sexta-feira, 20 de junho de 2025

Retatrutida já está a venda?




Muitas pessoas ligam semanalmente aqui na clínica perguntando se aplicamos retatrutida. Então oriento as secretárias a explicarem que:

1) Não aplicamos NADA aqui na clínica. Nem Semaglutida, nem Tirzepatida. Aqui somente realizamos consultas médicas. 

2) A retatrutida, uma medicação que está em fase 3 de estudos, sequer foi lançada. Ou seja, se alguém em Junho de 2025 está comercializando no Brasil, certamente está cometendo um crime contra a saúde pública. Pois, a ANVISA não autoriza. Se a ANVISA não autoriza, você teria coragem de tomar ?

A Retatrutide consiste em uma droga fabricada pela empresa farmacêutica americana Eli Lilly and Company. É um medicamento experimental em desenvolvimento para o tratamento da obesidade é um agonista triplo de receptores hormonais, atuando nos seguintes alvos:
  • Receptor de GLP-1 (Glucagon-like peptide-1) → Aumenta a secreção de insulina e reduz o apetite por agir no centro da fome no cérebro (hipotálamo)
  • Receptor de GIP (Glucose-dependent insulinotropic polypeptide) → Melhora o metabolismo da glicose.
  • Receptor de glucagon → Aumenta o gasto energético e a queima de gordura. Melhorando a oxidação de gorduras;
O provável mecanismo de ação consiste em:
  • Redução da fome (apetite): Atua no sistema nervoso central, promovendo saciedade.
  • Controle glicêmico (açúcar no sangue): Estimula a liberação de insulina e reduz a produção de glicose a partir do fígado.
  • Aumento da queima de gordura: O efeito no glucagon possvelmente acelera o metabolismo lipídico.
Indicações (em estudo)

  • Obesidade – Promove perda de peso significativa (estudos mostram redução de até 24% do peso corporal).
  • Diabetes tipo 2 – Melhora o controle glicêmico e pode reduzir a necessidade de outros antidiabéticos.
Efeitos Colaterais que estão sendo vistos nos estudos (comuns em análogos de GLP-1)
  • Náuseas, vômitos, diarreia.
  • Dor abdominal.
  • Risco de hipoglicemia (quando combinado com outros antidiabéticos).
Status Atual (2025)

A Retatrutide ainda está em fase 3 de ensaios clínicos, mas os resultados preliminares são promissores, superando até mesmo medicamentos como Semaglutida (Wegovy/Ozempic) e Tirzepatida (Mounjaro/Zepbound).

Ou seja, ainda não está sendo comercializado. Se tem profissional aplicando sinto informar que:
1) É infração ética pelo codigo de ética médica
2) Crime já que a medicação ainda não foi lançada e não tem registro na ANVISA, ou seja, sua comercialização no território nacional é proibida, AINDA. 

E-books, Mentorias, Prova de titulo de Nutrologia, Apadrinhamento, Cursos

 


Para saber mais acesse: https://www.ecologiamedica.net/p/e-books-prova-de-titulo-de-nutrologia.html

Análogos de GLP-1: gestação, amamentação e redução do efeito dos anticoncepcionais orais

A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido (Medicines and Healthcare products Regulatory Agency = MHRA)  publicou em seu site essa semana algumas informações relevantes sobre uso da análogos de GLP 1.  Resolvi postar alguns pontos chaves da mensagem, principalmente a questão de uso dos análogos em pacientes que não desejam engravidar e estão utilizando contraceptivo oral. 


Medicamentos Análogos de GLP-1 e para que são usados

Os agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1 ou GLP-1RA) são medicamentos que ajudam as pessoas a se sentirem mais saciadas, imitando um hormônio natural liberado após as refeições. Alguns medicamentos mais recentes, como o Mounjaro, também atuam em um segundo hormônio envolvido no controle do apetite e do açúcar no sangue. Você pode vê-los chamados na mídia de "injeções para perda de peso" ou "massas para emagrecer", mas nem todos esses medicamentos são aprovados para perda de peso.

No Reino Unido, existem vários medicamentos GLP-1 licenciados, incluindo semaglutida (vendida sob as marcas Wegovy, Ozempic e Rybelsus), tirzepatida (Mounjaro) e liraglutida (vendida sob diversas marcas). "Licenciados" significa que foram avaliados criteriosamente pelo órgão regulador de medicamentos do Reino Unido, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA), e aprovados como seguros e eficazes para determinados usos, descritos na tabela abaixo.

A MHRA não avaliou a segurança e a eficácia desses medicamentos quando usados ​​fora do uso licenciado, por exemplo, quando usados ​​para perda de peso em pessoas que não são obesas ou estão acima do peso.

Os GLP-1 são medicamentos licenciados para tratar distúrbios médicos específicos e devem ser usados ​​somente se você estiver acima do peso ou for diabético, e não se você quiser perder peso para fins estéticos ou cosméticos



Riscos da utilização dos Análogos de GLP-1

Como todos os medicamentos, os análogos de GLP-1 podem causar efeitos colaterais. Alguns dos efeitos colaterais mais comuns são efeitos gastrointestinais, como náuseas, vômitos e diarreia. Esses efeitos colaterais foram observados em ensaios clínicos com esses produtos e constituem a maioria dos relatórios do Yellow Card que a MHRA recebe para esses produtos. 

A maioria dos efeitos colaterais é de gravidade leve a moderada ou de curta duração. No entanto, alguns (como náuseas, vômitos e diarreia) às vezes levam a complicações mais graves, como desidratação grave, resultando na necessidade de internação hospitalar.

Embora pouco frequente, a inflamação do pâncreas (conhecida como pancreatite aguda) foi relatada com medicamentos contendo GLP-1. Isso pode ser grave. O principal sintoma é uma dor intensa no estômago que irradia para as costas e não desaparece. Qualquer pessoa que apresente esse sintoma deve procurar ajuda médica imediatamente.

Uma lista completa dos efeitos colaterais conhecidos pode ser encontrada nas informações do produto de cada medicamento.

Análogos de GLP-1, contracepção e gravidez

Todos os indivíduos com potencial para engravidar (que podem engravidar) que usam medicamentos GLP-1 devem tomar medidas para garantir que não engravidem.  

Medicamentos com GLP-1 não devem ser tomados durante a gravidez ou imediatamente antes de tentar engravidar. Isso ocorre porque não há dados de segurança suficientes para saber se tomar um medicamento com GLP-1 pode causar danos ao bebê. Em alguns estudos com animais, descobriu-se que medicamentos com GLP-1 são prejudiciais ao feto, embora mais informações sejam necessárias para verificar se esse mesmo efeito seria observado em humanos. Se você estiver usando um medicamento com GLP-1 e suspeitar que pode estar grávida, consulte um profissional de saúde imediatamente.

Como medida de precaução, você deve usar métodos contraceptivos enquanto estiver tomando medicamentos GLP-1 e por um período de “washout” definido depois (o período em que o medicamento deve ser interrompido antes de tentar engravidar).


