sábado, 19 de maio de 2012

Estabelecimentos de saúde no Brasil necessitam se livrar do mercúrio

No último dia 24 de abril, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), ocorreu o I Seminário “Assistência à Saúde Livre de Mercúrio no Paraná”, organizado pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Escritório Verde da UTFPR, com promoção das organizações não governamentais Projeto Hospitais Saudáveis (PHS) e Saúde Sem Dano (SSD).

Atualmente, o mercúrio é objeto de um esforço mundial pelo controle ambiental de suas fontes e eliminação do seu uso, é um metal pesado altamente tóxico, persistente no meio ambiente, capaz de se disseminar por diversas vias de contaminação e tem sido encontrado em níveis preocupantes em quase todo o Planeta.

As principais fontes antrópicas de contaminação por mercúrio estão ligadas à indústria de cloro soda, queima de combustíveis fósseis e de resíduos, ao garimpo artesanal e pelo seu uso em dispositivos de medição, entre eles os termômetros e esfigmomanômetros utilizados no cuidado à saúde.

As quebras frequentes dos termômetros, assim como os procedimentos de manutenção desses dispositivos, resultam num paradoxo, no qual o cuidado à saúde contribui para a deterioração ambiental e traz novos riscos.

Devemos fazer nossa parte, divulgando os males ambientais e à saúde que o mercúrio proporciona, (como por exemplo, problemas neurológicos) e incentivando que os hospitais e outros estabelecimentos de saúde que utilizam termômetros e esfigmomanometros de mercúrio abracem a causa e realizem a retirada e troca por termômetros digitais e aneroides e outros equipamentos eletrônicos.

Na prática, representantes de hospitais mostraram ser possível aderir a campanha saúde livre de mercúrio, porém é preciso vontade e persistência para que esta eliminação seja mantida. A sensibilização dos profissionais para a importância de mudanças e cuidados com o meio ambiente é imprescindível, além do cuidado no momento de recolher os termômetros e equipamentos para evitar quebras.

O presidente do conselho do Projeto Hospitais Saudáveis, Vital Ribeiro Filho e a Coordenadora para América Latina da Organização Internacional Saúde Sem Dano, Verônica Odriozola expuseram as iniciativas para a eliminação do mercúrio no setor da saúde. Já o representante do INMETRO, Célio H. de Mattos Fraga, citou as alternativas confiáveis para troca dos termômetros e equipamentos. Neste caso, os termômetros digitais se mostram economicamente viáveis a médio e longo prazo por ter sua durabilidade muitas vezes maior do que os de mercúrio, pois o índice de quebra destes é muito alto.

Zuleika Nyck, representante das ONGs Brasileiras no Comitê Intergovernamental de Negociação (INC, na sigla em Inglês), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), expôs os andamentos das negociações para o Tratado Global de Mercúrio, onde cada país participante deverá comprometer-se com uma legislação nacional sobre mercúrio.

Durante o seminário discutiu-se que o mercúrio recolhido nas campanhas internas, deve ser guardado de forma segura, de preferência com os dispositivos ainda íntegros, embrulhados em plástico e embalados em caixas. Caso exista mercúrio na forma livre, o mesmo deve ser colocado em um frasco de preferência plástico com tampa de rosca e coberto com uma lâmina de água, deve-se ter garantia que a tampa feche e vede bem, evitando a evaporação da água e risco de contaminação do local de guarda.

A discussão sobre o encaminhamento do mercúrio recolhido foi bastante intensa, enquanto o governo não estabelece diretrizes, caso não seja possível a guarda em local seguro no estabelecimento de saúde a melhor alternativa é o encaminhamento para reciclagem, sendo importante frisar que apenas duas empresas no Brasil tem licença ambiental para reciclar mercúrio. Ainda, é vetado o seu encaminhamento para qualquer outro tipo de tratamento, pois o aquecimento em autoclave, microondas ou incineração não indica que o mercúrio será tratado e sim provoca apenas evaporação e contaminação ambiental. Outra alternativa seria o enclausuramento em aterro industrial, porém estaríamos gerando um passivo ambiental “infinito”.

Enquanto não fica proibida a comercialização dos termômetros de mercúrio no Brasil, a recomendação é de não adquiri-los e em paralelo pressionar o mercado para que os termômetros digitais tenham seu preço reduzido causando sua popularização, que no momento são uma alternativa mais segura.

Por Lidia Lima – Responsável pelo Gerenciamento de Resíduos do Hospital de Clínicas/UFPR e Eloy F. Casagrande Jr. – Coordenador do Escritório Verde da UTFPR

O Projeto Hospitais Saudáveis reúne profissionais e organizações empenhados em promover a segurança para o trabalhador, a saúde pública e a proteção ambiental na assistência à saúde. O PHS é o Ponto focal da Saúde Sem Dano no Brasil.

Saúde Sem Dano (SSD) é uma organização internacional responsável pela gestão do programa Mercury-Free Health Care, desenvolvido em parceria com a Organização Mundial da Saúde, que visa à substituição de dispositivos com mercúrio no setor saúde em todo o mundo.

Projeto Hospitais Saudáveis – www.hospitaissaudaveis.org

Saúde Sem Dano – http://www.noharm.org/saude_sem_dano/

Mercury-Free Health Care – www.mercuryfreehealthcare.org

Escritório Verde da UTFPR – www.escritorioverdeonline.com.br

Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2012/05/07/estabelecimentos-de-saude-no-brasil-necessitam-se-livrar-do-mercurio/

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