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terça-feira, 28 de junho de 2011

Bisfenol-A altera comportamento de roedores

Testes conduzidos em uma espécie de camundongo selvagem indicaram novos riscos para o ambiente, e talvez para a saúde, ligados ao bisfenol-A, componente de mamadeiras e de vários outros produtos industrializados.

O consumo de níveis supostamente seguros da molécula fez com que camundongos machos ficassem com sua capacidade de localização espacial prejudicada.

Pior ainda (para eles): as fêmeas da espécie passaram a esnobá-los, como se soubessem que havia algo de errado com os bichos. Os achados estão na revista "PNAS", da Academia Nacional de Ciências dos EUA, e foram obtidos por Cheryl Rosenberg e seus colegas da Universidade do Missouri.

Os pesquisadores demonstram cautela na hora de relacionar os resultados com possíveis efeitos sobre meninos humanos, mas afirmam que é preciso levá-los em conta e continuar os estudos.



Mimetizador
O bisfenol-A é empregado amplamente por indústrias do mundo todo para a fabricação de plásticos e resinas. Além das mamadeiras, os produtos que contêm bisfenol-A incluem resinas dentárias, lentes de contato, CDs e DVDs e o revestimento interno de latas de refrigerante ou outras bebidas.

O grande problema da molécula e de seus derivados é o fato de o organismo de vertebrados como nós "interpretarem" as substâncias como hormônios sexuais --os mesmos que o corpo produz para gerar as características típicas de cada sexo.

Mas os hormônios sexuais também têm papel importante em uma série de outras dinâmicas do organismo, do sistema imune (de defesa) à capacidade mental, o que sugere uma ampla gama de potenciais problemas ligados à overdose de bisfenol-A.

A questão é saber se esses problemas estão mesmo acontecendo. Por via das dúvidas, há países cogitando barrar total ou parcialmente o uso.

Os pesquisadores tentaram investigar o efeito da molécula numa espécie em que há diferenças claras de comportamento entre machos e fêmeas, o camundongo Peromyscus maniculatus.

Entre esses bichos, os machos são polígamos e, na época do acasalamento, transformam-se em grandes exploradores, atravessando distâncias relativamente grandes para chegar até as fêmeas, que estão dispersas pelo território natal dos animais.

Perdidos

Como não havia muito jeito de espalhar os bichinhos por quilômetros e quilômetros, os cientistas testaram essa capacidade nos machos ensinando-os a se deslocar por um labirinto de laboratório. Antes disso, porém, os roedores foram divididos em dois grupos principais.

Num deles, os bichos recebiam bisfenol-A durante a gravidez e após o nascimento, em quantidades comparáveis às ingeridas por humanos em países industrializados. No outro grupo, a substância não estava na dieta.

Além de se tornarem pouco atraentes para as fêmeas, os bichos que ingeriam bisfenol-A também se saíam pior no labirinto --ou seja, sofreriam para achar parceiras caso estivessem na natureza.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/935847-usado-em-plasticos-bisfenol-a-altera-comportamento-de-roedores.shtml

domingo, 26 de junho de 2011

“As dificuldades são os interesses das empresas e os lobbies”, diz deputado Alfredo Sirkis

Alfredo Sirkis, deputado autor de Projeto de Lei que proíbe o uso de bisfenol A no Brasil, acredita que informação e campanhas educativas são fundamentais para prevenir doenças associadas ao químico

Em busca de cortes nos custos e aumento nos lucros, há algumas décadas as empresas passaram a vender seus produtos em embalagens de plástico, latas de alumínio e outros materiais com a justificativa de que poderiam oferecer produtos mais baratos aos consumidores. Muitos anos depois, vários estudos científicos comprovaram que substâncias químicas, utilizadas na fabricação dessas embalagens economicamente eficientes, migram da embalagem para o conteúdo interno. Entre essas substâncias, uma das mais prejudiais é o bisfenol A (BPA), associado a doenças como câncer, infertilidade, aborto, obesidade e puberdade precoce.

Por conta disso, o BPA já é proibido no Canadá, na Costa Rica, na Malásia e em toda a União Europeia. Nos Estados Unidos, vários estados e cidades já proíbem o uso do químico em produtos infantis. Na China, o governo anunciou na semana passada que, além de o químico estar proibido na fabricação de mamadeiras, quem infringir a lei poderá ser condenado à pena de morte.

No Brasil o processo de proibição ainda está pouco adiantado, mas o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) quer agilizar o passo. Ele apresentou na Câmara dos Deputados, em janeiro de 2011, o Projeto de Lei nº 1197/2011, que proíbe a comercialização, em território nacional, de alimentos sólidos, bebidas e medicamentos embalados em material cuja composição química contenha bisfenol A, ftalatos e outras substâncias químicas prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. O Tao do Consumo entrevistou o deputado Sirkis.

Em que fase está o Projeto de Lei de vossa autoria que proíbe a venda de alimentos, bebidas e medicamentos que contêm bisfenol-A e outras substâncias prejudiciais à saúde e ao meio ambiente?
Está na fase inicial. Foi apresentado e agora vai às comissões.

Qual é a sua expectativa em relação à aprovação desse Projeto de Lei?
Espero que seja aprovado porque diz respeito à saúde da população como um todo. As dificuldades são os interesses das empresas que utilizam essa substância e os lobbies que dispõem tradicionalmente na Câmara.

A recente proibição do bisfenol-A na União Europeia pode ajudar na aprovação da lei no Brasil?
Em tese sim. Mostra que o problema é real e que os países mais avançados se preocupam com isso.

Por que deve existir uma lei que proíba a utilização de bisfenol-A na fabricação do plástico e no revestimento interno de latas de bebidas e alimentos?
Pelos estudos científicos que demonstram o risco potencial para a saúde e dentro do princípio da precaução.

Além da lei, o que mais é necessário para que a população brasileira não esteja mais exposta ao bisfenol-A?
Campanhas educativas que deveriam estar a cargo do Ministério da Saúde.

O que as empresas poderiam fazer antes mesmo da lei entrar em vigor para demonstrar que se preocupam com os consumidores?
Seria útil se a embalagem do produto informasse existência da substância, como se faz atualmente em relação à gordura trans, por exemplo.

O que o senhor faz no dia a dia para reduzir sua própria exposição ao bisfenol-A?
Estou examinando e pesquisando melhor os produtos que consumo.

Quais outros benefícios a sociedade pode obter ao adotar hábitos de consumo mais saudáveis?
Além de prevenir doenças através de um consumo mais saudável, reduziríamos a pressão sobre o sistema de saúde e possibilitaríamos um melhor atendimento a quem de fato viesse a precisar.

Por Fernanda Medeiros e Fabiana Dupont

Fonte: http://www.otaodoconsumo.com.br/voce-e-o-que-come-na-embalagem-que-consome/%ef%bb%bf%ef%bb%bf%ef%bb%bf%ef%bb%bf%ef%bb%bf%e2%80%9cas-dificuldades-sao-os-interesses-das-empresas-e-os-lobbies%e2%80%9d

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Estudo de Harvard comprova que consumo de enlatados eleva o nível de Bisfenol-A (BPA) no corpo

Um estudo realizado pela Universidade Harvard, uma das mais respeitadas dos Estados Unidos e do mundo, revelou que o consumo de alimentos enlatados aumenta o nível de bisfenol A (BPA) no corpo humano. A pesquisa analisou a urina de pessoas divididas em dois grupos. O resultado mostra que os voluntários que comeram sopa enlatada durante cinco dias apresentaram um nível de bisfenol A superior a 1.000%, em comparação aos participantes que comeram sopas preparadas com vegetais frescos.

O bisfenol A é usado na fabricação do plástico e no revestimento interno de latas de bebidas e de alimentos. Segundo pesquisas, pode provocar puberdade precoce, câncer, alterações no sistema reprodutivo e no desenvolvimento hormonal, infertilidade, aborto e obesidade.

De acordo com a autora da pesquisa da Escola de Saúde Pública de Harvard, Jenny Carwile, “já sabíamos que bebidas armazenadas em certos plásticos poderiam aumentar o nível de BPA no corpo. Esse estudo sugere que alimentos enlatados podem ser ainda mais preocupantes, especialmente devido ao fato de serem consumidos em grande quantidade”.

Setenta e cinco voluntários foram recrutados para o estudo. Durante cinco dias, um grupo consumiu 340 g de sopa vegetariana enlatada e outro grupo consumiu 340 g de sopa preparada com vegetais frescos. Depois de dois dias os grupos trocaram de sopa e foram testados posteriormente.

Os pesquisadores observaram que as amostras de urina coletadas do grupo de sopa enlatada tiveram um aumento de 1.221% quando comparados ao grupo que comeu a sopa fresca.

A sopa utilizada na pesquisa foi da marca Progresso, mas os pesquisadores disseram que a marca não interessa e que o problema está nas latas.
Os pesquisadores explicaram que os altos níveis de BPA podem ser transitórios e que mais pesquisas devem ser feitas. Também expressaram que está na hora de retirar o BPA de latas. Karin Michels, professora do departamento de epidemiologia de Harvard, declarou que “ um bom conselho para os produtores seria a consideração da eliminação do bisfenol A em enlatados”.

Uma representante da General Mills, a empresa que produz a sopa Progresso não concordou. “Cientistas e entidades governamentais no mundo todo avaliaram pesquisas e concluíram que as evidências são a favor do bisfenol A”, disse Kirstie Foster, porta-voz da General Mills.
Apesar da controvérsia a utilização do bisfenol A em mamadeiras já foi proibida no Brasil, União Europeia, China, Malásia, Costa Rica e em 11 estados americanos.

A pesquisa foi publicada no dia 21 de novembro na revista científica Journal of the American Medical Association.

Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2011/12/05/estudo-de-harvard-comprova-que-consumo-de-enlatados-eleva-o-nivel-de-bisfenol-a-bpa-no-corpo/

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Harvard diz que Bisfenol-A (BPA) também compromete a formação de cromossomos

De acordo com pesquisa da Escola de Medicina de Harvard, publicada esta semana, o bisfenol A (BPA) causa a infertilidade em vermes podendo matar embriões e danificar cromossomos.

Os testes foram realizados com o verme C. elegans, muito utilizado por pesquisadores por ter sua biologia muito similar à dos seres humanos.

Geneticistas da Escola revelaram que em vermes expostos ao BPA, alguns processos de reparação do DNA foram prejudicados nas células que são essências na formação de esperma e ovos. Reportagem de Fabiana Dupont e Fernanda Medeiros, do sítio O Tao do Consumo.

A exposição ao químico também danificou a integridade de cromossomos e causou a morte de células. Cromossomos do grupo de controle permaneceram normais, já os cromossomos no grupo exposto ao BPA se apresentaram frágeis e fragmentados. A consequência foi a morte de embriões e vermes menos férteis na pesquisa publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

“Demonstramos que a exposição de vermes ao BPA em concentrações internas correspondentes a modelos em mamíferos, causa um aumento de infertilidade e morte embrionária,” escreveram os autores. “Os resultados mostraram que o mecanismo dos efeitos do bisfenol A nos vermes tem o potencial de ser paralelo na reprodução humana,” de acordo com observações que acompanham a publicação do estudo.

A conclusão da pesquisa com certeza esquentará ainda mais o debate sobre a segurança do BPA. O bisfenol A é um químico usado na fabricação de plásticos e como revestimento interno de latas. O problema de sua utilização em embalagens alimentares é que suas moléculas não são estáveis e migram da embalagem para os alimentos.

BPA: uma “substância tóxica”
Pesquisas já associaram o BPA a doenças cardíacas, diabetes, infertilidade, obesidade, puberdade precoce e câncer em humanos. Gestantes e crianças pequenas são o grupo mais afetado. O bisfenol A passa da placenta para o feto e sua presença em bebês e crianças pode comprometer seriamente o sistema reprodutivo já que eles não metabolizam a substância da mesma maneira que adultos.

A preocupação é grande já que o químico foi estimado estar presente em mais de 90% da população dos Estados Unidos e do Canadá.

No mês passado o bisfenol A foi incluído na lista de substâncias tóxicas no Canadá. Ele já foi proibido em mamadeiras e copos infantis na França, Canadá, Dinamarca e Costa Rica além de 7 estados americanos. As proibições foram baseadas no princípio de precaução que pede que quando pesquisas sugerem que uma substância é prejudicial à saúde, sua utilização seja suspensa até prova ao contrário.

A Organização Mundial da Saúde publicou ontem relatório com o resultado da reunião de especialistas sobre o BPA que aconteceu na semana passada no Canadá e afirmou que a maior fonte de exposição ao bisfenol A vem de alimentos, já que ele migra de embalagens para o conteúdo interno.
Fontes:
CBC News
Organização Mundial da Saúde
LA Times
Proceedings of the National Academy of Sciences

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2010/11/16/harvard-diz-que-bisfenol-abpa-tambem-compromete-a-formacao-de-cromossomos/

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ainda sem consenso, agências reguladoras do mundo analisam a proibição ou não do Bisfenol-A, diz toxicologista da Anvisa

Um dos palestrantes do Fórum, Peter Rembischevski, adianta que o Brasil estuda o tema para adotar uma nova regulamentação ou proibição da substância.

Proibir totalmente a utilização ou estabelecer outro valor de ingestão diária tolerável de Bisfenol-A (BPA), composto encontrado na fabricação de policarbonato – um tipo de resina utilizada na produção de plásticos que entram em contato com alimento – é a grande dúvida que permeia a maioria das agências reguladoras do mundo, incluindo a ANVISA, no Brasil”, afirma Peter Rembischevski, Mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Toxicologista e Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Durante o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos: Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania realizado dia 25 de novembro, quinta-feira, na Sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), Peter abordou sobre o Papel da Anvisa sobre o tema. O evento integra a Campanha contra os Desreguladores Endócrinos sob o slogan: “Diga não ao Bisfenol-A, a vida não tem plano B”, idealizada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo-SBEM-SP.

Segundo ele, “a questão ainda não tem consenso na maioria das agências reguladoras no mundo devido a diferentes interpretações e critérios de aceitação dos estudos envolvendo animais, o que tem levado a diferenças nas avaliações de risco desta substância, causando controvérsias sobre o tema. E isso tem explicações sob a ótica da toxicologia. A exposição de Bisfenol-A pelo organismo por meio subcutâneo ou intravenoso, que têm sido as vias mais empregadas nos estudos em animais, é diferente se comparada com a ingestão por via oral, que é a principal rota de exposição em humanos.

Os organismos dos animais e dos humanos são diferentes e, por isso, nem sempre o que é prejudicial para uma espécie será também para a outra. A correlação inter-espécies é um dos principais desafios da toxicologia. Mesmo as pesquisas realizadas com a substância em pequenas populações de pessoas ainda não têm sido capazes de sustentar sua proibição, devido a limitações em seus desenhos experimentais”.

Ele reforça que talvez a discussão seja pautada sobre o limiar da dose, abaixo da qual não se produz efeito adverso, citando por exemplo o caso do ferro, cuja carência leva à anemia, mas seu excesso é tóxico ao organismo. Afinal, “a dose faz o veneno” – uma dose suficientemente baixa não oferece preocupação, mas destaca que o Brasil está atento e ainda estuda a melhor forma de regulamentar ou proibir a utilização da substância, por isso quer também estudar o posicionamento da União Européia.

Nova Era – Peter ressalta que apesar de ainda não haver consenso, as autoridades de regulação de um modo geral têm mudado sua postura em relação às substâncias químicas, e hoje não esperam ter a certeza se uma substância é nociva ou não à saúde. Atualmente, diferente do passado, os países tem utilizado mais o Princípio da Precaução – o que significa que mesmo antes de se ter uma certeza científica, mas já tendo indícios, estabelece parâmetros restritivos de utilização da substância em questão para evitar maiores problemas no futuro.

Antigamente, esperava-se anos até que se confirmasse os resultados das pesquisas. Há inclusive situações em que as autoridades incentivam os fabricantes a procurarem alternativas para substituir o produto, como é o caso do Bisfenol A. Neste contexto, Peter ainda reforça que o mercado, mesmo sem uma posição da maioria das agências reguladoras, já está mudando.

Em alguns países, produtos com Bisfenol A já estão perdendo mercado. “Para se ter uma idéia, uma análise conduzida no Japão com alguns indivíduos revelou que a concentração de BPA no organismo reduziu em até 50 %, quando comparado a dados de anos anteriores, sem o governo precisar proibir a utilização da substância”, destaca Peter.

Confira a apresentação de Peter
Apresentação Bisfenol SP 2010


Fonte: http://sbemsp.org.br/bpa/?p=278

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Bisfenol A está ligado a alterações comportamentais em garotas

Novo estudo realizado em Cincinnati, Ohio, nos Estados Unidos, sugere que meninas expostas a níveis mais elevados de bisfenol A (BPA) - antes do nascimento, ainda dentro do útero - apresentaram mais problemas de comportamento e estavam mais ansiosas e hiperativas do que as que estiveram expostas a pequenas quantidades deste produto químico. A substância é usada para fazer plásticos e encontrada em embalagens de alimentos, produtos enlatados e até mamadeiras.

A constatação, porém, não prova que as mães que têm mais contato com o bisfenol A estejam colocando suas filhas em risco. Além disso, segundo a pesquisa, não havia nenhuma ligação entre a quantidade de BPA existente na urina das mulheres grávidas e os problemas comportamentais dos meninos - ou entre os níveis da substância em crianças e seus comportamentos.

Embora quase todas as mulheres e crianças tivessem traços de bisfenol A na urina, "a grande maioria das nossas crianças estavam em desenvolvimento normal e não cumpriram todos os critérios clínicos para problemas de comportamento", disse o autor do estudo, Joe Braun, da Escola de Saúde Pública de Harvard, em Boston.

Braun e seus colegas de equipe recolheram amostras de urina de 244 mulheres grávidas que vivem em Cincinnati e também próximo à cidade. O processo foi feito duas vezes durante a gravidez e logo depois que deram à luz, com o objetivo de medir as concentrações de BPA.

Depois disso, os pesquisadores mediram os níveis da substância nas crianças a cada ano. Aos três anos de idade, os pais fizeram um relatório sobre a ansiedade dos pequenos, o que inclui depressão, agressividade e hiperatividade, bem como quaisquer problemas de comportamento ou dificuldade em controlar as emoções.

Quase todas as mulheres tinham bisfenol A na urina, em uma concentração média de dois microgramas por litro. Para cada aumento de 10 vezes na concentração durante a gravidez, as meninas - mas não os meninos - atingiram níveis significativamente mais altos nos testes de ansiedade e depressão e tiveram pior controle comportamental e emocional.

Sobre os relatórios, quando uma pontuação de 50 representa uma criança média, os aumentos foram entre nove e 12 pontos, "um efeito bastante considerável" que os pais provavelmente seriam capazes de notar, disse Braun.

Essa constatação surgiu depois que os pesquisadores levaram em conta se as mães estavam deprimidas durante a gravidez, bem como a sua raça, educação, renda e estado civil.

A maior concentração de BPA na urina das crianças de um, dois e três de idade não estava ligada a problemas comportamentais ou emocionais, disseram os pesquisadores na revista 'pediatrics'.

Associação 'preliminar'

Um pesquisador não envolvido no estudo chamou a ligação entre o bisfenol A e o comportamento das meninas de 'muito preliminar'.

"Outros grupos vão ter de replicar estas descobertas para serem capazes de fortalecer as implicações da pesquisa em particular", disse o Dr. Amir Miodovnik, que estuda a saúde ambiental das crianças no Centro Médico The Mount Sinai, em Nova York.