Se você estiver usando Mounjaro (tirzepatida) e tomar um contraceptivo oral (pílula), você deve adicionar um método contraceptivo de barreira não oral (por exemplo, preservativo) por quatro semanas após iniciar os medicamentos GLP-1 e por quatro semanas após qualquer aumento na dose. Isso ocorre porque os medicamentos GLP-1 podem reduzir a eficácia dos contraceptivos orais em mulheres com sobrepeso ou obesidade. Como alternativa, você pode optar por um método contraceptivo não oral, como o DIU ou o implante, que não são tão afetados pelos GLP-1. Nem todos os métodos contraceptivos fazem efeito imediatamente; converse sobre o método escolhido com um profissional de saúde ou consulte a bula para garantir que você esteja efetivamente coberto.

Para mais informações sobre GLP-1 e uso de contraceptivos, consulte as orientações da Faculdade de Saúde Sexual e Reprodutiva (FSRH) . Em caso de dúvidas, consulte um profissional de saúde.

GLP-1 e amamentação

Medicamentos com GLP-1 não devem ser tomados por mulheres que estejam amamentando. Isso ocorre porque não há dados de segurança suficientes para saber se tomar um medicamento com GLP-1 pode causar danos ao bebê. Se tiver alguma dúvida, consulte um profissional de saúde.

Medicamentos GLP-1 e depressão ou pensamentos suicidas
Após uma revisão abrangente de segurança, a MHRA concluiu que os dados disponíveis não dão suporte a uma associação causal entre GLP-1s e depressão, ideação suicida e suicídio.

A MHRA continuará monitorando de perto o risco de reações psiquiátricas graves associadas a esses medicamentos e avaliará novos dados assim que estiverem disponíveis.

Uso de medicamentos GLP-1 durante uma cirurgia ou operação
Se você estiver tomando um medicamento GLP-1, informe sua equipe de saúde, incluindo o anestesista, antes do procedimento cirúrgico.

Este medicamento retarda o esvaziamento do estômago, aumentando o risco de o conteúdo estomacal (por exemplo, alimentos e bebidas) entrar nas vias aéreas e pulmões durante cirurgias ou procedimentos sob anestesia geral ou sedação profunda. Isso significa que pode ser necessária uma modificação nas instruções pré-procedimento e na técnica anestésica.

Continue tomando os medicamentos prescritos normalmente e não interrompa o tratamento sem antes conversar com seu médico.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Déficit de magnésio


O magnésio é um mineral essencial envolvido em mais de 300 reações enzimáticas no organismo, sendo crucial para funções neuromusculares, saúde cardiovascular, regulação glicêmica e síntese de proteínas e DNA. Apesar de sua importância, a deficiência de magnésio é frequentemente subdiagnosticada, mesmo sendo relativamente comum, especialmente em populações vulneráveis.

Funções do Magnésio no Organismo
  • Participa da contração e relaxamento muscular.
  • Atua na transmissão nervosa e estabilidade elétrica das células.
  • Regula os níveis de cálcio, potássio e sódio.
  • É necessário para a produção de energia (ATP).
  • Modula o sistema imune e a resposta inflamatória.
  • Contribui para a saúde óssea e prevenção da osteoporose.
Sintomatologia da Deficiência de Magnésio

Os sintomas da hipomagnesemia podem variar de inespecíficos a graves, dependendo da intensidade da deficiência:
  • Fadiga 
  • Fraqueza muscular
  • Irritabilidade
  • Cefaleia
  • Perda de apetite
  • Náuseas e vômitos
  • Câimbras e espasmos musculares
  • Tremores
  • Dormência e formigamento
  • Convulsões
  • Arritmias cardíacas (prolongamento do intervalo QT, fibrilação atrial)
  • Hipertensão
  • Ansiedade
  • Depressão
  • Insônia
  • Confusão mental
A deficiência crônica pode estar relacionada a quadros de síndrome metabólica, resistência insulínica e agravamento de doenças autoimunes e neurodegenerativas.

Diagnóstico da Deficiência de Magnésio

Desafios no Diagnóstico: O conteúdo de magnésio corporal total é de aproximadamente 25 g, sendo que 60% a 65% estão presentes nos ossos, que, assim como o músculo, constituem uma reserva desse mineral nas formas de fosfato e carbonato. O restante se localiza nos tecidos moles (27% no tecido muscular) e no interior das células, caracterizando o magnésio como o segundo cátion mais abundante no meio intracelular. Em menor proporção (1%), encontra-se no plasma, sendo que o magnésio no fluido extracelular encontra-se 70% a 80% na forma livre ionizada (Mg2+), 20% a 30% ligado a proteínas e 1% a 2% complexado a outros ânions. O músculo contém maior teor de magnésio em relação ao cálcio, contrariamente ao que ocorre no sangue. Isso torna os exames séricos pouco sensíveis para detectar a deficiência tecidual.

Exames Laboratoriais Disponíveis:

Magnésio sérico total: valor de referência entre 1,7 e 2,2 mg/dL. Contudo, pode estar normal mesmo na deficiência.
Magnésio ionizado (livre): mais preciso, mas pouco disponível.
Magnésio eritrocitário: pouco disponível
Excreção urinária de magnésio (em urina de 24h):útil em casos suspeitos de perda renal.
Relação magnésio/cálcio ou magnésio/potássio: pode auxiliar na análise clínica.
OBS: dosagem de magnésio no cabelo ou unha não tem correlação com déficit.

Diagnóstico Clínico

Diante da baixa sensibilidade dos exames laboratoriais, o diagnóstico é frequentemente clínico, baseado na presença de sintomas compatíveis, história alimentar pobre em magnésio e presença de fatores de risco.

Grupos de risco
  • Idosos: já que possuem uma ingestão reduzida, má absorção e uso frequente de medicamentos (diuréticos, IBPs).
  • Pacientes com doenças gastrointestinais: como doença celíaca, Crohn, diarreia crônica e síndromes disabsortivas.
  • Pcientes submetidos a ressecções no trato digestivo: ex. cirurgia bariátrica
  • Diabéticos tipo 2: perdas urinárias aumentadas, a hiperglicemia crônica aumenta a diurese (produção de urina), levando à excreção excessiva de magnésio pela urina. Além disso, a insulina auxilia na reabsorção renal de magnésio. Quando há resistência à insulina (comum no diabetes tipo 2), os rins eliminam mais magnésio pela urina. Além disso o uso de hipoglicemiantes também favorece uma redução dos níveis plasmaticos de magnésio, já que ele, assim como o fósforo, potássio e B1 entram para dentro da célula quando a glicose liga ao receptor de insulina.  
  • Além disso, o magnésio melhora a sensibilidade à Insulina, através de 3 mecanismos: a ativação de enzimas: sendo um co-fator de enzimas envolvidas no metabolismo da glicose, como as tiroquinases dos receptores de insulina e as proteínas quinases, que facilitam a sinalização da insulina nas células. Interferindo na Fosforilação da glicose: Auxiliando no transporte de glicose para dentro das células, reduzindo a resistência à insulina. Redução da inflamação: O magnésio tem efeito anti-inflamatório, diminuindo citocinas que prejudicam a ação da insulina (como TNF-Alfa). Resultado: Baixos níveis de magnésio estão associados a maior resistência à insulina, um fator chave no diabetes tipo 2.
  • Etilistas crônicos: baixa ingestão, má absorção e maior excreção urinária.
  • Usuários de certos medicamentos:
  • Diuréticos de alça (furosemida), Inibidores da bomba de prótons (omeprazol, lansoprazol, esomeprazol)
  • Aminoglicosídeos, Quimioterápicos
  • Gestantes: devido a maior demanda metabólica.
  • Atletas: maior demanda
  • Pessoas com sudorese excessiva: perda pela transpiração
  • Síndrome de Ehlers Danlos
  • Pessoas com dietas restritivas: anorexia, bulimia
  • Dieta ocidental, rica em carboidratos refinados ou alimentação rica em ultraprocessados
Fatores que favorecem redução de teor de magnésio nos alimentos

