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terça-feira, 15 de novembro de 2022

Por que consumir ORGÂNICOS ?

A produção de orgânicos sempre que possível, baseia-se no uso de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle biológico de pragas e doenças. Busca manter a estrutura e produtividade do solo, trabalhando em harmonia com a natureza. Equilíbrio Homem/ecossistema, integração ! De formal geral, a agricultura orgânica é baseada em três idéias. 

São elas: 

1) Cultivo natural: é proibido o uso de agrotóxicos, adubos químicos e artificiais e conservantes no processo de produção. 

2) Equilíbrio ecológico: A produção respeita o equilíbrio microbiológico do solo e as diferentes épocas de safra. O processo fica mais sustentável, não degradando a biodiversidade. 

3) Respeito ao homem: o trabalhador tem que ser respeitado (leis trabalhistas, ganho por produtividade, treinamento profissional e qualidade de vida). Para se obter um alimento verdadeiramente orgânico, é necessário conhecer diversas ciências (agronomia, ecologia, nutrição, medicina, economia, entre outras). 

Assim, o agricultor, através de um trabalho harmonizado com a natureza, tem condições de oferecer ao consumidor alimentos que promovam não apenas a saúde deste último, mas também do planeta em que vivemos. O número crescente de produtores orgânicos no Brasil está dividido basicamente em dois grupos: pequenos produtores familiares ligados a associações e grupos de movimentos sociais, que representam 90% do total de agricultores, sendo responsáveis por cerca de 70% da produção orgânica brasileira, e grandes produtores empresariais (10%) ligados a empresas privadas. 

Enquanto na região sul cresce o número de pequenas propriedades familiares que aderem ao sistema, no sudeste a adesão é representada em sua maioria por grandes propriedades. Atualmente, o Brasil ocupa a 34ª posição no mundo no ranking dos países exportadores de produtos orgânicos, sendo que na última década foi assistido um crescimento de 50%nas vendas por ano. 

Calcula-se que já estão sendo cultivados perto de 100 mil há (hectares) em cerca de 4.500 unidades de produção orgânica espalhadas por todo o país. A maior parte da produção brasileira (cerca de 70%) encontra-se nos estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo. Apesar da tendência de crescimento, o Brasil ainda perde para a vizinha Argentina em termos de área certificada para o cultivo de orgânicos na América do Sul. 

Da produção nacional de orgânicos, cerca de 75% é exportada, principalmente para a Europa, Estados Unidos e Japão. A soja, o café e o açúcar lideram as exportações. No mercado interno, os produtos mais comuns são as hortaliças, seguidos de café, açúcar, sucos, mel, geleias, feijão, cereais, laticínios, doces, chás e ervas medicinais. Infelizmente ainda não temos muitas frutas produzidas nos moldes correto. Os países com maiores áreas de produção orgânicas são, respectivamente: 
1) Austrália com 12,29 milhões de ha; 
 2) China com 2,3 milhões de ha; 
 3) Argentina com 2,22 milhões de ha. 

Esses países têm como principal atividade nessas áreas orgânicas a pastagem não intensiva. Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados na comparação entre países, pois a produtividade é extremamente variável entre eles. O Brasil se encontra na oitava posição, com 880 mil ha. 

Em termos de continente, a Oceania detém 40,7% da área sob manejo orgânico, seguida da Europa com 24,3%, América Latina com 16,2%, Ásia com 10,2%, América do Norte com 7,3% e África com 1,4%. O Japão hoje é considerado um dos maiores mercados mundiais para produtos orgânicos. Devido à pequena dimensão territorial, a produção orgânica própria é pequena, principalmente se comparada à variedade e volume de produtos que importam, como cereais, legumes, frutas frescas, carne bovina, frango, queijo, entre outros. Nos Estados Unidos, os produtores orgânicos certificados produzem principalmente cereais, com destaque para soja e trigo.

O desenvolvimento da agricultura orgânica americana tem sido comparado ao da Europa, assistindo um volume de venda próximo dos U$5 bilhões anuais. Segundo dados da Organic Farming Research Fundation (Fundação de Pesquisa em Agricultura Orgânica), aproximadamente 1% do mercado americano de alimentos é proveniente de métodos orgânicos de produção. Na Europa o desenvolvimento da agricultura orgânica e do consumo de produtos sem agrotóxico cresce a passos largos. No final de 2009, na França, havia 16.446 fazendas orgânicas, um aumento de 23,7% em relação a 2008, e 677.513 hectares de terra orgânica, um aumento de 16% comparado a 2008. 

O país obteve destaque devido ao aumento significativo de algumas produções animais na linha orgânica, sobretudo o frango orgânico, que teve taxas de crescimento de 135% nos últimos dois anos. A Alemanha foi o primeiro país do mundo a criar um organismo para inspeção e controle da produção orgânica e hoje o mercado alemão de produtos orgânicos é considerado um dos mais importantes da Europa. Em 1998, foram contabilizadas cerca de 6.786 unidades de produção (1,9% de sua área total). 

COMO SABER SE É ORGÂNICO? 

Se você pretende consumir alimentos orgânicos fique atento para não ser enganado. Procure sempre pelo selo de qualidade emitido por certificadoras reconhecidas pelo Ministério da Agricultura. São entidades como a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), o Instituto Biodinâmico (IBD), entre outros. Essas entidades, ao todo cerca de 30 em todo Brasil, avaliam se a produção do alimento segue os critérios estabelecidos pela agricultura orgânica. Para ganhar o selo, os produtores seguem várias precauções e têm suas lavouras fiscalizadas a cada semestre. A presença do selo garante, portanto, a procedência e a qualidade dos produtos. 

10 MOTIVOS PARA CONSUMIR PRODUTOS ORGÂNICOS 

1) SÃO ALIMENTOS NUTRITIVOS E SABOROSOS: Com solos balanceados e fertilizados com adubos naturais, se obtém alimentos mais nutritivos. A comida fica mais saborosa, conservam-se suas propriedades naturais como vitaminas, sais minerais, carboidratos e proteínas. Um alimento orgânico não contém substâncias tóxicas e nocivas à saúde. Em solos equilibrados as plantas crescem mais saudáveis, preservam-se suas características originais como aroma, cor e sabor. Consumindo produtos orgânicos é possível apreciar o sabor natural dos alimentos. Além disso, quando se utiliza o sistema de Rochagem na adubagem o alimento fica mais rico devido a inserção de minerais ESSENCIAIS na composição do solo. Pesquisas internacionais demonstram que alimentos orgânicos apresentam, em média, 63% a mais cálcio, 73% mais ferro, 118% mais magnésio, 178% mais molibdênio, 91% mais fósforo, 125% mais potássio, 60% mais zinco que os alimentos convencionais. Possuem menor quantidade de mercúrio (29%), substancia que pode causar doenças graves (informação publicada no Journal of Applied Nutricion, 1993). No ano passado pesquisadores da London School of Hygiene & Tropical Medicine, em Londres, Inglatrra, realizaram um levantamento com 162 artigos científicos publicadas nos últimos 50 anos, que mostrou que não existe uma diferença tão grande entre o alimento orgânico e o normal. Erro na metodologia ? Interesses exclusos ? Mesmo que não tivesse superioridade nutricional, só de não conter agrotóxicos ja É SUPERIOR ! 

2) SAÚDE GARANTIDA: Vários pesticidas utilizados hoje em dia no Brasil estão proibidos em muitos países, em razão de consequências provocadas à saúde, tais como: 1) Cânceres dos mais viversos tipos 2) Alergias alimentares 3) Asma 4) Infertilidade 5) Alterações hormonais principalmente quando se trata de hormônios sexuais 6) Hiperatividade em adultos e crianças 7) Déficit de atenção 8) Doenças neurodegenerativas 9) Aumento da produção de radicais livres e diminuição da produção de antioxidantes. 10) Intoxicação por metais pesados Um relatório da Academia Americana de Ciências, de 1982, calculou em 1.400.000 o número de novos casos de câncer provocados por agrotóxicos. Além disso, os alimentos de origem animal estão contaminados pela ação dos perigosos coquetéis de antibióticos, hormônios e outros medicamentos que são aplicados na pecuária convencional, quer o animal esteja doente ou não. Consumindo orgânicos protegemos nossa saúde e a saúde de nossos familiares com a garantia adicional de não estarmos consumindo alimentos geneticamente modificados. Vale a pena ler o Post sobre a recente pesquisa da Anvisa, na qual a mesma detectou irregularidade em 29% dos alimentos analisados. 

3) PROTEÇÃO ÀS FUTURAS GERAÇÕES: As crianças são os alvos mais vulneráveis da agricultura com agrotóxicos. “Quando uma criança completa um ano de idade, já recebeu a dose máxima aceitável para uma vida inteira, de agrotóxicos que provocam câncer”, diz um relatório recente do Environmental Working Group (Grupo de Trabalho Ambiental). A agricultura orgânica, além disso mais, tem a grande tarefa de legar às futuras gerações um planeta reconstruído. 

 4) AMPARO AO PEQUENO PRODUTOR: O trabalhador rural precisa ser preservado, tanto quanto a qualidade ecológica dos alimentos. Adquirindo produtos ecológicos, contribuímos com a redução da migração de famílias para as cidades, evitando o êxodo rural e ajudando a acabar com o envenenamento por agrotóxicos sofrido por cerca de 1 milhão de agricultores no mundo inteiro. 

5) SOLOS FÉRTEIS: Uma das principais preocupações da Agricultura Orgânica é o solo. O mundo presencia a maior perda de solo fértil pela erosão em função do uso inadequado de práticas agrícolas convencionais. Com a Agricultura Orgânica é possível reverter essa situação.

6) ÁGUA PURA: Quando são utilizados agrotóxicos e grande quantidade de nitrogênio, ocorre a contaminação nas fontes de água potável. Cuidando desse recurso natural, garante-se o consumo de água pura para o futuro.

