Se você já fez “tudo certo” por semanas e a balança parece não reconhecer seu esforço, você não está sozinho. Peso é um número útil, mas não explica o que realmente está mudando: gordura, músculo e água podem variar de formas bem diferentes e isso altera totalmente a leitura do seu progresso.
Sou médico nutrólogo em Goiânia e atendo consultas particulares, com uma abordagem individualizada, humanizada e baseada em evidências, sem modismos. Na prática, meu objetivo é simples: trocar achismos por informação confiável, para que seu plano alimentar, treino e estratégia terapêutica façam sentido para o seu corpo. E esse exame que falaremos hoje (Bioimpedância = BIA) é uma das maiores ferramentas auxiliares para a prática do Nutrólogo. Porém, não posso deixar de especificar que existe um exame melhor, com maior acurácia quando o assunto é análise da composição corporal, que é o DXA (ou DEXA). Um exame de imagem chamado Absorciometria por Raios-X de Dupla Energia, muito usado para duas coisas:
- Densitometria óssea (osteoporose): medindo a densidade mineral óssea e ajudando a estimar risco de fratura.
- Composição corporal: estimando a verdadeira massa gorda, massa magra e massa óssea, e mostrando a distribuição por regiões (braços, pernas, tronco). Alguns laudos também trazem estimativas relacionadas à gordura abdominal/visceral (dependendo do aparelho/software) e se há ou não Lipedema.
Também gosto de ressaltar que a maioria dos planos de saúde cobrem a BIA, então antes de sair pagando pelo exame, verifique se o seu plano de saúde cobre. A UNIMED eu sei que dá cobertura e tem um excelente aparelho. Todos os planos cobrem o DXA.
Por que a balança engana (mesmo quando você melhora)
Essa é uma dúvida comum entre os pacientes, porém, ponto crucial para entender o processo de emagrecimento ou de hipertrofia muscuar.
Balança tradicional, seja ela mecânica ou digital mede o peso corporal total, não a qualidade do peso. E isso gera confusões comuns, como:
No caso de retenção de líquido (estresse, sono ruim, ciclo menstrual, sal em excesso, inflamação, hipotireoidismo descompensado, insuficiência cardíaca, renal ou hepática, uso de corticóide): o peso na balança estará mais alto, mas a balança não mostra se é líquido. Só mostra que o volume aumentar. Mas será que foi gordura? Será que é de músculo? Ou será que é só retenção hídrica.
Se o paciente está tendo ganho de massa muscular, ou seja, acontecendo ao mesmo tempo em que você perde gordura e o peso fica igual. Mas lembre-se: é muito mais difícil ganhar músculo que perder gordura. Por isso, cabe ao médico ou nutricionista entender o seu contexto e só depois interpretar o achado.
Quando há pouca quantidade de músculo e o percentual de gordura corporal fica mais alto, por baixa muscularidade. Mulheres geralmente apresentam esse quadro e ficam desesperadas, pelo alto percentual de gordura corporal apresentado no exame. Calma! Provavelmente esse percentual não é real. Após quase 15 anos comparando Bioimpedâncias com DEXA, eu posso te garantir que há divergências e na maioria das vezes o percentual de gordura corporal não é o valor tão alto, quanto o que aparece na bioimpedância. Por isso empre friso: o nutrólogo ou endocrino tem que saber interpretar o exame.
Ou seja: é totalmente possível você estar melhorando e, ainda assim, o laudo da BIA não te “aplaudir”!
O que é Bioimpedância (BIA) e como ela funciona
A bioimpedância é um exame de composição corporal que ajuda a estimar, entre outros dados, gordura, massa magra e água corporal. Ela é rápida, não invasiva e indolor. Em termos simples: o aparelho avalia a resistência do corpo a uma corrente elétrica de baixa intensidade (imperceptível), e usa isso para estimar compartimentos corporais. Resumindo: voce subirá descalço em um aparelho e segurará uma barra com eletrodos. Passará uma corrente indolor, que em cada tecido ela sofre uma resistência. Ou seja, na água tem uma determinada resistência, na gordura tem outra, no músculo uma outra resistência diferente e no osso também.
Na consulta com nutrólogo em Goiânia, esse tipo de informação costuma ser decisiva para ajustar o plano com mais precisão, principalmente quando o objetivo é emagrecer de forma inteligente, preservar massa muscular e reduzir riscos cardiometabólicos. Mas o médico deve ter experiência com o método, senão interpretará de forma errada. O paciente acreditará que ganhou músculo mas na verdade é o combo (músculo+água), ou seja, retenção de líquido, interpretado como aumento de músculo.