  • Solos Pobres em Magnésio: e aqui encontra-se o solo do cerrado. 
Esgotamento do solo: Agricultura intensiva sem reposição adequada de nutrientes diminui o teor de magnésio no solo.  
Uso excessivo de fertilizantes químicos: Alguns fertilizantes (como os ricos em potássio ou nitrogênio) podem interferir na absorção de magnésio pelas plantas.  

  • Processamento Industrial de Alimentos  
Refinamento de grãos: O magnésio está presente no farelo e no gérmen, que são removidos no processamento de farinhas brancas e arroz polido.  
Cozimento em excesso: A água de cozimento pode levar embora parte do magnésio, principalmente em legumes e verduras.  
Industrialização de alimentos: Alimentos ultraprocessados geralmente perdem magnésio durante as etapas de fabricação.  

  • Métodos de Cultivo 
Uso de pesticidas e herbicidas: Alguns químicos podem reduzir a absorção de magnésio pelas plantas.  
Cultivo hidropônico sem suplementação adequada: Se a solução nutritiva não tiver magnésio suficiente, os vegetais terão menos desse mineral.  

  • Armazenamento e Preparo Caseiro  
Cozinhar em muita água: O magnésio é solúvel em água, então fervura prolongada pode reduzir seu teor.  
Descascar frutas e legumes: Muitos nutrientes, incluindo magnésio, estão concentrados na casca.  

  • Fatores Ambientais
Acidificação do solo: Solos muito ácidos (pH baixo) podem reduzir a disponibilidade de magnésio para as plantas.  
Estresse hídrico: Secas ou irrigação inadequada afetam a absorção de nutrientes pelas raízes.  

Como preservar o magnésio nos alimentos?

Prefira alimentos integrais** (arroz integral, farinha de trigo integral).  
Cozinhe no vapor em vez de cozinhar na água.  
Coma vegetais crus ou levemente cozidos.  
Opte por alimentos orgânicos ou cultivados em solos ricos em nutrientes.  

Se a dieta for pobre em magnésio, pode ser necessário suplementar, mas o ideal é ajustar a alimentação para obter esse mineral naturalmente.

Fontes alimentares de Magnésio

A recomendação diária de ingestão de magnésio para adultos varia entre 310 a 420 mg/dia, dependendo do sexo e da idade.

Fonte: VANNUCHI, Hélio, MONTEIRO, Thais Helena. ILSI Brasil - international life sciences Institute do Brasil. Série: Funções plenamente reconhecidas de nutrientes

Devemos dar preferência para alimentos minimamente processados, integrais e de origem vegetal. A biodisponibilidade do magnésio é reduzida em alimentos com alto teor de fitatos (como leguminosas mal preparadas), por isso, o remolho e cocção adequados melhoram a absorção.

Considerações Finais

A deficiência de magnésio é uma condição subestimada, mas com impacto clínico significativo. Diante da dificuldade laboratorial em detectar a hipomagnesemia, é fundamental que o profissional de saúde esteja atento aos sinais e sintomas, fatores de risco e hábitos alimentares do paciente. A correção da deficiência pode ser feita com mudanças dietéticas e, quando necessário, com suplementação oral de magnésio (como citrato ou cloreto, que apresentam boa absorção).

Referências Bibliográfica

1 - VANNUCHI, Hélio, MONTEIRO, Thais Helena. ILSI Brasil - international life sciences Institute do Brasil. Série: Funções plenamente reconhecidas de nutrientes, V. 16. Magnésio. 2010
2 - Gröber U, Schmidt J, Kisters K. Magnesium in Prevention and Therapy. *Nutrients*. 2015;7(9):8199-8226.

Autores:
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915
Rodrigo Lamonier - Nutricionista
Dra. Natalia Jatene - Médica Endocrinologista 

Nutrição e cistite intersticial: quais alimentos pioram os sintomas



O que é?

A cistite intersticial (CI), também conhecida como síndrome da bexiga dolorosa, é uma condição urológica crônica caracterizada por dor pélvica, urgência miccional e aumento da frequência urinária, na ausência de infecção urinária ou outras patologias identificáveis. Considerada uma doença de difícil diagnóstico e manejo, a CI impacta significativamente a qualidade de vida dos pacientes, exigindo uma abordagem multidisciplinar.  

Este texto tem como objetivo elucidar para a população leiga os aspectos fisiopatológicos, critérios diagnósticos, tratamentos convencionais e o papel da nutrologia no manejo da CI, baseando-se em evidências científicas recentes.  

 Definição e Epidemiologia 

A CI é uma condição inflamatória crônica da bexiga, com prevalência estimada em 0,1% a 6,5% da população geral, sendo mais comum em mulheres (3:1 em relação aos homens) Sua etiologia permanece desconhecida, mas fatores autoimunes, neurogênicos e de barreira epitelial têm sido implicados.  

Fisiopatologia

Várias hipóteses tentam explicar a CI:  
- Defeito na camada de glicosaminoglicanos (GAG): Leva à permeabilidade aumentada da mucosa vesical, permitindo a infiltração de substâncias irritantes (Parsons, 2007).  
- Ativação mastocitária: Liberação de histamina e citocinas pró-inflamatórias 
- Alterações neurogênicas: Sensibilização de nervos periféricos e centrais, amplificando a percepção de dor

Quadro Clínico e Diagnóstico Diferencial 

Os sintomas incluem:  
- Dor suprapúbica piora com enchimento vesical.  
- Polaciúria (≥ 8 micções/dia) e noctúria.  
- Urgência miccional sem incontinência.  

Diagnósticos diferenciais

Infecção urinária, endometriose, síndrome do intestino irritável, bexica hiperativa, intolerância histaminérgica, síndrome de ativação mastocitária 

Critérios Diagnósticos e Exames Complementares
 
Não há teste definitivo; o diagnóstico é clínico e por exclusão. Critérios da Sociedade Internacional de Continência (ICS) incluem:  
- Sintomas ≥ 6 meses.  
- Cistoscopia com hidrodistensão (úlceras de Hunner em 10% dos casos).  
- Biópsia para excluir carcinoma in situ.  

