segunda-feira, 13 de setembro de 2021

O papel do educador físico nas corridas de rua

 Nos últimos anos, a preocupação com a saúde fez aumentar o interesse do público amador em corridas de rua. Nesse cenário, a atuação do educador físico é primordial para a prevenção de fraturas e o alcance de melhores resultados. Assim, com o aquecimento do mercado, a educação física ganhou novas oportunidades – tanto no campo de atuação quanto nos rendimentos.

Em junho foi lançado o primeiro mapa global sobre corridas amadoras. Trata-se do State of Running 2019. O material verificou uma mudança no motivo que tem levado mais pessoas a praticar a atividade: o que antes tinha como foco o alcance de objetivos (como vencer uma competição) hoje é motivado pela busca de saúde física e psicológica. Além disso, coloca em cena um novo componente: o convívio social.

A faixa etária dos participantes das corridas em vias urbanas pavimentadas e planas subiu. Em 1986, a média era de 35,2 anos; agora, é de 39,3 anos. As corridas de 5km, recomendadas a iniciantes, e meia maratonas (21km), são as que mais atraem atletas amadores.

Atentos à essa tendência, muitos profissionais de educação física vêm buscando qualificação na área. Eduardo Remião, técnico de corrida há mais de 25 anos e fundador da Associação de Assessorias Esportivas do Rio Grande do Sul, conta que também existem clínicas específicas de corrida, cursos e eventos de troca de conhecimento entre treinadores.

“O educador físico é o principal agente responsável pelo treinamento e pelo acompanhamento da evolução do aluno, bem como das metas estabelecidas”, diz ele. Esse processo tem ocorrido com a formação de grupos de treinamento em espaços abertos e dentro de academias.

Anamnese

A avaliação prévia da condição física do aluno contempla os mais diversos objetivos. O principal deles é auxiliar no planejamento dos treinos, que são formulados com base nas limitações e possibilidades de cada pessoa.

A prevenção de fraturas é outra questão importante. As lesões mais comuns acontecem na tíbia, seguidas pelas de tornozelos e em seus maléolos. “Também já soube de lesões na coluna lombo-sacra e no colo do fêmur, na região do acetábulo, mas ambas provenientes de condições prévias de má-formação e deficiências congênitas”, afirma Remião.

A anamnese feita pelo educador físico deve ainda verificar o histórico pessoal e familiar de ocorrência de doença osteoarticular (distúrbio articular mais comum), principalmente entre homens a partir dos 40 anos. Também são feitos exames antropométricos e ergométricos.

A avaliação ainda analisa as condições cardiorrespiratórias, pressão arterial e colesterol. “Se o atleta apresentar algum ponto importante ou de alerta, ele deverá ser encaminhado ao profissional da área médica específica”, orienta Remião, que é ex-atleta de atletismo e triatlo.

Planejamento do educador físico

No planejamento de treinamentos, o educador físico precisa adotar uma visão holística, considerando muito mais que o tipo de corrida. “O volume e a intensidade das sessões variam conforme a idade e o sexo de cada aluno”, indica.

O clima do local da corrida (temperatura e umidade relativa do ar), além da experiência prévia do aluno e da disponibilidade de horários, são pontos fundamentais na definição dos rumos do treinamento e futuros desafios.

Os educadores físicos têm recomendado o preparo de dois anos até a participação em maratonas. Mas Remião pensa diferente: “Confesso que o ideal seria mais tempo, para o amadurecimento do indivíduo e aquisição de experiência em distâncias menores”.

Durante o período de observação e adaptação, o atleta faz até três sessões semanais. Junto aos treinos na rua, a melhora da condição física passa pelos treinos de força (força máxima, força estatística e resistência da força) e de fortalecimento dos músculos do core – responsáveis pela estabilidade e pela flexibilidade da coluna lombar.

Orientações

Orientado pelo profissional de educação física, o corredor amador deve utilizar calçado adequado. Tênis próprios para o esporte protegem e dão estabilidade aos pés, mas não devem oferecer vantagens ao atleta.

Além disso, existem normas indicadas para cada competição. A conduta na largada é o primeiro fator a ser considerado, já que o posicionamento do atleta é orientado pelo árbitro. Conforme é determinado pela Regra 240 da Associação Internacional das Federações de Atletismo, o pé ou outra parte do corpo não poderá tocar a linha de largada ou o solo à frente dela. Duas queimadas geram a desclassificação.

Monitoramento

Uma boa opção para que os profissionais possam acompanhar o rendimento dos atletas durante as corridas são os wearables – aparelho vestível que, dentre suas diversas funções, é capaz de monitorar a frequência cardíaca e dar o resultado do desempenho físico com mais precisão.

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