cereais deveriam ocupar na alimentação do povo brasileiro. É por esse motivo que devemos indicar a feira: os alimentos convencionais são igualmente nutritivos aos orgânicos, porém costumam ser mais acessíveis.

Além dos benefícios a saúde, um estudo realizado no Reino Unido demonstrou que quando os indivíduos optam por dietas com variedade de frutas, verduras e legumes, seguindo a recomendação de ingestão dos órgãos de saúde do país, eles podem contribuir para a redução dos impactos ambientais. O que é compreensível, já que quando se reduz o consumo de alimentos ultraprocessados – que geralmente vêm em embalagens plásticas – reduz-se a produção de lixo não orgânico.

Então, é importante que os profissionais de saúde, em especial nutricionistas, entendam que, ao recomendarem um consumo alimentar mais equilibrado – rico em frutas, verduras e legumes e, se possível, sem o uso de ultraprocessados – os efeitos vão além do indivíduo. A orientação de hábitos alimentares mais saudáveis influencia diretamente no equilíbrio do ecossistema, contribuindo para a preservação do meio ambiente.

Referências
  1. Boettcher Paul J., Hoffmann Irene, Baumung Roswitha, Drucker Adam G., McManus Concepta, Berg Peer, Stella Alessandra, Nilsen Linn B., Moran Dominic, Naves Michel, Thompson Mary C. Genetic resources and genomics for adaptation of livestock to climate change. Frontiers in Genetics, Vol. 5, 2015
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  7. Ribeiro, Helena, Jaime, Patrícia Constante e Ventura, Deisy. Alimentação e sustentabilidade. Estudos Avançados. 2017, v. 31, n. 89, pp. 185-198. https://doi.org/10.1590/s0103-40142017.31890016.
  8. Willett, Walter et. al. Food in the Anthropocene: the EAT–Lancet Commission on healthy diets from sustainable food systems, The Lancet, Volume 393, Issue 10170, 2019, Pages 447-492, https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)31788-4.
Fonte: https://nutritotal.com.br/pro/meio-ambiente-producao-agricola-e-o-papel-dos-profissionais-de-saude/?utm_campaign=quin_nutrimail_07-07-22&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

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