Exames úteis:  

- Análise urinária e urocultura.  
- Estudo urodinâmico.  
- Questionários (ICSI, ICPI).  

Tratamentos Convencionais

Farmacológico  
1) Amitriptilina: Modulação da dor neuropática
2) Pentossano polissulfato sódico: Restauração da camada de GAG 
3) Hidrodistensão vesical: Alívio sintomático em 30-50% dos casos 

Tratamento não medicamentoso  
1) Fisioterapia pélvica: Melhora da disfunção muscular  
2) Estimulação nervosa sacral 
3) Nutrologia e Nutrição

A terapia nutricional para pacientes com cistite intersticial (CI) também chamada de síndrome da bexiga dolorosa é considerada uma abordagem complementar essencial no manejo da doença, com evidências crescentes na literatura científica. O foco do nosso tratamento na nutrologia consiste em:
1) Reduzir os sintomas urinários e a dor na bexiga
2) Evitar ingestão de irritantes vesicais via alimentação, ou seja, retirar o que desencadeia os sintomas e agrava o quadro
3) Manter o aporte nutricional adequado, já que diante das restrições alimentares os pacientes podem apresentar déficits de vitaminas, minerais. Por isso o acompanhamento conjunto do nutrólogo e do nutricionista é importante. Porém, tem que ser profissionais que tenham experiência no manejo da CI. 

Até o presente momento, a literatura indica: Evitar alimentos irritantes para a bexiga

Estudos mostram que certos alimentos atuam como desencadeadores dos sintomas, provavelmente por irritarem o urotélio ou alterarem o pH urinário.

Os mais comumente relacionados são:
  • Alimentos ácidos: Tomate, frutas cítricas (laranja, limão, principalmente abacaxi), vinagre, caju, acerola, mexerica
  • Alimentos e bebidas ricas: Cafeína e teobromina:  Café, chá preto, chá verde, chocolate, Coca-Cola, bebidas gaseificadas
  • Adoçantes como aspartame e sacarina. 
  • Alimentos condimentados: Pimentas, curry, massalas, páprica defumada
  • Alimentos embutidos: presunto, salame, salaminho, copa, molho inglês, shoyo
Abordagem dietéica 

Fazemos uma dieta de exclusão com posterior reintrodução, semelhante ao que fazemos na abordagem Low fodmaps. Consiste em:
1) Remover os potenciais irritantes 4 a 8 semanas.
2) Reintroduzir gradualmente os alimentos, um a cada 3-4 dias, observando a resposta.

Isso nos auxilia a identificar gatilhos individuais, já que os alimentos que agravam os sintomas podem variar entre os pacientes. É o que eu e o Rodrigo denominamos de trabalho duplo-detetive. 

Existem alguns Suplementos com benefícios mas ainda sem evidência robusta. 

1) Quercetina: que consiste em um Flavonoide com ação anti-inflamatória; melhora sintomas urinários em alguns estudos 
2) L-arginina: consiste em um aminoácido precursor de óxido nítrico; pode melhorar fluxo urinário e relaxamento vesical
3) Aloe vera: é uma planta com ação anti-inflamatório natural; relato de alívio sintomático em alguns pacientes
4) Condroitina, Glucosamina, Ácido hialurônico: teoricamente participam da camada protetora da bexiga. Pouca evidência. 
5) Probióticos: São bactérias que poderiam auxiliar na disbiose que é comum nessas pacientes. Porém, devem ser utilizados com muita cautela, pois, não é incomum a coexistência de CI e supercrescimento bacteriano do intestino delgado. Podendo até piorar o quadro. 

Papel do pH urinário e da hidratação adequada

A urina ácida pode intensificar a dor.
Dietas alcalinizantes (mais vegetais, menos proteína animal e café) ajudam alguns pacientes.
Citrato de potássio (oral) pode ser utilizado para alcalinizar a urina, porém, com cautela.
Manter ingestão hídrica adequada dilui compostos urinários irritantes. No mínimo 30ml por kilo de peso de água. Alguns pacientes restringem a ingestão por medo da frequência urinária, mas isso pode agravar os sintomas.

Conclusão

A CI é uma condição complexa que exige abordagem individualizada. A nutrologia surge como adjuvante promissor, modulando a inflamação e melhorando a qualidade de vida. Novos estudos são necessários para consolidar estratégias dietéticas específicas.  

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915
Revisor: Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Razão Cintura-Altura Aumenta Precisão Preditiva para Esteatose Hepática Severa e Fibrose Avançada

A obesidade é um componente importante da fisiopatologia da doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD, na sigla em inglês). No entanto, o diagnóstico de obesidade é complexo, e outras medidas antropométricas além do índice de massa corporal (IMC), como a circunferência da cintura (CC) e a razão cintura-altura (RCA), também vêm sendo consideradas.

Já se sabe há bastante tempo que a RCA, calculada dividindo-se a CC pela altura, pode ter melhor desempenho do que a própria CC e o IMC na predição de desfechos metabólicos como hipertensão, dislipidemia, diabetes, MASLD e fibrose.

A Associação Europeia para o Estudo da Obesidade incorporou a RCA, com ponto de corte de 0,5, em um novo critério diagnóstico de obesidade para indivíduos com IMC entre 25 e 29,9 kg/m² em meados de 2024.

Já os novos critérios da Associação Americana para o Estudo de Doenças Hepáticas (AASLD) para diagnóstico da MASLD incluem IMC e CC, mas não a RCA.

Buscamos investigar o valor incremental da RCA em relação ao IMC e à CC na predição de esteatose hepática severa e fibrose hepática avançada em uma coorte nacional contemporânea de grande porte. Considerando que hispânicos apresentam maior prevalência de MASLD, também realizamos uma análise restrita a essa etnia.

A análise e a construção dos modelos foram feitas com dados dos participantes do ciclo 2021–2023 da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição dos EUA (NHANES). O NHANES é um inquérito transversal bienal conduzido pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde (NCHS) dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), permitindo estimativas representativas da população dos EUA ao combinar dados demográficos, laboratoriais e de exame físico, incluindo elastografia transitória por controle de vibração para medir o parâmetro de atenuação controlada e a rigidez hepática.

Foram extraídos dados demográficos e informações pertinentes à nomenclatura da MASLD. A fibrose avançada foi definida com ponto de corte de 10 kPa e a esteatose severa com 280 dB/m.

Foram construídos modelos de regressão multivariada ajustados para idade, sexo, raça/etnia, histórico de diabetes, hipertensão e hiperlipidemia como covariáveis para predizer fibrose avançada e esteatose severa. IMC, CC e RCA foram inseridos separadamente nos modelos. O desempenho e o potencial de reclassificação dos modelos com as diferentes medidas antropométricas foram comparados usando estatísticas-C e o índice de discriminação integrada. 

Como análise de sensibilidade, os modelos também foram estratificados por ancestralidade hispânica, devido à maior incidência de MASLD nessa população.

