sábado, 20 de maio de 2017

Cansaço, indisposição, fadiga e fadiga crônica - Quando procurar um médico ? Parte I

Segundo a literatura, 9 em cada 100 pessoas sentiram, sentem ou irão sentir algum cansaço excessivo por mais de 6 meses ao longo de suas vidas. A maioria das pessoas com fadiga, exaustão, estafa e esgotamento tem seus níveis de atividade geral bastante prejudicado.

Muitos desses indivíduos possuem quadro depressivo associado, mesmo que em níveis discretos. A maioria tem tem o sono não reparador e devido ao seu estado geral, maior dificuldade em lidar com estresse do cotidiano.

Nunca imaginei que a queixa "CANSAÇO" fosse se tornar a queixa mais comum no meu consultório. Lembro de no terceiro ano de faculdade, ao estudar sintomas na disciplina de Semiologia, vários livros colocavam o sintoma "Cansaço" como sintoma inespecífico. Hoje vejo que a medicina deve esmiuçar mais o tema, já que são inúmeras variáveis relacionadas ao sintoma. Eu até brinco que deveria cobrar o dobro do valor da consulta, já que a investigação é minuciosa, demorada e gasto o dobro do tempo quando comparado aos outros sintomas que atendo.

Antes de discorrer sobre o tema, faz-se necessário diferenciar os termos, apesar de não existir consenso na literatura e existir uma linha tênue entre eles.

Cansaço ou fadiga normal: Consiste em um estado FISIOLÓGICO de prostração, no qual há uma redução do nível de energia, podendo o quadro ser composto por: indisposição, rebaixamento momentâneo do humor, fraqueza muscular, cansaço mental. Geralmente dura algumas horas, variando de acordo com o limiar do indivíduo. Habitualmente o que percebemos é que o quadro de resolve quando o paciente descansa , alimenta-se e tem sono reparador. Via de regra, no cansaço não há doenças específicas associadas. Ocorre principalmente após atividade físicas ou atividades intelectuais intensas (neurastenia). É normal ficar cansaço após 1 dia inteiro de trabalho.  A fadiga física ou cansaço limita os movimentos do corpo, ou seja, tem um papel fisiológico de proteção, afinal impede as pessoas de ultrapassarem os próprios limites e prejudicar músculos, tendões, ossos. Para o Dr. Gregorie Cozon (um dos maiores pesquisadores do tema), o termo cansaço é sinônimo de "fadiga normal" e pode atingir qualquer pessoa. Muitas vezes o paciente adentra ao consultório com a queixa de "cansaço" e na verdade o que ele apresenta é fadiga ou vice-versa. Isso ocorre pela dificuldade do paciente em explicar o que realmente sente, pela dificuldade de qualificar o sintoma, afinal é uma sensação individual, pessoal, subjetiva. Homens muitas vezes tendem a subestimar o sintoma. Inúmeras vezes atendi adultos do sexo masculino que tinham fadiga realmente patológica e não apenas o cansaço que eles acreditavam ter. É importante frisar que a progressão nas atividades físicas levam o organismo a uma melhor tolerância aos esforços e consequentemente a um melhor condicionamento físico. A mesma coisa ocorre em atividades intelectuais.

Preguiça: Muitos pacientes confundem fadiga com preguiça. A preguiça consiste é uma propensão voluntária a não realizar esforços. Na fadiga a a incapacidade é involuntária.  Mas existe uma relação entre os termos. Percebo que muitas vezes a fadiga patológica inibe a vontade da pessoa, levando a um estado de preguiça. Assim como também vejo a preguiça ocasionando uma falta de condicionamento físico (cardiopulmonar, muscular) ou intelectual, isso gera uma fatigabilidade excessiva, levando o paciente a ter uma incapacidade real de realizar determinados esforços. Isso pode levar a um ciclo que se perpetua, difícil de se romper. Nós médicos temos dificuldade para diferenciar ambos os quadros com exatidão e com isso o paciente acaba se sentindo incompreendido.

Fadiga: A grande maioria das doenças apresentam algum grau de fadiga. Esse estado de fraqueza geral, que não tem correlação com esforço físico ou trabalho intelectual é chamado de fadiga patológica, astenia ou fraqueza orgânica. Nesse caso o paciente apresenta os mesmos sintomas do cansaço, porém com duração maior e com um agente causal. Ou seja, geralmente está associado a doenças específicas: anemias, depressão, alergias, doenças cardíacas, doenças pulmonares, doenças autoimunes, Síndrome de apnéia obstrutiva do sono, câncer, HIV, doenças infecciosas. O curso natural da fadiga é o caminhar para um quadro de estafa. É importante salientar que muitas vezes o paciente apresenta alguma doença que gera fadiga intensa porém o mesmo não a relata, pois não a percebe. Isso se deve a limiar da fadiga, que varia de acordo com parâmetros individuais. Por isso alguns se sentem mais ou menos fatigados. Esse limiar também ocorre quando se trata de recuperação. Alguns se recuperam logo no início do tratamento da doença de base, outros melhoram após uma boa noite de sono, enquanto outros após se alimentar e descansar.



quinta-feira, 4 de maio de 2017

Pensar que é gordo aumenta propensão a ganho de peso, por Dra. Sophie Deram



Uma pesquisa recente que seguiu jovens durante 11 anos mostrou que adolescentes com peso normal mas que pensam ser gordos são mais propensos a ganhar peso, especialmente as meninas.