As descobertas não provam que a exposição, ainda no útero, ao BPA faz com que existam problemas de comportamento, disse Braun. "Pode ser que as mulheres que estejam consumindo mais alimentos processados e comidas prontas e enlatadas também estejam ganhando menos nutrientes importantes para o desenvolvimento cerebral dos bebês", disse Joe Braun à Reuters Health.

Ainda assim, "há um crescente corpo de evidências que realmente parece sugerir aquilo a que você está exposto e o que acontece durante a gestação que pode mudar o curso de vida", disse Braun. "O cérebro começa a se desenvolver desde muito, muito cedo na gravidez. Um rompimento nesse processo poderia causar efeitos duradouros na infância e na vida."

O bisfenol A é um produto químico que interfere nos hormônios naturais do corpo. O Canadá e a União Europeia, por exemplo, proibiram seu uso em mamadeiras. No Brasil, a partir de janeiro de 2012, as mamadeiras vendidas também não poderão ter a substância.

Segundo Braun, o efeito observado no estudo foi limitado às meninas porque o BPA interfere apenas em determinados hormônios e, durante a gravidez, os meninos e as meninas ficam expostos a diferentes níveis de hormônios enquanto estão se desenvolvendo no útero.

Fonte: http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=12701

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Pesquisa realizada em humanos associa ftalatos e bisfenol a problemas na tiróide

Uma pesquisa da Universidade de Michigan, publicada esta semana no jornal científico Environmental Health Perspectives, revela que adultos com altos níveis de ftalatos e bisfenol A (BPA) na urina tendem a apresentar alteração no nível de hormônios da tiróide na corrente sanguínea. Esse é o primeiro estudo desse tipo feito em grande escala com humanos.

Os resultados são coerentes com outras pesquisas que associaram o bisfenol e os ftalatos a problemas sérios de saúde como a redução da quantidade do esperma, atrofia testicular, câncer de fígado, de mama e de próstata, obesidade, diabetes e infertilidade.

Ftalatos são químicos utilizados como aditivos para plásticos a fim de torná-los mais maleáveis. Eles estão presentes no PVC e em milhares de produtos como brinquedos, embalagens de alimentos, capas de chuva, cortinas de banheiro, tintas, lubrificantes, adesivos, produtos de limpeza e até em produtos de beleza como shampoo, desodorante e sabonete.

O bisfenol A (BPA) é também um aditivo químico, usado na fabricação do plástico e no revestimento de latas de comida e bebida. É encontrado principalmente em mamadeiras, latas de refrigerante, cerveja e alimentos.

Tanto os ftalatos quanto o bisfenol-A foram classificados como químicos desreguladores endócrinos, ou seja, em determinados níveis de exposição eles prejudicam o sistema endócrino, comprometendo os testículos, ovários e a tiroide.

Os pesquisadores da Universidade de Michigan compararam amostras de sangue e de urina de 1.346 adultos e 329 adolescentes. Os resultados indicam maiores concentrações de ftalatos e BPA em pessoas com menor nível de hormônios da tiróide. De acordo com o Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e do Fígado dos Estados Unidos, quando o nível de hormônios da tiróide cai muito, é possível desenvolver o hipotireoidismo, um distúrbio que afeta 5% dos americanos.

“Os indivíduos com maior concentração de bisfenol e ftalato no sangue chegam a ter 10% a menos de hormônios na tiróide”, explica John Meeker, autor principal do estudo. “E se você pensar que uma população inteira está exposta a esses químicos, com certeza teremos a ocorrência de mais pessoas com problemas na tiróide”, adianta.

Considerando as inúmeras pesquisas que relacionam ftalatos e o bisfenol a doenças graves, especialistas em saúde pública estão recomendando que todos, mas principalmente mulheres grávidas e crianças, evitem embalagens de alimentos ou bebidas feitas de plástico ou latas de alumínio.

Fonte: http://www.ecoagencia.com.br/?open=noticias&id=VZlSXRlVONlYHZEUXxmWhN2aKVVVB1TP

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ainda sem consenso, agências reguladoras do mundo analisam a proibição ou não do Bisfenol-A, diz toxicologista da Anvisa

Um dos palestrantes do Fórum Peter Rembischevski adianta que o Brasil estuda o tema para adotar uma nova regulamentação ou proibição da substância.

‘”Proibir totalmente a utilização ou estabelecer um outro parâmetro de ingestão diária tolerável de Bisfenol-A (BPA) composto encontrado na fabricação de policarbonato, um tipo de resina utilizada na produção da maioria dos plásticos – é a grande dúvida que permeia a maioria das agências reguladoras do mundo, incluindo a ANVISA, no Brasil”, afirma Peter Rembischevski, Mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Toxicologista e Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da Anvisa – Agência de Vigilância Sanitária.

Durante o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos: Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania que acontece dia 25 de novembro, quinta-feira, na Sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo(CREMESP), Peter abordará o Papel da Anvisa sobre o tema. O evento integra a Campanha contra os Desreguladores Endócrinos sob o slogan: “Diga não ao Bisfenol-A, a vida não tem plano B”, idealizada pela SBEM-SP.

Segundo ele, “a questão ainda não tem consenso na maioria das agências reguladoras no mundo porque cada uma delas interpreta os resultados das pesquisas científicas em animais por meio intra-venoso, de maneiras distintas causando controvérsias sobre o tema. E isso tem explicações sob a ótica da toxicologia. A ingestão de Bisfenol-A por meio intra-venoso é absorvida pelo organismo de modo diferente se comparada com a ingestão via oral, como acontece na maioria das vezes, por humanos. A reação do organismo é diferente dependendo da maneira que o Bisfenol-A é absorvido. O organismo dos animais e dos seres humanos são diferentes e, por isso, nem sempre o que é prejudicial para uma espécie é também para a outra. É o princípio da correlação inter-espécies. Mesmo as pesquisas realizadas com a substância em pequenas populações de pessoas ainda não é capaz de sustentar sua proibição”.

Ele reforça que talvez a discussão fique sobre o limiar da dose, abaixo da qual não produz efeito negativo, como é o caso do ferro. Afinal, a dose faz o veneno – uma dose baixa não oferece preocupação, mas destaca que o Brasil está atento e ainda estuda a melhor forma de regulamentar ou proibir a utilização da substância por isso quer também estudar o posicionamento da União Européia.

Nova Era

Peter ressalta que apesar de ainda não haver um consenso, as agências reguladoras mudaram a postura e, hoje, não esperam ter a certeza se uma substância é noviça ou não à saúde. Atualmente, diferente do passado, as agências utilizam o princípio da precaução – o que significa que mesmo antes de ter uma certeza, mas já tendo indícios, estabelece parâmetros de utilização da substância em questão para evitar maiores problemas no futuro. Antigamente, esperava-se anos até que se comprovasse a veracidade das pesquisas. Hoje, as agências incentivam os fabricantes a procurarem alternativas para substituir o produto .
Peter ainda reforça que o mercado mesmo sem uma posição da maioria das agências reguladoras já está mudando. Os produtos com Bisfenol-A estão perdendo mercado. “Para se ter uma idéia, os produtos com BPA perderam 50% do mercado no Japão, sem o governo precisar proibir a utilização da substância”, destaca Peter.

FONTE: http://sbemsp.org.br/bpa/

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Coca-Cola rejeita pedido para tirar bisfenol A de suas latas

Pedido veio de acionistas preocupados com a crescente pressão da população e proibição do químico em vários países; pesquisas associam substância a câncer, diabetes e obesidade

Mesmo depois da Comunidade Europeia ter proibido o bisfenol A (BPA).

Mesmo depois de todas as pesquisas científicas terem associado o químico à doenças como diabetes e câncer.

Mesmo depois das mães do Canadá terem saído às ruas pedindo o fim do químico em embalagens de alimentos.

Mesmo depois da indústria de alimentação no Japão ter retirado voluntariamente o bisfenol do contato com seus produtos.

Mesmo depois de todas as campanhas e comprovações sobre os malefícios do bisfenol A, o CEO da Coca-Cola, Muhtar Kent, disse ontem que empresa não acredita que haja evidências científicas suficientes para descontinuar o uso de BPA na resina epóxi utilizada como revestimento interno de suas latas.

A declaração aconteceu ontem durante a assembléia anual, realizada em Atlanta (EUA), em resposta à solicitação de um grupo de acionistas que pediu o fim do BPA nas embalagens de refrigerantes e sucos. A proposta dos acionistas teve esse ano 26% de adesão, 20% a mais de apoio do que no ano passado, quando idéia semelhante foi apresentada.

Risco Financeiro? – A proposta foi apresentada por três grupos que defendem os direitos dos acionistas e pede que a Coca-Cola “prepare um relatório para os acionistas revelando como está respondendo à crescente preocupação de consumidores em relação à segurança do BPA em produtos; desenhe um plano para desenvolver alternativas à resina epóxi com BPA; e revele o que a empresa está fazendo para manter sua liderança e a confiança do público neste tema. Michael Passoff, estrategista senior do grupo As You Sow, um dos grupos de acionistas, novamente rotulou a Coca como “uma indústria que está ficando para trás” alertando que isso “não era um bom sinal para seus investidores”.

A proposta foi apoiada por investidores de peso, incluindo a ISS e a Glass Lewis, duas das maiores empresas de consultoria no gerenciamento de ações dos Estados Unidos, além de acionistas institucionais como a CalPERS, o maior fundo de pensão do mundo.

A Domini Social Investments e a Trillium Asset Management Corporation também fazem parte da aliança, que afirmou que o receio está baseado “no risco financeiro e regulatório” que a empresa pode estar se expondo ao “ignorar os avanços na pesquisa científica, a reavaliação de agências regulatórias e a preocupação com o potencial risco à saúde que o BPA representa, assim como novas propostas legislativas que estão considerando a proibição do bisfenol A.”