7) BIODIVERSIDADE: A perda das espécies é um dos principais problemas ambientais. A Agricultura Orgânica preserva sementes por muitos anos e impede o desaparecimento de numerosas espécies, incentivando as culturas mistas e fortalecendo o ecossistema. A Fauna permanece em equilíbrio e todos os seres convivem em harmonia, graças à não utilização de agrotóxicos. A Agricultura Orgânica respeita o equilíbrio da natureza e cria ecossistemas saudáveis.

8) REDUÇÃO DO AQUECIMENTO GLOBAL E ECONOMIA DE ENERGIA: O solo tratado com substâncias químicas libera uma quantidade enorme de gás carbônico, gás metano e óxido nitroso. A agricultura e administração florestal sustentáveis podem eliminar 25% do aquecimento global. Atualmente, mais energia é consumida para produzir fertilizantes artificiais do que para plantar e colher todas as safras.

9) CUSTO SOCIAL E AMBIENTAL: O alimento orgânico não é, na realidade, mais caro que o alimento convencional se consideramos que, indiretamente, estaremos reduzindo: 1) Gastos com MÉDICOS e MEDICAMENTOS 2) CUSTOS com a recuperação ambiental.

10) CIDADANIA E RESPONSABILIDADE SOCIAL: Consumindo orgânicos, estamos exercitando nosso papel social, contribuindo com a conservação e preservação do meio ambiente e apoiando causas sociais relacionadas com a proteção do trabalhador e com a eliminação da mão-de-obra infantil. 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Agricultores dos EUA usam arsenal orgânico para combater pragas

Diretor de uma fazenda de estudantes na Universidade da Califórnia (EUA), Mark Van Horn, parece quase perdido ao caminhar por uma onda amarela de girassóis selvagens à beira de um campo de tomate e milho.

Eles não estão lá por sua beleza ou como um plantio para venda. Eles são, na verdade, uma importante estratégia de controle de pragas nesta fazenda orgânica.

Pesquisas locais sobre os girassóis selvagens, segundo Mark, mostram que eles são o lar de joaninhas e vespas parasitas, insetos bons que matam insetos ruins.

"O girassol nos ajuda a proporcionar casa e comida a insetos benéficos, mantendo-os ativos durante o ano todo'', diz Mark. "E os girassóis nativos são muito melhores para isso do que os domésticos. Existe uma biodiversidade de insetos muito maior nos girassóis selvagens."

Girassóis plantados à beira de campo de tomate e milho, nos EUA, fazem controle de pragas em fazenda orgânica

Enquanto o agricultor convencional possui uma gama de armas químicas para combater a invasão de ervas daninhas e pragas, o agricultor orgânico tem um caminho mais duro.

Simplesmente não existem sprays orgânicos contra insetos que se comparem ao poder dos químicos sintéticos, e quase nada em desenvolvimento quanto a herbicidas orgânicos.

Em vez disso, há um entendimento cada vez maior, entre agricultores orgânicos, sobre maneiras de atrelar sistemas naturais como parte do que é chamado de gerenciamento integrado de pragas.

E há um pequeno brotar de novas pesquisas sobre técnicas de cultivo orgânico como resultado da lei de agricultura de 2008 nos EUA, que financia uma série de programas agrícolas num total de US$ 307 bilhões.

Durante anos, essas pesquisas foram financiadas com US$ 3 milhões ao ano, e embora os novos fundos ainda sejam minúsculos se comparados às pesquisas da agricultura
convencional, hoje são US$ 20 milhões anuais pelos próximos anos, podendo aumentar ainda mais. Em vez de cinco a sete bolsas de pesquisa por ano, agora são duas dúzias.

"Você não é mais considerado idiota por fazer este tipo de pesquisa, como ocorria na década de 1980'', diz Fred Kirschenmann, agricultor orgânico e membro distinto do Centro Leopold de Agricultura Sustentável em Iowa.

AGRICULTURA CONVENCIONAL

A pesquisa sobre ecossistemas de agricultura orgânica nos últimos anos obteve algumas descobertas importantes, e refinou as técnicas usadas pelos produtores orgânicos.

Um artigo publicado este ano na revista "Nature" confirma o que os agricultores orgânicos suspeitavam há algum tempo, de que a agricultura convencional pode agravar o problema das pragas.

David Crowder, entomologista da Universidade Estadual de Washington e um autor do artigo, diz que se existem mais variedades de plantas ao redor do campo, e nenhum pesticida de amplo espectro, como ocorre na produção orgânica, isso promove o equilíbrio entre espécies de insetos, em vez de permitir que uma espécie
domine a cena.

"Existem mais inimigos naturais e eles fazem um trabalho muito melhor em controlar pragas em campos orgânicos'', afirma Crowder.

Inimigos naturais são essenciais à abordagem orgânica. Eric Brennan é o único pesquisador orgânico em tempo integral do Departamento de Agricultura dos EUA, e ele trabalha em Salinas Valley, uma espécie de cinturão verde da América, de onde 80% do país recebe as folhas verdes de suas saladas.

Uma das pragas mais difíceis é o afídeo da alface. O tratamento preferido para a alface orgânica comercial é plantar uma flor ornamental, chamada alyssum, em meio à alface, tomando cerca de 5% a 10% do total da plantação. Moscas-de-flores vivem na alyssum, e precisam de uma fonte de afídeos para alimentar seus filhotes --e assim colocam seus ovos na alface. Quando nascem, as larvas começam a atacar os afídeos.

"Se você fosse um afídeo num pé de alface, uma larva de mosca-de-flor seria um pesadelo'', explicou Brennan. "Elas são vorazes comedoras de afídeos. Uma larva por planta consegue controlar os afídeos''. Brennan está estudando a configuração mais eficiente para a plantação dos campos de alfaces e alyssum.

Alguns produtores de morangos orgânicos usam "safras-armadilhas" para atrair insetos para fora de seu plantio comercial. Insetos do gênero lygus causam a
deformação dos frutos. Mas eles gostam mais de alfafa do que de morangos, então alguns produtores plantam uma fileira de alfafa para cada 50 fileiras de morangos.

Conforme esses insetos se acumulam na alfafa, um grande aspirador de pó montado em um trator passa e puxa todos eles. Outros produtores simplesmente aspiram os insetos diretamente dos morangueiros.

Aumentar a vegetação nativa em campos de plantio pelo bem da biodiversidade não é algo livre de controvérsias. Após uma epidemia de E. coli em plantações de espinafre em 2006, alguns compradores de safras disseram aos agricultores que não comprariam de produtores cujos campos não estivessem limpos, pois as plantas poderiam abrigar roedores ou outros animais trazendo a doença.

Apesar de uma falta de evidências científicas, segundo Brennan, alguns produtores desmataram a vegetação.

PREDADORES

Rachel Long estudou morcegos e seu papel no gerenciamento de pragas no vale central da Califórnia por 15 anos. Produtores de peras, nozes e maçãs estavam combatendo uma espécie de mariposa. Estudando o DNA em partes não digeridas de fezes de morcego, ela descobriu que eles se alimentavam das mariposas e de outros insetos --o equivalente ao seu peso-- todas as noites.

A fase seguinte, que levou oito anos, foi descobrir como atrair morcegos a casas de morcegos. "Os filhotes nascem sem pelos", diz Long. "Então precisamos colocá-los onde eles recebam o sol matutino, ficando quentes de manhã, e sombra à tarde, de forma que não fique quente demais'.'

"Há uma enorme demanda por morcegos no mundo agrícola", explicou ela. "Eles comem toneladas de insetos. Eles também comem besouros de pepino e percevejos, que atacam tomates."

Uma casa de morcegos precisa ser presa a uma estrutura como um celeiro ou uma ponte, segundo ela, e não montada sobre um poste. Falcões ficam esperando que os jovens morcegos saiam de uma casa, e se ela não for protegida, Long diz que os filhotes são capturados um a um.

Pesquisadores orgânicos também estão estudando o papel da fertilidade do solo no controle de pragas. Alguns estudos mostram que solos ricos em nutrientes podem aprimorar o sistema imunológico das plantas, e elevar sua resistência natural a insetos e pragas --ou proporcionar um lar para inimigos naturais. O solo orgânico em plantações de batatas estudadas por Crowder, por exemplo, possui níveis mais altos de um fungo que mata a larva do besouro da batata.

O uso de plantações intermediárias --plantar gramas e legumes que recuperam o nitrogênio entre as safras comerciais-- pode fazer uma enorme diferença para o solo, segundo estudos de Brennan. "Se conseguirmos fazer os produtores plantarem uma safra intermediária a cada três anos, em vez de a cada dez, estaríamos bem mais avançados'' em fertilidade de solo, diz ele. "É uma diferença gigantesca."

Produtores orgânicos não são contrários à utilização de certos tipos de sprays químicos. Alguns deles --os chamados "aromas assassinos"-- são feitos de óleos e águas essenciais de plantas de cheiro forte, como cravo-da-índia, menta e tomilho.

Uma década de estudos no Canadá mostra que eles podem ser bastante eficientes em repelir e matar pragas --e são seguros, embora não fiquem ativos no ambiente por muito tempo e precisem de diversas aplicações. Quanto às ervas daninhas em campos orgânicos, a maior ajuda também pode ser a plantação intermediária, com o centeio ou os feijões em favas.

Muitas plantações intermediárias não são semeadas em intervalos curtos o bastante, afirma Brennan. "Em vegetais onde a plantação intermediária é realizada no intervalo aceito, temos cinco vezes mais ervas daninhas'', diz ele. "Se aumentarmos o intervalo de plantio em três vezes, ficaremos praticamente livres dessa praga. Isso é extremamente importante, pois os produtores orgânicos não têm herbicidas."

E prossegue a busca científica por uma mistura de sistemas que produza alimentos naturalmente e seja boa para a natureza além do campo de plantio.

