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segunda-feira, 17 de julho de 2023

Massa muscular magra é associada a proteção contra Alzheimer

 A massa muscular magra pode proteger contra o surgimento da doença de Alzheimer, sugere nova pesquisa.

Os pesquisadores analisaram dados de mais de 450.000 pacientes registrados no UK Biobank, duas amostras independentes de mais de 320.000 indivíduos com e sem doença de Alzheimer e mais de 260.000 participantes de um estudo a parte sobre genes e inteligência.

Eles avaliaram o tecido muscular e adiposo nos membros inferiores e superiores, e encontraram mais de 500 variantes genéticas associadas à massa magra em análises ajustadas.

Em média, a massa magra geneticamente mais alta foi associada a uma redução “modesta, mas estatisticamente robusta” do risco de Alzheimer e a um desempenho superior em tarefas cognitivas.

“Usando dados genéticos humanos, encontramos evidências de efeito protetor da massa magra sobre o risco de doença de Alzheimer”, disse o pesquisador do estudo Dr. Iyas Daghlas, médico residente do Departamento de Neurologia da University of California (San Francisco), nos Estados Unidos, ao Medscape.

Embora “estudos de intervenção clínica sejam necessários para confirmar esse efeito, este achado embasa as recomendações atuais para manter um estilo de vida saudável a fim de prevenir a demência”, disse ele.

O estudo foi publicado on-line em 29 de junho no periódico BMJ Medicine.

Pesquisa naturalmente randomizada

Vários parâmetros de composição corporal foram avaliados por sua possível associação com a doença de Alzheimer. Estudos demonstraram que a massa magra – um “equivalente da massa muscular, definida como a diferença entre a massa total e a massa gorda” – é menor em pacientes com doença de Alzheimer em comparação com os controles, observaram os pesquisadores.

“Pesquisas anteriores analisaram a relação do índice de massa corporal (IMC) com a doença de Alzheimer e não encontraram evidências de um efeito causal”, disse o Dr. Iyas. “Nós nos perguntamos se o IMC era uma medida insuficientemente refinada e levantamos a hipótese de que a desagregação da massa corporal em massa magra e massa gorda poderia revelar novas associações com doenças”.

A maioria dos estudos usou um desenho de caso-controle, que pode ser influenciado por “confusão residual ou causalidade reversa”. Dados naturalmente randomizados “podem ser usados como uma alternativa aos estudos observacionais convencionais para avaliar relações causais entre fatores de risco e doenças”, escrevem os pesquisadores.

Em particular, o paradigma de randomização mendeliana aloca aleatoriamente variantes genéticas da linhagem germinativa e as usa como equivalentes a um fator de risco específico.

A randomização mendeliana “é uma técnica que permite aos pesquisadores analisar relações de causa e efeito usando dados genéticos humanos”, explicou o Dr. Iyas. “Na verdade, estamos estudando os resultados de um experimento aleatório natural em que alguns indivíduos são geneticamente predispostos a carregar mais massa magra”.

O estudo em pauta usou a randomização mendeliana para analisar o efeito da massa magra geneticamente representada no risco de doença de Alzheimer e o “fenótipo relacionado” do desempenho cognitivo.

Equivalente genético

Como equivalentes genéticos para massa magra, os pesquisadores escolheram polimorfismos de nucleotídeo único (variantes genéticas) que foram associados, em um estudo de associação do genoma (GWAS, sigla do inglês genome-wide association study), com massa magra apendicular.

A massa magra apendicular “reflete com mais precisão os efeitos da massa magra do que a massa magra do corpo inteiro, que inclui músculo liso e cardíaco”, explicam os autores.

Este estudo de associação do genoma usou dados fenotípicos e genéticos de 450.243 participantes da coorte UK Biobank (média de idade de 57 anos), todos de ascendência europeia.

Os pesquisadores realizaram ajustes para considerar idade, sexo e ancestralidade genética. Eles mediram a massa magra apendicular usando bioimpedância – uma corrente elétrica que flui em taxas diferentes pelo corpo, dependendo de sua composição.

Além dos participantes do UK Biobank, os pesquisadores também se basearam em uma amostra independente de 21.982 pessoas com doença de Alzheimer; um grupo de controle de 41.944 pessoas sem doença de Alzheimer; uma amostra replicada de 7.329 pessoas com e 252.879 sem doença de Alzheimer para validar os resultados; e 269.867 pessoas que participaram de um estudo com todo o genoma de desempenho cognitivo.

