quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O perigo do óleo de Canola é real?

Mensagens que circulam pela web alertam para o perigo mortal do consumo do óleo de Canola! Mas será que esse alerta é verdadeiro ou falso?

O texto não é novo, mas sempre volta a circular através das redes sociais e em blogs e sites. De acordo com o alerta, a Canola seria um produto transgênico, pertencente à mesma família da mostarda e é a fonte por trás do gás mostarda!

A descoberta ainda afirma que o consumo contínuo desse óleo acabaria por corroer o revestimento de proteção no cérebro, causando inúmeras doenças e que os altos níveis de ácido erúcico presentes no produto seria altamente mortal.

Será que esse alerta é verdadeiro ou falso?



Como já dissemos ali em cima, o texto alarmista não é novo! Circula pela web desde, pelo menos, o ano de 2001 e sempre volta a aparecer por aí. No alerta, o autor tenta de todas as formas mostrar que o óleo de canola é um veneno e, no entanto, até hoje não há nenhuma comprovação de que tais afirmações tenham algum fundamento.

Tanto aqui no Brasil quanto em diversos outros países a venda de óleo de canola é liberdado pelos órgãos reguladores como a ANVISA (aqui no Brasil) e a FDA (nos EUA). Aliás, em 2006, o FDA aprovou a alegação dos benefícios que o óleo de canola para o organismo em relação aos óleos tradicionais de milho e de semente de girassol.

É claro que fritura em excesso faz mal pra saúde (como tudo em exagero, né?), mas o óleo de canola não é esse vilão que pintam sobre ele.

As primeiras variedades de canola foram feitas nos anos 1970, através de cruzamentos e melhoramento de sementes. E isso foi muito antes da engenharia genética e, diferente do que é alegado por aí, o óleo de canola não é trangênico no sentido “satânico” que muitos têm medo até hoje.

Variação “boa” da colza

O site Canola Concil Of Canadá explica que a canola é uma variação da colza (Brassica napus), criada para produzir mais sementes e apresentar menores quantidades de ácido erúcico.

Ela é da mesma família da mostarda, mas isso não tem nada a ver com o gás mostarda (que é um gás tóxico e sintético, que só possui esse nome por apresentar uma cor semelhante à mostarda, mas que não é feito de mostarda. Entendeu?). Se fosse verdade o que o autor afirma, a mostarda também seria venenosa!

O doutor Carl Albrecht, chefe de pesquisa da da Associação do Câncer da África do Sul (CANSA), explica que a colza original já era utilizada há muito tempo como óleo combustível, mas como ela apresentava grandes quantidades de ácido erúcico, foram feitos vários melhoramentos genéticos para se desenvolver uma variedade com um pouco menos de 2% desse ácido em relação ao total de ácidos graxos, para que o óleo pudesse ser utilizado para consumo humano sem problemas.

Em 1978, todos os colzas canadenses produzidos para uso alimentar já continham ácido erúcico inferior a 2% e, foi em 1990 que os Estados Unidos começaram a consumir o óleo de canola, mas o FDA só permitiu que o produto fosse introduzido no país desde que os níveis de ácido erúcico presentes no óleo não ultrapassassem 1,0%.

O doutor Albrecht também explica que o óleo de colza é utilizado na Europa há muitos anos para cozinhar, na margarina e como alimentos para pássaros e se ele fosse tão terrivelmente tóxico, as pessoas teriam parado de usar óleo de colza e sementes há tempos. Além disso, não há nenhuma evidência de que o óleo de canola ou óleo de colza interfira na visão ou o no sistema nervoso central, como os textos alarmistas espalham por aí.

A CANSA também ressalta que foram feitos vários estudos com humanos saudáveis, que ​​foram alimentados com 75 gramas de óleo de canola, durante 21 dias, não havendo nenhuma queixa dos voluntários sobre quaisquer efeitos negativos de qualquer natureza!

Jogada de marketing

Diferente do que o boato alardeia, o nome “canola” vem de “CANadian Oil Low Acid” por apresentar baixos níveis de ácido erúcico. E, conforme explicado pelo blog Alimentando a Discussão, em 2014, a mudança do nome para Canola foi feita como parte de uma jogada de marketing, pois o nome da semente em inglês (rapeseed) poderia remeter a algo ligado a um crime (pois rape significa “estupro”, em inglês) e isso não pegava bem.

Aqui no brasil, a Embrapa explica que:

“O óleo de canola é um dos mais saudáveis, pois possui elevada quantidade de Ômega-3 (reduz triglicerídios e controla arteriosclerose), vitamina E (antioxidante que reduz radicais livres), gorduras mono-insaturadas (reduzem LDL) e o menor teor de gordura saturada (controle do colesterol) de todos os óleos vegetais. Médicos e nutricionistas indicam o óleo de canola como o de melhor composição de ácidos graxos para as pessoas interessadas em dietas saudáveis.”
Nesse link há vários estudos a respeito do óleo de canola que ajudam a desmentir esse boato alarmista!

Apelo à autoridade

Em 2007, um aluno da Universidade Federal de Lavras – MG – publicou esse mesmo texto falso sobre o “perigo da canola” no portal da instituição, dando uma certa credibilidade ao assunto, mas o artigo foi retirado do ar e a universidade se pronunciou a respeito, explicando que o texto foi publicado sem o conhecimento da instituição!

Fonte: http://www.e-farsas.com/o-perigo-do-oleo-de-canola-e-real.html