"Esse é o nosso cálice sagrado", diz Van Horn. "Um sistema agrícola que imite um sistema natural."

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/842456-agricultores-dos-eua-usam-arsenal-organico-para-combater-pragas.shtml

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Agrotóxicos e orgânicos: relação entre saúde, meio ambiente e economia


Nas últimas semanas, uma discussão sobre o cultivo de alimentos de maneira orgânica e da forma tradicional – com uso de agrotóxicos – tem promovido grande polêmica entre os especialistas do tema. Um recente estudo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, comparou o valor nutricional dos alimentos orgânicos aos cultivados pela agricultura convencional. A tão polêmica pesquisa afirma que os alimentos orgânicos não são mais nutritivos e nem ao menos mais saudáveis que os convencionais. As afirmações, porém, têm gerado inúmeras críticas por parte de pesquisadores brasileiros, que asseguram que os orgânicos são a melhor opção.
De acordo com o estudo, baseado em uma revisão de resultados de 237 pesquisas, realizadas desde 1960, sobre o valor nutricional e os riscos que causam à saúde, em termos nutricionais, ambos os cultivos de alimentos orgânicos e convencionais (cultivados com uso de agrotóxicos e pesticidas) são iguais, pois as características nutritivas não têm a ver com o tipo de manejo, e sim com características do solo. O estudo aponta ainda que o diferencial do alimento cultivado de maneira orgânica é, em teoria, não ser contaminado com agrotóxicos. A revisão que baseou o estudo não deixou de lado os riscos que a ingestão de alimentos cultivados com base na agricultura convencional pode trazer à saúde humana. Ele aponta que os orgânicos oferecem 30% menos riscos de intoxicação por agrotóxicos que os alimentos da agricultura tradicional.
Na área da saúde pública, as afirmações do estudo têm causado polêmica. Pesquisadores de diversas instituições discordam das afirmações citadas pela pesquisa e ressaltam que, principalmente em níveis nutricionais, os dois tipos de produção de alimentos podem até não possuir tamanha diferença. Entretanto, em relação à produção e ingestão dos agrotóxicos, eles são categóricos quando afirmam os malefícios trazidos à saúde humana a ao meio ambiente, além do modelo de agronegócio. O pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Marcelo Firpo, em entrevista ao Canal Ibase, disse que a abordagem que a mídia deu sobre o estudo não destacou os benefícios dos orgânicos.
“Até os responsáveis pela pesquisa ressaltaram que os orgânicos são vantajosos por conterem menos resíduos químicos (quase cinco vezes menos) e estarem até 33% menos expostos a bactérias resistentes a antibióticos”. Marcelo Firpo lembrou também que o Sistema de Agricultura Orgânica leva em conta o respeito à natureza e as questões sociais em sua cadeia produtiva. “É importante associar os agrotóxicos ao modelo ambientalmente insustentável e socialmente injusto dos monocultivos dependentes químicos, que caracterizam o modelo do agronegócio brasileiro”, defendeu ele.
Entrando no âmbito do modelo do agronegócio, a Ensp promoveu um grande debate na abertura do ano letivo da Escola de 2012. O coordenador do Movimento dos Sem Terra, João Pedro Stédile, que esteve na Ensp também para divulgar a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida afirmou em sua palestra que a difusão do uso de agrotóxicos no Brasil não tem a ver com a necessidade agronômica. Está totalmente relacionada à etapa atual do capitalismo, à qual nossa sociedade está subordinada. Stédile citou que, nos últimos dez anos, o uso de venenos no Brasil cresceu muito e, há três anos, ficou ainda pior. Atualmente, o país é apontado como o maior consumidor de agrotóxicos do mundo.
O coordenador destacou que o modelo agrícola baseado no uso de agrotóxicos produz um PIB anual de R$ 140 bilhões. Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), anualmente são usados no mundo cerca de 2,5 milhões de toneladas de agrotóxicos. O consumo anual de agrotóxicos no Brasil tem sido superior a 300 mil toneladas. Este consumo se difere nas várias regiões do país, nas quais se misturam atividades agrícolas intensivas e tradicionais. Pesquisas realizadas pela instituição apontaram que os agrotóxicos têm sido mais usados nas Regiões Sudeste (cerca de 38%), Sul (31%) e Centro-Oeste (23%). Na Região Norte, o consumo de agrotóxicos é comparativamente muito pequeno (pouco mais de 1%), enquanto na Região Nordeste (em torno de 6%), uma grande quantidade concentra-se principalmente nas áreas de agricultura irrigada.
O coordenador do Laboratório de Ecotoxicologia do Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Ensp, Josino Costa Moreira, foi entrevistado para falar sobre as polêmicas afirmações da pesquisa americana, sobre o uso dos agrotóxicos e suas relações prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, além de apontar os modelos econômicos de agricultura. A seguir, a entrevista.
Um polêmico estudo afirma que os alimentos orgânicos não são mais nutritivos e nem mesmo mais saudáveis que os convencionais. Segundo a pesquisa, existe pouca diferença em relação aos benefícios à saúde entre orgânicos e alimentos convencionais.  Uma crítica, de pesquisadores brasileiros, é que o estudo não teria considerado os efeitos da exposição prolongada a pesticidas e agrotóxicos na saúde. Que tipos de danos podem ser relacionados a esse consumo prolongado de alimentos contaminados?
Moreira:Penso que, neste comentário, estão incluídos conceitos bem distintos: um relativo à capacidade nutricional e outro à segurança dos alimentos. Quanto à capacidade nutricional, eu, embora não seja especialista no assunto, acredito que a afirmação esteja correta. Ou seja, não devem existir diferenças significativas entre produtos cultivados de maneira orgânica ou não. Quanto à segurança de fato, a existência de resíduos de substâncias não naturais (particularmente aquelas que têm propriedades biocidas) em qualquer alimento não é desejável.
Entretanto, a utilização do termo agrotóxicos – que representa uma família de mais de uma centena de substâncias diferentes, que possuem atividade biológica, mecanismo de ação e propriedades completamente diferenciadas –, generaliza muito o comentário e o enfraquece. Isso porque, em numerosos casos, inexiste comprovação válida em termos científicos, ou ainda essa comprovação é extremamente débil sobre os riscos que algumas dessas substâncias, mesmo em casos de exposição prolongada a seus resíduos, trazem à saúde. Discussões genéricas trazem o risco de nos envolvermos em discursos inflamados, mas sem qualquer base científica sólida.
Outro dado destacado na pesquisa é sobre o modo de produção de alimentos, tendo em vista que, em uma agricultura orgânica, se deve levar em conta o respeito à natureza e as questões sociais em sua cadeia produtiva. O que o senhor aponta como a principal diferença entre esses dois modelos: o modelo ambientalmente sustentável e o de monocultivos?
Moreira:A diferença fundamental perpassa muito mais os aspectos econômicos que aqueles relacionados à saúde ambiental. Sob este ponto de vista, interessa a produtividade e o menor custo de produção; quanto maior a produtividade e menor o custo, melhor. Políticas de aumento de produtividade agrícola, em geral, trazem em seu âmago o incentivo à monocultura e ao uso de agrotóxicos e fertilizantes.
Atualmente, muito se fala sobre a agricultura orgânica. Esse modo de produção é economicamente viável, de maneira que, em um determinado espaço de tempo, apenas se cultive alimentos orgânicos?
Moreira:A agricultura orgânica tem se mostrado economicamente viável, e essa viabilidade conta com um fator importante que é o preço dos alimentos produzidos por essa via, bem mais elevado que os demais, o que tem privilegiado as classes de maior poder de compra em detrimento das outras. Sobre a produção exclusivamente orgânica, eu creio que podemos caminhar para isso, mas ainda há um longo caminho a percorrer, envolvendo inclusive uma grande mudança de mentalidade.
A questão do uso dos agrotóxicos hoje é debatida tanto no meio acadêmico, por meio de pesquisas científicas, quanto nos movimentos sociais, como, por exemplo, na campanha Contra os agrotóxicos e pela vida, liderada pelo Movimento dos Sem Terra. Isso significa que a questão passou a ser uma discussão integrada na sociedade. O senhor acha que, atualmente, podemos começar a discutir de fato um modelo de desenvolvimento sustentável, que considere essa integração entre a saúde e o ambiente?
Moreira:O próprio conceito de saúde inclui, há muito tempo, o ambiente, o que mostra que a relação saúde-ambiente é indissociável. Não se pode falar de saúde sem considerar o ambiente. É óbvio que uma discussão do modelo de desenvolvimento e, principalmente, de sustentabilidade deve ter a participação de todas as camadas populares e requer a conscientização por parte delas, baseada em critérios válidos em termos científicos. A sustentabilidade jamais será obtida sem a participação de todos.
Reportagem de Tatiane Vargas, da Agência Fiocruz de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 08/10/2012

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Prós e os contras de se consumir alimentos orgânicos

A revista Veja traz, em sua edição nº 2192, uma série especial de reportagens sobre alimentação. Entre elas está a matéria “Os orgânicos em pratos limpos”, que analisa os prós e os contras de se consumir alimentos isentos de agrotóxicos.

De acordo com o texto, os prós dizem respeito ao melhor valor nutritivo. Algumas pesquisas evidenciaram que produtos orgânicos tendem a conter maior teor de micronutrientes como ferro, manganês e ácidos graxos poli-insaturados, além de maior quantidade de compostos bioativos e algumas vitaminas, que previnem contra o surgimento de doenças como o câncer. Mas, talvez o maior dos pontos positivos, independentemente do valor nutricional, que parece estar muito mais relacionado ao solo, seja o fato de os produtos orgânicos serem livres de agrotóxicos.