Foram identificadas 584 variantes que atenderam aos critérios para uso como equivalentes genéticos para massa magra. Nenhum foi localizado na região do gene APOE. No agregado, essas variantes explicaram 10,3% da variação na massa magra apendicular.

Cada aumento do desvio padrão na massa magra geneticamente aproximada foi associado a uma redução de 12% no risco de doença de Alzheimer (razão de chances [RC] = 0,88; intervalo de confiança [IC] de 95% de 0,82 a 0,95; P < 0,001). Este achado foi replicado no consórcio independente (RC = 0,91; IC 95% de 0,83 a 0,99; P = 0,02).

Os dados permaneceram “consistentes” nas análises de sensibilidade.

Um fator de risco modificável?

Maior massa magra apendicular foi associada a níveis mais altos de desempenho cognitivo, com cada aumento de um desvio padrão (1:1) na massa magra associado a um aumento no desvio padrão no desempenho cognitivo (RC = 0,09; IC 95% de 0,06 a 0,11; P = 0,001).

“Ajustar para mediação  potencial pelo desempenho não reduziu a associação entre massa magra apendicular e risco de doença de Alzheimer”, escreveram os autores.

Eles obtiveram resultados semelhantes usando um equivalente genético aproximado e massa magra de corpo inteiro, após ajuste para massa gorda.

Os autores observaram várias limitações, como o fato de que as medidas de bioimpedância “apenas preveem, e não medem diretamente, a massa magra”.

Além disso, a abordagem não estudou se existe uma “janela crítica de tempo do fator de risco”, durante a qual a massa magra pode desempenhar um papel na influência do risco de doença de Alzheimer e após a qual “as intervenções não seriam mais eficazes”. O estudo também não pôde determinar se o aumento da massa magra poderia reverter a patologia da doença de Alzheimer em pacientes com doença pré-clínica ou comprometimento cognitivo leve.

No entanto, os resultados sugerem “que a massa magra pode ser um possível fator protetor modificável para a doença de Alzheimer”, escrevem os autores. “Os mecanismos subjacentes a essa descoberta, bem como as implicações clínicas e de saúde pública, justificam estudos mais aprofundados”.

Novas estratégias

Para o Medscape, a Dra. Iva Miljkovic, Ph.D., médica e professora associada do Departamento de Epidemiologia da University of Pittsburgh, nos EUA, disse que os pesquisadores usaram uma “metodologia muito rigorosa”.

O achado sugerindo que a massa magra está associada a uma melhor função cognitiva é “importante, pois o comprometimento cognitivo pode se tornar estável em vez de progredir para um estado patológico; e, em alguns casos, pode até ser revertido”.

Nessas circunstâncias, “identificar a causa subjacente – por exemplo, baixa massa magra – pode melhorar significativamente a função cognitiva”, disse a Dra. Iva, que é autora sênior de um estudo comentado anteriormente pelo Medscape mostrando a gordura muscular como um fator de risco para o declínio cognitivo.

Mais pesquisas nos permitirão “expandir nossa compreensão” dos mecanismos envolvidos e determinar se as intervenções destinadas a prevenir a perda muscular e/ou aumentar a gordura muscular podem ter um efeito benéfico na função cognitiva”, disse ela. “Isso pode levar a novas estratégias para prevenir a doença de Alzheimer”.

Dr. Iyas recebe apoio do British Heart Foundation Centre of Research Excellence do Imperial College, no Reino Unido, e é funcionário em tempo parcial da Novo Nordisk. As informações dos demais autores estão disponíveis no artigo original. A Dra. Iva informou não ter conflitos de interesses.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Alimentação e prevenção de Alzheimer

Enquanto algumas pessoas herdam genes que aumentam a probabilidade de desenvolver algum tipo de demência, muitas têm a oportunidade de reduzir substancialmente seus riscos adotando um estilo de vida saudável, sugere a Organização Mundial de Saúde (OMS), em relatório divulgado neste ano. E, tão importante quanto manter corpo e mente ativos, a alimentação tem papel fundamental na prevenção do Alzheimer.

Em todo o mundo, cerca de 50 milhões de pessoas têm demência e, com um novo caso surgindo a cada três segundos, esse número, com o envelhecimento da população, tende a triplicar até 2050. O Alzheimer, tipo mais comum, representa entre 60% e 70% dos casos. Causa e cura ainda são desconhecidas, e os principais avanços científicos são no sentido de mapear comportamentos e intervenções para retardar ou prevenir o declínio cognitivo.