“Ver-se gorda, mesmo não sendo, pode realmente fazer com que os jovens com peso normal se tornem obesos quando adultos", disse Koenraad Cuypers, um pesquisador da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.

A pesquisa, que analisou a relação entre pesos reais e pesos percebidos em adolescentes, observa que uma das explicações pode ser a adoção de atitudes não saudáveis na tentativa de perder peso. Os jovens que se veem gordos, muitas vezes, mudam os seus hábitos alimentares, pulando refeições, ou fazendo dietas, por exemplo, para perder peso. Essa variação de atitude pode gerar um ganho de peso ao longo do tempo. Dietas muitas vezes causam mais problemas do que resolvem. Não só a maioria das pessoas ganha de volta o peso que perdeu com dietas, mas elas também reduzem o metabolismo e alteram os hormônios de tal maneira que a perda de peso se torna cada vez mais difícil. Isso também pode despertar um eventual transtorno alimentar (ex: comer compulsivamente como resultado da privação).

As meninas de hoje sofrem mais estresse psicossocial do que as suas mães quando eram adolescentes, na tentativa de alcançar um corpo ideal que se fez mais magro ao longo dos anos.

"As normas de peso para a sociedade devem ser alteradas para que os jovens tenham uma visão mais realista do que é normal” continua Cuypers. “As escola deveriam conversar com as crianças sobre o que são formas normais do corpo, e mostrar que todos os corpos são bonitos. Em paralelo, é importante que a midia deixe de apresentar o corpo super magro como o ideal perfeito, porque não é!”

É normal e saudável para uma menina ganhar peso e gordura durante a puberdade: tornar-se uma mulher não é engordar mas sim ganhar curvas e feminidade. Antigamente, essa transformação era o orgulho da menina. Hoje, infelizmente, é encarado cada vez menos como um acontecimento normal e desejável.

A puberdade é um momento de grande transformação: meninos e meninas antes da puberdade tem aproximadamente a mesma taxa de gordura no corpo (% de massa gorda), e com a puberdade a produção de hormônios muda isso. É fisiológico e saudável que as meninas ganhem curvas e massa gorda, pois é neste tecido gorduroso que o corpo vai conseguir sintetizar os hormônios femininos e armazenar energia para uma eventual futura gravidez. Ao mesmo tempo, os meninos ganham massa muscular, em parte pelo fato da secreção de testosterona.

“É injusto!”, me falou uma paciente adolescente. Não é injusto! É a vida e essa vida é maravilhosa! Da mesma maneira que não é injusto o fato do que o seu irmão nunca engravidará ou amamentará o filho dele. É normal e é assim.

Pode parecer difícil ajudar a sua filha a aceitar o seu corpo quando há tantas forças culturais dizendo que ela precisa ser mais magra, mais bonita, mais “perfeita”.

Se você não tiver certeza por onde começar, pergunte-se sobre a sua alimentação e seu peso e o exemplo que você passa para sua filha. O exemplo é a melhor maneira de ensinar hábitos de vida saudáveis. É importante conversar com a sua filha e ajudá-la em casa a não entrar na espiral do efeito sanfona de perda e ganho de peso. Deixe o meio ambiente da casa o mais saudável possível porque o mundo exterior é realmente dificil de mudar.

A seguir, uma lista de 10 dicas de atitudes positivas sobre comida, peso e imagem corporal para a família toda!

1. Seja um exemplo com uma atitude alimentar equilibrada e evite fazer dietas ou comentários sobre ser gordo ou engordar.

2. Forneça uma variedade de alimentos nutritivos e saudáveis em casa. Faça bolinhos deliciosos e lanches que fornecem nutrientes de qualidade. É importante comer com prazer. Prazer não quer dizer excesso! Coma às vezes pizza e sorvete de creme para ensinar a moderação ao invés de eliminação.

3. Concentre-se na saúde, não no peso. Se a perda de peso vier como uma consequência de atitudes saudáveis, então ótimo, mas a perda de peso como principal foco está fadada ao fracasso. Fale de saúde ou do que é saudável.

4. Eduque sobre a alimentação saudável de uma maneira geral, sem virar especialista em Nutrição. Todos os nutrientes são importantes.

5. Foque a respeito do que comer, e não a respeito do que não comer.

6. Ensine a respeitar e responder aos sinais de fome/saciedade.

7. Fale positivamente sobre o alimento e o seu corpo.

8. Ensine que as dietas não funcionam e dê exemplos. Livre-se de todas as balanças e discuta como elas não são importantes. É normal ter uma variação de peso nesta fase da puberdade.

9. Demonstre que as escolhas alimentares devem ser feitas a partir de um balanço de desejo, apetite e equilíbrio alimentar.

10. Converse com a sua filha sobre alimentação-conforto, alimentação-estresse e alimentação-tédio, para ajudá-la a identificar e evitar esses comportamentos na maioria das vezes.

Fontehttp://gentabrasil.blogspot.com.br/2012/09/acreditar-que-se-e-gordo-engorda.html