Entre 6.280 participantes com dados completos de elastografia, 6.086 tinham todos os dados necessários para os critérios de MASLD no ciclo 2021–2023 (Tabela Suplementar 1). Setenta e sete por cento dos indivíduos apresentaram RCA elevada (≥ 0,5). Esses indivíduos apresentaram prevalências significativamente maiores de diabetes, hipertensão, hiperlipidemia, bem como maior ocorrência de fibrose avançada e esteatose severa (Tabela Suplementar 1).

A RCA como variável contínua foi superior na predição de esteatose severa (área sob a curva ROC [AUROC], 0,79; IC 95%, 0,78–0,81; P < 0,001) e fibrose avançada (AUROC, 0,78; IC 95%, 0,76–0,80; P < 0,001) em comparação com os critérios baseados em IMC ou CC, atualmente utilizados nos critérios diagnósticos de MASLD. 

O índice de discriminação integrada demonstrou melhora em relação ao IMC (0,006 e 0,008) e à CC (Tabela 1). Ao restringir a análise à população hispânica, o modelo manteve consistência e confirmou a superioridade da RCA para ambos os desfechos. Em comparação com a população geral dos EUA, a CC mostrou desempenho inferior ao IMC na análise pela estatística-C (AUROC, 0,63; IC 95%, 0,61–0,65; P = 0,05).

Demonstramos que a razão cintura-altura (RCA) tem desempenho superior ao do IMC e da circunferência da cintura (CC) na predição de esteatose hepática severa e fibrose avançada em uma grande coorte contemporânea dos Estados Unidos. Estudos anteriores já haviam mostrado que a RCA está associada à MASLD e pode ter desempenho superior ao do IMC e da CC como preditor de esteatose e fibrose não alcoólicas.

Nossos achados mostram discriminação superior para esteatose severa e fibrose avançada ao utilizar a RCA em comparação com o IMC e a CC, que atualmente são as únicas medidas antropométricas incluídas nos critérios diagnósticos da MASLD. 

Esse efeito foi observado mesmo após ajuste para potenciais fatores de confusão como idade, sexo, raça/etnia, diabetes, hiperlipidemia e hipertensão.

No contexto clínico, se a CC e o IMC forem avaliados, todos os dados necessários para calcular a RCA já estão prontamente disponíveis. À medida que a RCA ganha força como ferramenta útil na avaliação da obesidade, mais pesquisas são necessárias para determinar quais subgrupos de indivíduos podem se beneficiar clinicamente da avaliação pela RCA, bem como qual seria o ponto de corte ideal para diagnóstico de esteatose severa, fibrose avançada e MASLD.


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sábado, 14 de junho de 2025

Frutas, verduras e legumes da temporada: mês de Junho

Por que consumir alimentos da safra? Existem vantagens?

Motivo 1: Se está na safra, provavelmente o preço está menor. Mais economia para o seu bolso.

Motivo 2: Tendem a ter maior densidade nutricional, a quantidade de nutrientes, em especial antioxidantes é maior, visto que, utiliza-se menos agrotóxicos e o vegetal precisa se adaptar a situações inóspitas (pragas, calor, frio, umidade, radiação solar, ventos). Ou seja, ele produz mais "defesas", nesse caso os polifenóis, que são antixodantes. Os alimentos da safra são colhidos no momento ideal de maturação, o que significa que estão no auge do seu sabor, textura e valor nutricional. Consumí-los garante que você esteja recebendo produtos frescos e de melhor qualidade.

Motivo 3: Safra = maior abundância. Provavelmente terá menos agrotóxicos (eu disse menos, não que não tenham). Se a está na safra, naturalmente naquela época do ano aquele alimento desenvolve mais facilmente. Não sendo necessário uso de agrotóxicos ou caso o agricultor utilize, a quantidade tende a ser menor. Menos agrotóxico, menos veneno. Em breve o Ministério da saúde publicará um guia sobre efeitos dos agrotóxicos na saúde humana. Tema totalmente negligenciado na Medicina. 

Motivo 4: Os vegetais na safra são encontrados mais facilmente nas feiras e mercados. O Brasil é um país vasto e diversificado, com diferentes regiões climáticas que possibilitam o cultivo de uma grande variedade de alimentos ao longo do ano. Consumir alimentos da safra permite que você experimente uma ampla gama de frutas, legumes e verduras, aproveitando a diversidade da culinária brasileira.

Motivo 5: Sustentabilidade e apoio ao agricultores locais.  Consumir os alimentos da safra vigente é um ato de sustentabilidade, pois respeita o tempo da natureza e economiza energia e recursos extras de forma intensiva ou no transporte por diferentes distâncias. Escolher alimentos da safra muitas vezes significa apoiar práticas agrícolas mais sustentáveis. Como esses alimentos estão disponíveis localmente e não precisam ser transportados por longas distâncias, há uma redução significativa na pegada de carbono associada ao seu consumo. Além disso, os produtores locais que cultivam alimentos da safra geralmente empregam técnicas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente.  Comprar alimentos da safra de produtores locais contribui para fortalecer a economia da sua região. Ao apoiar os agricultores locais, você ajuda a manter empregos na comunidade e a promover um sistema alimentar mais justo e sustentável. 


Frutas de Junho
Abacate fortuna/quintal 
Abacaxi havai e pérola 
Atemoia 
Banana maçā e nanica e prata 
Caju 
Caqui 
Carambola 
Cupuaçu 
Kiwi nacional 
Laranja baia 
Limão 
Maçā estrangeira 
Mamão 
Mangostāo 
Manga
Melāo
Morango
Mexerica 
Pera estrangeira
Quincan
Tangerina murcot e ponkan
Uva estrangeira


Verduras e Legumes de Junho
Abóbora japonesa, moranga, paulista e seca
Abobrinha brasileira 
Acelga 
Alface 
Alcachofra 
Alho poró 
Agriāo
Batata doce amarela e rosada 
Brócolis 
Cará
Catalonha 
Cenoura 
Chicória 
Chuchu
Coentro 
Cogumelo 
Ervilha torta 
Escarola
Espinafre 
Gengibre
Gobô 
Inhame 
Louro 
Mandioca 
Mandioquinha 
Milho verde
Nabo
Palmito 
Rabanete 
Salsa 

Autores
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915, 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Márcio José de Souza - Nutricionista e Profissional da Educação física

Vício em comida x 𝐜𝐨𝐦𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐚𝐥𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐚𝐫 𝐬𝐞𝐦𝐞𝐥𝐡𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐚𝐨 𝐯𝐢́𝐜𝐢𝐨

A expressão 𝐜𝐨𝐦𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐚𝐥𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐚𝐫 𝐬𝐞𝐦𝐞𝐥𝐡𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐚𝐨 𝐯𝐢́𝐜𝐢𝐨 (do original 𝘢𝘥𝘥𝘪𝘤𝘵𝘪𝘰𝘯-𝘭𝘪𝘬𝘦 𝘦𝘢𝘵𝘪𝘯𝘨) tem sido mais adequadamente utilizada em substituição à expressão “vício em comida” (do original 𝘧𝘰𝘰𝘥 𝘢𝘥𝘥𝘪𝘤𝘵𝘪𝘰𝘯). Outras publicações tem preferido utilizar a expressão “vício em comer” (do original 𝑒𝑎𝑡𝑖𝑛𝑔 𝑎𝑑𝑑𝑖𝑐𝑡𝑖𝑜𝑛), representando uma expressão comportamental de um atípico comportamento alimentar, deixando claro que nenhuma comida pode de fato promover vício.