Para alguns, a exposição do homem a substâncias como inseticidas, herbicidas, fungicidas, entre outros agrotóxicos, somente é prejudicial à saúde dos envolvidos com o cultivo, como os agricultores e familiares. Mas, e ainda bem, há os que acreditam que a presença de resíduos desses produtos nos alimentos também é prejudicial à saúde dos que os consomem. Ao contrário do que cita a reportagem, já existem evidências suficientes que suportem a afirmação de que o consumo de agrotóxicos através dos alimentos pode levar ao surgimento de câncer. Tanto que foram criados, e continuam sendo, órgãos governamentais para análise e controle dos níveis dessas substâncias nos alimentos, assim como para sua certificação como um produto orgânico.

Em 2009, a ANVISA analisou os vinte itens vegetais mais consumidos pela população brasileira, incluindo arroz, feijão, tomate, alface, pimentão, laranja, maçã, e outros; e identificou que, em praticamente todos os itens, havia uso de agrotóxicos não autorizados para aquela planta, quantidade excessiva de algumas substâncias inadequadas, ou as duas coisas. Se fossem inofensivos ao consumo humano, não haveria tanta preocupação acerca de sua presença nos alimentos. A prova para tal são os agrotóxicos que, antes permitidos, passam a se tornar proibidos e a sua utilização banida.

Uma coisa é fato. Produzir alimentos é caro. Não se pode correr riscos. Produtos agrotóxicos mais avançados, menos tóxicos, são mais caros que os mais antigos. Portanto, por muitas vezes, os produtores optam por soluções menos saudáveis para eles e para os consumidores finais, porém mais lucrativas. Produzir alimentos orgânicos tampouco é uma prática barata. Segundo especialistas, no preço estão embutidos os custos com a certificação, com uma produção menor por hectare e com a mão de obra. Talvez este seja o maior dos contras descritos pela reportagem: o preço dos produtos orgânicos. No entanto, o Instituto de Defesa do Consumidor constatou, em uma pesquisa realizada este ano, que se o produto estiver na época de sua safra, pode custar até mais barato que o convencional. Mas isso implica em dois contras descritos pela matéria: se submeter às estações do ano e tempo para pesquisar preços.

Mais uma vez, a solução para um problema que representa uma ameaça à saúde esbarra em um entrave completamente, absolutamente, incontestavelmente impossível de ser resolvido: o tempo para se dedicar à própria alimentação. Dizer que os produtos orgânicos são mais caros e inacessíveis a todas as classes sociais até vai, salvo às observações feitas de que podem ser mais baratos em algumas ocasiões. Para esse contra a reportagem traz, em sua tentativa mais bem sucedida de ser feliz, a dica de substituir pelo menos os itens mais consumidos pela família, pela versão isenta de agrotóxicos. Mas para o contra “falta de tempo” não há solução.

Dizer que a justificativa para o baixo consumo de alimentos orgânicos é a falta de tempo para procurar esses produtos, pesquisar preços e ter acesso a informações sobre as safras é, mais uma vez, minimizar a importância da alimentação para a saúde.

Inacreditavelmente, o consumo de aparelhos eletrodomésticos, desses que é só apertar um botão que está tudo pronto, vem aumentando absurdamente no Brasil e, acreditem, não somente nas classes sociais mais providas de recursos financeiros. Já temos mais telefones celulares do que fixos nas residências e o número de linhas telefônicas móveis já ultrapassam o número de habitantes do país. Sem falar que não basta ter um aparelho celular, ele tem que ser trocado todo ano, representando uma extensão do corpo humano.

O brasileiro também não é mais um excluído digital. Quase toda a população já tem acesso, de alguma forma, ao computador e à internet. Agora não basta ter um desktop em casa, é necessário um notebook, na mesma proporção que um órgão vital do corpo. Também nos organizamos melhor e agora já é possível assistir toda à programação da televisão, sem falar que conseguimos tempo e dinheiro para acompanhar por três meses inteirinhos a vida de pessoas confinadas em reality show, pela TV a cabo! E, mais recentemente, em um exemplo de otimização do tempo sem precedentes, conseguimos permanecer na frente do computador por duas horas, diariamente.

É um avanço indiscutível. Mas representa, na verdade, a prova de que, quando há interesse, seja por parte das políticas públicas, da mídia, da indústria ou da população, novos hábitos podem sim ser formados e aderidos por todos. Basta ter boa vontade!

Alimentos orgânicos são mais caros sim, alguns difíceis de serem encontrados a depender da localidade. Portanto, ainda representam uma meta difícil de ser atingida por todos. Mas cabe aos profissionais de saúde, enquanto educadores, orientar a população a substituir, pelo menos, os alimentos mais consumidos; informar as pessoas onde comprar os produtos livres de agrotóxicos; ensinar quais alimentos consumir de acordo com a safra, para otimizar os preços; além, é claro, de incentivar hábitos alimentares saudáveis, em detrimento de outra qualquer prática. Também é nosso dever, enquanto cidadãos, cobrar políticas públicas que venham a facilitar o acesso da população a alimentos saudáveis, livres de substâncias nocivas, ao invés de divulgar que a justificativa para o aumento do sobrepeso, da obesidade e do câncer é a falta de tempo e dinheiro da sociedade moderna.

*Texto elaborado pela Dra. Camila Almeida Menezes, aluna bolsista do curso de Pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional pela VP Consultoria Nutricional/ Divisão Ensino e Pesquisa.

Fonte: http://www.vponline.com.br/blog/home.php/

sábado, 9 de maio de 2020

Compostagem: fazer do lixo orgânico um bom composto pode ser uma ótima atividade em família



Há algum tempo em casa devido à quarentena em prevenção à Covid-19, as famílias paulistas tem preparado refeições juntos com maior frequência durante o dia. Mais elaboradas, elas acabam por produzir maior quantidade de resíduos decorrente de cascas, folhas, alguns bagaços, enfim, todo um lixo orgânico que pode e deve ser aproveitado, pois é muito rico em nutrientes para as plantas.

Os técnicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, lotados na Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) para atuarem com assistência técnica e extensão rural, ensinam e dão dicas para se fazer uma boa compostagem. Que tal colocar a mão na massa ou, melhor dizendo, no rico lixo doméstico e preparar um composto orgânico próprio? Quem ensina é o engenheiro agrônomo Osmar Mosca Diz, da Divisão de Extensão Rural da CDRS, responsável pelo Projeto Fazendinha Feliz, que recebe crianças e adultos para treinamentos e também visitas.

A área, que abriga canteiros com horta, plantas medicinais, Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), assim como a criação de abelhas sem ferrão para a polinização, está localizada na sede da CDRS, em Campinas. Assim que passar este isolamento, vale uma visita, mas por enquanto seguem as dicas para fazer a boa e rica compostagem caseira e, de quebra, também um minhocário. As plantas vão agradecer!

“A prática da compostagem é uma excelente atividade educativa, contribuindo na formação da consciência e do entendimento sobre as leis ambientais, sendo uma prática evidente das transformações naturais pelas quais passam todos os organismos vivos.

Compostagem é a técnica de aproveitamento de diversos tipos de materiais orgânicos de origem vegetal que, por meio de um processo de fermentação aeróbica, se transformam no composto orgânico. Ela pode ser feita numa propriedade rural, na residência, em escolas e até mesmo em um apartamento, utilizando-se os restos de alimentos crus, oriundos do preparo das refeições, como restos de verduras não temperadas, folhas danificadas, cascas, frutos podres, borra de café, cascas de ovos etc., diminuindo consideravelmente o lixo produzido e proporcionando um fim bem apropriado para esse valioso material.

Para se fazer o composto, é preciso separar o material orgânico vegetal disponível já na cozinha (para isso pode-se dispor de um balde plástico com tampa). Esse material será distribuído em camadas intercaladas com palha (ou restos de grama cortada no pátio da escola, no jardim da casa, folhas secas, capim cortado etc.).

É importante frisar que para se evitar o apodrecimento do lixo, fortes odores e também a invasão de roedores e outros animais, inclusive larvas de moscas, não se deve, de maneira nenhuma, utilizar no composto os restos de comida preparada, tais como arroz, feijão, polenta, pão, macarrão, carnes, entre outros.

Composto orgânico feito em pilhas

A compostagem pode ser feita em caixotes, compartimentos plásticos específicos ou numa pilha e deve ser iniciada sempre com a palha, que formará a primeira camada (em torno de 10cm de altura), colocando-se sobre ela os restos orgânicos disponíveis (os resíduos já mencionados da cozinha ou estercos frescos de bovinos, aves ou cavalos) até formar uma pilha, sempre intercalando as camadas. Uma camada de palha, outra de resíduos frescos e/ou esterco e assim por diante.

Toda vez que se colocar uma camada de resíduos da cozinha, molhar bem até escorrer e cobrir em seguida com a palha até não se poderem ver mais os restos da cozinha (que ficarão sob a camada de palha). A largura da pilha deve ser de 1m a 1,2m e o comprimento pode variar conforme a disponibilidade de espaço e material (não devendo ultrapassar 4m a 5m) e a altura máxima de 1,2m.

Havendo possibilidade, podem-se acrescentar finas camadas de cinza peneirada de forno ou fogão à lenha, calcário, fosfato natural e/ou pó de ossos a cada três camadas de palha, para enriquecer o composto em nutrientes e diminuir a acidez, principalmente quando se colocam muitas cascas de cebola, de laranja e de limão. Não havendo disponibilidade de palhas, pode-se também edificar a pilha do composto colocando-se uma fina camada de terra sobre o material orgânico, de maneira intercalada. De qualquer forma, a última camada terá que ser sempre de palha. Não há necessidade de erguer a pilha ao abrigo da ação do sol e da chuva. Em situações excepcionais de muita chuva, pode-se colocar uma cobertura de plástico sobre a pilha. Uma vez formada a pilha de composto, é necessário controlar a temperatura interna e a umidade, pois com a fermentação há intensa formação de calor e, consequentemente, perda de água por evaporação. A temperatura alta da pilha (próxima de 50°C a 60°C) é um indicativo de que a fermentação está se desenvolvendo.