A Coca-Cola afirmou que concorda com o consenso de agências regulatórias em vários países que afirma que o BPA presente no revestimento interno de latas não representa um risco à saúde humana. “Se tivéssemos qualquer dúvida em relação à segurança de nossas embalagens, nós descontinuaríamos o uso do BPA,”disse Kent na assembleia ontem. “É simples assim”.

No website da empresa foi publicada a seguinte declaração: “Estamos trabalhando com terceiros para produzir outros tipos de revestimento interno que incluem produtos sem BPA. Atualmente, o único sistema comercialmente viável para revestimento interno de latas para produção em massa de bebidas embaladas com latas de alumínio contém o BPA.”

“Nós levamos muito a sério a preocupação de nossos consumidores e queremos que saibam que temos confiança na segurança de todas as embalagens que utilizamos em nossas bebidas.”

Fontes: Food Production Daily - 28 de abril de 2011 e http://www.otaodoconsumo.com.br/voce-e-o-que-come-na-embalagem-que-consome/coca-cola-rejeita-pedido-para-tirar-bisfenol-a-de-suas-latas

domingo, 7 de novembro de 2010

Bisfenol-A e a etiologia da obesidade

Demorou mas alguém no Brasil resolveu relacionar produtos tóxicos com a Globesidade (epidemia global de obesidade). O Blog da VP (Valéria Paschoal Consultoria em Nutrição Funcional), preparou um texto ótimo sobre o tema. A princípio tratam somente dos possíveis efeitos do Bisfenol-A (BPA) como por exemplo disrupção endócrina. Entretanto deixam claro que outros componentes tóxicos da indústria presente no ambiente e alimentos podem estar agindo como Disruptores endócrinos.
 Vale a pena ler o texto.

Boa semana para todos meus leitores

Dr. Frederico Lobo



Bifesnol A e a etiologia da obesidade

A obesidade é uma doença multifatorial caracterizada pelo Índice de Massa Corporal acima de 30kg/m2 com acúmulo excessivo de tecido adiposo. Está associada a diversas co-morbidades, como diabetes melitus tipo 2, dislipidemia, hipertensão arterial e remodelação cardíaca. A atual epidemia da obesidade é uma consequência da interação entre fatores genéticos, comportamentais e ambientais. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 49% da população apresenta sobrepeso, sendo 13% desses já obesos.

Enquanto muito já se discute sobre a epidemia global da obesidade, componentes tóxicos da indústria, presentes no ambiente e nos alimentos, apenas começaram a receber atenção.

Esses compostos interferem na função normal do sistema endócrino por afetar o equilíbrio de glândulas e hormônios que regulam funções vitais, como crescimento, resposta ao estresse, desenvolvimento sexual, reprodução, produção e utilização da insulina, e taxa metabólica. Por este motivos são denominados disruptores endócrinos.

Dados epidemiológicos recentes mostram que a exposição a essas substâncias, durante o desenvolvimento, está associada com sobrepeso ou obesidade na vida adulta. Os primeiros achados mostram que o início da epidemia da obesidade coincidiu com o aumento de químicos industriais no ambiente.

Dentre os disruptores endócrinos, o bisfenol A (BPA) destaca-se pelo fato de haver grande exposição a ele pelo homem. Trata-se de um monômero de plásticos policarbonatos e resinas epóxi, estando presente em alimentos enlatados, mamadeiras, embalagens de bebidas, filmes de polivinil, papéis, cartolinas e selantes dentários. Atualmente, a produção mundial de BPA excede 3 bilhões de kg/ano. Sua exposição ocorre pela dieta (contaminação de alimentos principalmente sob calor), contato com a pele e inalação de poeira doméstica. A presença de metabólitos em concentrações mensuráveis mostrou-se elevada em mais de 90% da população no mundo todo.

Foi mostrado, através de dados do National Health and Nutrition Survey (NHANES) 2003/04 que altas concentrações de BPA estavam associadas com diagnóstico de doenças cardiovasculares e diabetes, mas não com outras doenças, sugerindo especificidade. Sendo lipofílico, pode ser armazenado no tecido adiposo.

Uma vez que a obesidade torna-se epidêmica e que fatores ambientais estão fortemente ligados a esses dados, serão discutidos os possíveis efeitos do disruptor endócrino bisfenol A na etiologia da obesidade.

Bisfenol A, atividades hormonais e obesidade

O BPA é comumente descrito pela sua atividade estrogênica. Além de se ligar aos receptores nucleares de estrógeno alfa e beta, o monômero interage com uma série de outros receptores de estrógenos não clássicos, alguns com alta afinidade. Ele também atua como antagonista de receptor de andrógenos e interage com receptores de hormônios tireoidianos.

Os estudos em animais já conseguem traçar um caminho para o entendimento da relação do BPA com a obesidade. Doses muito baixas oferecidas a animais durante o desenvolvimento exercem alguns efeitos. Ratos e camundongos mostraram peso corporal aumentado quando expostos a baixas dosagens de BPA no período pré-natal e neonatal. Alguns resultados mostram que esse aumento no peso é relacionado ao gênero, ao passo que outros relatam efeitos em ambos os sexos. Essa diferença pode estar relacionada com o tempo de exposição e com a dose.

Além disso, ratos expostos ao BPA no pré-natal mostram aumento de hiperplasia intraductal (lesões pré-cancerígenas) que aparecem na vida adulta. Independentemente da raça de ratos utilizados, das vias, níveis e tempo de exposição, todos os estudos mostram suscetibilidade aumentada à neoplasia da glândula mamária manifestada na vida adulta. As neoplasias normalmente aparecem após completa maturação sexual, que pode ser devido ao efeito dos hormônios sexuais na proliferação e remodelação desses órgãos. Camundongos expostos a BPA durante a vida intrauterina e lactação, apresentaram aumento somente na velocidade do crescimento, sem relação com aumento de peso corporal.

Estudos in vitro com BPA fornecem evidências de seu papel no desenvolvimento da obesidade, podendo sugerir alvos específicos. O BPA faz com que as células 3T3-L1 (fibroblastos de camundongos que podem se diferenciar em adipócitos) aumentem sua taxa de diferenciação, e em combinação com a insulina, acelera a formação de adipócitos. Outros trabalhos in vitro mostram que baixas doses de BPA prejudicam a sinalização do cálcio nas células pancreáticas, atrapalham o funcionamento da célula beta e causam resistência à insulina. Baixas dosagens experimentais também podem inibir a síntese de adiponectina e estimular a liberação de adipocinas inflamatórias como interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) do tecido adiposo humano, sugerindo seu papel na obesidade e síndrome metabólica.

Entretanto, estudos com humanos ainda são escassos e a amostragem utilizada é pequena. Um estudo com 296 italianos mostrou que a excreção diária de BPA associou-se com aumento de concentração sérica de testosterona total em homens. Porém, outro estudo analisou a relação entre hormônios tireoidianos e reprodutivos e concentração urinária de BPA em 167 homens em uma clínica de infertilidade. Observou-se relação inversa entre concentração de BPA e índices de testosterona livre, estradiol e hormônio tireoestimulante (TSH). Quando os níveis de hormônios androgênicos foram avaliados em mulheres eumenorreicas, mulheres com SOP e homens, observou-se diferenças entre os gêneros, possivelmente devido à diferença nos níveis de atividade da enzima relacionada ao androgênio. Ainda, demonstrou-se que concentrações sérias de BPA estavam associadas com aumento dos andrógenos, o que não ocorreu com níveis de estradiol, hormônios luteinizantes (LH) e folículo estimulante (FSH). Dados parecidos foram encontrados por Takeuchi e colaboradores, em trabalho feito com mulheres com e sem disfunção ovariana.

Diante do conteúdo exposto, pode-se concluir que ainda faltam informações precisas, esclarecendo a relação do bisfenol A na etiologia da obesidade, tanto na exposição pré-natal quanto na vida adulta. Estudos em humanos estão limitados a amostras pequenas e em sua maioria avaliam a excreção urinária de BPA em um único momento do dia. Como a eliminação deste composto acontece muito rapidamente no organismo, é necessária sua mensuração em diversos momentos do dia para estimar melhor a exposição. Também deve ser levada em consideração a porção que fica armazenada no tecido adiposo, uma vez que o BPA é lipofílico.

Entretanto, como esse composto desencadeia possíveis efeitos deletérios e nenhum benefício conhecido até o momento, medidas básicas no cotidiano podem ser tomadas a fim de evitar a exposição. Evitar consumo de alimentos e bebidas armazenados em embalagens plásticas, não conservar alimentos em recipientes plásticos e evitar utilização de filmes plásticos em contato direto com o alimento são medidas simples, que devem ser praticadas principalmente durante a gravidez.

FONTE: http://www.vponline.com.br/blog/?p=121

terça-feira, 9 de junho de 2015

Bisfenol-A

Reportagem sobre Bisfenol-A que participei na revista Bianchini.






quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Bisfenol-A, usado em recipientes de comida, afeta fertilidade masculina

O Bifesnol-A (BPA) serve para diluir resina de poliéster a fim de facilitar sua laminação. O produto químico Bisfenol-A, que demonstrou aumentar o risco de disfunções sexuais masculinas, reduz a concentração e qualidade do sêmen, segundo estudo publicado esta quinta-feira (28).
O Bisfenol-A ou BPA é um composto químico que serve para diluir a resina de poliéster a fim de torná-la mais líquida e facilitar sua laminação. Está presente em grande quantidade de recipientes alimentares e de bebidas, como mamadeiras, bem como em resinas de selagem dentária.

A pesquisa foi realizada durante 5 anos com 514 operários que trabalhavam em fábricas da China.

Os autores constaram que aqueles que continham concentrações de BPA mais elevadas na urina multiplicavam os riscos de produzir sêmen de má qualidade.