O comportamento alimentar semelhante ao vício seria uma 𝐯𝐚𝐫𝐢𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐚𝐩𝐫𝐞𝐬𝐞𝐧𝐭𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐜𝐥𝐢́𝐧𝐢𝐜𝐚 𝐝𝐨 𝐭𝐫𝐚𝐧𝐬𝐭𝐨𝐫𝐧𝐨 𝐝𝐚 𝐜𝐨𝐦𝐩𝐮𝐥𝐬𝐚̃𝐨 𝐚𝐥𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐚𝐫, caracterizada por desejos por comidas específicas, perda de controle sobre o consumo destes alimentos, aumento progressivo da necessidade de ingestão destes alimentos ao longo do tempo, alimentação excessiva contínua apesar da percepção das possíveis consequências negativas e esforços malsucedidos para comer menos ou mudar o padrão de comportamento alimentar. Seria especialmente dirigido a alimentos altamente palatáveis, que usualmente são ultraprocessados, ricos em açúcares, sal e gordura adicionados. Este comportamento pode facilmente ser reconhecido como uma relação fissurada com a comida. Uma série de fatores podem colaborar com a vulnerabilidade desta forma de perda de controle alimentar, incluindo sintomas afetivos crônicos, cronotipo e padrão de sono, e outras impulsividades.

Mas pode a comida provocar vício? Em alimentos ultraprocessados ​há a adição de uma concentração elevada de ingredientes considerados gratificantes. Assim, alguns indivíduos podem apresentar um padrão comportamental de consumo alimentar marcado por controle diminuído sobre a ingestão, com desejos intensos e sensação de impotência. Mas, ainda assim, não é possível identificar componentes específicos dos alimentos que literalmente promovam vício. Então é “como se fosse vício”, mas não é.

✍🏼 @dr.alexandrepintodeazevedo
Fontes: Senol E, 2024 | Tang, CSK, 2020 | Gearhardt AN, 2021 | Kabasakal Cetin A, 2023. #foodaddict #sugaraddict #binge

Como minimizar o jet lag

O Jet lag é uma síndrome temporária que resulta do desgaste físico/mental da viagem junto com o desalinhamento do ciclo circadiano, em viagens que ultrapassam 2 fusos horários.

Os principais sintomas são:
❗️Alterações no sono
❗️Fadiga
❗️Mal estar
❗️Alterações cognitivas (como redução do alerta, da memória e concentração)
❗️Alterações do humor
❗️Sintomas gastrointestinais

Esses sintomas também podem acontecer relacionados a irregularidade do ciclo circadiano em outras situações que mudem significativamente os horários do ciclo sono-vigília (dormir e acordar).

A medida não farmacológica com maior evidência para regular o ritmo circadiano é a exposição à luz solar pela manhã associada a evitar luzes artificiais, (principalmente brancas) no período da noite.

Outras ações estão associadas a melhora como: hidratação, alimentação balanceada e atividade física.
Lembrando que a privação de 1 noite de sono já impacta o cérebro, estimulando a busca por alimentos mais calóricos no dia seguinte. O que pode levar ao ganho de peso se o quadro for persistente.

O uso de melatonina pode reduzir os efeitos do Jet lag, assim como outras medicações, se necessário. Sempre com recomendação e prescrição médica. 😉

Você já sofreu os efeitos do Jet lag?
Como se sentiu?

Excesso de suplementação Por Dra. Desire Coelho

 

"Remédio" que reduziu em 28% o risco de recidiva e em 37% o risco de morte em pacientes com câncer de cólon - Por Dr. Pedro Dal Bello

 Um estudo publicado no New England Journal of Medicine (Courneya et al., 2025) mostrou que um programa estruturado de exercício aeróbico por 3 anos, iniciado após a quimioterapia, reduziu em 28% o risco de recidiva e em 37% o risco de morte em pacientes com câncer de cólon. 

Uma das explicações prováveis para esses resultados tão expressivos está na melhora metabólica induzida pelo exercício: redução da resistência insulínica, modulação de fatores inflamatórios, estímulo à vigilância imunológica e modificação do microambiente tumoral em órgãos-alvo de metástase, como o fígado e os pulmões 🧠💪🔥

Esses mecanismos impactam vias de crescimento celular, inflamação crônica e angiogênese — todos sabidamente envolvidos na progressão tumoral. Mesmo sem perda de peso, os pacientes do grupo intervenção apresentaram melhora da aptidão cardiorrespiratória e da função física. Isso reforça que exercício físico é uma estratégia terapêutica oncológica — e deve ser prescrita com a mesma seriedade que qualquer outro tratamento.

📚 Courneya KS et al. Structured Exercise after Adjuvant Chemotherapy for Colon Cancer. N Engl J Med. 2025 Jun 1. DOI: 10.1056/NEJMoa2502760.

Como manter o peso após o uso de medicamentos para obesidade

Estão surgindo opções para os milhões de pessoas que deixam de usar medicamentos com GLP-1 devido a efeitos colaterais, custo ou indisponibilidade.

Sheree manteve um peso saudável por 15 anos graças a uma cirurgia que envolveu a colocação de um anel de silicone na parte superior do estômago. Mas, quando a banda gástrica deslizou repetidamente e teve que ser removida, o peso voltou rapidamente. Ela ganhou quase 20 quilos em apenas 2 meses.

Frustrada, ela recorreu à nova geração de medicamentos contra a obesidade, na esperança de desacelerar o ganho de peso rápido. Testou várias formulações dos tratamentos de sucesso semaglutida (vendida sob os nomes comerciais Ozempic e Wegovy) e tirzepatida (vendida como Zepbound para perda de peso), tendo algum sucesso com doses mais altas desses medicamentos, que imitam os efeitos do hormônio supressor do apetite GLP-1. Mas, a cada vez, a escassez dos medicamentos interrompia o tratamento, forçando-a a reiniciar com uma nova formulação ou a ficar semanas sem a medicação.

Cansada da incerteza em torno dessas terapias, ela decidiu tentar algo diferente. Sheree, que pediu que fosse usado seu nome do meio para preservar a privacidade, passou por dois procedimentos minimamente invasivos projetados para reduzir o tamanho do estômago e atenuar os sinais de fome.

Desenvolvidos ao longo das últimas duas décadas, esses procedimentos “endoscópicos” realizados com tubos flexíveis inseridos pela boca, sem bisturi — são apenas uma parte de um conjunto crescente de ferramentas para pessoas que desejam se afastar da terapia com GLP-1. Cirurgias bariátricas mais convencionais, utilizadas rotineiramente desde a década de 1980 para redirecionar o fluxo de alimentos pelo intestino ou restringir o tamanho do estômago, também podem se tornar mais atrativas. E a busca por outros medicamentos que possam oferecer alternativas duradouras para a população pós-GLP-1 está se intensificando.

