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segunda-feira, 21 de março de 2011

As substâncias químicas prejudicam a ovulação, a produção de espermatozóides, a gestação e afetam a saúde do feto

Pode parecer comum, mas o que muitas pessoas não sabem é que o álcool, o cigarro e as drogas ilícitas prejudicam de forma direta a fertilidade masculina e feminina. Cada substância maléfica tem seus efeitos e prejuízos em particular. O álcool, por exemplo, além de interferir na fertilidade, age na sexualidade do homem e da mulher e ainda estimula o uso de outras substâncias químicas como o cigarro e as drogas em geral. A seguir, a explicação dos males de cada um.
Álcool

Na mulher, pode causar uma alteração no funcionamento normal do sistema regulador cerebral responsável pela produção dos hormônios femininos. Com isso, é possível haver falha da menstruação, aumento do hormônio prolactina (responsável, entre outras, pela produção de leite), diminuição da libido (desejo sexual), falha na ovulação e defeito de fase lútea (pós-ovulação) e, com isso, a infertilidade. Segundo estudos realizados por Hakim RB divulgados na publicação científica Fertility and Sterility, o consumo de álcool está correlacionado com até 50% à redução da fertilidade feminina.

A libido também pode ser afetada em homens que consomem grande quantidade de álcool. O pesquisador Gaur DS afirma que somente 12% dos homens alcoólatras apresentam contagem espermática normal. A produção dos espermatozóides, por exemplo, pode sofrer interferências de diversos fatores: alteração no sistema regulador cerebral que reduz a produção do hormônio testosterona; danos às células produtoras dos espermatozóides diretamente nos testículos, devido à atrofia por lesões vasculares, e modificações nas células do fígado que mudam suas funções e aumentam os níveis de estrogênio. A testosterona é o hormônio responsável pela produção de espermatozóides, com isso há uma queda no número e na qualidade deles. O consumo do álcool também tem sido relacionado com aneuploidias (alterações cromossômicas) em espermatozóides, de forma que a análise dos abortos são frequentemente modificadas.

O álcool está presente no sêmen pouco tempo após a sua ingestão, o que gera interferência direta com a concepção e a implantação. Os efeitos da substância parecem desaparecer nos meses seguintes a sua interrupção, porém, atualmente, alguns relatos revelam que seus efeitos são irreversíveis.

Na gestação, o álcool também é um vilão. Ainda se desconhece um nível seguro do consumo da bebida nesta fase, portanto, não é recomendado ingerir durante a gravidez. A substância talvez seja a mais perigosa, já que pode levar a várias complicações, dentre elas a mais séria: a Síndrome Alcóolico Fetal. Esta doença, que pode ocorrer em 30% a 40% dos filhos de mulheres alcoólatras é caracterizada por deficiência de crescimento, retardo mental, distúrbios de comportamento, além do aumento da incidência de problemas cardíacos e cerebrais após o nascimento. O álcool também é responsável pelo aumento no risco de aborto espontâneo em 2 a 3 vezes se consumido pela mulher e de 2 a 5 vezes se for consumido pelo homem. Além disso, pode aumentar o risco de parto prematuro e morte fetal.

Cigarro

Outra substância responsável por alterações hormonais, aumento da incidência de câncer e diminuição nas taxas de sucesso nos tratamentos de reprodução assistida. Nas mulheres, o cigarro pode causar alterações menstruais, devido a disfunções hormonais e lesões tubárias, o que aumenta a incidência de gestação ectópica (nas trompas). Pode reduzir a quantidade de estrogênio circulante e alterar a circulação sanguínea ovariana, o que contribui para a diminuição da qualidade e quantidade de óvulos e aumenta o risco de problemas genéticos nos embriões. Devido aos seus efeitos nos vasos sanguíneos, além de diminuir o aporte de sangue aos órgãos genitais está relacionado a uma menor taxa de implantação embrionária. O pesquisador Hakim RB divulgou na revista científica Fertility and Sterility que mulheres que nunca fumaram tiveram o dobro de sucesso na taxa de gestação comparadas às que fumaram, o que revela o impacto na infertilidade.