"Diferente dos homens que não tinham vestígios detectáveis de BPA na urina, aqueles que tinham conteúdos mais elevados multiplicavam por mais de três o risco de ter uma concentração diminuída de seu sêmen", afirmou De-Kun Li, epidemiologista do Kaiser Permanente (consórcio privado americano de cuidados médicos) e principal autor do estudo publicado na revista "Fertility and Sterility".

Este é o primeiro estudo realizado sobre homens para avaliar o vínculo entre o sêmen e o BPA.

Pesquisas anteriores feitas em animais mostraram que o BPA tem efeitos nefastos sobre os órgãos reprodutores de camundongos machos e fêmeas.

Este é o terceiro estudo de Li sobre o tema. Um trabalho publicado em novembro de 2009 demonstrou que a exposição a níveis elevados de BPA aumenta o risco de disfunções sexuais. Outro, divulgado em maio de 2010 mostrou vínculos entre o BPA na urina e o comprometimento das disfunções sexuais masculinas.

O Canadá foi o primeiro país a classificar, em outubro, o BPA na categoria de substâncias tóxicas. Em março de 2009, os seis maiores fabricantes americanos de mamadeiras decidiram suspender a venda nos Estados Unidos de produtos com BPA.


FONTE: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/10/bisfenol-usado-em-recipientes-de-comida-afeta-fertilidade-masculina.html

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Senado aprova projeto que proíbe Bisfenol A em mamadeiras, chupetas e bicos


Diversos países já proibiram o Bisfenol-A (BPA) por conta das evidências de sua ação disruptora endócrina e cancerígena. Ontem o Senado aprovou a leia que visa proibir a utilização do BPA na fabricação de mamadeiras, chupetas e bicos.

O senador Gim Argello, do PTB-DF que apresentou o projeto, argumentou que o uso do BPA em produtos como óculos de sol, CDs, cadeiras e outros artefatos plásticos" não traz preocupações importantes". Mas, no caso de mamadeiras e chupetas há um risco de absorção da substância pelo bebê, tida como cancerígena.

O senador Paulo Davim, do PV-RN que é médico, lembrou que a União Europeia e países como Estados Unidos e Canadá já restringem a comercialização de Bisfenol A e defendeu a medida no Brasil.

A Anvisa já havia proibido o Bisfenol A em mamadeiras por meio de uma resolução publicada em Setembro. A proposta segue para votação na Câmara dos Deputados. A Comissão de Assuntos Sociais ainda aprovou proposta que obriga os órgãos públicos de defesa do consumidor a armazenar levantamentos, registros e análises de informações sobre acidentes de consumo. O projeto determina também que as empresas têm que informar entidades de defesa do consumidor sobre eventuais perigos dos produtos ou serviços comercializados por elas.

Fonte: http://www.senado.gov.br/noticias/Radio/programaConteudoPadrao.asp?COD_TIPO_PROGRAMA=4&COD_AUDIO=173313

terça-feira, 20 de julho de 2010

Estudo confirma a contaminação por bisfenol-A (BPA) a partir de garrafas plásticas


A exposição ao BPA pode ter efeitos nocivos para a saúde.

[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Em num novo estudo [Use of Polycarbonate Bottles and Urinary Bisphenol A Concentrations] da Harvard School of Public Health (HSPH) pesquisadores descobriram que os participantes que, ao longo de uma semana, beberam em garrafas de policarbonato , comumente usado garrafas plásticas e mamadeiras, apresentaram um aumento de dois terços da substância química bisfenol-A (BPA) na urina .

A exposição ao BPA, utilizado na fabricação de policarbonato e outros plásticos, pode interferir com a reprodução e desenvolvimento e também tem sido associada com doenças cardiovasculares e diabetes em seres humanos. O estudo é o primeiro a demonstrar que beber em garrafas de policarbonato (em garrafas plásticas o policarbonato pode ser identificado pelo código de reciclagem número 7) aumenta o nível de BPA na urina.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que ferver garrafas plásticas acelera a liberação de substâncias tóxicas, mas este novo estudo demonstra que isto também ocorre durante o consumo de líquidos frios.

Numerosos estudos têm mostrado que o BPA age como um disruptor endócrino, incluindo o início precoce da maturação sexual, desenvolvimento e tecidos alterados na organização da glândula mamária e diminuição da produção espermática. Pode ser mais prejudicial nas etapas de desenvolvimento precoce.

Os dados do estudo são particularmente preocupantes, considerando que as crianças e adolescentes são grandes consumidores de bebidas envasadas em garrafas de policarbonato. Crianças e adolescentes são especialmente sensíveis à desregulação endócrina potencialmente causada pelo BPA.

O Canadá proibiu o uso de BPA em mamadeiras em 2008 e alguns fabricantes de garrafas de policarbonato, sob pressão dos consumidores, estão, voluntariamente, eliminando a presença do bisfenol-A em seus produtos. Com a crescente evidência dos potenciais efeitos nocivos do BPA em humanos e diante da contaminação mesmo em bebidas frias, também torna-se necessário investigar o efeito do BPA em lactentes, em distúrbios reprodutivos e no desenvolvimento do câncer de mama em adultos.

O estudo “Use of Polycarbonate Bottles and Urinary Bisphenol A Concentrations” foi publicado no Environmental Health Perspectives e está disponível para acesso integral no formato PDF. Para acessar o artigo clique aqui.

Use of Polycarbonate Bottles and Urinary Bisphenol A Concentrations. Carwile et al.
Environmental Health Perspectives, May 12, 2009; DOI: 10.1289/ehp.0900604
Todd Datz, Harvard School of Public Health


FONTE
Quem quiser ler mais sobre BPA, o ECODEBATE tem uma lista de tópicos sobre o tema.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

União Europeia e China vetam uso de bisfenol

A importação e venda de mamadeiras que contenham bisfenol A (BPA) está proibida a partir de hoje em todos os países da União Europeia. Também hoje entra em vigor na China uma lei que proíbe a produção de frascos para alimentação infantil que contenham o químico.

Presente no policarbonato, um tipo de plástico rígido e transparente, e também na resina que reveste latas de alimentos, o BPA simula no organismo a ação do hormônio estrogênio, podendo causar desequilíbrio no sistema endócrino. Estudos em animais mostram inúmeros efeitos danosos, mas os resultados em humanos são inconclusivos.

Não se sabe se há riscos à saúde nas quantidades permitidas pela legislação. Mas especialistas concordam que a gestação e os primeiros dois anos de vida são os períodos de maior vulnerabilidade, pois os bebês estão em rápido desenvolvimento e têm pouca massa.

O BPA já foi banido no Canadá, na Costa Rica, na Malásia e em pelo menos 11 Estados americanos. No Brasil, a proibição do químico está em discussão no Congresso. Em abril, a Justiça determinou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que regulamentasse em 40 dias a inclusão de um alerta sobre a presença da substância nas embalagens dos produtos. A agência conseguiu prorrogar o prazo até agosto e está recorrendo da decisão.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,uniao-europeia-e-china-vetam-uso-de-bisfenol,726429,0.htm

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Portugal proíbe o uso do bisfenol na produção de mamadeiras

Portugal também adere à proibição do bisfenol A (BPA) na fabricação de mamadeiras de plástico.
A medida foi aprovada nesta quinta-feira em Conselho de Ministros em Portugal, ao abrigo de um decreto-Lei que transpõe uma diretiva europeia, que tem por objetivo proteger a saúde das crianças, principal alvo de contaminação da substância.

Na nota, o Executivo esclarece que a decisão de proibir o uso do bisfenol A na fabricação desses utensílios, surge da necessidade de “reduzir, por razões de saúde, a exposição dos lactentes a essa substância, transpondo uma diretiva comunitária sobre a matéria”.

A proibição deverá ser mantida como medida preventiva, pelo menos, até que estejam disponíveis novos dados “científicos que esclareçam sobre a importância toxicológica de alguns dos efeitos da utilização de BPA na fabricação e a colocação no mercado de mamadeiras”, refere o comunicado.

O BPA é utilizado para produzir plásticos de policarbonato usado em mamadeiras. A razão para a sua proibição prende-se com o fato de estudos terem comprovado que quando as mamadeiras são aquecidas em certas condições, pequenas quantidades dessa substância podem migrar dos recipientes para os alimentos e bebidas a ser ingeridas.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Garçom! Tem um potencial carcinogênico na minha sopa!

Yolande Sprague pode ser perdoada por se sentir virtuosa.  Quatro anos atrás depois de ter seu segundo filho, a dona de casa ouviu falar pela primeira vez sobre o BPA, um químico presente em plásticos que pode migrar para a água ou alimento, potencialmente causando sérios problemas de saúde como o câncer. Ela não estava disposta a arriscar e correu para a loja Babies “R”Us, que tinha um programa de troca de mamadeiras com BPA, e saiu de lá com $100 de crédito.

Seria bom se fosse fácil assim.

O que Sprague não se deu conta é que o BPA, ou bisfenol A, é onipresente, isso quer dizer, que quase tudo o que você come, que vem de uma lata, contem o químico.

A exposição ao BPA de enlatados “é muito mais extensiva” do que de garrafas plásticas, disse Shanna Swan, professora e pesquisadora da Universidade de Rochester em Nova York. “É principalmente preocupante nas latas de fórmula para crianças.”

O BPA é um componente essencial no revestimento de resina epóxi que mantem alimentos frescos por mais tempo e previne que interajam com o metal alterando o sabor. Já foi associado em pesquisas com ratos ao câncer, obesidade, diabetes e problemas cardíacos.

A indústria de enlatados diz que apoia o uso do químico e que alguns estudos feitos por agências governamentais consideraram o BPA seguro para o contato com alimentos. Eles também mencionam que seu uso reduziu significativamente o número de mortes de intoxicação alimentar.

