terça-feira, 5 de junho de 2018

A precoce introdução de alimentos complementares na alimentação infantil

Sobrepeso e obesidade correspondem à problemas primários de saúde infantil em países de alta renda. Dentre os múltiplos determinantes da obesidade infantil identificados, a alimentação tem sido apontada como importante etiologia e potencialmente modificável.  A amamentação tem sido associada à proteção contra o sobrepeso infantil, contudo, há ainda debate se tal proteção ocorre devido ao fato dessas mães serem menos obesas. 

Outro fator importante corresponde ao momento de introdução de alimentos complementares. Tem sido sugerido que a precoce introdução de alimentos complementares (< 3-4 meses de idade) está associada a maior risco de sobrepeso e obesidade. Além do momento de introdução, o conteúdo proteico desses alimentos complementares também merece destaque. Prévios estudos mostraram que a alta ingestão de proteína (até 12meses de idade) foi associada ao aumento de risco de obesidade infantil.

O estudo de Morgen e colaboradores objetivou examinar se algumas variáveis (duração da amamentação, tempo de introdução de alimentos complementares, e ingestão proteica) presentes aos 18 meses de idade estavam associadas com índice de massa corpórea (BMI) e com sobrepeso aos 7 e 11 anos de idade [Morgen et al. Breastfeeding and complementary feeding in relation to body mass index and overweight at ages 7 and 11 y: a path analysis within the Danish National Birth Cohort. The Am J Clin Nutr, 107(3):313-22, 2018; https://doi.org/10.1093/ajcn/nqx058].

Para tal, crianças que participaram do Danish National Birth Cohort foram acompanhadas até a idade de 7 e 11 anos. Foram registradas informações sobre alimentação, ingestão proteica aos 18 meses de idade.  Além disso, foram coletados índice ponderal ao nascimento e BMI (aos 5 e 12 meses e aos 7 e 11 anos). Análise específica foi usada para avaliar os efeitos diretos e indiretos da alimentação infantil no escore z do índice de massa corpórea (BMIz) nas crianças com idade de 7 (n = 36.481) e 11 anos (n = 22.047). Análises de regressão logística examinaram as associações com sobrepeso.

Os resultados mostraram que a duração do aleitamento não foi associada ao índice de massa corpórea [escore z do índice de massa corpórea (BMIz)]. A precoce (< 4 meses de idade) introdução de alimentos complementares não foi associada a alto BMIz nas crianças com 7 anos, mas foi associada a maior (0,069) BMIz (95% CI: 0,021; 0,117; P = 0,005) e a maior risco de sobrepeso (OR 1,44; 95% CI: 1,04; 2,00; P = 0,03) nas crianças com 11 anos. A ingestão de proteína originada de produtos lácteos (por 5g/dia) foi associado ao maior BMIz aos 7 anos apenas (OR: 0.,12; 95% CI: 0,003; 0,021; P = 0.,07). A ingestão de proteína originada de carne e peixe (por 2g/dia) foi associada a maior (0,010) BMIz (95% CI: 0,004; 0,017; P = 0.,03) aos 7 anos, a maior (0,013) BMIz (95% CI: 0.005, 0.020; P = 0.002) aos 11 anos e maior probabilidade (OD) de sobrepesos aos 7 anos (OR: 1,07; 95% CI: 1,03; 1,10; P < 0,001), mas não nas crianças com 11 anos.

Os autores concluíram que a maior ingestão de proteínas derivadas de carne e peixe foi associada ao maior índice de massa corpórea (BMIz) e ao maior risco de sobrepeso na infância. Tais resultados não muito expressivos em termos absolutos, podem ter impacto populacional. A precoce introdução de alimentos complementares pode estar associada ao BMIz e ao sobrepeso na infância tardia. Ausência de associações consistentes foram encontradas entre a duração do aleitamento, ingestão de produtos lácteos e BMIz infantil e sobrepeso.

Fonte: http://abran.org.br/sem-categoria/a-precoce-introducao-de-alimentos-complementares-na-alimentacao-infantil/

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