O tempo de fermentação do composto orgânico pode variar em função da temperatura ambiente, do material utilizado, da quantidade de água e do inoculante (esterco ou resíduos orgânicos utilizados), entre outros fatores. No verão, o processo é mais rápido. Montada a pilha, pode-se ter o composto pronto em até 60 dias, conforme o tipo de material e fazendo-se reviradas a cada 20 dias. Sempre que necessário (a cada 20 ou 30 dias), deve-se revolver a pilha para promover uma maior aeração, cortando-a com uma enxada e reerguendo em seguida todo o material semicompostado numa nova pilha, ao lado.

Durante o processo de compostagem, não é comum ser exalado cheiro forte, pois isso indicaria que está acontecendo apodrecimento e não a fermentação, talvez pelo excesso de água ou pela falta de oxigenação da pilha. Nesse caso, é preciso revirar a pilha e reerguê-la novamente em seguida.

O composto pronto se parece com terra e não apresenta cheiro diferente dessa, podendo ser utilizado diretamente sobre os canteiros onde serão (ou estão sendo) cultivadas as hortaliças ou flores e plantas ornamentais, seguido de sua leve incorporação superficial na terra ou então somente espalhado pela superfície. A dosagem varia, mas, em geral, se aplica um latão (20 litros) por metro quadrado de canteiro. Para uma melhor eficiência, recomenda-se peneirar o produto antes de colocá-lo nos canteiros. O que sobrar na peneira volta para o processo de compostagem.

Minhocultura – técnica também utiliza resíduos orgânicos

Assim como a compostagem, a minhocultura representa uma interessante alternativa para o aproveitamento de resíduos orgânicos. Por esse processo, se produz o húmus, um produto estável e inodoro, considerado o mais valioso dos insumos a ser colocado na terra.

O processo de criação de minhocas e produção de húmus é relativamente fácil. As minhocas irão se alimentar dos materiais orgânicos colocados à sua disposição no minhocário. O húmus será o produto resultado do metabolismo das minhocas, sendo excretado posteriormente.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Conheça 7 fontes de poluição do ar interior



De acordo com a EPA (Agência de Proteção Ambiental Americana), evidências científicas indicam que o ar interior pode ser mais seriamente poluído do que o ar exterior, mesmo nas cidades maiores e mais industrializadas. Outros estudos indicam que as pessoas gastam cerca de 90% de seu tempo em locais fechados. A matemática não é tão boa - para muitas pessoas, riscos de saúde podem ser maiores devido à poluição do ar interior, em vez da poluição ao ar livre.

Efeitos nocivos podem surgir depois de uma única exposição bem como a exposição repetida e pode gerar uma gama de irritação: dos olhos, nariz e garganta, dores de cabeça, tontura e fadiga. Estes efeitos são geralmente de curto prazo e tratável, às vezes simplesmente eliminar a exposição à fonte de poluição é o tratamento suficiente.

Outros efeitos na saúde podem aparecer devido às exposições longas ou curtas. Estes efeitos incluem algumas doenças respiratórias, doenças cardíacas e câncer, que podem ser severamente debilitantes ou fatais. É importante tentar melhorar a qualidade do ar interior em sua casa mesmo que os sintomas não sejam perceptíveis.

Há um número de fontes de poluição do ar que são mais comumente conhecidas, como o perigo dos produtos de limpeza e purificadores de ar. O site Care2 escolheu sete fontes de poluição do ar interior que podem ser menos conhecidas, adaptadas do site Greenerchoices.org , mostradas aqui pelo CicloVivo.

1. Carpete novo. Materiais do carpete podem emitir uma variedade de compostos orgânicos voláteis (COVs). Dica: Ao comprar um carpete novo, areje-o por alguns dias antes de instalá-lo. Procure por aquele com baixas concentrações de COVs - com adesivos sem formaldeído. Depois de colocado, mantenha as janelas na sala abertas e deixe um ventilador ligado por dois ou três dias.

2. Lâmpadas fluorescentes compactas quebradas. Quando essas lâmpadas quebram, podem emitir no ar, em pequenas quantidades, o mercúrio (uma neurotoxina). Carpetes e tapetes não podem ser totalmente limpos de mercúrio e aspiradores de pó não devem ser usados para limpá-lo. Dica: Não use lâmpadas fluorescentes compactas em luminárias que poderiam facilmente tombar, especialmente em casas com crianças ou mulheres grávidas. Se a lâmpada quebrar, abra uma janela e limpe o quarto por 15 minutos.

3. Novos componentes eletrônicos e produtos de plástico. Produtos feitos com cloreto de polivinila (PVC) podem emitir ftalatos, que têm sido associados a alterações hormonais e problemas reprodutivos. Plásticos também podem liberar produtos químicos retardadores de chama, como éteres difenil-polibromados, que têm sido associados a alterações neuro-comportamentais em estudos com animais. Dica: Ventile o espaço até o odor dos produtos químicos se dissipar. Aspire em torno de computadores, impressoras e televisores regularmente.

4. Colas e adesivos. Elas podem emitir COV, como acetona ou metil etil cetona, que podem irritar os olhos e afetar o sistema nervoso. Cimento de borracha pode conter n-hexano, uma neurotoxina. Adesivos podem emitir formaldeído tóxico. Dica: Procure por cola a base de água, livre de formaldeído. Trabalhe em um espaço bem ventilado.

5. Equipamento de aquecimento (fogões, aquecedores, lareiras e chaminés). Equipamento de aquecimento, especialmente fogões a gás, podem produzir monóxido de carbono, capaz de causar dores de cabeça, tontura, fadiga e até mesmo a morte se não for ventilado corretamente. Pode também emitir dióxido de azoto (nitrogênio) e partículas, que podem causar problemas respiratórios e inflamação dos olhos, nariz e garganta.

6. Tintas e decapantes. Tintas látex são uma grande melhoria às tintas a base de óleo porque emitem menos química. Mas, à medida que seca, todas as tintas podem emitir COV, o que pode causar dores de cabeça, náuseas ou enjôos. Decapantes, removedores de adesivos e tintas em spray aerosol também podem conter cloreto de metileno, que é conhecido por causar câncer em animais. Dica: use tintas com baixo teor de COV. Ao aplicar a pintura, abra janelas ou portas, areje o espaço com ventilador, e use um respirador ou máscara. Mulheres grávidas devem evitar o uso de decapantes com cloreto de metileno.

7. Móveis estofados e produtos de madeira prensada (compensado de madeira, painéis de parede, aglomerado, MDF). Quando novas, muitas mobílias e produtos de madeira podem emitir formaldeído, uma provável substância cancerígena que também pode causar irritação nos olhos, nariz e garganta; chiado e tosse, fadiga, erupções cutâneas e reações alérgicas graves. Dica: aumente a ventilação, principalmente depois de trazer novas fontes de formaldeído em sua casa. Use produtos de madeira prensada, eles são de baixa emissão, pois contêm resinas de fenol, não resinas de uréia. Procure por móveis sem formaldeído e produtos de madeira. Com informações do Care2.

Fonte: http://www.ciclovivo.com.br/noticia.php/3516/conheca_7_fontes_de_poluicao_do_ar_interior/

Saiba como manter o ar de casa limpo e fresco sem usar produtos químicos

Ninguém gosta de odores desagradáveis​​, e para acabar com ele muitas vezes as pessoas usam os tradicionais purificadores de ar em sprays ou de tomada. Com tudo, a casa acaba recebendo mais do que você espera em cada ‘sopro’. A maioria dos produtos perfumados - cartuchos e velas - enchem o ambiente com produtos químicos tóxicos.

Para não correr riscos, combata os maus odores com purificadores de ar ambientalmente corretos e orgânicos. Eles são mais seguros para pessoas e animais de estimação e são saudável para o planeta também.

Purificadores de ar, tóxicos, raramente fazem o trabalho que deveriam fazer. Em vez de quebrar ou neutralizar odores, eles simplesmente disfarçam-os. Pior ainda, neles estão contidas muitas substâncias químicas que amortecem os nervos que revestem as passagens nasais e bloqueiam temporariamente o sentido do olfato.

A exposição a estes produtos químicos podem causar dores de cabeça e náuseas ou agravar a asma . Mas, uma das substâncias químicas encontradas em ambientadores, os ftalatos, também causam problemas hormonais e reprodutivos, defeitos de nascimento e transtornos do desenvolvimento. Outros ingredientes tóxicos, tais como compostos orgânicos voláteis (VOCs), benzeno e formaldeído, causam dano neurológico e cancro.

Soluções ambientalmente corretas são uma boa opção. Encontre purificadores de ar à base de plantas, hoje em dia é bastante fácil, e eles oferecem uma variedade de benefícios ao meio ambiente. Esqueça o desperdício de energia com cartuchos perfumados de tomada; opções mais ecológicas vêm em sprays sem aerosol e são biodegradáveis. A maioria dos produtos de eliminação de odores ecologicamente corretos, também evita testes em animais e utilizam embalagens recicláveis​​. Lavanda sem pesticidas e óleos essenciais cítricos são mais frequentemente utilizados em purificadores de ar orgânicos. Mas, lembre-se de ler atentamente o rótulo, um purificador de ar sem cheiro ou que afirme ser natural não significa que seja 100% livre de produtos químicos.

Outra forma de evitar a introdução de toxinas em sua casa é fazer o seu próprio ambientador. Encha uma garrafa spray com água destilada ou purificada e adicione algumas gotas de um óleo essencial orgânico. Limão, laranja e lavanda são perfumes populares para refrescar a casa, mas você pode experimentar outros e criar um spray de ar personalizado.