Nos homens o cigarro pode ser responsável por aumentar a quantidade de radicais livres no líquido seminal, levando a uma queda de qualidade e quantidade de espermatozóides, além de estar relacionado a alterações estruturais do gameta masculino. O estresse oxidativo (desequilíbrio do sistema biológico que danifica as células) pode estar relacionado à fragmentação do DNA do espermatozóide e ser causa de má qualidade dos pré-embriões. De acordo com estudos realizados por Gaur DS, apenas 6% dos homens tabagistas apresentam espermograma normal. Na gestação, o tabaco pode prejudicar o desenvolvimento fetal por comprometimento vascular na placenta, e aumentar a frequência de fetos com baixo peso, parto pré-termo e óbito intraútero.

Drogas Ilícitas

A maconha, a droga atualmente mais consumida, pode originar alterações hormonais nas mulheres e homens e, consequentemente, diminuir a fertilidade e as taxas de sucesso nos tratamentos de reprodução assistida. A droga está associada à diminuição da qualidade e quantidade de espermatozóides e óvulos. O uso da maconha durante a gravidez pode ter efeitos extremamente variáveis sobre o feto, dependendo da quantidade e frequência do consumo. Menor duração da gestação e crianças com baixo peso ao nascer são algumas de suas complicações.

Já a cocaína e o crack podem levar a diminuição da libido nas mulheres e nos homens, diminuição na produção hormonal com alteração no número e qualidade dos óvulos e espermatozóides, assim como elevar a taxa de fragmentação de DNA dos espermatozóides. Quando consumidos durante a gestação, estão associados aos recém-nascidos de baixo peso, malformações ou problemas neurológicos. Como o tabaco, mas em muito maior grau, a cocaína diminui o fluxo de sangue para o feto, que poderá ter restrição de crescimento no útero ou baixo peso ao nascer. Também é responsável pelo aumento da pressão na mãe ou nascimento prematuro por insuficiência placentária ou descolamento da placenta e ainda contrações uterinas precoces. Devido a sua ação direta no sistema vascular fetal pode causar malformações urogenitais, cardiovasculares e do sistema nervoso central.

A heroína na mulher está associada a distúrbios no ciclo menstrual e no homem à impotência. Aumenta o risco de aborto, parto prematuro, baixo peso fetal e morte do feto ao nascimento. Os filhos de mãe dependente desta droga poderão sofrer a síndrome da morte súbita, sintomas de abstinência logo após o nascimento e problemas durante seu desenvolvimento.

Os anabolizantes esteróides cursam na mulher com anovulação (falta de ovulação), além de impotência masculina e queda da testosterona com consequente diminuição no número de espermatozóides.

Pelo fato de as drogas ilícitas estarem relacionadas ao aumento do risco de doenças sexualmente transmissíveis, elas diminuem o sistema imunológico e causam infertilidade conjugal.

É de suma importância a interrupção do consumo de drogas aos casais que pretendem engravidar, pois estas substâncias demoram em média de três a seis meses para serem depuradas pelo organismo, portanto, podem resultar em infertilidade temporária ou permanente.

Recomenda-se a suspensão destas substâncias para que os casais aumentem suas chances de sucesso de uma gestação tranquila, mesmo com a necessidade da inseminação artificial ou da fertilização in vitro. É válido lembrar que a Fertivitro não recomenda o início de nenhum tratamento de reprodução assistida em pessoas que consomem álcool, cigarro ou drogas ilícitas.

Autora: Dra. Fernanda Coimbra Miyasato é ginecologista, especialista em Reprodução Assistida, da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.

Fonte: http://fertivitro.wordpress.com/2011/03/14/alcool-e-drogas-interferem-na-fertilidade-do-homem-e-da-mulher/