quinta-feira, 12 de maio de 2022

No bolso do brasileiro já não cabem regras para uma alimentação balanceada

O texto abaixo é de autoria de uma grande amiga Nutróloga (Dr. Aritana Alves) que atua em Salvador. Ele corrobora com tudo aquilo que tenho vivenciado no ambulatório do SUS especialmente. 

É triste ver pacientes tendo que se privar da ingestão de alimentos e com isso apresentando déficit de vitaminas e minerais. 

É mais triste ainda, você prescrever um suplemento (mesmo os mais baratos) e esses pacientes não terem condições de comprar, como por exemplo uma simples ampola de Vitamina B12. 

E ainda mais triste é ver colegas postando sugestões nutricionais mirabolantes, totalmente fora da realidade do brasileiro. O brasileiro mal está tendo dinheiro para comprar alimentos básicos. Se você tem, saiba que é altamente privilegiado. 

att

Dr. Frederico Lobo
Médico Nutrólogo
CRM-GO 13192 - RQE 11915



Quem vai ao mercado já percebeu que é impossível, para grande parte da população, entre os assalariados, onde eu me incluo, manter o padrão de preferências e o mesmo poder de compra. 

O Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) ilustra a inflação do prato feito (o PF que alimenta muitos trabalhadores por aí) com o aumento indisfarçável do arroz, feijão, feijão preto, alface, batata, cebola, tomate, frango, ovos e carnes bovinas. No último ano, esse combo rendeu um aumento de mais de 20% ao PF.

Os jornais de ontem trouxeram o tomate como vilão do aumento e, na última semana, a cenoura chegando a custar R$ 15, também foi assunto. Mas uma série de escolhas equivocadas sustentam esse aumento, como o transporte feito com o diesel que sofreu reajuste de 8,8% hoje; agrotóxicos importados e realmente caros que a indústria nos faz comer; o desinteresse do governo em incentivar a agricultura local, familiar e sustentável; entre outras questões estruturais. 

Como resultado disso, temos uma população cada vez mais adoecida, comendo farináceos e optando pelo que pode pagar: produtos industrializados que, a médio e longo prazo, alimentam as filas do SUS. 

Autora: Dra. Aritana Alves - Médica Nutróloga

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