Mas em janeiro, a FDA (Food and Drug Administration), correspondente a Anvisa nos Estados Unidos, pela primeira vez expressou “alguma preocupação” com o BPA. Motivada em parte por estudos recentes e também por uma crescente preocupação do público e de grupos de defesa ao consumidor, a agência anunciou que investirá 30 milhões de dólares em pesquisas que estudem os potenciais efeitos do químico no corpo humano.

Embora não esteja claro como esse estímulo econômico vai se dar, seus resultados estão sendo esperados ansiosamente pela indústria e consumidores. O relatório, previsto para o fim de 2011 está sendo feito em colaboração com o Instituto Nacional da Saúde (National Institutes of Health).

“Ainda não foi provado categoricamente que o BPA prejudica crianças ou adultos, mas como crianças no início de seu desenvolvimento estão expostas ao BPA, a informação que estamos buscando merece uma maior atenção”, disse o vice secretário do Health and Human Services, Bill Corr no começo do ano.

O que é claro no entanto é que ao contrário do plástico não existem ainda no momento alternativas à resina epóxi viáveis.

“Se está presente em mamadeiras, imagino então que está em muitos outros produtos também,” diz Sprague, que tem um histórico de partos prematuros. O nascimento de seu próximo filho está previsto para setembro.” Todo mundo está tendo câncer de mama agora. É assustador. Será que é por causa do BPA? Eu não sei.”

BPA x DNA

Um cientista que está envolvido na luta contra o BPA é o médico e professor da Universidade de Yale, Hugh Taylor. Sua pesquisa revelou que o químico altera como os genes reagem ao estrogênio, e que isso pode levar as crianças a desenvolver o câncer na fase adulta.

“Eu digo às minhas pacientes grávidas que evitem produtos com bisfenol A”, ele disse. “Mesmo uma pequena exposição durante a gravidez pode causar danos a longo prazo.”

Os estudos de Taylor são certamente surpreendentes. Eles revelaram que o químico altera como o DNA trabalha, um processo conhecido como mudança epigenética.

Em cada filamento do DNA um grupo de moléculas de carbono se liga a receptores que ajudam a determinar que genes serão acionados ou não. Na presença do BPA, no entanto, muitas dessas moléculas de carbono podem ser removidas do DNA, e com elas a definição do acionamento.

Imagine que os grupos de carbono são um tipo de fechadura e os receptores de DNA são o portão. Quando a fechadura é removida, o portão fica permanentemente aberto, aumentando significativamente o risco do estrogênio entrar na fase adulta, interagir com o DNA e causar câncer.

“Os efeitos são permanentes e duradouros,” disse Taylor. A exposição de adultos é preocupante, mas acho que a exposição de fetos é pior.”

Para estudar como o BPA pode afetar bebês no útero, Taylor injetou ratas grávidas com altas doses de bisfenol A por 5 dias. Ele descobriu que as ratas expostas ao BPA no útero não tinham o “portão” nos receptores de DNA e se tornaram mais suscetíveis ao estrogênio durante o resto de suas vidas.

Como muitos alimentos possuem estrogênio natural – soja, por exemplo – Taylor acredita que seus estudos sugerem que complicações podem aparecer mais para frente simplesmente como resultado de uma alimentação básica, sem falar de suplementos de estrogênio que muitas mulheres tomam ao entrar na menopausa. “Nos modelos com ratas, elas são mais suscetíveis ao câncer,”diz Taylor.

Por ser ginecologista, Taylor estudou os efeitos primariamente em ratas. O impacto a longo prazo do BPA em receptores de DNA em machos, ele disse, ainda é desconhecido. Sua pesquisa também é limitada porque ele não pode testar o BPA em humanos não contaminados. “Todos temos o BPA em nossos corpos, então não existe uma maneira de testar uma população não contaminada,”ele disse. Você nunca terá o perfeito experimento com humanos para uma prova definitiva.”

Atualmente Taylor está estudando como o BPA remove os grupos de carbono do DNA – o processo específico pelo qual o BPA remove as “fechaduras”- e espera que essa pesquisa traga uma maior compreensão de como o químico interage com o corpo.

Ele reconhece o papel do BPA na segurança de alimentos mas diz que as pessoas devem estar conscientes do perigo em potencial. “Sempre equilibramos em nossas vidas os riscos com os benefícios que trazem”, ele disse. “Pagamos um preço pela sociedade moderna e conveniente.”

Frederick vom Saal, professor da Universidade de Missouri que também estuda o BPA é muito menos diplomático. Conhecido com um intenso ativista contra o químico, ele disse que se o BPA fosse considerado um remédio, “ele seria proibido imediatamente”.

Uma descoberta

Dentro de enlatados, a fina camada de resina epóxi separa o alimento do metal da lata, evitando que os dois interajam e prevenindo a ferrugem.

A resina é pulverizada na lata e seca quase que instantaneamente. Milhares de empresas, como a Campbell Soup e Coca-Cola, utilizam a resina como revestimento interno. Sem essa proteção, o alimento estragaria mais rápido. Latas sem o químico explodiriam nas prateleiras de lojas quando o alimento reagisse com o metal.

O BPA foi sintetizado pela primeira vez em 1891, o BPA endurece o plástico, possibilitando sua utilização em vários produtos, de canoas plásticas a recibos. É um componente essencial da resina epóxi agindo como parte da base do polímero e foi usado pela primeira vez em uma lata em 1940.

Foi um produto revolucionário e sua utilização só cresceu. “Ele é especial”, disse Steve Russel, líder da divisão de plástico do Conselho Americano de Química (American Chemistry Council). “Quando se deram conta foi um daqueles momentos ‘eureka’.

Como o BPA foi considerado seguro sem ser questionado por tanto tempo, poucas pesquisas foram feitas na busca de alternativas comerciais viáveis para enlatados. “ No momento não existe uma resina única que ofereça o mesmo grau de segurança para recipientes de alimentos, tempo de prateleira e custo benefício para o acondicionamento de frutas e vegetais,”disse Russel.

O mesmo não aconteceu com as garrafas plásticas. Nessa indústria, substituições foram muito mais fáceis de achar. Alternativas ao plástico com BPA incluem polietileno, mais usado na fabricação de sacolas plásticas e o polipropileno, que é utilizado em squeezes (garrafas plásticas reutilizáveis destinadas a esportistas).

É certo que resinas sem BPA já existem, mas são muito mais caras. Este é um desafio para a indústria que é sensível a mudanças de preço em frações de centavos.

A empresa Eden Foods que está localizada em Michigan, por exemplo, comercializa feijão e arroz em latas sem BPA feitas pela Ball Corp, mas elas custam 14% a mais do que as tradicionais. As latas representam um dos maiores custos para a indústria de alimentos enlatados e a mudança para uma resina mais cara provavelmente acarretaria em um aumento de preços e prejudicaria os consumidores, especialmente os que compram cestas básicas e têm baixo poder aquisitivo.

A fábrica Ball utiliza um mix de esmalte que contem resinas naturais de pinho e balsamo, uma mistura que era utilizada antes do BPA se tornar tão popular, mais de 50 anos atrás. “Quando falamos que a lata corresponde a metade do preço de um enlatado isso significa que é um mercado altamente competitivo,”afirmou Michael Potter, presidente da Eden Foods.

Mesmo assim, a empresa conseguiu sobreviver graças ao interesse crescente em alimentos naturais, ele comentou. Eden ainda comercializa produtos que contêm BPA. É importante salientar que o FDA (Federal Drug Administration) ainda não aprovou nenhum outro tipo de revestimento para alimentos ácidos. Mas Potter diz que ele está trabalhando juntamente com Ball em uma alternativa a qual ele espera colocar nas prateleiras nos próximos anos.

Outras alternativas estão sendo desenvolvidas. No começo do ano, Michal Jafffe, um pesquisador e professor do Instituto de Tecnologia de New Jersey, recebeu uma patente para uma resina a base de açúcar de milho que imita a estrutura do BPA mas não tem seus efeitos negativos.


No entanto, a resina ainda está a anos de ser comercializada e o preço da mudança ainda é desconhecido. “O custo final será claramente dependente do volume,”disse Jaffe. “Mas não vejo razão para que essa resina não seja competitiva em relação ao BPA.”

De volta à Universidade de Rochester, Swan e sua equipe estão estudando o quanto o BPA é absorvido pelo corpo dependendo da quantidade de alimentos enlatados consumidos. O resultado da pesquisa está previsto para ser divulgado até o final do ano.

Ratos e metabolismo

No momento, a indústria química não só continua promovendo o BPA como também alerta consumidores para que fiquem atentos a substitutos que não foram ainda rigorosamente testados.

Também somos pais e entendemos que todos querem o melhor para seus filhos,” disse Russel do Conselho Químico Americano. “Mas temos que entender que ao buscar evitar o BPA, fazemos isso não porque agências governamentais dizem que ele não é seguro mas porque algumas pessoas querem ser muito cautelosas. Isso se resume no grau de incerteza que é aceitável para cada um.”

Parte da preocupação que muitos da indústria química têm está nos estudos realizados como o de Taylor que tendem a usar altas doses de BPA. Taylor injetou ratos com 5 miligramas do químico – muito mais do que qualquer um estaria exposto ao comer somente um enlatado.

A indústria química afirma que o BPA é metabolizado rapidamente pelo corpo e que é excretado antes que possa interagir com células. “Os níveis do químico aos quais uma pessoa poderia estar exposta ao usar produtos que contenham o BPA, incluindo a resina epóxi em recipientes alimentares, são tão pequenos que agências governamentais que avaliaram o BPA disseram, “Sim, mesmo que todas essas coisas horríveis que dizem que o BPA causa fossem verdadeiras, os níveis de exposição são tão pequenos que não estamos convencidos que exista um risco real,” disse Russel. “É por isso que continuam a permitir o seu uso.”

