segunda-feira, 9 de maio de 2016

Aproveitando bactérias do intestino para a saúde humana



São mais de 130 bactérias do intestino catalogadas, de acordo com um estudo publicado na revista Nature por cientistas do Wellcome Trust Sanger Institute UK. A intenção é aprofundar os conhecimentos sobre como elas podem ser benéficas para a saúde humana. Sabe-se que desequilíbrios na microbiota intestinal (conjunto de bactérias que “habita” nosso intestino) pode contribuir para condições complexas e para o desenvolvimento de doenças, tais como obesidade, doença inflamatória do intestino, síndrome do intestino irritável e alergias.

Os pesquisadores desenvolveram um processo para cultivar a maioria das bactérias do intestino, o que permitirá aos cientistas compreender como o nosso "microbioma 'bacteriano nos ajuda a nos mantermos saudáveis. Esta pesquisa permitiria aos cientistas começar a criar tratamentos sob medida, com bactérias benéficas específicas.

A pesquisa nesta área tem se expandido muito nos últimos anos. O microbioma intestinal vem sendo chamado de um "órgão esquecido", tal sua importância para a saúde humana. Muitas destas bactérias são sensíveis ao oxigênio e são de cultura difícil em laboratório, de modo que até agora tem sido extremamente difícil isolá-las e estudá-las.

Antibióticos são capazes de acabar com as nossas bactérias intestinais - matando ambos os alvos de agentes patogênicos e as bactérias benéficas também. Há, então, a possibilidade de bactérias menos desejáveis, tais como aquelas com resistência a antibióticos, repovoar o intestino mais rapidamente do que as bactérias benéficas, levando a outros problemas de saúde, tais como a infecção por Clostridium difficile.

O tratamento atual para a infecção pelo C. difficile pode envolver transplante de fezes de pessoas saudáveis para repovoar o intestino. No entanto, este tratamento está longe de ser ideal. Usando a biblioteca de novas bactérias, o Dr. Trevor Lawley, responsável pelo estudo, e sua equipe esperam criar uma pílula, que contenha um mix racionalmente selecionado de bactérias que poderiam ser tomadas pelos pacientes e substituir transplantes fecais.

Pela primeira vez, os pesquisadores também analisaram a proporção de bactérias que formam esporos dentro do intestino. Os esporos são uma forma de hibernação bacteriana, permitindo que algumas bactérias permaneçam dormentes por longos períodos de tempo. Eles descobriram que aproximadamente um terço da flora intestinal de uma pessoa produz esporos saudáveis que permitem que às bactérias sobreviver ao ar livre e, potencialmente, "mover-se" entre as pessoas. Isto proporciona um meio de transmissão da microbiota que não foi considerado antes e poderia implicar que a saúde afetada por certas doenças poderia ficar no passado, não apenas por meio da genética humana, mas também por meio da microbiota.

Publicação de referência:

Hilary P. Browne, Samuel C. Forster, Blessing O. Anonye, Nitin Kumar, B. Anne Neville, Mark D. Stares, David Goulding, Trevor D. Lawley. Culturing of ‘unculturable’ human microbiota reveals novel taxa and extensive sporulation. Nature, 2016; DOI: 10.1038/nature17645

Fontehttps://www.facebook.com/evidenciasemobesidade/photos/a.127569930742464.28696.127271097439014/604312953068157/?type=3&theater

0 comentários:

Postar um comentário

Propagandas (de qualquer tipo de produto) e mensagens ofensivas não serão aceitas pela moderação do blog.