A maneira mais simples e eficaz para refrescar o ar dentro de sua casa é abrir as janelas, mas você também pode deixar pequenos frascos com bicarbonato de sódio ou vinagre em toda a casa para absorver odores desagradáveis​​. Ferver especiarias como cravo e canela em uma panela cheia de água tira odores e adiciona um aroma delicioso ao ar. Queimar soja pura e velas de cera de abelha com chumaços de algodão também ajudam a limpar o ambiente. Saquinhos de ervas orgânicas espalhados por toda a casa deixam uma fragrância sutil. Outra maneira natural para refrescar o seu espaço é ‘nutri-lo’ com plantas, elas melhoraram significativamente a qualidade do ar interior, removendo o dióxido de carbono e outras toxinas.

Fonte: http://www.ciclovivo.com.br/noticia.php/4296/saiba_como_manter_o_ar_de_casa_limpo_e_fresco_sem_usar_produtos_quimicos/

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Poluição do ar doméstico: um perigo silencioso e invisível



Sabia que nos países desenvolvidos a qualidade do ar das nossas casas pode ser bem mais preocupante que o ar da rua? 

Imaginava que a poluição do ar que respiramos dentro de casa pode ser muito superior à do ar de uma rua do centro de uma cidade movimentada, levantando sérias preocupações para a nossa saúde?

Nos países desenvolvidos, os poluentes mais perigosos do ar das nossas casas são substâncias químicas denominadas compostos orgânicos voláteis (VOC).

Trata-se de milhares de substâncias produzidas pela indústria petro-química que se evaporam com facilidade e se ligam às estruturas orgânicas dos seres vivos, de uma forma persistente.

Estes compostos orgânicos voláteis (VOC) entram na constituição de muitos materiais presentes nas nossas casas: materiais de construção, colas, tintas, vernizes, tecidos decorativos, móveis, …
Mas também estão presentes em milhares de produtos domésticos de uso corrente que talvez compre e use sem saber os perigos a que se expõe. Deixamos o alerta para que compreenda, de forma mais clara, o que pode pôr a sua saúde em risco de forma silenciosa.
Alguns dos perigos dos Compostos Orgânicos Voláteis para a saúde:

Os VOC, uma vez ligados às células do corpo humano, alteram o seu funcionamento orgânico por muitos mecanismos diferentes.
Imitam a ação de hormonas quando estimulam os órgãos-alvo dessas hormonas. Este fenómeno denomina-se por disrupção endócrina. Os principais  perigos são os efeitos sobre os recetores dos estrogénios para a mama, próstata e cólon.

Ao ligarem-se a recetores celulares, bloqueiam-nos, e dificultam a comunicação intercelular. Este obstáculo químico pode diminuir as capacidades cognitivas, memória, raciocínio, concentração, e ser responsável por graves alterações do funcionamento do sistema imunitário.
Podem ainda alterar a expressão genética, favorecendo o desenvolvimento de múltiplos cancros.

O que pode fazer para diminuir a poluição com VOC do ar da sua casa?
- Eliminar todos os produtos que integrem aromas artificiais na sua composição: perfumes de casa, ambientadores, incensos, velas aromáticas.
Ou seja, opte por produtos exclusivamente feitos com essências naturais.

- Eliminar o uso de todos os anti-parasitários inseticidas e antifúngicos domésticos
Opte por soluções ecológicas e naturais.

- Substituir os pesticidas e inseticidas para plantas domésticas por produtos de agricultura biológica.

- Na lavagem da roupa a seco são usados vários VOC.
Quando traz a sua roupa da lavandaria nunca a leve diretamente para o seu quarto ou roupeiro. Deixe-a ficar em local arejado durante 3 semanas antes de a arrumar!

- Reduza ao mínimo o uso de produtos de limpeza em spray. As pequenas partículas destas substâncias químicas depositam-se por toda a casa e entram facilmente em contacto com a pele e podem até ser ingeridas.

- Os produtos de limpeza que se dissolvem em água para lavar o chão ou outras superfícies, uma vez secos transformam-se em pó que se espalha no ar da sua casa.
Escolha desinfetantes sem aroma.

- Abra as janelas e renove todo o ar da casa pelo menos uma vez por dia
  
- E ainda: elimine total e permanentemente o uso de tabaco dentro de sua casa!

Agora que já conhece estes perigos ofereça a si, à sua casa e aos seus amigos produtos com aromas de essências naturais! Opte por prendas que gerem qualidade e saúde a si e aos seus.

Fonte: http://www.esmeraldazul.com/pt/blog/poluicao-do-ar-domestico-um-perigo-silencioso-e-invisivel/

quarta-feira, 2 de março de 2011

Não Confunda: Hidropônico não é Orgânico, Melhoramento genético não é Transgenia



Com a atual variedade de produtos nos supermercados, fica difícil para o consumidor não se confundir entre tantos nomes: natural, hidropônico, processado, orgânico… A seguir, veremos com mais detalhes cada uma dessas denominações.

“Natural”

Em princípio, vale lembrar de que toda verdura, fruta ou legume é natural, já que o homem pode apenas reproduzir plantas a partir de sementes ou outras partes de plantas, multiplicando-as através da agricultura. Ou seja, independentemente do sistema em que foram produzidos (convencional ou orgânico), do grau de contaminação ou da qualidade nutricional que apresentem, qualquer verdura, legume ou fruta é natural. Portanto, a palavra “natural” indicada nas embalagens não significa que o produto esteja isento de agrotóxicos e outras substâncias que trazem riscos para a saúde humana.

“Processado”

Os produtos lavados, cortados e embalados, usados para facilitar a vida da dona de casa, continuam sendo verduras e legumes convencionais, ou seja, que receberam agrotóxicos e adubos químicos; apenas já foram selecionados pela indústria. Atualmente, é possível encontrar produtos higienizados e processados que foram produzidos no sistema orgânico e que por isso, não contêm agrotóxicos nem qualquer outro produto potencialmente tóxico. Para encontrá-los, basta verificar na embalagem a palavra “orgânico” juntamente com o selo de uma instituição certificadora. Desta forma, o consumidor terá a certeza de que os produtos processados seguiram, de fato, todas as normas de produção que geram alimentos saudáveis, como são os orgânicos.

“Hidropônico”

O hidropônico é um alimento produzido sem a presença do solo e sempre em ambiente protegido, ou seja, em estufa. Cultivado sobre suportes artificiais, em água, recebe soluções químicas para nutrição e tratamento de eventuais doenças.

“Orgânico”

O produto orgânico, ao trazer este nome na embalagem juntamente com o selo de uma Instituição Certificadora, demonstra a quem o compra muito mais que um alimento isento de substâncias nocivas à saúde. Ao ser gerado dentro de um sistema produtivo que preservou o ambiente natural, o produto orgânico contribui para a melhor qualidade de vida não de um consumidor isolado, mas de toda a sociedade.

Para ressaltar bem um produto hidropônico de um orgânico, veja a comparação abaixo:

Hidroponia
Orgânicos
Produção de alimentos sem o uso
do solo
Plantas recebem agrotóxicos
Plantas precisam receber
fertilizantes químicos, devido a
ausência de solo.
Eventuais excessos de nutrientes
ou impurezas na solução nutritiva 
podem se acumular no produto
hidropônico.
Plantas com metabolismo
desequilibrado, suscetíveis ao
ataque de pragas e doenças.
A beleza garante ao consumidor
que o produto é saudável.

Produção de alimentos no solo
Plantas não recebem agrotóxicos.
Plantas recebem apenas
fertilizantes orgânicos ou
minerais moídos.
O solo filtra e neutraliza as
eventuais impurezas e a planta
aproveita os nutrientes sem
acumular excessos.
Plantas com metabolismo
equilibrado, mais resistentes a
pragas e doenças.
O sistema de produção
certificado garante ao consumidor
que o produto é saudável.



Transgênicos VERSUS Melhoramento genético (aperfeiçoamento genético)

São duas técnicas completamente diferentes. Os transgênicos são produzidos pela modificação genética, e nunca por melhoramento genético.

Melhoramento genético


Há séculos o homem utiliza a prática de melhoramento genético para aperfeiçoar espécies animais e vegetais de interesse. Tudo começou quando o homem passou a realizar cruzamentos, seguidos de seleção artificial, das variedades que mais lhe interessavam. Esse procedimento originou inúmeras raças de animais e variedades vegetais que, hoje, fazem parte de nosso dia-a-dia.

Cavalos e jumentos são cruzados para produzir híbridos – mulas e burros – utilizados para serviços de tração; o gado leiteiro e o de corte são hoje muito mais produtivos que os de antigamente; plantas como milho, feijão e soja produzem atualmente grãos de excelente valor nutritivo.

Para preservar as qualidades das inúmeras variedades vegetais obtidas em cruzamentos, o homem aprendeu a fazer a propagação vegetativa, processo executado principalmente pelo plantio de pedaços de caule (estaquia) ou de enxertos (enxertia) das plantas de boa qualidade. Esse tipo de reprodução assexuada forma clones das plantas com melhores características.

Bons exemplos desse processo são a estaquia, atualmente praticada pelo Instituto Florestal de São Paulo, de pedaços de galho de eucalipto na propagação de variedades produtoras de madeira de excelente qualidade para a construção de casas, e a enxertia de inúmeras variedades de laranja, entre elas a laranja-da-baía, também conhecida como laranja-de-umbigo.

Vimos que, desde os tempos antigos, o homem aprendeu, por meio da observação e da experimentação, a praticar o melhoramento de espécies animais e vegetais que apresentam algum interesse econômico, alimentar ou medicinal. Essas bases deram início a uma tecnologia conhecida como biotecnologia, que pode ser definida como um conjunto de técnicas que utilizam organismos vivos ou partes deles para a produção de produtos ou processos para usos específicos. Analisando a definição, podemos pensar que a biotecnologia já é praticada pelo homem a milhares de anos, quando ele aprendeu a utilizar, por exemplo, microorganismos fermentadores para a produção de pães, iogurtes e vinhos.