Para Taylor (Yale), qualquer quantidade do químico tóxico é muita para alguns. “Podemos argumentar sobre qual é a dose segura, mas se eu fosse mulher e estivesse grávida, evitaria o consumo de BPA,” ele disse. “A exposição de adultos é preocupante, mas eu acho que a exposição de fetos é pior.”

Considerando a polêmica, todos estão de olho no FDA. A agência insiste, faz tempo, que o químico é seguro, então não passou desapercebido quando afirmou que usaria fundos do Ato de Recuperação e Reinvestimento de 2009 para estudar o que o BPA causa no corpo humano. “Precisamos saber mais,” disse a jornalistas no começo do ano Dr. Josh Sharfstein, representante do FDA.

Para aumentar a confusão, a agência reguladora do Canadá que proibiu o uso de BPA em mamadeiras, no início de junho divulgou que os níveis de BPA em enlatados “não representam um risco à saúde.”

Empresas líderes e organizações de indústrias usam como referência a posição atual tanto do FDA quanto da agência canadense, e diz que concordam com essas e outras agências que afirmam que o químico é seguro. “Nós apoiamos as novas pesquisas do FDA com o BPA,”disse Scott Openshaw da Associação de Fabricantes de Produtos de Supermercados. “Nós confiamos nas autoridades para determinar quando uma substância não é segura.”

A Aliança de Embalagens Metálicas Norte Americana afirma que o BPA oferece “benefícios importantes, reais e quantitativos para a saúde,”disse John Rost, que é um Ph.D. em química e é presidente da aliança. “Com o uso da resina epóxi em recipientes alimentares de metal, não tivemos nenhuma intoxicação alimentar relacionada às embalagens nos últimos 33 anos.”

Mesmo assim, a onda contra o BPA chegou no mundo corporativo americano. Em abril, acionistas da Coca-Cola rejeitaram uma proposta que pedia à empresa que divulgasse um relatório sobre possíveis alternativas ao BPA e como o químico poderia afetar o valor das ações. Executivos insistiram que um relatório não ofereceria “nenhuma informação útil adicional.”

Uma pessoa que pesa 61 kg precisaria ingerir mais de 14,400 de bebidas em lata em um só dia para se aproximar do limite diário aceitável estabelecido pelo FDA, disse a Coca-Cola.

Para os fabricantes de BPA, que incluem Dow Chemical e Hexion Specialty Chemicals, o químico não representa grande parte do lucro. Se fosse proibido hoje, as duas empresas continuariam seus negócios sem maiores problemas.

De acordo com consultoria SRI, foram utilizadas 4.1 milhões de toneladas de resina no mundo em 2006 (dados mais recentes disponíveis). A indústria tem capacidade para produzir 4.6 milhões de toneladas e o Oeste Europeu atualmente consome mais BPA do que os Estados Unidos.

A sopa está pronta

De volta à casa de Sprague em Dover, New Hampshire, seu filho de cinco anos, Eddie está procurando um lanche na despensa.

Seus pais não querem enlouquecer com o BPA; eles sabem que estatisticamente o BPA já salvou vidas evitando intoxicações alimentares. É certo que a chance de Eddie fazer 6 anos é muito maior porque ele nasceu em 2004 ao invés de 1804, quando era comum crianças morrerem por intoxicação alimentar.

Mesmo assim, muitos pais estão preocupados. Qual a quantidade segura de BPA que pode ser ingerida? Será que devemos conscientemente ingerir um carcinogênico em potencial mesmo que em doses mínimas? Por que não existem alternativas mais baratas?

No momento, famílias como a de Sprague começam a pensar se vale a pena ou não comer alimentos enlatados. E de acordo com a Taylor (Yale), se isso os levar a comer mais frutas e verduras frescas, o esforço terá valido a pena.

Eu não uso enlatados todos os dias,” disse Sprague (26 anos). “Mas se eu comesse, eu diminuiria a quantidade.”

O vento bate levemente na porta de tela da casa de Sprague. Papéis saem voando dos imãs da geladeira. Seu filho, Eddie, corre para a cozinha, pega uma lata e pergunta à mãe:

“Mãe, que tipo de sopa é essa?”

Fonte – Ernest Schneyder; Edição de Jim Impoco e Claudia Parsons, Tradução: Fabiana Dupont, Reuters EUA de 09 de junho de 2010 / O Tao do Consumo

http://www.funverde.org.br/blog/archives/7897

sábado, 11 de março de 2023

Produtos tóxicos que utilizamos sem saber



Se a pandemia serviu como uma janela para a nossa saúde, o que ela revelou foi uma população americana que não só está doente, mas também parece estar cada vez mais doente. 

A expectativa de vida está caindo vertiginosamente. 3/4 dos americanos estão com sobrepeso ou obesidade, metade tem diabetes ou pré-diabetes e a maioria não é metabolicamente saudável.

Além disso, as taxas de doenças alérgicas, inflamatórias e autoimunes estão aumentando a taxas de 3% a 9% ao ano no Ocidente , muito mais rápido do que a velocidade da mudança genética nessa população.

Claro, a dieta e o estilo de vida são os principais fatores por trás dessas tendências, mas um fator totalmente subestimado no que nos aflige é o papel das toxinas ambientais e dos produtos químicos desreguladores do sistema endócrino.

Nos últimos anos, esses fatores escaparam amplamente do estabelecimento médico ocidental tradicional; no entanto, evidências crescentes agora apoiam sua importância na fertilidade, saúde metabólica e câncer.

Embora vários produtos químicos e toxinas industriais tenham sido identificados como cancerígenos e posteriormente regulamentados, muitos outros permanecem persistentes no meio ambiente e continuam a ser usados ​​livremente. 

Sendo assim, é responsabilidade tanto do público em geral quanto dos médicos estarem informados sobre essas exposições. 

Aqui, revisamos algumas das exposições mais comuns e os riscos substanciais à saúde associados a elas, juntamente com algumas orientações gerais sobre as melhores práticas sobre como minimizar a exposição.

Microplásticos

"Microplásticos" é um termo usado para descrever pequenos fragmentos ou partículas de decomposição de plástico ou microesferas de produtos domésticos ou de higiene pessoal, medindo menos de 5 mm de comprimento.

Os resíduos plásticos estão se acumulando em proporções alarmantes e devastadoras – até 2050, estima-se que, em peso, haverá mais plástico do que peixes nos oceanos. Isso se traduz em centenas de milhares de toneladas de microplásticos e trilhões dessas partículas nos mares. Um estudo recente demonstrou que os microplásticos estavam presentes na corrente sanguínea na maioria dos 22 participantes saudáveis.

Desde a década de 1950, a exposição ao plástico demonstrou promover a tumorigênese em estudos com animais, e estudos in vitro demonstraram a toxicidade dos microplásticos no nível celular. No entanto, não se sabe se o plástico em si é tóxico ou se serve simplesmente como um transportador para a bioacumulação de outras toxinas ambientais.

De acordo com Tasha Stoiber, cientista sênior do Environmental Working Group (EWG), "os microplásticos foram amplamente detectados em peixes e frutos do mar, bem como em outros produtos como água engarrafada, cerveja, mel e água da torneira". O EWG afirma que não há avisos formais sobre o consumo de peixe para evitar a exposição a microplásticos no momento.

A pressão também está aumentando para a proibição de microesferas em produtos de cuidados pessoais.

Até que essas proibições sejam implementadas, é aconselhável evitar plásticos descartáveis, favorecer sacolas reutilizáveis ​​para compras de supermercado em vez de sacolas plásticas e optar por chá de folhas soltas ou saquinhos de chá de papel em vez de alternativas à base de malha.

Ftalatos

Os ftalatos são produtos químicos usados ​​para tornar os plásticos macios e duráveis, bem como para fixar fragrâncias. Eles são comumente encontrados em itens domésticos, como vinil (por exemplo, piso, cortinas de chuveiro) e fragrâncias, purificadores de ar e perfumes.
Os ftalatos são substâncias químicas conhecidas que desregulam os hormônios, cuja exposição tem sido associada ao desenvolvimento sexual e cerebral anormal em crianças , bem como a níveis mais baixos de testosterona em homens . Acredita-se que as exposições ocorram por inalação, ingestão e contato com a pele; no entanto, estudos em jejum demonstram que a maior parte da exposição provavelmente está relacionada à alimentação.

Para evitar a exposição aos ftalatos, as recomendações incluem evitar plásticos de cloreto de polivinila (principalmente recipientes de alimentos, embalagens plásticas e brinquedos infantis), que são identificados pelo código de reciclagem número 3, bem como purificadores de ar e produtos perfumados.

O banco de dados Skin Deep do EWG fornece um recurso importante sobre produtos de cuidados pessoais livres de ftalatos.

Apesar da pressão de grupos de defesa do consumidor, a Food and Drug Administration dos EUA ainda não proibiu os ftalatos nas embalagens de alimentos.

Bisfenol A (BPA)

O BPA é um aditivo químico usado para fabricar plásticos de policarbonato transparentes e duros, bem como epóxi e papéis térmicos. O BPA é um dos produtos químicos de maior volume, com cerca de 6 bilhões de libras produzidas a cada ano . O BPA é tradicionalmente encontrado em muitas garrafas plásticas transparentes e copos com canudinho, bem como no revestimento de alimentos enlatados.

Estruturalmente, o BPA atua como um mimético do estrogênio e tem sido associado a doenças cardiovasculares , obesidade e disfunção sexual masculina . Desde 2012, o BPA foi banido em copinhos e mamadeiras, mas há algum debate sobre se seus substitutos (bisfenol S e bisfenol F) são mais seguros; eles parecem ter efeitos hormonais semelhantes aos do BPA .

Tal como acontece com os ftalatos, pensa-se que a maior parte da ingestão está relacionada com os alimentos. O BPA foi encontrado em mais de 90% de uma população de estudo representativa nos Estados Unidos.