Se, por um lado, a idade é o fator de risco mais forte, por outro, a demência não é uma consequência natural ou inevitável do envelhecimento. Na verdade, estudos recentes demonstraram, segundo a OMS, uma relação entre o comprometimento cognitivo e hábitos como inatividade física, uso de álcool e tabaco e dietas não saudáveis, assim como certas condições médicas, como colesterol alto, diabetes, hipertensão e obesidade.

“Hoje sabemos que o estilo de vida pode proteger ou aumentar o risco de ter demências e que em torno de um terço dos casos podem ser preveníveis”, afirma Celene Queiroz Pinheiro de Oliveira, geriatra e diretora da Associação Brasileira de Alzheimer - Regional São Paulo (ABRAz-SP). “Nesse quesito, a nutrição tem um papel central”, ressalta.

Nelson Iucif Junior, diretor do Departamento de Geriatria da Associação Brasileira de Nutrologia, não só corrobora com a importância da boa alimentação como mostrará evidências científicas que sugerem uma forte relação entre flora intestinal e saúde do cérebro na palestra "Microbiota e Doença de Alzheimer", no 23º Congresso Brasileiro de Nutrologia, de 26 a 28 de setembro, em São Paulo.

Ele explica que, conforme envelhecemos, naturalmente aumenta o grau de inflamação (“inflammaging”) orgânica, que é agravado com doenças como aterosclerose (formação de placas de gordura na parede das artérias do coração), disbiose (intestino preso) e isquemia (diminuição ou suspensão da irrigação sanguínea): “Isso aumenta a permeabilidade intestinal de tal forma que substâncias agressivas passam para a corrente sanguínea e vão atingir o cérebro, facilitando o desencadeamento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer”.

Qual a melhor dieta para a prevenção do Alzheimer?

Muitos estudos tratam do assunto, pontua a geriatra. O mais importante deles, o WW Fingers, conduzido na Finlândia em 2013 e agora com desdobramentos para vários países, mostra que a dieta mediterrânea, a prática de exercícios regulares e o controle rigoroso de diabetes, colesterol alto e hipertensão arterial reduziram em 31% a manifestação de demências num grupo de 1.200 pessoas de 60 a 77 anos de idade, seguidas por dois anos.

Há pesquisas que mostram que a dieta dash (para hipertensão) é forte aliada também na prevenção de Alzheimer, assim como a dieta mind, que une as duas (dash e mediterrânea) e incorpora ao cardápio substâncias neuroprotetoras e antioxidantes para combater o declínio cognitivo. “O fato é que não existe um alimento mágico e um alimento matador”, lembra o nutrólogo. “É o conjunto da alimentação que faz toda a diferença.”

Coloque no seu cardápio para prevenir o Alzheimer:

  • Vegetais, com ênfase nos folhosos e verdes;
  • Fibras e cereais integrais;
  • Frutas;
  • Gorduras boas, como as presentes no azeite, nos óleos vegetais e nas oleaginosas, mas não abuse, já que são calóricos;
  • Peixes, aves e carnes magras (limitada a 2 vezes por semana);
  • Azeite de oliva;
  • Leite e derivados, para quem não tem intolerância.

Use com moderação:

  • Carnes vermelhas gordurosas e embutidos;
  • Álcool, “o uso constante em doses altas é extremamente tóxico para o organismo, incluindo o cérebro”; o consumo elevado, segundo a ABRAz (≥38 g/dia ou 23 drinques/semana), aumenta em 10% o risco de desenvolver demência.

Tire do seu cardápio para a prevenção do Alzheimer:

  1. Comidas industrializadas;
  2. Fast foods e frituras;
  3. Embutidos;
  4. Bolos, bolachas recheadas e produtos que contém gorduras trans.


Fonte: https://institutomongeralaegon.org/longevidade-e-saude/saude-fisica/prevencao-do-alzheimer?fbclid=IwAR0DHpfig0CDkYUQK8sRLdJ0vlYBn9QFf8AUyISPe_gRQZsnW8c-6TlKmPg

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Fumaça dos carros como fator de risco para diversas patologias



Anualmente inúmeras pessoas morrem em decorrência de complicações oriundas da poluição ambiental. A poluição por veículos é apenas uma das poluições e que tem suma importância na nossa saúde.

Segundo o maior pesquisador brasileiro em matéria de Poluição Atmosférica, o Médico e professor da USP, Dr. Paulo Saldiva, a poluição mata cerca de 12 pessoas por dia só em São Paulo. Mata mais idosos que jovens. Mata mais pobres que ricos. Quem mora na periferia e tem que esperar nos pontos de ônibus respira mais veneno do que quem está passando pelo ponto de carro soltando fumaça.