Esse movimento é impulsionado por uma convergência de fatores: escassez crônica das terapias com GLP-1, altos custos, barreiras com planos de saúde e efeitos colaterais debilitantes. Como resultado, muitas pessoas que iniciam esses medicamentos acabam interrompendo o uso com taxas de descontinuação nos ensaios clínicos variando de 37% a 81% no primeiro ano. E, uma vez encerrado o tratamento, o peso perdido geralmente volta com força.

À medida que cresce a demanda por estratégias complementares, o cenário do tratamento da obesidade dominado nos últimos anos por semaglutida e tirzepatida volta a se diversificar. Dessa forma, diz Ricardo Cohen, especialista em emagrecimento do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, Brasil, os medicamentos com GLP-1 não estão apenas remodelando o tratamento estão também atraindo mais pessoas para vias de cuidado frequentemente negligenciadas.

“Os novos medicamentos são uma porta de entrada para quem busca tratamento da obesidade”, afirma ele.

Solução cirúrgica

No início de sua ascensão, os medicamentos com GLP-1 eram muitas vezes vistos não como uma porta de entrada, mas como uma solução farmacológica que poderia tornar obsoletas as estratégias de emagrecimento mais antigas.

Durante décadas, a cirurgia bariátrica foi o padrão-ouro no cuidado da obesidade. Em suas diferentes formas — incluindo a cirurgia com banda gástrica que Sheree fez inicialmente, o procedimento promove uma perda de peso substancial e sustentada, além de melhorar condições de saúde associadas à obesidade. E tem um bom histórico de segurança, com taxas de complicações graves e mortalidade comparáveis ou até menores do que as de procedimentos comuns, como a retirada da vesícula biliar ou a substituição do joelho.

Ainda assim, muitas pessoas com obesidade veem a cirurgia bariátrica como um último recurso. A proporção de indivíduos elegíveis que realmente se submetem ao procedimento permanece teimosamente baixa cerca de 1% nos Estados Unidos, e não muito maior em outros países.

O surgimento da semaglutida e da tirzepatida ofereceu uma forma de alcançar os outros 99% prometendo alcançar reduções de peso semelhantes sem a invasividade, o tempo de recuperação ou o estigma frequentemente associados à cirurgia.

“O entusiasmo gerado pelos medicamentos colocou a cirurgia em segundo plano”, reconhece Cohen, presidente da Federação Internacional para a Cirurgia da Obesidade e dos Distúrbios Metabólicos (IFSO), em Nápoles, Itália, uma organização global de cirurgiões bariátricos.
Mas ele espera mudar essa percepção.

Em 2022, a IFSO e sua contraparte nos EUA revisaram suas diretrizes, reduzindo os critérios de índice de massa corporal (IMC) recomendados para a elegibilidade cirúrgica, com o objetivo de tornar o procedimento acessível a mais pessoas que possam se beneficiar dele. Cohen agora vê oportunidades para ampliar o alcance da cirurgia, especialmente para pessoas que interrompem a terapia com GLP-1 ou que não obtêm os resultados esperados apenas com medicação — e espera reforçar esse argumento com dados clínicos.

Na clínica que dirige no Brasil, por exemplo, Cohen em breve iniciará a inclusão de participantes em um estudo randomizado no qual pessoas que primeiro perderem peso com semaglutida serão designadas para receber cirurgia bariátrica, continuar com as injeções de semaglutida ou realizar ambos os tratamentos.

* Técnicas para o estômago

Independentemente de haver uma mudança na percepção sobre a cirurgia bariátrica, existem outras formas de reduzir o estômago. A partir do final dos anos 2000, especialistas em emagrecimento começaram a desenvolver abordagens não cirúrgicas que alcançam resultados semelhantes (veja ‘Reduzindo o estômago’). Como bônus adicional, essas técnicas tendem a ser menos caras e mais simples de aplicar do que os métodos cirúrgicos, pois exigem menos recursos hospitalares e envolvem tempos de recuperação mais curtos.

A mais amplamente adotada tem sido a gastroplastia endoscópica em manga (ESG, na sigla em inglês), um procedimento realizado sob anestesia que dobra e sutura internamente o estômago, transformando-o em um tubo estreito. Isso reduz o volume do estômago em até 70% — para algo do tamanho de uma banana —, limitando a ingestão de alimentos e promovendo uma sensação de saciedade, embora os resultados em perda de peso geralmente sejam mais modestos do que os da cirurgia.

Pichamol “Sigh” Jirapinyo, endoscopista bariátrica no Brigham and Women’s Hospital, em Boston, Massachusetts, diz que quase metade das pessoas que passaram por ESG no ano passado em seu hospital ou na Bariendo uma rede norte-americana de oito clínicas de emagrecimento não cirúrgico da qual ela é diretora médica — já havia feito uso prévio de algum medicamento com GLP-1. Dois anos antes, essa proporção era de apenas uma em cada seis pessoas.

Sistemas de ESG são aprovados como tratamentos para obesidade nos Estados Unidos, Reino Unido e em outros países, mas o procedimento não funciona de forma consistente para todos. Sheree, que é da Carolina do Norte e tem cerca de 50 anos, descobriu isso na prática em 2022. Quando não obteve os resultados desejados com a ESG, seu médico recomendou um método endoscópico experimental que utiliza um dispositivo médico autorizado para outras finalidades.

Conhecido como ablação da mucosa gástrica (GMA, na sigla em inglês), o procedimento utiliza gás argônio e uma corrente elétrica para gerar plasma ionizado, elevando rapidamente a temperatura do tecido na parte superior do estômago. O resultado é uma lesão térmica controlada que cria tecido cicatricial ao longo do revestimento gástrico.

Vivek Kumbhari, endoscopista bariátrico da Mayo Clinic na Flórida (Jacksonville), e seus colegas demonstraram, em estudos com ratos, porcos e tecido humano, que essa técnica de “queima” localizada pode reduzir a secreção de grelina o hormônio que estimula a fome — na parte superior do estômago. Ela também torna o estômago mais rígido, o que, na prática, reduz sua capacidade (veja, por exemplo, a ref. 3).

Os primeiros pacientes submetidos à GMA um procedimento ambulatorial realizado sob anestesia — relataram alguns efeitos colaterais, como cólicas, náuseas e inchaço. Mas, segundo Christopher McGowan, gastroenterologista e cofundador da clínica True You Weight Loss, em Cary, na Carolina do Norte, esses efeitos têm sido geralmente leves e temporários, e superados pelos benefícios na perda de peso.

McGowan, em colaboração com Kumbhari e outros, publicou um ensaio clínico da GMA no ano passado. O estudo envolveu dez pessoas com obesidade que haviam tentado perder peso com dieta e exercício, excluindo explicitamente qualquer pessoa que já tivesse usado medicamentos para emagrecimento. Agora, os pesquisadores querem preencher essa lacuna com um estudo voltado a indivíduos que descontinuaram a terapia com GLP-1, um grupo mais representativo dos pacientes do mundo real que enfrentam múltiplas opções de tratamento. Demonstrar a eficácia da GMA nesse público pode ajudar a convencer mais médicos e possíveis candidatos a considerar o procedimento, afirma McGowan — e talvez abrir caminho para reembolso por planos de saúde e sistemas públicos.