O que a bioimpedância geralmente vai medir:
- Quantidade de massa gorda (gordura): em kg
- Percentual de massa gordura (PGC): em %
- Quantidade de massa músculo esquelética (músculo): em Kg
- Quantidade de massa livre de gordura (Músculo, osso e água = MLG): em Kg
- Água corporal total (água): em Kg
- Taxa metabólica basal: um cálculo baseado em variáveis coletadas pelo exame e é expresso em kcal/dia
Bioimpedância: por que o exame pode “enganar” e com isso o paciente cai em armadilhas
Se você já fez bioimpedância e ficou confuso com o resultado, isso é mais comum do que parece. Em poucos dias, o laudo pode dizer que você “ganhou músculo”, “perdeu gordura” ou até que sua “gordura visceral” mudou bastante — mesmo sem grandes mudanças na rotina. O ponto é simples: a bioimpedância (BIA) é uma ferramenta excelente para acompanhar tendência, mas ela pode sofrer variações quando o corpo muda principalmente em água e eletrólitos. Caso queira conhecer mais sobre a minha prática clínica, clique aqui.
Entenda o básico: a bioimpedância não mede músculo e gordura diretamente
Como já disse acima, a BIA funciona avaliando a passagem de uma corrente elétrica imperceptível pelo corpo. Como a água e os eletrólitos conduzem melhor essa corrente, tudo que altera hidratação e distribuição de fluidos pode mudar o resultado.
Por isso, o exame é muito útil, mas precisa ser interpretado com contexto, especialmente quando o objetivo é emagrecimento ou hipertrofia. Em uma consulta com nutrólogo, a bioimpedância costuma ser uma peça do quebra-cabeça, junto com medidas, sintomas, rotina, sono, estresse e exames laboratoriais quando necessários. E lembre-se, apesar de ser um exame barato, indolor, ele não é o padrão-ouro para análise da composição corporal.
Abaixo as variáveis que podem influenciar na leitura do exame:
1) Retenção de líquido pode virar “falso ganho de músculo”
Esse é o erro de interpretação mais comum. Quando você retém líquido, seu corpo fica mais “condutor da corrente elétrica”, e o software pode estimar aumento de massa magra (que muita gente chama de “músculo” no laudo).
Na prática, o paciente vê o número do músculo subir e comemora, mas o que subiu foi água, não necessariamente tecido muscular novo. Isso acontece com frequência em períodos de estresse, noites mal dormidas, alimentação rica em sal, inflamações, alguns medicamentos e, em mulheres, no período pré-menstrual e menstrual.
O sinal clássico é quando a massa magra “sobe rápido demais” em poucos dias e o percentual de gordura “cai como mágica”, sem que a cintura e o espelho acompanhem. O médico ou nutri interpreta errado e o paciente fica feliz, acreditando piamente que ganhou 1 a 2kg de massa magra, em incríveis 30 dias.
2) Desidratação pode parecer “perda de massa magra” e “aumento do percentual de gordura”
O caminho inverso também acontece. Se você está desidratado, suou muito, usou diurético, fez sauna, teve diarreia/vômitos, ingeriu álcool recentemente ou está em um período de restrição grande de carboidratos, a água corporal tende a cair.
O aparelho pode interpretar isso como queda de massa magra. E, como o resultado é apresentado em percentual, a gordura pode “subir” no laudo mesmo sem ganho real de gordura. Esse cenário é típico quando alguém se pesa após um dia muito quente ou após treino pesado: a bioimpedância pode piorar no papel, mas não significa que você perdeu músculo de verdade.
3) Creatina e carboidrato podem simular hipertrofia no laudo
Se você começou a usar creatina recentemente (e fez o exame em um prazo de 15 dias) ou aumentou carboidratos depois de um período low carb/cetogênica, pode acontecer de a massa magra estimada subir. É real esse ganho? Não!
Isso ocorre porque a creatina tende a aumentar água dentro do músculo e o glicogênio (estoque de carboidrato) puxa água junto. O corpo fica mais condutor e a bioimpedância registra aumento de massa magra. Isso não é “fraude do exame”, mas pode ser confundido com ganho estrutural de músculo. Hipertrofia real costuma exigir semanas, não dias. Quando o aumento é rápido demais, geralmente é água e glicogênio.