Transgênicos ou Organismos geneticamente modificados (OGM)

Depois do conhecimento da estrutura do DNA, na década de 1950, e do entendimento do seu processo de duplicação e da sua participação na produção de proteínas, surgiu em 1973 uma vertente da biotecnologia conhecida como engenharia genética, que, por meio de técnicas de manipulação do DNA, permite a seleção e modificação de organismos vivos, com a finalidade de obter produtos úteis ao homem e ao meio ambiente.

Na transgenia, seqüências do código genético são removidos de um ou mais organismos e inseridos em outro organismo, de espécie diferente. A principal implicação da transgenia é a quebra da barreira sexual entre diferentes espécies, permitindo cruzamentos impossíveis de ocorrerem naturalmente, como entre uma planta e um animal, uma bactéria e um vírus. A inserção de genes exóticos em uma planta, por exemplo, pode resultar em efeitos imprevisíveis em seus processos bioquímicos e metabólicos.

Riscos para a saúde humana

E o consumo humano de alimentos transgênicos? Se há riscos, porque eles foram liberados?

Na semana retrasada um estudo com ratos, publicados pela Food and Chemical Toxicology
mostrou que ratos alimentados com organismos geneticamente modificados (OGM) morrem antes e sofrem de câncer com mais frequência do que os demais. Os pesquisadores consideraram os resultados alarmantes.


Para ler mais sobre o tema:
Artigo na íntegrahttp://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0278691512005637
Artigo publicado aqui no Bloghttp://www.ecologiamedica.net/2012/09/estudo-revela-toxicidade-alarmante-dos.html

No Brasil maior parte da soja e milho são transgênicos. Ainda não sabemos a repercussão disso. Ano passado a Embrapa em parceria com empresas internacionais anunciou que irá produzir um feijão transgênico desenvolvido por ela.  Essa parceria com as maiores corporações agronômicas do mundo e desenvolvimento de variedades de sementes transgênicas colocam em discussão o papel da Embrapa. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária é a maior autarquia em agricultura tropical do mundo e goza de uma credibilidade alcançada por poucos órgãos. Dispõe, além disso, de um orçamento de R$ 1,8 bilhão neste ano, ou quase três vezes mais do que ostentava em 2002.


Fruto de uma trajetória de desenvolvimento de soluções para o campo, esta credibilidade é capaz de atrair muitos interesses, para o bem e para o mal. Quando a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou o feijão transgênico desenvolvido pela estatal, no mês passado, colocou seu próprio trabalho em discussão. Ao batalhar durante mais de uma década pelo desenvolvimento de uma semente geneticamente modificada, a Embrapa inscreveu um marco na ciência nacional ou colaborou para a perda de soberania alimentar e para riscos à saúde dos brasileiros?

"O que se deve questionar é por que a Embrapa produz de maneira direta, ou em parceria com empresas capitalistas transnacionais, sementes transgênicas”, afirma Horacio Martins de Carvalho, membro da Associação Brasileira de Reforma Agrária e engenheiro agrônomo. “Além de serem patenteadas e, portanto, tornarem-se mercadorias, (as sementes transgênicas) contribuem de forma decisiva para a erosão genética. Os contrários ao feijão alterado geneticamente viram na atuação da Embrapa no caso uma violação ao princípio da precaução, assegurado pela Constituição e base da atuação científica: na dúvida, não se leve adiante. A sessão da CTNBio, a comissão responsável por liberar novas variedades de transgênicos, ficou marcada por acusações de que a estatal teve uma conduta como a de qualquer transnacional, deixando de lado as possibilidades de que o grão represente riscos à saúde humana e ao meio ambiente. A pressa na tramitação do processo e os estudos inconclusivos sobre os impactos do produto são o centro da argumentação.

Renato Maluf, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), um órgão consultivo ligado à Presidência da República, adverte que não se pode condenar a empresa como um todo, lembrando que dentro dela há quem queira discutir a necessidade de desenvolvimento de transgênicos, mas não deixa de manifestar contrariedade com o novo feijão. “O que nós não aprovamos é que uma empresa de pesquisa – ainda mais uma empresa pública – tenha pressa em liberar uma coisa que ainda não está suficientemente testada em todos os seus aspectos.”

Entre outros problemas, o número de cobaias sacrificadas para analisar alterações fisiológicas era muito pequeno – apenas três. Todas eram machos, e com isso não se sabe sobre possíveis efeitos em gestantes. “Em retrospectiva, vemos os resultados negativos de estudos semelhantes no passado”, afirma Maria Izabel Radomski, pesquisadora da Embrapa Florestas, ao recordar agrotóxicos desenvolvidos pela empresa e que pareciam seguros, mas posteriormente se mostraram nocivos à saúde. “Este feijão transgênico não vai ter alguma deficiência? Não existe uma superplanta.”

Fontes:


  1. http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2011/10/transgenicos-e-parcerias-com-empresas-colocam-em-debate-o-papel-da-embrapa
  2. http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/transgenicos.php 
  3. http://www.greenpeace.org.br
  4. http://www.casadoorganico.com/blog/nao-confunda-hidroponico-nao-e-organico/
  5. http://www.ecologiamedica.net/2012/09/os-reais-riscos-de-consumir-transgenicos.html


sábado, 19 de março de 2011

Saúde, meio-ambiente e sua responsabilidade por Dr. Carlos Braghini Jr.


Não é só o quê você come que faz diferença para a saúde. É o que você não come. Hoje em dia, uma pessoa média ingere num ano 5 kg de aditivos alimentares e 4,5 litros de pesticidas e herbicidas espalhados nas frutas e verduras que ingere. Seis mil novos agentes químicos foram introduzidos em nossa alimentação, nossa casa e no mundo ao nosso redor nos últimos vinte anos. Hoje são sete novos produtos químicos a cada dia.

Esses poluentes somam-se a cargas que nosso corpo já enfrenta com as substâncias nocivas que escolhemos voluntariamente:

  • Café: além da cafeína, diminui em mais de 2/3 a absorção de ferro pelo organismo. Além de ser uma das culturas mais pulverizadas com agrotóxicos, a torrefação do café produz mantrol, que induz ao câncer (carcinógeno).
  • Alimentos queimados: acostume-se a retirar do alimento as partes queimadas em pães, bolos e torradas tostadas, que também aumentam a carga de carcinógenos.
  • Frituras: as gorduras aquecidas acima de 200 °C são carcinogênicas. Além disso, destroem as vitaminas e enzimas dos alimentos.
  • Álcool: destrói as vitaminas do complexo B.
  • Açúcar refinado: Antes um condimento dosado na ponta dos dedos, passou a ser um produto do qual qualquer pessoa consome até 200 gramas por dia. Seu uso indiscriminado trouxe uma série de doenças e um total condicionamento do gosto em direção ao doce. O açúcar é uma espécie de vingança dos escravos. Causa a perda de cromo, além das cáries e outros males.
  • Adoçantes artificiais: o aspartame (e seu subproduto DKP – dicetopiperazina) é uma droga neurotóxica que está presente em cerca de 7.000 produtos alimentícios e está ligado a mais de 90 sintomas. Mas, o mais grave é a relação estreita entre o uso de aspartame e doenças graves, como os tumores cerebrais.
  • Refrigerantes: uma lata de coca-cola contém o equivalente a seis colheres de sopa de açúcar (quase 8 vezes a quantidade de glicose que uma criança tem em seu sangue). Isso provoca um estresse do pâncreas e o consequente desequilíbrio no metabolismo dos açúcares. Além disso, o alto teor de fósforo retira o cálcio dos ossos induzindo à osteoporose.
  • Farinha refinada: tem teores desproporcionalmente altos de cádmio, que rouba zinco do corpo. O cádmio também está associado com o declínio da inteligência em crianças e com distúrbios de comportamento. A farinha começou a ser refinada para prolongar o tempo de armazenagem, e nesse processo industrial as partes vitais são retiradas, transformando-a num mero comestível.
  • Alumínio: é um cátion trivalente com o mais alto poder agregante de hemácias dentre os elementos que entra em contato com nosso corpo. Seu uso é disseminado nas embalagens de alimentos, nas panelas, nos desodorantes e antiácidos. É outro antagonista do zinco. Além disso, está associado com a senilidade prematura (Alzheimer) e à perda da memória.
Então, o que podemos fazer para diminuirmos a carga de toxinas? O primeiro passo é diminuir a carga de poluentes que absorvemos. Mesmo que não possamos evitar toda a poluição, o efeito global sobre o corpo é definitivamente positivo. Aqui vão algumas orientações:
  • Evite comprar desembrulhadas as frutas e verduras que não são descascáveis e que foram expostas ao trânsito urbano.
  • Lave todas as frutas e verduras, mas não use as folhas externas de hortaliças como alface e outros.
  • Minimize as quantidades de alimentos que sejam embalados em alumínio; não grelhe, nem os embrulhe em folhas de papel-alumínio (troque por papel manteiga). Não tome antiácidos que contenham alumínio.
  • Jogue fora suas panelas de alumínio e revestidas com Teflon por panelas de aço inoxidável de boa qualidade, cerâmica ou vidro.
  • Evite alimentos que contenham nitritos e nitratos como conservantes – principalmente os embutidos (presunto, mortadela etc.).
  • Dê preferência para produtos orgânicos, e descasque os não orgânicos. Isso minimiza instantaneamente a sua exposição aos pesticidas e herbicidas. Quando estiver lavando produtos não orgânicos acrescente vinagre na bacia para lavar os alimentos. Lavar com água corrente e uma escova reduz os pesticidas.
  • Evite alimentos industrializados. Crie o hábito de ler os rótulos dos alimentos e mantenha-se afastado de conservantes e aditivos químicos. Lembre-se, os conservantes aumentam a vida dos alimentos e encurtam a sua vida.
  • Use azeite de oliva ou manteiga para cozinhar. Evite os óleos vegetais poli-insaturados, como girassol, milho, soja e canola. Dê preferência ao óleo de coco ou babaçu.
  • Cuidado com os alimentos embalados em plástico, principalmente os gordurosos. Salgadinhos gordurosos e crocantes, queijos, sucos de caixinha e alimentos enlatados estão dentre os que devem ser evitados. Nunca use copos de plástico para tomar chás ou café. Nunca aqueça o alimento em recipientes de plástico. Se for inevitável, transfira assim que possível o alimento para um recipiente de vidro.
  • Não cozinhe no microondas. Se for usá-lo, somente para aquecer os alimentos e diminua a potência e aumente o tempo de aquecimento. Nunca fique perto do aparelho quando ele estiver em funcionamento.
  • Reduza a ingestão de alimentos gordurosos. Os agentes químicos não biodegradáveis se acumulam na cadeia alimentar na gordura animal. Diminuir a ingestão de gordura animal — carne e laticínios — diminui sua exposição. Não há necessidade de limitar as gorduras essenciais nas amêndoas e sementes.
  • Para lavar a louça, as roupas e produtos de higiene pessoal, use somente detergentes naturais. Use sabão de coco em pasta ou em barra na cozinha e sabão de coco em pó para lavar roupas (uma sugestão é os da marca Ruth). Não use amaciantes e outros produtos artificialmente perfumados.
  • Na limpeza de casa use somente água sanitária e álcool diluído em água para limpar o piso. Evite produtos químicos e “cheirosos”, pois contém neurotoxinas que se acumulam no tecido nervoso.
  • Abandone os desodorantes artificiais que contém alumínio. Use nas axilas Leite de Magnésia da Phillips.
  • Abandone as pastas de dente que contém fluoretos (quase todas). Uma sugestão: creme dental Phillips.
  • Não use pesticidas em casa. A incidência de câncer na infância é maior em lares que utilizam pesticidas. Eles deixam uma ação residual que atua por semanas após a aplicação
Você pode estar se perguntando por que simplesmente não acabamos com essas substâncias químicas desintegradoras? O professor Loius Guillette, da Universidade da Flórida, pergunta: “Devíamos ficar aborrecidos? Acho que devíamos ficar profundamente aborrecidos. Penso que devíamos estar gritando nas ruas". A realidade, até que uma ação governamental em grande escala seja tomada, é que ainda não é fácil eliminar esses agentes porque eles se encontram ao nosso redor, na nossa alimentação, na água, no ar e nos produtos industrializados.