Experiências individuais como a de Sheree também podem ser persuasivas, ainda que de forma anedótica. Meses após passar pelo procedimento na clínica de McGowan onde pagou cerca de US$ 6.000 —, ela atingiu um peso com o qual se sente confortável, não teve reações adversas e está mantendo o peso sem medicamentos com GLP-1.

“Isso me deu uma saída para parar de correr atrás desses remédios”, diz Sheree.

Reinício do intestino

Em uma sala cirúrgica simulada, localizada em um parque industrial nos arredores de Boston, Harith Rajagopalan testa um dispositivo exclusivo desenvolvido especificamente para manutenção de peso após o uso de medicamentos com GLP-1. Quando ele o liga, um cateter fino, semelhante a uma lula, ganha vida. Perto da ponta, um pequeno balão se infla suavemente com água aquecida quase ao ponto de ebulição.

Esse instrumento, inserido endoscopicamente pela garganta, cria uma queima controlada de tecido, de forma semelhante à ablação da mucosa gástrica (GMA), mas com um alvo diferente: o duodeno, a porção superior do intestino delgado, e não o estômago. Chamado Revita, o procedimento busca minimizar danos teciduais e promover regeneração, potencialmente “reprogramando” a forma como o intestino detecta nutrientes e regula o metabolismo.

Essas mudanças poderiam reverter os danos provocados, ao longo do tempo, por dietas cronicamente ricas em gordura e açúcar, restaurando “um estado fisiológico mais normal”, diz Rajagopalan, cofundador e CEO da empresa Fractyl Health, com sede em Burlington, Massachusetts.

“O duodeno não foi feito para lidar com Coca-Cola e McDonald’s”, afirma ele.

A empresa demonstrou que esse procedimento único, com duração de cerca de 40 minutos — chamado resurfacing da mucosa duodenal — pode induzir perda de peso sustentável e melhorar diversos aspectos do metabolismo, incluindo a sensibilidade à insulina, em pessoas com diabetes tipo 2.

Agora, a Fractyl Health está avançando com estudos clínicos do procedimento como uma intervenção para manutenção de peso em pessoas que interromperam o uso de tirzepatida. Segundo a empresa, nenhum problema de segurança foi relatado entre os primeiros 15 participantes tratados, e os dados iniciais sugerem que esses indivíduos ganharam menos peso no mesmo período de tempo do que pessoas que interromperam o uso de GLP-1 em estudos anteriores.

“Os dados iniciais são promissores”, diz o investigador do estudo, Shailendra Singh, gastroenterologista da Universidade da Virgínia Ocidental, em Morgantown.

* Fase de manutenção

Embora procedimentos cirúrgicos e endoscópicos possam oferecer perda de peso duradoura, a experiência mostra que as pessoas tendem, naturalmente, a preferir opções menos invasivas — um padrão que provavelmente continuará à medida que mais pessoas buscam alternativas após interromper os medicamentos para emagrecimento. Estudos preliminares mostram que programas estruturados de exercício físico, planos alimentares especializados e intervenções comportamentais via smartphone podem ajudar na manutenção do peso a longo prazo.

Mas essas abordagens não atuam nos sinais moleculares de fome que impulsionam o reganho de peso, afirma Kelseanna Hollis-Hansen, pesquisadora em nutrição do Centro Médico Southwestern da Universidade do Texas, em Dallas.

“Você ainda estará lutando contra o impulso fisiológico de comer”, diz ela.

Outra opção — disponível, embora ainda pouco utilizada — é a transição de medicamentos com GLP-1 para fármacos antiobesidade mais antigos, acessíveis e toleráveis, como a metformina (usada para reduzir a glicemia) ou a fentermina (supressor de apetite). Um estudo publicado no ano passado mostrou que essa abordagem de transição não apenas ajudou as pessoas a manter a perda de peso inicial, como também levou a reduções adicionais ao longo do tempo.

Michelle Cardel, diretora de nutrição da WeightWatchers em Nova York, está liderando um estudo clínico randomizado em que pessoas que perderam pelo menos 15% do peso corporal com uma terapia à base de GLP-1 seguem apenas com suporte ao estilo de vida ou adicionam um de dois esquemas com medicamentos mais antigos. O objetivo, segundo ela, é
“garantir que tenhamos estratégias baseadas em evidências para nortear nosso cuidado clínico”.

Cardel observa que o estudo não foi afetado pelo pedido de falência da WeightWatchers nos Estados Unidos no mês passado.

Novos medicamentos para combater o reganho de peso também estão em desenvolvimento. Por exemplo, terapias com GLP-1 estão sendo combinadas a agentes experimentais que preservam ou aumentam a massa muscular — uma abordagem voltada a otimizar o funcionamento metabólico e reduzir o risco de reganho de peso, caso os medicamentos sejam interrompidos. O tecido muscular consome mais calorias do que o tecido adiposo, ajudando a manter o peso estável.

Algumas farmacêuticas estão, inclusive, posicionando seus tratamentos em desenvolvimento como soluções pós-GLP-1, em vez de concorrentes diretos das terapias de primeira linha já disponíveis ou prestes a chegar ao mercado. É o caso da empresa Response Pharmaceuticals, de Falls Church, Virgínia, que desenvolveu uma pílula tomada duas vezes ao dia — a RDX-002 — que bloqueia a absorção de gordura intestinal e está sendo testada em um estudo com 68 participantes como uma terapia pós-GLP-1.

O recrutamento para o ensaio clínico avançou quatro vezes mais rápido do que o previsto, com uma média de quase uma nova inscrição para cada dia útil de recrutamento, segundo Trisha Shamp, farmacologista clínica e responsável pelos serviços médicos da Nucleus Network, em St. Paul, Minnesota — organização que conduz o estudo. Ela atribui essa rapidez à grande demanda reprimida por uma “rede de segurança” contra o reganho de peso após o uso dos medicamentos.

“Existe um medo real de parar esses remédios e voltar a ganhar peso.”

Novos medicamentos e procedimentos estão começando a reduzir esse medo — o que foi uma boa notícia para Cheila, da Flórida, que pediu para ser identificada apenas pelo primeiro nome. Ela tentou usar semaglutida por alguns meses, mas as náuseas e cólicas se tornaram insuportáveis. No ano passado, passou por GMA, perdeu mais de 10 quilos e hoje vive uma relação mais saudável com a comida.

Cheila pensou que a terapia com GLP-1 seria uma solução milagrosa, mas a realidade mostrou-se diferente. O procedimento também não foi uma bala de prata — ela ainda não atingiu seu peso ideal. Ainda assim, afirma:

“De jeito nenhum eu volto a tomar esses remédios.”



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By Alberto Dias Filho - Digital Opinion Leader
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