4) Treino recente pode bagunçar os compartimentos de água e distorcer leitura
Treinar muito perto do exame é uma das formas mais garantidas de gerar ruído. Exercício intenso altera perfusão, temperatura, distribuição de fluidos e pode gerar edema muscular tardio. Dependendo do momento, a massa magra estimada pode subir ou cair. O resultado fica incoerente, principalmente nos relatórios segmentares (braço, tronco, pernas). Se você quer usar bioimpedância de forma séria, o ideal é evitar exercício intenso nas 24 horas anteriores e repetir o exame em condições parecidas.
Outro fato importante relacionado ao exercício: treinar 1 a 2 dias antes do exame, dependendo da intensidade, pode falsear os níveis de TGO, TGP e CPK. Por isso, cabe ao médico e ao laboratório evitar esse erro pré-analítico.
5) “Pouco músculo” pode aumentar o percentual de gordura e isso pode ser real, não erro
Pouca massa muscular levando a maior percentual de gordura, achado comum principalmente em mulheres. Isso pode ser um achado verdadeiro, especialmente em pessoas com peso “normal”, mas composição corporal ruim, o famoso “falso magro”.
Nesse caso, o percentual de gordura sobe porque há menos massa magra sustentando o metabolismo e a funcionalidade. Porém, também existe o lado do artefato: desidratação, low carb extremo e diurético podem “derrubar” a massa magra estimada temporariamente, inflando o percentual de gordura no laudo. A diferença entre real e artefato aparece quando você cruza o exame com cintura, fotos padronizadas e consistência do preparo.
- Água corporal total
- Quantidade de músculo
- Você bem hidratada: massa magra estimada 60 kg → gordura 20 kg → 25% de Percentual de gordura corporal.
- Já você desidratada: massa magra estimada 58 kg → gordura 22 kg → 27,5%.
6) Comer perto do exame, intestino cheio e bexiga cheia atrapalham comparações
A bioimpedância fica mais confiável quando você padroniza condições. Refeições próximas ao horário, constipação importante e não urinar antes podem alterar peso e distribuição de água. Isso piora a comparação entre avaliações. Se seu objetivo é acompanhar evolução, vale mais repetir o exame em um cenário controlado do que colecionar medidas em momentos totalmente diferentes do dia e da rotina.
7) Ciclo menstrual e variações hormonais podem parecer “piora” ou “melhora” sem mudança real
Em muitas mulheres, o período pré-menstrual aumenta retenção hídrica e altera o compartimento extracelular. O laudo pode mostrar peso maior e, paradoxalmente, às vezes até massa magra maior e gordura menor, dependendo do padrão de retenção e do equipamento. Por isso, quando possível, faz sentido repetir o exame em fase semelhante do ciclo, para comparar “maçã com maçã”.
8) Limitações do equipamento e do algoritmo: nem toda bioimpedância é igual
Outro ponto pouco falado: muitos aparelhos usam equações preditivas baseadas em populações específicas. Atletas, idosos, obesidade mais avançada, pós-bariátrica e pessoas fora do padrão médio podem ter maior margem de erro.
Além disso, existem diferenças grandes entre dispositivos mais simples e equipamentos segmentares multifrequenciais, que tendem a oferecer estimativas mais consistentes. Até detalhes técnicos atrapalham: pele muito seca, calos, creme corporal, suor excessivo, mau posicionamento das mãos/pés e falta de repouso antes do teste.
9) Gordura visceral na bioimpedância: trate como estimativa, não como sentença
Alguns laudos trazem “nível” ou “área” de gordura visceral. Isso deve ser visto como uma estimativa derivada. Oscilações pequenas podem ser ruído do método, especialmente se o preparo variou. Para decisões clínicas mais sensíveis, costuma ser melhor combinar a BIA com medidas de cintura e, em casos selecionados, outros métodos de avaliação.
Como fazer a bioimpedância ficar mais confiável (o checklist que realmente funciona)
Se você quer usar a bioimpedância como ferramenta séria de acompanhamento, tente repetir sempre nestas condições o seu exame:
- Mesmo horário (idealmente de manhã),
- Jejum de pelo menos 4 horas,
- Sem álcool nas 48 horas anteriores,
- Sem cafeína/termogênicos nas 24 horas anteriores,
- Sem treino intenso nas 24 horas anteriores,
- Hidratação habitual no dia anterior (nem “seco”, nem “encharcado”),
- Fazer xixi cerca de 30 minutos antes,
- Repousar 5 a 10 minutos antes do exames,
- Evitar medir no período de maior retenção do ciclo menstrual.