O quadro é tão estarrecedor que um estudo feito nos Estados Unidos analisando o cordão umbilical de recém-nascidos mostra que eles já nascem contaminados. Foram encontradas 287 substâncias químicas, em média, no sangue de cada bebê: mercúrio (neurotóxico), dibenzodioxinas e dibenzofuranos polibromados (retardantes da propagação do fogo presente nos carpetes), DDT e clordano (pesticidas), a substância PFOA (presente no Teflon), e outros compostos químicos usados para fazer mamadeiras, embalagem de comida e outros produtos que a indústria química jura que são seguros, e agora, estão aparecendo em nosso sangue.

Veja o relatório deste trabalho em: http://www.ewg.org/reports/bodyburden2/
Lembre-se: até que a indústria pare de usar todos os agentes suspeitos ou revele quais os seus produtos que contêm esses agentes químicos, não se tem como saber se os hormônios químicos desintegradores estão presentes ou não. Por isso, faça a sua parte!

Fonte: http://www.ecologiacelular.com.br/content/saude_meio_ambiente_e_sua_responsabilidade

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pressão de consumidores provoca mudanças de embalagens na indústria

Preocupada com o crescente temor do público em relação ao bisfenol A, químico associado a doenças como diabetes, câncer de mama e de próstata, a indústria alimentícia começa a trabalhar com novas embalagens - Artigo de Harriet Weinstein*

Mesmo quando certos alimentos enlatados alegam não ter bisfenol A (BPA), eles ainda podem conter o químico. O BPA, que é encontrado em certos plásticos de policarbonato como garrafas de água e mamadeiras e também como revestimento interno de latas, migra da embalagem para os alimentos. O grupo de defesa ao consumidor “Consumer Reports” testou 19 tipos de enlatados em 2009 e quase todos continham bisfenol A, mesmo aqueles que alegavam ser “BPA free”e orgânicos. Os resultados revelaram que a lata de atum da marca Vital Choice que diz ser BPA-free continha em média o químico na quantidade de 20 partes por bilhão (ppb).

Mas a maior quantidade de BPA foi encontrada em latas de sopas e legumes. Legumes da marca Del Monte apresentaram níveis de BPA de 35.9 ppb até 191 ppb; a sopa da marca Progresso tinha níveis de BPA que variavam de 67 a 134 ppb e a sopa da marca Campbell apresentou níveis de BPA de 54.5 até 102 ppb. “Acreditamos que já existe informação suficiente para não termos mais que ingerir BPA e que é preciso agora evitar a exposição,” disse Urvashi Rangan, PhD, diretor de política do grupo Consumer Reports. “Não se sabe hoje em dia a quantidade de bisfenol A que você pode ingerir ao consumir qualquer tipo de enlatado.”

Preocupação válida

O BPA age como um interferente endócrino, ou seja, ele pode interferir nas funções hormonais e causar sérios impactos na saúde de animais de laboratório. Durante a gravidez, altas doses de BPA consumidas por ratos de laboratório reduziram a sobrevivência e o peso dos filhotes. Em doses menores, de acordo com um relatório escrito pelo Programa Federal de Toxicologia dos Estados Unidos, o BPA impacta o desenvolvimento neurológico e o comportamento e também causa lesões potencialmente cancerígenas na próstata e no tecido mamário. O Canadá declarou em outubro de 2010 o BPA uma substância tóxica.
Frederick S. vom Saal, professor da Universidade de Missouri e um importante endocrinologista e pesquisador de BPA, diz: “Uma das coisas que a indústria química está fazendo é dizer que o BPA é um hormônio fraco. Isso é o mesmo que dizer que Arnold Schwarzenegger é um fracote se comparado ao Super homem.”

A pesquisa nacional mais recente que avalia a saúde e nutrição nos Estados Unidos revelou que 93% dos americanos que participaram dos testes apresentam o bisfenol em sua corrente sanguínea. No Japão, onde o bisfenol A foi voluntariamente retirado de enlatados, os níveis de bisfenol A caíram pela metade na população. “O BPA em embalagens alimentícias é claramente uma grande fonte de exposição aos seres humanos”, explica vom Saal.

Dr. Richard W. Stahl-hut, autor de uma pesquisa sobre BPA feita em 2009, diz que o químico não sai do corpo tão rápido quando se pensa. “A história oficial é que o BPA é eliminado do corpo dentro de 24 horas, mas nem sempre esse é o caso”.

Mudanças na embalagem de alimentos

A indústria alimentícia americana está respondendo às crescentes preocupação com o BPA da seguinte forma:

• Eden Foods: começou a utilizar latas BPA-free em produtos com feijão em 1999 e esse ano passará a vender molho de tomate em jarras de vidro. “Estamos colocando um terço de nossos tomates orgânicos em jarras de vidro,”disse Michael Potter, presidente e fundador da empresa. A maioria dos produtos da marca Eden é vendida em supermercados naturais e a empresa vende em torno de $ 50 milhões por ano. Uma indústria que produz embalagens para a Eden, em Ontário, no Canadá, investiu em torno de 1 milhão de dólares numa nova linha de embalagens de vidro.

• Vital Choice: a empresa vende frutos do mar e suplementos pela internet e descobriu rapidamente a dificuldade em manter seus produtos BPA-free. Quando o BPA foi achado na pesquisa do grupo Consumer Reports em seu atum enlatado, a empresa concluiu que a revista do grupo tinha testado versões antigas do enlatado. No entando, depois de investigar por 3 anos onde os peixes eram processados e conversar com químicos, Vital Choice ainda não tinha sido capaz de identificar a fonte de BPA. Os rótulos dos produtos agora apresentam a seguinte explicação: “Nossos produtos enlatados são embalados por fornecedores que certificam que as embalagens são BPA-free”.

• Whole Foods: a maior cadeia de supermercados orgânicos, dos Estados Unidos, embala 27% de seus produtos enlatados em latas sem BPA, disse Joe Dickson, coordenador do padrão de qualidade da empresa. “Conversamos com nossos maiores fornecedores e estamos trabalhando em parceria para identificar materiais alternativos. Minha esperança é que ao trabalharmos juntos nossas vozes serão mais fortes e os produtores de alimentos enlatados prestarão mais atenção”.

• General Mills: sexta maior empresa alimentícia do mundo, alterou as latas de algumas linhas que trabalham com tomate. Essas latas não possuem bisfenol A. A empresa não informa o total de vendas por produto, mas a divisão Small Planets Foods Division que inclui a linha sem bisfenol A gerou em torno de $ 200 milhões de vendas no ano passado. Essa linha é vendida em supermercados naturais e também tradicionais.

• ConAgra: uma das maiores empresas alimentícias dos Estados Unidos, começou a vender sua linha de tomates enlatados Hunt em latas sem BPA. Uma porta voz da empresa disse que a empresa está atualmente testando novos revestimentos para outros produtos. Eles vendem em torno de $ 1.9 bilhões de enlatados por ano.

Texto originalmente publicado no Emagazine.com em 12 de janeiro de 2011 (http://www.emagazine.com/view/?5479)
*Harriet Weinsten é jornalista de Connecticut e escreve sobre negócios e desenvolvimento

Fonte: http://www.otaodoconsumo.com.br/voce-e-o-que-come-na-embalagem-que-consome/pressao-de-consumidores-provoca-mudancas-de-embalagens-na-industria