A orientação orienta evitar plásticos de policarbonato (identificáveis ​​com o código de reciclagem número 7), bem como evitar o manuseio de papéis térmicos como tickets e recibos, se possível. Alimentos e bebidas devem ser armazenados em vidro ou aço inoxidável. Se for necessário usar plástico, opte por plásticos sem policarbonato e cloreto de polivinila, e alimentos e bebidas nunca devem ser reaquecidos em recipientes ou embalagens de plástico. Alimentos enlatados devem ser evitados, especialmente atum enlatado e sopas condensadas. Se forem comprados produtos enlatados, eles devem ser isentos de BPA.

Dioxinas e bifenilos policlorados (PCBs)

As dioxinas são principalmente subprodutos de práticas industriais ; eles são liberados após incineração, queima de lixo e incêndios. Os PCBs, que são estruturalmente relacionados às dioxinas, foram encontrados anteriormente em produtos como retardadores de chama e refrigerantes. As dioxinas e os PCBs são frequentemente agrupados na mesma categoria sob o termo genérico "poluentes orgânicos persistentes" porque se decompõem lentamente e permanecem no meio ambiente mesmo após a redução das emissões.

A tetraclorodibenzodioxina, talvez a dioxina mais conhecida, é um carcinógeno conhecido. As dioxinas também têm sido associadas a uma série de implicações para a saúde no desenvolvimento, imunidade e sistemas reprodutivo e endócrino. Níveis mais altos de exposição a PCB também foram associados a um risco aumentado de mortalidade por doenças cardiovasculares .

Notavelmente, as emissões de dioxinas foram reduzidas em 90% desde a década de 1980, e a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) proibiu o uso de PCBs na fabricação industrial desde 1979. No entanto, as dioxinas ambientais e os PCBs ainda entram na cadeia alimentar e se acumulam na gordura .

As melhores maneiras de evitar exposições são limitando o consumo de carne, peixe e laticínios e cortando a pele e a gordura das carnes. O nível de dioxinas e PCBs encontrados em carnes, ovos, peixes e laticínios é aproximadamente 5 a 10 vezes maior do que em alimentos de origem vegetal. A pesquisa mostrou que o salmão de viveiro provavelmente é a fonte de proteína mais contaminada com PCB na dieta dos EUA ; no entanto, formas mais recentes de aquicultura sustentável e baseada em terra provavelmente evitam essa exposição.

Pesticidas

O crescimento da monocultura moderna nos Estados Unidos no último século coincidiu com um aumento dramático no uso de pesticidas industriais. Na verdade, mais de 90% da população dos EUA tem pesticidas na urina e no sangue, independentemente de onde vivem. Acredita-se que as exposições estejam relacionadas com alimentos.

Aproximadamente 1 bilhão de libras de pesticidas são usados ​​anualmente nos Estados Unidos, incluindo quase 300 milhões de libras de glifosato , que foi identificado como um provável carcinógeno por agências europeias. A EPA ainda não chegou a essa conclusão, embora o assunto esteja atualmente sendo litigado.

Um grande estudo de coorte prospectivo europeu demonstrou um menor risco de câncer naqueles com maior frequência de auto-relato de consumo de alimentos orgânicos. Além do risco de câncer, níveis sanguíneos relativamente elevados de um pesticida conhecido como beta-hexaclorociclohexano (B-HCH) estão associados a maior mortalidade por todas as causas . Além disso, a exposição ao DDE – um metabólito do DDT, um pesticida clorado muito usado nas décadas de 1940 e 1960 que ainda persiste no meio ambiente hoje – demonstrou aumentar o risco de demência do tipo Alzheimer , bem como o declínio cognitivo geral.

Como esses pesticidas clorados geralmente são solúveis em gordura, eles parecem se acumular em produtos de origem animal. Portanto, descobriu-se que as pessoas que consomem uma dieta vegetariana têm níveis mais baixos de B-HCH. Isso levou à recomendação de que os consumidores de produtos devem preferir o orgânico ao convencional, se possível. Aqui também, o EWG fornece um recurso importante para os consumidores na forma de guias de compras sobre pesticidas em produtos .

Substâncias per e polifluoroalquil (PFAS)

Os PFAS são um grupo de compostos fluorados descobertos na década de 1930. Sua composição química inclui uma ligação carbono-fluoreto durável, dando-lhes uma persistência no meio ambiente que os levou a serem chamados de "produtos químicos eternos".

PFAS foram detectados no sangue de 98% dos americanos e na água da chuva de locais tão distantes quanto o Tibete e a Antártica . Mesmo níveis baixos de exposição têm sido associados a um risco aumentado de câncer, doença hepática, baixo peso ao nascer e distúrbios hormonais.

As propriedades do PFAS também os tornam duráveis ​​em altas temperaturas e repelentes à água. Notoriamente, o produto químico foi usado pela 3M para fazer Scotchgard para tapetes e tecidos e pela Dupont para fazer Teflon para revestimento antiaderente de panelas e frigideiras. Embora o ácido perfluorooctanóico (PFOA) tenha sido removido das panelas antiaderentes em 2013, o PFAS – uma família de milhares de compostos sintéticos – permanece comum em embalagens de fast-food, roupas repelentes de água e manchas, espuma de combate a incêndios e produtos de higiene pessoal. Os PFAS são liberados no meio ambiente durante a decomposição desses produtos de consumo e industriais, bem como no despejo de instalações de resíduos.

De forma alarmante, o EWG observa que até 200 milhões de americanos podem estar expostos ao PFAS em sua água potável . Em março de 2021, a EPA anunciou que regulamentará o PFAS na água potável; no entanto, os regulamentos não foram finalizados. Atualmente, cabe aos estados individuais testar sua presença na água. O EWG compilou um mapa de todos os locais conhecidos de contaminação por PFAS .

Para evitar ou prevenir exposições de PFAS, as recomendações incluem filtrar a água da torneira com osmose reversa ou filtros de carvão ativado, bem como evitar fast food e comida pronta, se possível, e produtos de consumo rotulados como "resistentes à água", "manchas resistente" e "antiaderente".

Em uma prova de como esses produtos químicos são prejudiciais, a EPA revisou recentemente seus alertas de saúde vitalícios para PFAS, como o PFOA, para 0,004 partes por trilhão, o que é mais de 10.000 vezes menor que o limite anterior de 70 partes por trilhão. A EPA também propôs designar formalmente certos produtos químicos PFAS como "substâncias perigosas".

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Exposição ao bisfenol A é subestimada, diz estudo

Pesquisa mostrou que a substância presente no plástico se acumula mais rapidamente no corpo do que se pensava anteriormente

Para o estudo, os pesquisadores expuseram um grupo de camundongos a uma dieta diária e suplementada com BPA e compararam com outro grupo que teve uma única exposição à substância. Eles encontraram uma absorção aumentada e acumulação de BPA no sangue dos animais.

O estudo foi publicado na revista científica Environmental Health Perspectives. Esta é a primeira pesquisa a examinar as concentrações de BPA em modelos animais depois da exposição durante uma dieta regular e diária – o que, segundo os pesquisadores, é o melhor método para se aproximar da exposição crônica e contínua como a que ocorre com os seres humanos. Nos levantamentos anteriores, os ratos eram expostos uma única vez à substância.

No texto, os cientistas pontuam que mais de 90% das pessoas nos Estados Unidos possuem concentrações de BPA no corpo. “Nós acreditamos que estes estudos realizados em ratos em que a exposição ao BPA é através da dieta é uma representação mais precisa do que acontece com o BPA no corpo humano”, disse a pesquisadora Cheryl Rosenfeld. Segundo ela, mais estudos são necessários para saber o mecanismo de concentração, absorção e distribuição do BPA na corrente sanguínea.

Saiba como evitar a substância, que também está presentes em outros produtos usados no dia a dia:
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/exposicao-ao-bisfenol-a-e-subestimada-diz-estudo

sábado, 15 de novembro de 2014

Novembro Azul: Diabetes e Câncer de próstata

"Novembro azul. Agora é a vez dos homens. Outubro foi rosa. Outubro foi das mulheres. Outubro foi da prevenção do câncer de mama. Novembro é azul. Novembro é dos homens. Novembro é da prevenção do câncer de próstata. Mas, não é só o câncer de próstata. A saúde do homem vai muito além. A mulher começa a visitar o ginecologista assim que menstrua. O homem, somente após os 40 anos. O homem só descobre problemas de fertilidade se não conseguir engravidar a parceira. E hoje sabemos da verdadeira pandemia de sub- fertilidade entre homens jovens, devido a exposição ao bisfenol A e a outros disruptores endócrinos, que atrapalharam o desenvolvimento dos testículos.A produção de testosterona da nova geração também está muito mais baixa. E ninguém avisa. Tudo silenciado. Esta na hora de expormos a saúde do homem. Levar a sério. Desde o início da fase adulta. E não somente após os 40 anos. Chega de preconceitos. A hora é do homem."

O pequeno texto acima é do meu amigo @drflaviocadegiani (médico endocrinologista).

Resolvi repostá-lo pq ele aborda algo que pouco se fala: Saúde do homem. A maioria das campanhas para homem são focadas em Câncer de próstata, Diabetes e Hipertensão. Doenças que só surgem (geralmente) após os 40 anos.

Saúde do homem engloba muito mais que isso. Engloba preparar o terreno para uma terceira idade saudável. Engloba prevenção de infertilidade, tema negligenciado mas que nos próximos anos entrará em voga.

É raro um mês que não atendo algum homem (abaixo dos 40) com queixa de espermograma alterado. Inúmeros fatores podem estar influenciando, dentre eles o uso de celular, proximidade com os testículos, disruptores endócrinos (bisfenol, agrotóxicos, ftalatos, dioxinas, fitoestrógenos, poluentes orgânicos persistentes, chumbo, arsênico, mercúrio), dieta inadequada (zinco, vitamina E, vitamina A, coenzima q10).