terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Obesidade infantil aumenta com o uso de dispositivos eletrônicos com telas, alertam médicos europeus

A cintura das crianças vem aumentando de tamanho proporcionalmente ao tempo que passam assistindo televisão ou usando computadores, smartphones e tablets, de acordo com médicos europeus.

Nos últimos 25 anos, a incidência da obesidade aumentou rapidamente entre as crianças e os adolescentes europeus, segundo a declaração de consenso realizada pela European Academy of Pediatrics e pelo European Childhood Obesity Group, e publicada on-line em 22 de novembro na Acta Paediatrica.

Praticamente uma em cada cinco crianças e adolescentes na Europa é obesa ou encontra-se acima do peso, de acordo com um estudo feito em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), observaram os autores.

Atualmente, 97% das famílias europeias têm televisão em casa, 72% têm computador, 68% contam com acesso à internet e 91% têm telefones celulares, revela a declaração.

Isso estimulou o aumento do tempo em frente às telas dos dispositivos eletrônicos, o que contribui para noites mal dormidas, piores hábitos alimentares e sedentarismo – tudo isto pode facilitar o ganho de peso das crianças, afirmaram os autores.

"O efeito da comunicação de massa se mostrou grande sobre a saúde das crianças; pode afetá-las fisiologicamente, além de ter repercussões sobre o desempenho sociocultural e o bem-estar psicológico", disse o autor principal da declaração, Dr. Adamos Hadjipanayis, pesquisador na European University Cyprus, em Nicósia, e secretário geral da European Academy of Pediatrics.

"Há evidências de fortes vínculos entre os níveis de obesidade nos países europeus e a exposição aos meios de comunicação eletrônicos na infância", afirmou o Dr. Hadjipanayis por e-mail.

Os pais são parte do problema, ponderaram o Dr. Hadjipanayis e equipe.


Apesar de as crianças passarem cada vez mais tempo em frente às telas, os pais demonstram pouca preocupação com o que seus filhos fazem na internet, ou com o tempo que gastam usando tablets, smartphones e computadores, destaca a declaração.

Outro problema é a publicidade de alimentos, que consegue fazer a cabeça das crianças para querer e exigir mais junk food, o que as torna mais resistentes a comer frutas e vegetais, segundo a declaração. As crianças tendem a ingerir grande parte das suas calorias diárias enquanto assistem televisão, momento no qual as propagandas exercem maior influência sobre as preferências alimentares delas.

A solução é aumentar a vigilância, dizem os autores.

"Quando o tempo que passam em frente à televisão diminuir, os respectivos pesos também o farão", afirmou Dr. David Hill, presidente do American Academy of Pediatrics (AAP) Council on Communications and Media, e pesquisador da University of North Carolina School of Medicine, em Chapel Hill.

"A publicidade de alimentos parece dominar essa relação, em contraste com a redução das atividades físicas. O sono também é uma grande preocupação", disse Dr. Hill, que não participou da declaração, por e-mail.

"A exposição às telas antes de dormir interfere na duração e na qualidade do sono; noites mal dormidas favorecem a obesidade."

A American Academy of Pediatrics tem dicas para os pais lidarem com o acesso às mídias on-line, indicou o Dr. Hill.

O bom-senso deve prevalecer, afirmou Dra. Jennifer Emond, pesquisadora da Geisel School of Medicine no Dartmouth College, em Lebanon, New Hampshire, que não participou da elaboração e da redação da declaração.

"Restrinja o tempo de acesso diário às mídias, proíba o uso no quarto, e se certifique da qualidade das mídias com as quais as crianças têm contato", orientou a Dra. Jennifer por e-mail.

"Sobre as mídias sociais, os pais devem ter acesso às contas dos filhos nos sites de redes sociais, a fim de monitorar a interação das crianças neste espaço – o retorno destas medidas é maior do que apenas o de promover um peso saudável".


Pais de crianças que passam muitas horas on-line e em frente a diferentes tipos de telas devem preferir reduzir o uso dessas mídias gradativamente, para que as mudanças sejam mais eficazes, disse Erica Kenney, pesquisadora na Harvard T.H. Chan School of Public Health, em Boston, que não esteve envolvida na declaração.

"Se os pais concluem que os filhos passam algo em torno de sete horas diárias em frente às telas, algo bastante comum hoje em dia, e de repente tentam reduzir este tempo para duas horas, há muitas chances de isso dar errado", afirmou Erica por e-mail.

"É possível que a introdução gradativa de regras que colaborem para esta redução funcione melhor".

Acta Paediatrica 2017.

Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501893#vp_1

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