Isso reduz muito os falsos “ganhos” e falsas “perdas”. Ou seja, mostrará de forma mais fidedigna a sua composição corporal.
O que eu considero mais importante: a tendência, não o número de um dia
A regra prática é: mudanças muito grandes em poucos dias quase sempre refletem água e glicogênio, não gordura ou músculo. Então desconfie de ganhos ou perdas surpreendentes.
A bioimpedância é melhor para mostrar direção ao longo de meses especialmente quando você compara junto com cintura, fotos padronizadas e desempenho no treino. Em uma consulta com nutrólogo, a BIA faz sentido quando vira instrumento de decisão clínica, não motivo de ansiedade.
Se você quer interpretar seus resultados com mais clareza e alinhar bioimpedância, exames e estratégia alimentar de forma ética e baseada em evidências, caso queira conhecer mais sobre a minha prática clínica, clique aqui.
Por que a BIA é importante o jogo no emagrecimento e no ganho de massa
Um cenário muito comum: você melhora alimentação e treino, perde gordura e ganha massa magra. Resultado? O peso fica estável e parece que nada aconteceu. A bioimpedância ajuda a ver o progresso real e evita mudanças precipitadas no plano. Ou seja, volto a frisar, ela é boa para mostrar tendência.
Outra situação clássica: IMC elevado, mas composição corporal boa. Sem composição corporal, a pessoa vira refém de uma meta de peso que não faz sentido e pode acabar perdendo músculo desnecessariamente. No meu acompanhamento, prefiro metas baseadas em composição corporal, sintomas, exames e rotina não só em um número. Infelizmente essa é uma dificuldde que tenho no ambulatório de Nutrologia no SUS.
Como se preparar para a bioimpedância (para o resultado ficar confiável)
A bioimpedância é sensível a hidratação como já citado acima e sofre interferência da rotina recente. Para melhorar a qualidade do exame, em geral oriento:
Quem deve evitar o exame ou ter atenção especial
Em geral, há contraindicações e cautelas que precisam ser respeitadas. Duas situações comumente tratadas como contraindicação importante são:
- Gestação,
- Uso de marcapasso/dispositivos implantáveis (dependendo do tipo). Na dúvida, isso deve ser definido com segurança antes do exame.
Como eu uso a bioimpedância na consulta como nutrólogo em Goiânia
- História clínica, hábitos, sono e estresse
- Exames laboratoriais
- Clínica: Sinais e sintomas (fome, saciedade, desempenho, dor, intestino)
- Plano alimentar possível de cumprir
- Treino,
- Rotina realista
Como é o laudo do exame?
Perguntas frequentes sobre bioimpedância em Goiânia
Bioimpedância é melhor do que balança comum?
Ela não substitui tudo, mas entrega informações que a balança não oferece (gordura, massa magra, água).
A bioimpedância “erra”?
Ela pode variar com hidratação, treino recente, álcool e protocolo. Por isso preparo e padronização importam.
Posso fazer em qualquer horário?
Pode, mas o ideal é repetir em condições parecidas (horário, jejum e rotina) para comparar corretamente.
Se o peso não caiu, posso estar melhorando?
Sim. Perder gordura e ganhar massa magra pode manter o peso estável.
Bioimpedância serve para quem quer ganhar massa?
Sim, porque ajuda a acompanhar massa magra e ajustes de estratégia ao longo do tempo.
Quantas vezes devo repetir?
Depende do objetivo e do plano. Em geral, faz sentido repetir em intervalos que permitam mudança real (não “toda semana por ansiedade”).
Conclusão: menos “achismo”, mais clareza
Quando você entende do que seu peso é feito, para de tomar decisões no escuro. A bioimpedância pode ser uma ferramenta valiosa para alinhar expectativa, estratégia e acompanhamento, principalmente quando combinada com uma avaliação médica séria e individualizada. Ou seja, dentro dos princípios éticos da Nutrologia.
Se você está buscando bioimpedância em Goiânia e quer interpretar seus dados com critério, dentro de um plano realista e baseado em evidências, conheça mais sobre a minha prática clínica.
Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais sobre minha pratica clínica, clique aqui.







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