Pr complicar ainda mais a situação, a poluição em decorrência das fumaças emitidas por veículos,
agrava as mudanças climáticas o que ocasiona mais doenças. Gerando um ciclo.

Uma recente pesquisa feita pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada), evidenciou que esse tipo de poluição é um fator importante na saúde dos moradores das cidades e que a emissão de gás carbônico por veículos automotores aumentou 283% em 30 anos no Brasil.

Inúmeras são as doenças que podem ser ocasionadas por essa fumaça e a cada momento a ciência nos mostra estudos que correlacionam a poluição ambiental como fator de risco para diversas patologias.

Durante décadas a poluição ambiental ficou relacionada apenas a patologias das vias aéreas superiores e inferiores. Por exemplo: fator causal ou de piora de rinites, sinusites, desencadeamento de pneumonias, descompensação de pacientes portadores de Doença Pulmonar Obstrutitva crônica – DPOC (enfisema pulmonar e bronquite crônica), desencadeamento de crises asmáticas. Isso acontece, justamente pelo fato das vias áreas serem a via de entrada para os contaminantes presentes na fumaça.

Um estudo interessante publicado em 2011 em uma das revistas médicas mais renomadas “The Lancet”, sugeriu que a poluição poderia impedir que os pulmões de crianças crescessem normalmente, alcançando todo o seu potencial.

Em 2010 o laboratório de poluição atmosférica experimental da USP (Universidade de São Paulo), realizou uma pesquisa em 18 capitais e concluíram que todas essas cidades vêm sofrendo uma influência cada vez maior de poluentes na saúde de sua população, por causa do aumento da frota de carros.

Um estudo publicado na revista Circulation correlacionou a poluição do ar ao aumento da incidência de doenças cardiovasculares. Já um estudo interessante e recente, feito pelo British Heart Association, da Inglaterra, evidenciou que quanto maior a exposição à fumada de veículos maior o risco do indivíduo ter um infarto agudo do miocárdio.

Outro estudo publicado agora em 2011 mostrou que a exposição crônica à fumaça de veículos leva a uma diminuição na capacidade de aprendizagem e memória em ratos que foram expostos ao ar poluído por 15 horas por semana durante 10 semanas. De acordo com os pesquisadores, foram encontrados “sinais de inflamação associados ao envelhecimento precoce e à doença de Alzheimer”.

O aumento da prevalência do Diabetes Mellitus também pode estar relacionado a partículas finas decorrentes da poluição atmosférica, foi o que mostrou um recente estudo publicado na Diabetes Care.

Outro estudo evidenciou alterações na pressão arterial, níveis de lipídios e marcadores inflamatórios de indivíduos expostos à um ar poluído.

Mas e aí, qual a solução ?

Isso é algo que os governantes em ação conjunta com o ministério da saúde e pesquisadores da área deverão buscar. Não só pelas doenças em si ocasionadas, mas pelos gastos que ocorrem, dinheiro este que poderia ser empregado em outras áreas da saúde.

A melhoria do sistema de transporte público e aumentar o número de ciclovias é uma opção, já que está bem estabelecido que o aumento da frota de carros eleva a produção de fumaça e com isso problemas de saúde.

As produtoras de combustíveis devem tentar produzir substâncias que durante a combustão, lancem produtos menos tóxicos no ar das cidades.

As montadoras deveriam procurar lançar filtros de combustíveis mais eficientes, além de motores menos poluentes, busca por fontes renováveis de energia, fabricação de carros elétricos...

Cada cidade deveria implantar a inspeção veicular. Esta seria hoje o principal projeto de saúde pública no Brasil. Com isso os carros desrregulados seriam retirado de circulação e auxiliariam a reduzir o que denominam de “fumaça preta”.

Bibliografia:
  1. http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/videos-veja-entrevista/paulo-saldiva-medico-especialista-em-poluicao-atmosferica/
  2. http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=10551&Itemid=7
  3. http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/8803
  4. http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/8806
  5. http://circ.ahajournals.org/content/109/21/2655.full
  6. http://care.diabetesjournals.org/content/33/10/2196.abstract
  7. http://circ.ahajournals.org/content/121/25/2755.full
  8. http://oem.bmj.com/content/68/1/64.abstract
  9. http://bloodjournal.hematologylibrary.org/content/118/9/2405.abstract
  10. http://ehp03.niehs.nih.gov/article/info%253Adoi%252F10.1289%252Fehp.1002973&usg=ALkJrhguVaqg1NgdpoNX_M_g-ivmR2qTqg