domingo, 2 de setembro de 2012

Artrose: um horizonte preocupante


Em 2015, 12 milhões de brasileiros serão portadores da doença, que limita a qualidade de vida e atinge, principalmente, mulheres na menopausa.

Dor, rigidez nas articulações pela manhã, dificuldade de movimentação, deformidades no ossos, calor local e inchaço. A qualquer um desses sinais, ligue o alerta vermelho: pode ser osteoartrite. Popularmente conhecida como artrose, a doença atinge quase 10 milhões de brasileiros (cerca de 5% da população do país). Até 2015, o número ultrapassará a casas dos 12 milhões, alertam os especialistas. O mais preocupante é que quase metade dos portadores não está ciente do mal. Apesar disso, o diagnóstico é simples — basta uma radiografia ou mesmo um exame clínico.

A artrose aparece como consequência do desgaste da cartilagem entre os ossos que formam a articulação. O tecido perde sua superfície lisa, responsável pelo deslizamento dos ossos, e libera enzimas que provocam uma reação inflamatória. Trata-se de problema que se intensifica com o avanço da idade e, por isso, está relacionado o aumento da expectativa de vida. Sobre esse ponto, um estudo realizado pelas quatro sociedades médicas envolvidas no tratamento da doença (Reumatologia, Ortopedia e Traumatologia, Medicina Física e Reabilitação, e Cirurgia do Joelho) oferece uma projeção sombria: em oito anos, a artrose será o principal mal a afligir a população idosa do país.

Os primeiros sinais do desgaste são detectados por radiografia por volta dos 35 anos, mas acabam passando batido nos consultórios por serem assintomáticos. O portador, em geral, só começa a sentir o incômodo após os 60 anos. Mas não há regras. “Sintoma é uma coisa interessante. Às vezes, você vê um raio-x e pensa: ‘Nossa, esse paciente nem anda”. E a pessoa está ótima. Outras vezes, pega um exame que mostra pequenas alterações, mas o paciente mal consegue se equilibrar em pé”, pondera Pérola Plapler, diretora da divisão de Medicina Física do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, em São Paulo, e uma das coordenadoras do estudo. Os dados revelam que a dor é o sintoma mais comum, presente em 100% dos pacientes, seguida por crepitações (87%), deformidade (85%) e limitação de movimentos (83%).

Apesar de o incômodo se manifestar primeiro entre os homens, são as mulheres as mais afetadas pela deterioração das articulações. De acordo com os pesquisadores, elas representam mais de 60% dos diagnósticos em todos os estados brasileiros, a maioria depois do início da menopausa. “Não se sabe exatamente o porquê dessa virada da estatística, mas acreditamos que as mudanças hormonais tenham um papel importante para o aparecimento da doença nelas”, analisa Plapler. Ainda que seja uma doença característica da terceira idade, jovens também não estão livres de receber o diagnóstico. Nesses casos, ela recebe o nome de artrite reumatoide e pode ser consequência de um trauma ou de um desgaste anormal das articulações. “Em jogadores de basquete, por exemplo, ela costuma aparecer com frequência nos joelhos”, diz. Em qualquer situação, o tratamento é à base de anti-inflamatórios, analgésicos e fisioterapia.

Com o estudo, os especialistas esperam fornecer a médicos e autoridades informação para que seja possível diminuir o sofrimento dos pacientes e aumentar a eficiência do tratamento e o percentual de diagnósticos. “Essa deve ser, com certeza, uma das grandes preocupações do país para os próximos anos. A população está envelhecendo. Deve existir um trabalho conjunto entre sociedades médicas e o Ministério da Saúde, que nem sempre toma as decisões adequadas”, critica Pérola Plapler.

O problema em números

  • Cenário da doença de acordo com as conclusões dos especialistas:
  • Hoje, estima-se que 9,9 milhões de pessoas tenham artrose no Brasil, ou 5,2% da população
  • Em 2015, serão 12,3 milhões de pacientes, um crescimento de 24% nos casos da doença
  • A articulação mais afetada é o joelho: 74% dos casos nos homens e 89% nas mulheres
  • Dor, crepitação e deformidade são os sintomas mais comuns
  • Apenas 42% dos pacientes estão diagnosticados hoje. Em 2015, serão 55%.
  • Exames clínicos e de raios-x são os mais usados no diagnóstico. A ressonância magnética vem em segundo lugar, como método complementar.


Sinal de alerta

Conheça os fatores de risco mais relevantes para o surgimento da doença:

  • Obesidade
  • Genética
  • Traumas
  • Exercícios físicos


Matéria publicada originalmente na edição n°379 da Revista do Correio.

Fonte: http://www.consulfarma.com/detalhes_noticias.php?id=135653#.UDuxq0bvCvI.twitter

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